Violenta guerra civil na Síria: Em que trincheira do combate os trotskistas devem estar?
Está em curso uma violenta guerra civil na Síria. Nesta quarta-feira, 18/07, o conflito teve mais um capítulo dramático. Um mega-atentado matou o Ministro da Defesa sírio, general Dawoud Abdelah Rayiha e vários outros membros do alto escalão do governo de Bassar al Assad. O ataque foi reivindicado pelo Exército Livre da Síria (ELS), grupo mercenário treinado e financiado pelas potências imperialistas, Israel, a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia, que em comunicado declarou: “Este é o vulcão de que falávamos, acabou de começar”. Como se vê, na guerra civil estão em combate o governo de Bassar al Assad, que até agora tem a seu lado o exército nacional e ainda grande apoio popular e, de outro, os “rebeldes” do CNS e do ELS. Estes dois grupos de oposição pró-imperialistas receberam nos últimos dias o apoio de vários dissidentes do regime e dizem que está se travando neste exato momento a “Batalha da Libertação” em Damasco, batalha que segundo eles só terá fim com a queda de Assad. Na verdade, esses mercenários não podem vencer sem a ajuda militar da OTAN e da ONU, por isso, com o mega-atentado, clamam por uma intervenção externa. Frente a essa realidade, os revisionistas cretinos do trotskismo (LIT, UIT...) dizem que está em curso uma “revolução” na Síria contra a “ditadura sanguinária de Assad”, seguindo como papagaios o que vende a mídia murdochiana e as ONGs a soldo do império. Em meio a esse quadro político e militar extremamente polarizado, de violenta guerra civil, se coloca uma questão de vida ou morte para a luta do proletariado mundial: em que trincheira do combate os genuínos trotskistas devem estar na Síria?
Para responder a essa questão é preciso definir em primeiro lugar qual campo da luta está representado os interesses imediatos e históricos do proletariado mundial, a defesa de suas conquistas sociais e o combate ao imperialismo, o maior inimigo dos povos. Ainda que não tenhamos a menor simpatia pelo governo sírio, temos claro que o regime da oligarquia Assad hoje é um obstáculo aos planos de invasão do Irã. Por isso, deve ser removido sob o patrocínio do imperialismo ianque e seus sócios europeus, da mesma forma como ocorreu com Kadaffi na Líbia. Sua derrubada serve também aos interesses de Israel, que pretende derrotar o Hezbollah, aliado incondicional do governo sírio e reocupar o Líbano. Nesse quadro de guerra civil, os marxistas revolucionários sabem identificar muito bem o foco da reação imperialista e entrincheirar-se no campo oposto: em frente única de ação com Assad e as forças sociais que o apoiam, tendo absoluta autonomia das direções burguesas e do próprio governo.
Os revisionistas do trotskismo (LIT, UIT, PO, CS, LOI-DO...) que demagogicamente afirmam estar do lado da luta do povo sírio, na verdade se postam no campo político e militar do imperialismo que patrocina o ELS e CNS. Obama e a víbora Clinton estão se valendo da fantasiosa “revolução árabe” para substituir Assad por um títere da Casa Branca, repetindo a verdadeira hecatombe social ocorrida na Líbia. Não por acaso, o Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, declarou nesta quarta-feira, 18/07, que “a comunidade internacional deve pressionar Assad a fazer o que é certo: renunciar e permitir a transição pacífica”. Já o ministro das Relações Exteriores da Grã Bretanha, William Hague, insistiu que o atentado ressaltou a necessidade da “aprovação urgente do uso de força pela ONU para encerrar o conflito”. O Conselho Nacional Sírio (CNS), que os revisionistas dizem estar em aliança tática para derrubar o “ditador Assad”, afirmou na terça-feira, 17/06, que está disposto a pedir ajuda a outras organizações regionais, leia-se o Comando Geral do Golfo (CGG) controlado pela Arábia Saudita em colaboração com os EUA, se a Rússia exercer seu poder de veto para evitar que o Conselho de Segurança da ONU aplique novas sanções contra Damasco na reunião marcada para hoje. Segundo o CNS “Não podemos nos chocar de novo contra a parede russa. Se o veto do país evitar que o Conselho de Segurança faça algo, pedimos que outras opções sejam exploradas”, o que representa também a possibilidade da intervenção da OTAN via ação da Turquia, país membro da aliança militar.
Nem diante de tantas evidencias da “mão” do imperialismo no conflito interno da Síria, planejado pela CIA e o Mossad para desestabilizar um governo nacionalista-burguês adversário direto do enclave de Israel, os canalhas da “família” revisionista se convencem acerca de qual é o campo político correto do proletariado mundial neste confronto. Assim como atuaram na Líbia ao lado dos “rebeldes” da OTAN, agora na Síria voltam a clamar descaradamente por uma intervenção do imperialismo ao lado do ELS. Estes revisionistas que cantam loas a fraudulenta “primavera árabe”, impulsionada por Obama, se queixam que é preciso mais apoio do imperialismo aos mercenários para “derrubar a ditadura de Assad”. Segundo a LIT, “Desde o final de 2011, a luta de classes na Síria chegou a sua máxima expressão, iniciando-se uma guerra civil. Depois de meses de mobilizações populares que eram brutalmente reprimidas pelo regime sírio, surge o denominado Exército Livre da Síria (ELS). Esta força combatente está conformada, fundamentalmente, por setores da população civil que tomaram as armas e por soldados que desertaram do exército regular que responde a ditadura de Assad. Líderes do ELS asseguram que suas fileiras contam com 40 mil combatentes e suas ações militares se circunscrevem, geralmente, a tática de guerra de guerrilhas” (Sítio LIT). Para resolver sua fragilidade militar, o famigerado “Exército Livre da Síria” já anunciou a colaboração recebida pela logística militar do gendarme de Israel, além do governo turco membro da OTAN. Isso é justamente o que pede a LIT ao declarar: “Sustentamos que o armamento da população deve estender-se e as ações militares devem ser centralizadas a partir de uma direção unificada de todas as unidades e comitês populares armados. Por outro lado, é preciso exigir aos governos armas e assessores militares para a resistência armada síria”(Idem)! Mais claro impossível! Com essa política escandalosa a LIT chega ao ponto de apoiar o mega-atentado desferido hoje em Damasco como parte das “ações militares centralizadas” contra a “ditadura sanguinária de Assad”! Não há a menor possibilidade, como vendem os delirantes revisionistas, que os “rebeldes sírios” se transformem em lutadores anti-imperialistas, porque estes foram desde o início do conflito armados e orientados pela CIA e o imperialismo como estes mesmos reconhecem publicamente nas reuniões dos (muy) amigos da Síria auspiciadas por Hillary Clinton!!! Até o maior dos bucéfalos já chegou à conclusão de que ocorre na Síria não é uma revolta popular como a que se iniciou no Egito e na Tunísia e muito menos uma “revolução de massas”, e sim uma marcha contrarrevolucionária coordenada militarmente pela OTAN e politicamente por Barak Obama, seguindo o mesmo script macabro aplicado na Líbia.
Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos (ELS e CNS) é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento, é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad e de seus “aliados” (Rússia e China) à ONU que pretende subjugar o país. Não será no campo da diplomacia burguesa ou mesmo patrocinando ilusões no poder de veto da Rússia e da China que se derrotará a ofensiva imperialista, mas no terreno vivo dos combates do proletariado mundial. Neste momento, mais além da demagogia russa, a Síria só pode contar mesmo com o apoio militar decidido do Irã e das heroicas guerrilhas do Hezbollah (Líbano) e do Hamas (Palestina), contra a invasão de seu território, ou mesmo, como está ocorrendo agora com o recrudescimento da uma guerra civil financiada por Israel e os EUA. O proletariado mundial tem um campo político bem delimitado neste conflito: do lado dos combatentes palestinos e libaneses que já organizam brigadas internacionais em solidariedade ao regime nacionalista da oligarquia Assad. Os próprios combatentes palestinos, que já combateram no passado o regime burguês sírio, sabem muito bem que Assad deposto por forças pró-sionistas, como esta falsa oposição “democrática”, significa uma vitória para Israel e um tremendo reforço na marcha imperialista para atacar o Irã, com um “corredor” aberto na Síria.
Os genuínos trotskistas não têm dúvidas de que lado ficar em um conflito desta dimensão. Estamos literalmente em meio a uma guerra civil onde a CIA e o Pentágono armam os mercenários e com a ajuda da ONU e da OTAN pretendem derrubar o governo nacionalista decadente de Assad! Os revolucionários estão pela defesa incondicional da nação oprimida e por sua vitória militar contra o imperialismo e seus agentes armados em meio a guerra civil em curso! Sem depositar nenhuma confiança política no regime Assad, os marxistas leninistas lutarão ombro a ombro, na mesma trincheira militar, com todas as forças que se proponham a derrotar os mercenários “livres” pró-sionistas, a serviço da OTAN. Vencido o imperialismo e seus serviçais, com as massas em ascenso por sua vitória, trataremos de acertar as contas com o decadente regime burguês de Assad. Desta forma estamos honrando no terreno vivo da luta de classes as lições de Trotsky e seu combate programático pela reconstrução da Quarta Internacional, sabendo distinguir os nossos inimigos de classe por trás de qualquer máscara “democrática” que eles utilizem e não se aliando a esta corja de bandidos como faz todo o arco revisionista canalha. Desta forma, estaremos forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária as atuais direções burguesas que via de regra tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca, mas que nesta atual etapa da luta de classes acabam brutalmente assassinados como Kadaffi. O mega-atentado desferido hoje em Damasco comprova fatalmente mais uma vez o que afirmamos, cabendo ao proletariado mundial dar uma resposta política e militar a altura da bestial ação do imperialismo e seus sócios!