quarta-feira, 11 de julho de 2012


Matilha de bandidos cassa Demóstenes, o senador representante da “ética” republicana

Com uma votação relativamente tranquila, o Senado homologou o que já era esperado e decidido previamente nos bastidores da política burguesa, a cassação daquele que foi considerado o “xerife” da casa, Demóstenes Torres. Pego na “malha fina” do escândalo “Cachoeira”, Demóstenes teria que ser “sacrificado”, junto com o próprio bicheiro amigo e compadre, para que o esquema das grandes empreiteiras que controlam o Estado patrimonialista brasileiro não viesse a ser “maculado”. É claro que a construtora Delta, operadora da máfia de políticos de grosso calibre que empreendem vultosas obras públicas, também deve sair de cena por algum tempo, talvez apenas trocando de CNPJ. Com a degola do ex-paladino da ética republicana no Senado, que teve o grande mérito de revelar o nível da hipocrisia dos vestais deste parlamento corrupto, a própria “CPI do Cachoeira” deve finalizar seus trabalhos sem grandes sobressaltos, aguardando apenas o depoimento de “peixes pequenos”, para acalmar a mídia “murdochiana”. A farsa da moralidade pública, que agora a quadrilha do Senado tenta protagonizar, só não pode ser completa em função do caráter do próprio suplente que assume a vaga deixada por Demóstenes, ou seja, será empossado outro “Cachoerista”, ainda mais próximo do “bicheiro paraestatal”, nada menos que o ex-marido de sua “musa”, comprada como mercadoria feminina a “peso de ouro”.

Mas, é óbvio que não faltaram os pilantras “bons companheiros” de Demóstenes no senado, para tirar uma “casquinha” com o “sangramento” do colega. O relator do processo de cassação, o “carrasco” Humberto Costa, foi logo denunciado por Demóstenes na tribuna do senado como operador da quadrilha das ambulâncias, quando ocupou a pasta de ministro da saúde. Depois foi a vez do tucanato da “privataria” estatal na gerência FHC, pedir a cabeça do ex-colega do DEM. Logo em seguida veio o senador psolista Randolfe Rodrigues, ligado politicamente à oligarquia Sarney no Amapá, falar da necessidade da ética e moralidade no ritual da vida parlamentar, esquecendo-se, é claro, que seu partido está atolado até a medula no estado de Goiás em negócios com Cachoeira. Nada menos que o presidente do PSOL no estado, Martiniano Cavalcante, é sócio de “laranjas” de Cachoeira em uma empresa de construção civil.

Mesmo sem representação no congresso, o PSTU se manifestou não só pela cassação de Demóstenes, mas também pela prisão e confisco dos bens do ex-senador, medidas “radicais” é claro que estes revisionistas apontam para o próprio Estado burguês efetivar algum dia... Mas o “curioso” mesmo é o absoluto silêncio do PSTU acerca do envolvimento do vereador do PSOL em Goiânia, Eliaz Vaz, no esquema Cachoeira. Quem sabe que o silêncio do PSTU não é produto de suas coligações eleitorais com o corrupto PSOL, seu companheiro pouco fiel de “oposição de esquerda”. A “amnésia” política do PSTU é tão profunda que esquecem até do balanço que fizeram da gestão neoliberal de Edmilson Rodrigues em Belém, para agora o apresentarem como “Prefeito dos trabalhadores”, em companhia do PCdoB.

O circo sórdido da democracia burguesa, com seu arco de cínicos atores incluindo desde o pseudotrotsquista PSTU até os tucanos do PSDB, acaba de virar mais uma página da ficção política deste regime bastardo com a cassação do paladino dos “bons costumes” no congresso nacional. Amputa-se o “dedo mindinho” do parlamento, para logo em seguida comemorar o triunfo “corregedor” das instituições republicanas do Estado burguês. Somente a construção de tribunais populares, sob a orientação dos conselhos de operários e camponeses, poderá castigar realmente esta elite corrupta e criminosa que infesta o país. Mas a existência da dualidade de poderes e seus organismos de decisão e justiça proletárias só são possíveis em uma etapa revolucionária, bem distante da atual conjuntura de derrotas políticas da classe operária e brutal ofensiva imperialista que atravessamos no atual momento desfavorável de correlação de forças da luta de classes.