De volta o neonazismo ianque: os ecos de Columbine
Na madrugada deste dia 20 de julho, em um subúrbio de Denver, Colorado, James Holmes, de 24 anos, invadiu uma sala de cinema e atacou 71 pessoas que assistiam à estréia do filme “Batman, o cavaleiro das trevas ressurge”. O resultado foi trágico: 12 pessoas mortas e 59 feridas. Por ironia da história, a poucos quilômetros de onde ocorreu uma das maiores matanças de civis, no Instituto Columbine, quando em 1999 12 estudantes foram mortos e 24 ficaram feridos. Para a mídia murdochiana sensacionalista o episódio desta madrugada foi um fato isolado, uma atitude desesperada de um “louco transtornado”. Obviamente não foi nada disso. A tragédia atual é, antes de mais nada, um fenômeno correlato às tendências concretas e ideológicas hoje existentes no coração do monstro imperialista. Matanças como esta, acontecem inadvertidamente em épocas de recrudescimento militar e ofensiva contrarrevolucionária sobre os povos do planeta, sendo uma expressão da barbárie social que se assenta no pensamento neonazista tendo cada vez mais vazão e se cristalizando no seio da juventude de classe média norte-americana, cuja expressão se dá nestas “explosões de fúria”. O falcão negro Obama, como não poderia deixar de ser, em meio aos selvagens ataques à população civil síria por ele ordenados, que provocam centenas de vítimas, agora chora ao afirmar que “estamos chocados e entristecidos com o trágico e horroroso tiroteio em Colorado” (Folha de S.Paulo, 20/7).
Nos EUA, nas últimas décadas tem sido comum as matanças coletivas em escolas e em lugares públicos perpetrados por jovens oriundos da classe média, cujas mais conhecidas foram a de Columbine em 1999, quando dois estudantes mataram a tiros 12 colegas e uma professora. Ou ainda em abril de 2007, outro jovem atira e mata 32 pessoas e fere 15 em uma universidade na Virgínia. Os exemplos podem chegar a 20... Mas basta citarmos estes apenas para se ter uma idéia acerca das razões político-sociais que levam a estes massacres. No caso de Columbine, não por coincidência, a OTAN a serviço do Pentágono bombardeava a Iugoslávia durante a Guerra do Kosovo exterminando milhares de vidas. Em 2007 a corrida guerreirista de Bush manchava de sangue as ruas de Gaza, Bagdá, Afeganistão, perseguia as Farc etc. Os ataques de claro conteúdo fascista estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo norte-americano.
A tragédia de Denver, eco sangrento de Columbine, é a expressão mais acabada do estancamento das forças produtivas impostas pelo capitalismo. Como não há um contraponto revolucionário a esta degradação, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Sugestivo é a temática do filme durante o qual aconteceu a matança, o cavaleiro que ressurge das trevas, refletindo todo obscurantismo que hoje permeia o pensamento científico e ideológico produzidos pela expansão da ultradireita em quase todo o mundo e particularmente nos EUA. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante, ao contrário do que asseveram os “catastrofistas” do revisionismo trotskista (LIT, UIT-CI, CWI-CIT, Alan Woods etc.), o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para as “trevas” tão ressaltadas no filme do “homem-morcego”.
Estamos vendo a volta com força do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor a essa escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao lado dos mortos de Denver estão os cadáveres de mais de 200 mil líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às crianças norte-americanas ou aos vilões eliminados por Batman. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias no mundo real, dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.