Em defesa de uma “sociedade aberta e renovada”, Papa Nazi Bento XVI abençoou a restauração capitalista em Cuba
“Em nome da nação, lhe dou as mais calorosas boas vindas” (Cubadebate, 26/03). Com essas palavras, Raúl Castro, abriu seu discurso oficial de recepção do Papa Bento XVI nesta segunda-feira, 26/03, e arrematou: “Cuba o recebe com afeto e respeito e se sente honrada com sua presença. Encontrará aqui a um povo solidário e instruído que se propôs alcançar toda a justiça e fez grandes sacrifícios... Nossa nação segue, invariavelmente, mudando tudo o que deve ser mudado, conforme as mais altas aspirações do povo cubano e com livre participação deste nas decisões transcendentais de nossa sociedade, incluídas as econômicas e sociais” (Idem). Diante de um tom tão conciliatório indicando claramente o desejo da burocracia castrista de pactuar com a Igreja Católica o processo ordenado de restauração capitalista na Ilha, o arquirreacionário Joseph Ratzinger declarou: “Venho a Cuba como peregrino da caridade, para confirmar meus irmãos na fé e encorajá-los na esperança. Levo em meu coração as justas aspirações e os legítimos desejos de todos os cubanos, onde queira que se encontrem, seus sofrimentos e alegrias, suas preocupações e seus desejos mais nobres. Desejo fazer um chamado para que deem novo vigor a sua fé, para que vivam de Cristo e para Cristo, e, com as armas da paz, do perdão e da compreensão, lutem para construir uma sociedade aberta e renovada, uma sociedade melhor, mais digna do homem, que reflita mais a bondade de Deus” (G1, 27/03).
Cada um a seu modo e com palavras escolhidas a dedo, Raul Castro e Bento XVI, literalmente advogam uma “sociedade aberta e renovada, mudando o que deve ser mudado”. Mas, o que está por trás dessa linguagem cifrada tão "angelical"? Para os marxistas revolucionários e necessariamente ateus, como dizia Trotsky, a resposta é clara: trata-se de um plano conjunto para o avanço do processo de ataques às conquistas sociais dos trabalhadores cubanos por parte da direção do PCC, tendo a seu lado, como lastro político e ideológico, o apoio da Igreja Católica. 14 anos após a visita de João Paulo II, em 1998, a “popularidade” desta instituição reacionária que defende abertamente a contrarrevolução na Ilha, como ocorreu na Polônia, na URSS e no Leste Europeu, ampliou-se vertiginosamente no interior do Estado operário cubano. Este crescimento da alienação pela via religiosa está diretamente vinculado às dificuldades sociais que enfrenta o país devido ao bloqueio econômico do imperialismo ianque e dos efeitos da crise capitalista mundial que reduziu as parcerias comerciais de Cuba com a Europa. Ao lado disso, as medidas anunciadas no último congresso do PCC, com ataques frontais a direitos e ao pleno emprego, criam as bases materiais para encontrar em “Deus” a salvação para as mazelas humanas na terra. Lênin e Rosa Luxemburgo já nos ensinavam que a luta ideológica da classe operária para romper com o garrote da religião é parte do seu combate para libertar o proletariado da escravidão capitalista. Os revolucionários bolcheviques continuam essa batalha contra o “ópio do povo” como dizia Marx, denunciando não só a cruzada reacionária do Papa nazi, mas delimitando-se também com o chamado clero progressista, que trafica na Ilha um programa social-democrata que representa um obstáculo à libertação dos trabalhadores através do comunismo.
Diferente do que apresenta Raúl Castro, a cruzada do Papa responde às necessidades reacionárias do imperialismo ianque: preparar ideologicamente o povo cubano para uma nova investida política do imperialismo contra a Ilha sob a fachada da “defesa dos direitos humanos e da democracia”. Assim fizeram na Líbia com o apoio entusiasta do Vaticano que abençoou os rebeldes que lutavam contra a “ditadura sanguinária” de Kadaffi. Não por acaso, as “Damas de Branco” são as maiores defensoras da Igreja Católica no país e fãs incondicionais do Papa. Fornecendo milhões de dólares a grupos contrarrevolucionários (Igreja católica, Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional etc.), o Pentágono pretende criar uma alternativa política ao castrismo capaz de se alçar como direção do processo de restauração capitalista em Cuba, para transformá-la em mais um território aberto para seu capital. Através destas organizações contrarrevolucionárias cinicamente os EUA infiltram agentes da CIA no território cubano, colocando toda a infraestrutura necessária para espionar, sabotar e organizar motins contra o Estado operário. Com tais medidas, a Casa Branca pretende dificultar a manutenção do regime, tentando capitalizar politicamente o descontentamento das massas que a cada dia passam mais privações, enquanto a burocracia castrista permanece com seus privilégios parasitários à custa do Estado operário. Por essa razão, a direção do PCC tenta aparentemente copiar parcialmente a “via chinesa” de restauração capitalista, em um processo ordenado e centralizado de medidas que, levadas a frente sob seu controle político, avançam o ritmo da restauração capitalista. A política do castrismo visa manter as relações de coexistência pacífica com o imperialismo, como já demonstrou ao abrir as portas de Cuba para o Papa João Paulo II em 1998 e Jimmy Carter em 2002, quando estes pediam mais liberdade para grupos contrarrevolucionários. Com esperança de que poderia ganhar apoio de uma parcela do imperialismo que possui interesses comerciais em Cuba, o PCC permitiu a atuação desses grupos, que agora sob o governo Obama intensificam sua atuação contrarrevolucionária sob a fachada “democrática”.
A opção do imperialismo ianque no momento é fomentar a “reação democrática”, ou seja, minar as bases do Estado operário “por dentro”. Inspira-se na própria dinâmica política da mal chamada “revolução árabe”. Lembremos que em uma conferência de imprensa realizada em 28/09/2011, o presidente Obama afirmou que “já é chegada a hora de que aconteça algo em Cuba”. O chacal, animado com os “resultados” obtidos na Líbia, defendeu a continuidade do bloqueio a Ilha operária: “não se vislumbra em Cuba um verdadeiro espírito de transformação que nos anime a suspender o embargo”. As declarações de Obama estão em um primeiro momento destinadas a chantagear politicamente o governo stalinista cubano, no sentido de acelerar o processo das “reformas democráticas”, leia-se a restauração capitalista. Como fica cristalino no ultimato dado desde a Casa Branca: “Estou disposto a mudar a política com Cuba se identifico que o governo está disposto a outorgar a liberdade a seu povo” (El País, 28/09/11).
Em resposta ao regozijo do grande capital, as aspirações pró-capitalistas crescentes da burocracia castrista e do sorriso cínico das hienas revisionistas que torcem pela derrubada contrarrevolucionária do regime stalinista e junto com ele as conquistas da revolução, levantamos a necessidade urgente da construção do partido trotskista defensista e conspirativo em Cuba, o único instrumento capaz de deter de forma consequente o retrocesso ao capitalismo. Contra o programa da restauração democrática, do sufrágio universal onde os mais ricos compram e corrompem o poder político, da legalização de partidos burgueses, ongs capitalistas, do apoio a Igreja Católica a uma “sociedade aberta e renovada”, defendemos o programa da revolução política proletária, que significa a defesa incondicional de Cuba e das conquistas da revolução!