segunda-feira, 30 de julho de 2012


Leon Panetta, chefete do Pentágono, vai à Tunísia e ao Egito saudar a vitória da “revolução” made in USA

O Secretário de Defesa ianque, Leon Panetta, iniciou nesta segunda-feira, 30 de julho, uma visita à Tunísia e logo depois seguirá para o Egito, dois países que foram palco da (mal) chamada “revolução árabe”. O principal objetivo da viagem é reforçar a ofensiva política e militar contra a Síria, aproveitando a estreita ligação do governo tunisiano liderado pelo partido islâmico moderado Ennahdha com as monarquias pró-imperialistas do Golfo Pérsico, que apoiam os mercenários do ELS com armas e munições, força “rebelde” pró-imperialista que está travando neste exato momento batalhas contra o exército nacional sírio na cidade de Aleppo, um dos principais centros econômicos do país. Panetta também discutirá uma futura associação militar com a Tunísia e saudará o que o Pentágono considera uma “transição exitosa e relativamente estável para a democracia”. Depois, no Cairo, capital do Egito, vai costurar um acordo para garantir proteção a Israel e selar uma cruzada regional contra o Irã. Seu périplo também inclui a Jordânia, país que junto com o Egito, são os dois Estados árabes fronteiriços com Israel e os únicos que assinaram um tratado de paz reconhecendo a existência do enclave sionista. O tema da agressão a Síria dominará todos os contatos de Panetta, mas terá relevância ainda maior ainda no encontro previsto para se realizar em Amã com o rei Abdulah II da Jordânia, sob o pretexto de reforçar a segurança na fronteira com a Síria diante da chegada de cerca de 140 mil desalojados pelo conflito. Esses são os resultados práticos da transição orquestrada pela Casa Branca e saudada pelos revisionistas como uma “revolução” que tirou de cena os desgastados Ben Ali e Mubarak, renovando seus gerentes de plantão para desferir em melhores condições sua ofensiva neocolonialista contra o Irã e a própria Síria.

O presidente egípcio, Mohamed Morsi, já confirmou que receberá Panetta na terça-feira, 31 de julho, sendo o Egito o único país árabe que não tem relações diplomáticas com o Irã, o que tornaria mais fáceis os planos de Washington. Em troca dessa colaboração, o Secretário de Defesa ianque confirmará que repassará ao “novo” governo 1,3 bilhão de dólares anuais como parte do “estado da assistência militar”, a maior cifra que a Casa Branca oferece a um Estado do Oriente Médio, depois do enclave de Israel. Panetta se reunirá também com o chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas e ministro da Defesa, o marechal Mohamed Hussein Tantawi, para selar o compromisso da cúpula militar egípcia com a divisão de poder com o “governo eleito” a fim de garantir estabilidade à transição. Desde a saída de cena de Mubarak, a chamada transição negociada, o governo Obama reduziu o envio dos “subsídios” que os EUA destinavam ao Egito desde a assinatura dos acordos de Camp David com Israel, nos anos 70. O “subsidio” ianque que era destinado ao Egito está sendo enviado para os mercenários sírios, que combatem pela causa da “revolução made in USA”. Agora Panetta vem retomar os patamares anteriores de colaboração, garantindo o apoio do Egito ao isolamento do Irã e a segurança de Israel.

Não por acaso, o “tour” acaba em Jerusalém, onde Panetta acertará com Ehud Barak, ministro da defesa sionista o reforço da ajuda militar de três bilhões de dólares para Israel e os preparativos ao ataque ao Irã após a reeleição de Obama. Durante esse período, o Pentágono espera que o governo Assad tenha caído na Síria ou mesmo renuncie através da ação militar dos mercenários e da adesão de uma parte da burguesia síria aos planos de uma “transição democrática” como ocorreu na Tunísia e no Egito. Lembremos que Washington aprovou na semana passada uma lei que dá a Tel Aviv mais acesso a seu mercado de armas e munições, sempre com os olhos voltados a criar condições para um eventual ataque contra usinas nucleares iranianas, devido à negativa de Teerã a renunciar a seu programa nuclear.

Antes de embarcar para a Tunísia, o secretário da Defesa ianque deu declarações provocadoras. Disse que a ofensiva dos “rebeldes” mercenários em Aleppo representa um “prego no caixão” do presidente Bashar al Assad. Ameaçador, declarou que não está em debate se o regime da oligarquia Assad vai cair, mas “quando” isso vai acontecer. A viagem do chefete do Pentágono é mais um desdobramento da charlatanesca “revolução” árabe, saudada pelos revisionistas, que impôs pelas bombas da OTAN a queda de Kadaffi e vai avançando na desestabilização do governo sírio, enquanto consolida a “transição” conservadora no Egito e na Tunísia. Frente a esse quadro, os marxistas revolucionários têm como tarefa desmascarar toda essa farsa criada pela esquerda revisionista que acaba por servir ao imperialismo, ao enterrar o real significado da revolução, denunciando esses pseudotrotskistas que na verdade estão se postando no campo político e militar da OTAN.

Como já alertamos várias vezes, o imperialismo ianque já vinha há algum tempo planejando tirar de cena seus antigos títeres para garantir a estabilidade política necessária à continuidade de seu domínio mais “legitimado” na região. Dessa forma, Ben Ali e Mubarak, apenas foram substituídos por novos gerentes do próprio staff do regime e no caso do Egito e Tunísia a continuidade do poder da burguesia foi assegurada pelo principal sustentáculo do Estado capitalista, ou seja, as forças armadas das quais o próprio Mubarak também já fizera parte. Não houve qualquer mudança na base econômica, nem tampouco ruiu a superestrutura do regime político. Em outras palavras, o caráter de classe do Estado continuou o mesmo, uma máquina de opressão e dominação da burguesia nacional e do imperialismo sobre as massas trabalhadoras exploradas. Agora, Leon Panetta e a Casa Branca articulam seus aliados para avançar ainda mais as garras do império contra a Síria e o Irã, saudando ao lado dos revisionistas a “vitória da revolução árabe” made in USA!