Mineiros marcham sobre Madri para enfrentar a ofensiva reacionária do franquista Rajoy!
Nesta
quarta-feira, 11 de julho, no mesmo dia em que o governo do franquista Rajoy
anunciou as regras draconianas impostas pela Troika (UE, FMI e BCE) para salvar
os bancos da Espanha impondo arrocho salarial, privatizações e aumento de
impostos em troca da primeira parcela de 30 bilhões de euros do plano de ajuste,
milhares de mineiros originários das Astúrias, León e Palencia (províncias do
norte do país) marcharam sobre Madri depois de caminharam mais de 400
quilômetros, durante 19 dias. Eles protestam especialmente contra os cortes nos
subsídios à mineração do carvão em 63%, que vai gerar desemprego em massa, algo
estimado em cerca de 5 mil trabalhadores. Os mineiros ocuparam o coração
financeiro da capital da Espanha após quase 50 dias de greve e chegaram até o
Ministério da Indústria, recebendo a solidariedade de outras categorias em luta
e dos explorados em geral. Foi quando a “Marcha Negra” como ficou conhecida foi
atacada pela Polícia Nacional a serviço do governo do PP que reprimiu os
manifestantes usando blindados, bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha,
deixando dezenas de trabalhadores feridos e vários presos. Os mineiros estão
resistindo à ofensiva reacionária ditada pelo franquista Rajoy, colocando na
ordem do dia a necessidade da convocação de uma greve geral do conjunto da
classe trabalhadora para barrar os ataques da Troika, os mesmos que arrasaram a
Grécia. Esta luta não deve se limitar ao caráter corporativista e economicista
que impõem as direções sindicais das centrais UGT e CCOO ligadas ao PSOE, que
fazem da luta mineira uma forma de pressão em defesa dos interesses patronais.
O combate de classe em curso precisa ter como eixo político a derrubada do
governo do PP por meio da ação direta e revolucionária dos trabalhadores e a
construção de uma alternativa de poder proletário, horando as tradições dos
mineiros, que com suas dinamites foram vanguarda revolucionária da luta contra Franco nos anos 30. Por isso, a burguesia ficou em polvorosa com uma das palavras-de-ordem da manifestação em Madri: “Amanhã voltaremos, e na próxima visita traremos dinamite”!
Antes da
marcha chegar a Madri, houve diversos enfrentamentos com a Polícia Nacional. Os
mineiros ergueram barricas em várias localidades e receberam o apoio das
populações locais. Foram bloqueadas as principais estradas e ferrovias nas
regiões de mineração. A resposta novamente foi a repressão brutal. A greve
geral nas áreas de mineração foi deflagrada em 18 de junho e no mesmo dia foram
realizados bloqueios e manifestações de solidariedade em toda a Espanha.
Unidades especiais das forças de choque da Guarda Civil e a odiada Polícia
Nacional têm sido usadas. Isso só serviu para enfurecer ainda mais os mineiros
e suas famílias. Elas são das comunidades que dependem inteiramente da
mineração e estão lutando para defender seus meios de subsistência, em última
análise, a sua vida.
Tamanha resistência e envergadura das tarefas colocadas tem sua razão! Rajoy está implementando um ataque histórico a classe trabalhadora e a juventude espanhola. Nada menos que 32 condições exigidas por Bruxelas para garantir o resgate do sistema financeiro, tais como privatizar todo o setor estatal, aumentar as horas de trabalho, colocar fim a conquistas trabalhistas, aumentar o imposto sob os artigos de consumo e demitir os setores do funcionalismo público. Nesse contexto extremamente polarizado, o governo da Espanha aprofundou as medidas de austeridade com cortes orçamentários e aumento de impostos no valor total de 65 bilhões de euros até 2014. O imposto sobre o consumo dos países europeus será reajustado de 18% para 21%. Além disso, anunciou a redução do seguro-desemprego. A Espanha enfrenta o maior desemprego da Europa, de quase 25%. Também as despesas públicas serão afetadas, com uma nova reforma da administração, destinada a economizar 3,5 bilhões de euros. Entre as ações previstas está o corte de 600 milhões de euros no custeio dos ministérios, o fim do 14.º salário do funcionalismo (ou 7% da renda anual).
No caso dos
mineiros, década após década, as bacias mineiras têm sido devastadas,
espremidas entre as multinacionais da energia como Endesa ou Iberdrola, a
superexploração do trabalho nas mãos dos minifundiários e empresários da mineração
e os sucessivos governos do PSOE e do PP que condenam milhares de famílias de
mineradores à miséria e desgraça, sobretudo com demissões e aposentadorias
precoces forçadas, o que tem gerado paralizações em massas que se instalam
nessas regiões de forma estrutural há anos. Porém, se por várias vezes os
capitalistas e seus governos descarregaram suas crises sobre os ombros das
famílias trabalhadoras, desta vez é qualitativamente diferente. Querem que os
mineiros sofram as consequências de cortes de 63% da ajuda à indústria do
carvão – que o último governo do PSOE tentou retirar durante 2011 – junto a um
acúmulo de aposentadorias precoces forçadas que já estão sofrendo os
trabalhadores em diversas bacias mineiras. Inicialmente a própria patronal do setor
estimulou o movimento grevista para fechar um acordo com o governo Rajoy. Tanto
que a manifestação de Madrid de 31 de maio era “encabeçada por empresários e
sindicalistas unidos atrás de uma faixa com o escrito “Pelo futuro do carvão
nativo e a reativação dos municípios mineiros. Pelo emprego’” (Jornal La Nueva
España, 31/05) e terminou no Ministério da Indústria para exigir ao governo o
cumprimento do Plano Nacional do Carvão. Mas diante da radicalização da luta e
dos métodos diretos de combate, logo a patronal se somou a repressão estatal,
ameaçando demitir os mineiros em luta!
A vanguarda
classista da luta mineira deve compreender que somente com o controle da
produção em suas mãos é que se pode garantir seus empregos e suas vidas,
abrindo caminho através da construção da greve geral de todos os trabalhadores.
Nesse sentido, devem romper com a política de colaboração de classes de suas
direções sindicais, que desejam fazer das suas reivindicações um elemento de
pressão pelas demandas patronais, os mesmos que ameaçam a categoria com a
demissão em massa, como afirma a federação patronal: “Propomos aos
trabalhadores uma redução nos salários proporcional à redução das ajudas às
empresas definidas pelo governo, por volta de 70%.”(Jornal La Nueva España,
11/05). Uma importante lição deve ser tirada neste momento: as direções
sindicais da UGT e CCOO são porta-vozes desta chantagem patronal, atrelando a
sorte dos trabalhadores ao destino dos próprios empresários mineiros e levando
os mineiros a um beco sem saída. Essas centrais sindicais são ligadas ao PSOE
de Zapatero, o mesmo que pavimentou, com a adoção de uma série de medidas
antioperárias, a vitória do PP de Rajoy, que está dando sequência ao trabalho
“sujo” deixado pelos “socialistas”, atacando violentamente os trabalhadores sem
a menor resistência por parte das burocracias sindicais. O retorno do
franquismo à chefia do governo espanhol significa o triunfo da direita fascista
na Espanha, que usa métodos de guerra civil contra os explorados, justamente em
um período de profunda crise capitalista como a que atravessamos neste momento
histórico de brutal ofensiva imperialista... Tudo o contrário do que diziam aos
catastrofistas de plantão que vendiam a crise como a “ante-sala” da revolução,
apresentando inofensivos movimentos pequeno-burgueses como o “indignados” do
15-M como uma alternativa política "revolucionária" a barbárie
capitalista!
Durante o
ápice do crash capitalista mundial de setembro de 2008, quando o conjunto da
esquerda revisionista como PSTU-LIT, CST-UIT, LER-QI ou Causa Operária alardeavam
que o “fim do capitalismo” estava próximo, alertamos justamente o contrário, ou
seja, que devido à ausência de direção revolucionária com peso de massas e o
quadro de ofensiva ideológica imposto pelo grande capital desde a queda da
URSS, a tendência era não só que a burguesia utilizasse a crise econômica para
incrementar sua investida contra as conquistas operárias em todo o planeta, mas
que esta situação abriria uma etapa política de ascensão de governos de direita
ou extrema-direita nos países mais castigados pela débâcle financeira, como o
crescimento de grupos fascistas e neonazistas. A verdadeira intervenção da
Troika na economia espanhola e os ataques do governo franquista de Rajoy contra
os trabalhadores apontam nesta trágica direção, colocando ainda mais na ordem
do dia a construção de uma verdadeira resistência operária e revolucionária
através da ação direta da classe ao governo do PP, o que passa bem longe da
plataforma do movimento dos “indignados” apoiado pelos revisionistas de todos
os matizes, mas já em franco retrocesso, que não faz mais que repetir como uma
roupagem “modernosa” as velhas fórmulas sociais-democratas como “regular os
mercados”, “taxar os investidores” e clamar por “justiça social”.
A luta dos
mineiros reafirma a classe operária como vanguarda do combate de classse contra
o franquista Rajoy e eles já avisaram sua perspectiva: “Amanhã
voltaremos, e na próxima visita traremos dinamite”. Para hornar essas palavras, a única garantia de que as indústrias
mineiras sobrevivam, permitindo a utilização de seus recursos à serviço dos
trabalhadores será conquistada na medida em que os estes conseguirem impor o controle
operário sobre sua gestão, produção e sobre o uso dos subsídios do Estado
central por meio da expropriação sem indenização de todas as minas e sua
imediata nacionalização, demandas que no atual estágio da luta de classes na
Europa só poderão ser plenamente atendidas por meio do combate pela revolução
proletária e o socialismo.