terça-feira, 24 de julho de 2012


Armas químicas do arsenal militar da Síria devem apontar contra Israel e os saqueadores da OTAN

O governo sírio afirmou nesta segunda-feira que caso o imperialismo e seu braço armado, a OTAN, intervenha no conflito interno do país, usaria seu arsenal militar de armas químicas contra as forças invasoras. A mídia “murdochiana”, em sua habitual sordidez, logo se mostrou escandalizada com o fato e mais uma vez descarregou suas manchetes contra a “tirania sangrenta do ditador Assad”. Acontece que armas químicas letais já vem sendo usadas fartamente pela OTAN em toda a região denominada de Oriente Médio e África, só na guerra civil da Líbia foram utilizadas mais de cem toneladas de mísseis com urânio empobrecido, com capacidade de contaminação radioativa em um raio de mais de 30 quilômetros. No próprio atentado terrorista que vitimou parte da cúpula militar do regime na semana passada, há fortes indícios da utilização de mísseis disparados a partir de drones norte-americanos lançados do território turco, onde existe uma base da OTAN. Por sua vez, o comando do “Exército Livre da Síria”, ELS, em uníssono com o porta-voz do Pentágono, George Little, ameaçou o governo Assad caso atacasse alvos ianques. Obama equipou seus agentes mercenários do ELS com armas sofisticadas, para criar um clima de terror no país e com isso superar a enorme inferioridade política e militar dos “insurgentes” pró-ianques, tratados pela escória revisionista (LIT/PSTU) como “revolucionários”. A verdade é que a oposição síria não reúne as menores condições sociais de tomar o poder, sua tática se concentra na ação militar terrorista como forma de minar paulatinamente o clã da oligarquia Assad, forçando-o a um pedido de renúncia. Este passo é no momento o centro das pressões dos “aliados” Russos e Chineses, operando uma transição pactuada do regime “fechado” de Assad para um governo “aberto” a investimentos imperialistas (principalmente no setor de gás e minerais) e que encerre a querela militar com o gendarme sionista. Isto significaria reconhecer a invasão israelense das colinas de Golan como um fato histórico irreversível e abrir mão definitivamente da influência política síria sobre o Líbano. A anulação da Síria como “potência” militar regional, pela via da ascensão de um novo governo neoliberal, manietado diretamente pelos centros imperialistas, deixaria completamente isolados a Palestina e o Irã, parada final da ofensiva imperial sobre os povos árabes, ironicamente batizada pela Casa Branca de “revolução árabe”.

A profunda derrota da luta anti-imperialista sofrida na Líbia, com a queda do regime nacionalista-burguês do coronel Kadaffi, potenciou os apetites vorazes do imperialismo na região, provocando a reprodução da estratégia ianque em um país que ainda representa limitadamente uma barreira de contenção a expansão sionista em toda região. A Síria é considerada o centro geopolítico do Oriente Médio e vem “equilibrando” historicamente as diferentes demandas das etnias que povoam secularmente seu espaço territorial. O regime dos Assad, produto distorcido e último herdeiro do legado político do Nasserismo, veio cedendo gradativamente a integração do país às empresas ocidentais, sob os aplausos de uma burguesia nacional completamente impotente diante das pressões imperialistas. Agora, o regime atingiu o máximo grau de desgaste social, ao adotar medidas econômicas impopulares, acionando o sinal de alerta para a ação da sabotagem interna terrorista. Como última opção, caso a oligarquia Assad não ceda o governo diante dos “apelos” internacionais, o imperialismo executará a intervenção militar, com resultados imprevisíveis no marco das tensões regionais já existentes.

Enquanto se maturam as condições para a intervenção da OTAN, o imperialismo deve correr para preparar seu “governo de transição” com setores da burguesia síria que no momento ainda integram o regime. O malfadado ELS, uma legião de mercenários estrangeiros vindos da Líbia, Arábia e Qatar, não reúne as mínimas condições sociais de assumir a tarefa de uma força nacional de segurança, com autoridade estatal. Até o momento, as deserções no alto comando militar do regime foram absolutamente insuficientes, obrigando o ELS a seguir a linha dos atentados terroristas, ao invés da formação de uma tropa regular de combatentes nacionais. Neste marco, a superioridade bélica do imperialismo ainda não pode definir o conflito, como fez na Líbia, congelando a situação a um jogo diplomático, sob comando pessoal de Kofi Annan e não da própria ONU, totalmente ineficaz.

Como trotsquistas, defendemos incondicionalmente o direito da Síria a utilizar todos seus recursos militares (convencionais ou não) contra a agressão imperialista à soberania de seu território. Denunciamos vigorosamente a demagogia “humanitária” dos sionistas e seus novos “companheiros” da esquerda revisionista, que possuindo o maior arsenal atômico clandestino do planeta, “gritam” como hienas assassinas contra as armas deste país que não se ajoelhou diante dos amos imperiais. Hoje, na Síria, a esquerda anti-imperialista adotou como principal eixo político de mobilização de massas a consigna: “A Síria não se ajoelha!” Independente do apoio político ao regime burguês de Assad, os marxistas revolucionários tem como centro programático o combate mortal ao imperialismo, postando-se sem vacilações na trincheira oposta a do pior inimigo dos povos.