PCdoB abre as portas do
partido para a oligarquia Gomes, “novos tempos” onde até os “coronéis” da
política burguesa podem virar “comunistas”
A direção nacional do
PCdoB decidiu entrar no leilão (às avessas) pela disputa política do ingresso
no partido da ultrarreacionária oligarquia Ferreira Gomes, recém-rompida com o
PSB, comandado pelo neto do falecido Miguel Arraes. Os Ferreira Gomes tem
origem política na velha Arena, onde controlavam a prefeitura da cidade de
Sobral, interior do Ceará. O patriarca do clã, Euclides, orientou desde cedo o
filho mais velho (Ciro Gomes) a ingressar na juventude da Arena, partido da
ditadura militar, chegando a disputar a presidência da UNE em 1980 na chapa da
extrema-direita. Depois da morte do pai, o então deputado estadual Ciro deixa
os quadros do PDS na campanha das diretas já e filia-se ao PMDB, em conjunto
com o grupo liderado pelo empresário Tasso Jereissati. O grupo dos chamados “novos
coronéis” (em referencia aos três coronéis que dominaram o estado por mais de
20 anos: Virgílio, César e Adauto) logo domina a política estadual elegendo o
governador e prefeito da capital cearense. Saindo do PMDB em 1989 Ciro se
converte em um dos fundadores do PSDB, conquistando o posto de ministro da
Fazenda no governo Itamar Franco, é exatamente neste momento que começam suas
ambições nacionais. Em 1998 o ex-ministro deixa o PSDB e ingressa no PPS para
disputar as eleições presidenciais daquele ano. Com a eleição de Lula em 2002
os Ferreira Gomes decidem se aproximar da Frente Popular, por razões obvias,
buscando um abrigo confortável no PSB de Eduardo Campos (Ciro volta a ser
ministro desta vez da Integração Nacional). Com a família inteira em postos
estatais, os três irmãos Gomes (Ciro, Cid e Ivo) representam hoje o que existe de
mais retrógrado e fisiológico na política burguesa nacional, rompem com o PSB
justamente para ampliar sua fatia de apropriação do botim estatal, sob a
desculpa de “apoiar a reeleição da presidenta Dilma”, a mesma que há pouco
qualificavam de “ex-terrorista incompetente”. Os Ferreira Gomes agora buscam
comprar por inteiro uma nova legenda nacional vazia, para acomodar os
parlamentares e o governador Cid (provavelmente o recém-fundado PROS), receosos
de que o PSB exija a restituição dos cargos eletivos, ao mesmo tempo que acenam
com a filiação de Ciro e o irmão mais novo Ivo (ambos sem mandato parlamentar)
a um partido com algum perfil ideológico. Não para nossa surpresa, os ex-stalinistas
do PCdoB resolveram oferecer o partido para o ingresso da corrupta oligarquia
Gomes, ou pelo menos para alguns de seus membros, revelando desta forma que o
falso “Marxismo-Leninismo” defendido formalmente pelos herdeiros de João
Amazonas não passa de um programa social democrata, totalmente adaptado ao
regime da democracia dos ricos.