segunda-feira, 2 de julho de 2012


PRI volta à presidência do México, mais uma expressão “eleitoral” da ofensiva contrarrevolucionária mundial

Nesta segunda-feira, 02 de julho, o candidato do PRI, Enrique Peña Nieto, se declarou vencedor das eleições presidenciais ocorridas no domingo. Com sua vitória, o PRI volta à presidência do México após 12 anos comandando a oposição conservadora. Sua vitória foi pavimentada pelo próprio PRD, tradicional legenda da centro-esquerda burguesa mexicana que havia estabelecido com o PAN em 2010, partido do atual presidente Calderón, uma série de alianças eleitorais na disputa para os governadores nos principais estados. Com a desmoralização do PRD, Manoel Lopes Obrador criou o Morena (Movimento de Regeneração Nacional) em uma tentativa desesperada para capitalizar “pela esquerda” o desgaste do governo Calderón, mas já era tarde, o PRI ficou ainda mais extremamente fortalecido com a política da direção do PRD e acabou por “vencer” as eleições, apoiando-se em também em uma clara fraude eleitoral que não foi contestada por Obrador. Apesar de denunciar que seus rivais tramaram uma fraude eleitoral dizendo ter pesquisas próprias que apontavam sua liderança, Obrador participou há poucos dias das eleições do evento do “pacto pelo México” e assinou o documento se comprometendo a respeitar os resultados eleitorais. Como prognosticamos desde 2011 “O avanço das máfias e do narcotráfico no México revela que a burguesia e o imperialismo vão dar corpo a um regime ainda mais recrudescido e policialesco contra o movimento operário e as massas, optando até agora preferencialmente pelo PRI apesar de todos os ‘esforços’ empreendidos por Obrador” (Jornal Luta Operária, nº 228, Dezembro 2011).

Enrique Peña Nieto declarou que vai implantar as “reformas estruturais” que prometeu durante sua campanha eleitoral na área trabalhista, energia e fiscal para “modernizar o país”, leia-se ataques às conquistas operárias, abertura integral do capital da Pamex para as transnacionais do petróleo e aprofundar as relações de subserviência comercial com o imperialismo ianque via Nafta. Já Obrador, completamente refém da fraudulenta democracia mexicana declarou antes da votação que o “voto é a única arma que os cidadãos têm para conseguir a mudança”. As pesquisas de opinião nos últimos dias antes da eleição, em uma evidente manipulação dos resultados previam a vitória de Peña Nieto por uma margem de entre 10 e 15 pontos percentuais, mas com 85% dos votos contados, ele estava apenas 5,4 pontos à frente de Obrador, que ainda assim já reconheceu a derrota e espera ser o “escolhido” nas próximas eleições presidenciais, daqui a seis anos, seguindo o modelo imposto pela burguesia a Lula no Brasil que o “maturou” bastante até ele assumir o papel de gerente de seus negócios a frente do Estado. Dentro do próprio PRD a estratégia é outra diante da derrota de Obrador: substituir o dirigente do Morena por uma opção ainda mais conservadora no espectro da centro-esquerda burguesa encabeçada por Marcelo Ebrard, atual prefeito da cidade do México.

Nesta campanha eleitoral em particular muito se falou do movimento estudantil e juvenil “YoSoy132” que vem questionando a fraude eleitoral, porém se colocou abertamente a serviço da candidatura de Obrador, sem denunciar seu papel de peça-chave na manutenção do regime político. O “YoSoy132”, uma espécie de “indignados mexicanos” como seu homólogo na Espanha, carece de uma estratégia revolucionária justamente porque não tem um programa de ruptura com a ordem capitalista e está apoiado na pequena-burguesia, sem qualquer relação com o proletariado mexicano, duramente atacado pela crise econômica que lhe é imposta pela servil relação comercial com os EUA.

A vitória do PRI e o pacto estabelecido com Obrador pela estabilidade do regime político coloca como necessidade imperiosa a construção de uma direção revolucionária à altura da situação que o país se encontra. Forjar um partido autenticamente comunista, operário e internacionalista oposto aos atalhos patrocinados pelos revisionistas do trotskismo (CMI ligada a Alan Woods, OST lambertista) que atuam como uma sombra de Obrador é uma necessidade fundamental da vanguarda classista mexicana. Longe de avalizar a política de colaboração de classe do “Lula mexicano” com seu “Feliz 2018” é preciso construir uma ferramenta revolucionária que se oponha pelo vértice a esse curso de colaboração de classes. Arrancar os sindicatos das mãos das corruptas máfias priiristas e da nefasta influência do PRD de Obrador, do “Morena”e seus satélites é parte fundamental da tarefa histórica dos marxistas revolucionários neste momento em que se anuncia um “novo governo” de ataque em toda linha aos trabalhadores e suas conquistas, como mais uma expressão da ofensiva contrarrevolucionária mundial que se impõe pela via eleitoral como na Grécia, Egito ou mesmo via “golpe parlamentar” no Paraguai!