terça-feira, 31 de julho de 2012


No mundo, uma revolução “em cada esquina”... No Brasil, Conlutas/PSTU se nega a convocar uma greve operária com ocupação de fábrica para barrar as demissões na GM!

Durante o crash financeiro de 2008, o conjunto da esquerda catastrofista, tendo a frente o PSTU-LIT, alardeava que uma das expressões que o capitalismo estava entrando em sua fase de colapso final era a crise das grandes montadoras mundiais, mais particularmente da norte-americana General Motors (GM). Não foram poucas vezes que o PSTU anunciou que a GM mundial iria quebrar. Hoje, passados exatamente quatro anos do epicentro do crash, a montadora ianque, tendo o apoio decidido do governo Obama, reestruturou totalmente sua linha de produção, lançou novos modelos pelo planeta e reduziu drasticamente o número de operários em suas fábricas, impondo um brutal ritmo de produção que garante a fabricação da mesma quantidade de automóveis com menos trabalhadores. No Brasil em particular, a GM nunca vendeu tanto, embalada pela redução de IPI adotada pelo governo Dilma. Ainda assim lançou um “Plano de Demissões Voluntárias” (PDV) que colocou no olho da rua mais de 350 operários e anunciou a intenção de fechar a linha de produção de veículos leves, demitindo mais 1500 trabalhadores, o que de fato significa fechar a própria fábrica de São José dos Campos. Ontem como hoje, tanto Obama como Dilma/Lula apoiam a “reestruturação” da GM premiando-a com subsídios, usando a crise econômica como pretexto para injetar bilhões na montadora. Os revisionistas da LIT-PSTU que vendiam o conto de que a crise financeira era a antessala da “revolução”, agora só lamentam que a empresa se recuperou à custa dos trabalhadores, tem lucros bilionários e deseja incrementar os ritmos de produção via novas demissões. Os mesmos que alardeavam que a “revolução” estava batendo às portas, a exemplo do PSTU que dirige o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, agora, diante das demissões se limitam a pedir que o governo da frente popular no Brasil impeça o fechamento da fábrica e negam-se terminantemente a chamar a greve com ocupação da empresa para barrar o desemprego. Mas, não eram esses revisionistas catastrofistas que pregavam aos quatros cantos que a crise estava gerando as condições para o debacle final do capitalismo, mesmo sem a intervenção consciente e organizada de um partido revolucionário? O que afinal de contas deu errado no esquema do PSTU, que vergonhosamente não reage à altura dos ataques desferidos pela GM?

Antes de qualquer coisa, é preciso entender que a crise financeira de 2008 e seus efeitos nos anos seguintes serviram para a burguesia mundial atacar direitos e receber ajudas bilionárias dos Estados nacionais, seja no Brasil ou nos EUA. Asseguradas pelos governos capitalistas, as grandes montadoras trataram se usar o fantasma da crise para demitir e incrementar os ritmos de produção, enquanto se capitalizavam com recursos públicos. Nunca houve a possibilidade real da quebra da GM, uma montadora norte-americana estratégica, porque obviamente é para socorrer os grandes capitalistas que serve o Estado burguês. Somente os revisionistas idiotas acreditaram neste conto, mais particularmente a LIT-PSTU. E por que o fizeram? Justamente porque “venderam” para a vanguarda que o crash financeiro de 2008 estava arrastando o capitalismo para o debacle e logo a revolução chegaria... Como nada disso ocorreu, esses cretinos não organizaram a resistência dos trabalhadores ao violento ataque dos capitalistas, no máximo copiaram a política da burocracia sindical “chapa branca” da CUT e Força Sindical, “exigindo” uma “contrapartida social das montadoras” pela redução do IPI e a intervenção do governo Dilma/Lula. Foi assim na Embraer diante das 5 mil demissões em 2009, na desocupação do Pinheirinho e está sendo assim na GM de São José dos Campos! Lembremos que em 2009, no auge do crash financeiro e quando o PSTU dizia que a revolução “estava na esquina”, houve as demissões na Embraer. Naquela época a teoria catastrofista neutralizou a capacidade de reação das massas exploradas, ao passo que tal elaboração serviu para justificar a inoperância das direções do movimento operário. Por este motivo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, dirigido pelo PSTU há mais de 20 anos é a mais importante entidade sindical operária da Conlutas, não organizou a resistência com paralisações e ocupações de fábrica na Embraer diante da demissão de quase 5.000 operários. José Maria de Almeida, em seu balanço de final de ano reproduzido no documento “Observações sobre o nosso trabalho sindical de base”, atribuiu a ausência de resistência à indisposição de luta dos operários, negando a responsabilidade política da vanguarda e ocultando que a direção do sindicato mandou os trabalhadores ficarem em casa enquanto saía a sentença judicial a partir da ação protocolada pela Conlutas em companhia da Força Sindical. E aonde foi parar a tão alardeada “revolução mundial” se no Brasil, pelo que diz José Maria Almeida, os trabalhadores sequer querem lutar por seus empregos?

Como a LBI alertou durante todos esses anos, a crise econômica mundial é produto da enorme financeirização da economia capitalista que tem comprometido os próprios investimentos na produção industrial com a especulação de ações e títulos nas bolsas de mercado. O que vemos hoje são os efeitos conjunturais de uma crise estrutural do capitalismo e que, não significa, necessariamente, sua agonia final. Entretanto, os patrões estão utilizando-se da crise para demitir em massa e subtrair direitos dos trabalhadores, passando a uma ofensiva global para fazer com que a população explorada pague pela crise. Enquanto o governo Lula/Dilma liberou mais de 600 bilhões de reais para “socorrer” as montadoras, bancos, indústrias, etc. com medidas protecionistas do capital, os trabalhadores têm efetivamente pago a conta da anarquia capitalista com milhares de demissões e arrocho salarial.

Não é surpresa que a política patronal da CUT, Força Sindical, CTB, UGT, etc., a soldo do governo Dilma e da burguesia, ajuda na degola dos trabalhadores, impondo a paralisia ao movimento operário e popular. Adotam uma política de negociar a flexibilização de direitos, de reduzir a jornada com redução de salários, colocando os trabalhadores num beco sem saída: perder o emprego ou reduzir a jornada com retirada de conquistas. A Conlutas-PSTU, por sua vez, frente às demissões ocorridas na Embraer e agora da GM, adotou uma estratégia criminosa de chamados à unidade com a canalha governista da CUT e centrais pelegas como a FS, CTB, CGTB, etc. para pressionar e aconselhar Dilma a tomar “medidas concretas” em defesa dos trabalhadores. Mais do que uma concessão política, em nome da tática de dialogar, a Conlutas capitula vergonhosamente diante do governo Dilma, desarmando qualquer luta para liquidar efetivamente as demissões em massa. Não há retórica classista ou malabarismo político do PSTU que consiga camuflar sua orientação colaboracionista que alimenta profundas ilusões no governo da frente popular. A Conlutas, mais uma vez, semeia ilusões de que o governo pró-imperialista de Dilma possa ser um aliado dos trabalhadores contra os ataques da patronal, dos quais ele próprio é o principal algoz e, dessa forma, desarma politicamente a resistência dos trabalhadores.

O PSTU anunciou em seu sítio na internet no dia 25/07 que “durante reunião entre GM, prefeitura e sindicato, a empresa não aceitou a proposta dos trabalhadores e a ameaça de demissões permanece. Nova reunião deve ocorrer no dia 4 de agosto, às 9h. Até lá, a GM se comprometeu a não demitir”. Frente a essa realidade é preciso preparar a resistência. Para barrar as demissões em massa é necessária, desde já, uma mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da greve com ocupação de fábrica. A unidade de que os trabalhadores necessitam não se resolve por resoluções ou chamados inócuos “aos que lutam”, mas sim determinando com que programa, com quem e contra quem lutaremos. Para vencer, o proletariado precisa superar as direções das centrais governistas e a própria linha política da Conlutas, já que só com sua ação direta e não lançando inócuos apelos a Dilma e aos patrões pode-se derrotar a ofensiva capitalista.

Quanto à “revolução” tão alardeada pelo PSTU como produto do crash financeiro de 2008, sobrou a ofensiva imperialista que a Casa Branca impõe no Oriente Médio via bombas da OTAN e os “rebeldes” mercenários armados pela CIA e o Mossad, não por acaso saudada por esses revisionistas canalhas como a “revolução árabe”! Dá para acreditar no PSTU?