Governo Dilma/Temer anuncia novo processo de privatização com
abertura de capital da Caixa Econômica Federal
A presidente Dilma anunciou que seu governo realizará a
abertura de capital da Caixa Econômica Federal (CEF) em torno de 20% a 25%,
para gerar um aporte financeiro ao Tesouro Nacional na ordem de R$ 15 a R$ 20
bilhões. Embora sem data definida para o início do processo de abertura do
capital da Caixa, o simples anúncio desse projeto já abriu um debate no
movimento de massas acerca do caráter privatizante da medida e do próprio
governo Dilma. Ela prometeu demagogicamente, durante a campanha eleitoral, fortalecer
os bancos públicos, atribuindo qualquer iniciativa de privatização do setor ao
seu oponente, o PSDB. No entanto, os ataques aos trabalhadores continuam pelas
mãos do governo do PT. Passadas as eleições e a demagogia eleitoral da
burocracia sindical chapa branca da CUT-CTB que, em nome do perigo do retorno
da direita, chantageou os trabalhadores pressionando-os a votar no PT,
deparamo-nos com amargas medidas de ajustes fiscais (inflação crescente,
demissões, ataque aos direitos e conquistas sociais contidas nas pensões e nas
aposentadorias, a exemplo da minirreforma da previdência que mexeu no acesso ao
seguro-desemprego e outros benefícios do INSS), colocando sobre nossos ombros o
peso da crise capitalista. Agora, vão atacar ainda mais as estatais, iniciando
o processo de privatização da CEF, a exemplo do que fizeram com o Banco do
Brasil e a Petrobras, reduzindo o controle acionário do Estado em benefício das
empresas privadas.
A CAIXA NÃO É DO POVO ENQUANTO ESTIVER SOB O CONTROLE DELES!
A história dos 154 anos do funcionalismo da CEF é produto de
muita luta e greves históricas em defesa de direitos e conquistas sociais, em
oposição aos diversos governos burgueses corruptos, a serviço do capital
financeiro. Não se confunde com a podridão institucional daqueles que se
beneficiam e promovem desmandos administrativos, escândalos de corrupção,
perseguições políticas, assédio moral, arrocho salarial e pacotes
privatizantes. Historicamente, apesar do papel social amplamente divulgado
pelos governos de plantão, primordialmente os bancos públicos têm beneficiado o
parasitismo financeiro dos grandes grupos econômicos através dos subsídios,
financiamentos, operações fraudulentas, em tenebrosas transações.
O todo poderoso mercado já impôs um conceito privatizante nas relações de trabalho no interior das estatais. Na CEF, por exemplo, piorou as condições de trabalho dos seus 100 mil funcionários e segregou várias atividades: vendeu a Datamec, em 1999, sua empresa de informática; serviços lotéricos foram repassados para uma empresa privada (Gtech), durante o governo FHC; realizou a segregação de clientes de baixa renda cujo atendimento foi direcionado para os correspondentes bancários e aumentou a terceirização de pessoal durante as gestões petistas. No entanto, a despeito de tudo isso, a CEF é o terceiro maior banco do país com R$ 1 trilhão de ativos, só perdendo para o Banco do Brasil (R$ 1,3 trilhões) e o Itaú (R$ 1,1 trilhão).
Abertura de capital gradual e privatização de uma empresa
estatal são medidas neoliberais que atendem aos interesses do mercado; são
apenas diferentes na forma e no ritmo do processo. O ingresso de setores
privados associados a uma estatal como a CEF significa a adoção de uma
orientação estratégica de mercado, cuja gestão de pessoal, planejamento,
negócios e resultados visam uma maior lucratividade dos acionistas,
comprometendo o tipo de serviço/produto de caráter social e público prestado à
população: PIS, FGTS, financiamento da casa própria, poupança, penhor,
programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida etc. Enfim, as
demandas sociais ocupariam um lugar secundário, diante da transformação da CEF
enquanto agente público. Também, o enxugamento, a reestruturação e o saneamento
administrativo, que geralmente precedem esse tipo de privatização, indicam uma
política de precarização de serviços, perdas de conquistas e direitos dos
empregados da instituição.
No capitalismo, o caráter das finanças do Estado burguês
nunca foi ou será público e o papel social de suas estatais serve ao mercado. O
Estado burguês e sua gerência política, governo Dilma, acumula recursos
financeiros para induzir e potencializar a economia de mercado, inclusive pela
via das estatais, utilizando-se dos instrumentos de política monetária, por meio
da flexibilização das taxas de juros e da contenção, ou não, do acesso ao
crédito, gerando facilidades para as grandes empresas. Como um verdadeiro
comitê gestor dos negócios capitalistas, os recursosdo Estado, longe de serem
públicos, pertencem de fato aos grandes conglomerados empresariais, controlados
pela elite capitalista.
DENUNCIAR O CARÁTER NEOLIBERAL DO GOVERNO DILMA E A COVARDIA
DA BUROCRACIA SINDICAL CHAPA BRANCA DA CUT-CTB.
Em resposta a mais esse ataque do governo da Frente Popular
contra os trabalhadores, a burocracia sindical governista da CUT-CTB continua a
manter o movimento operário e popular completamente paralisado pelo pacto
social responsável por blindar o governo Dilma e garantir a estabilidade do
regime. Limita-se a meras declarações de cunho retórico e promovem atos
midiáticos em defesa da CEF como os realizados, no último dia 12/01, quando do
154º aniversário da empresa. Não há manobra que esconda o caráter venal dessas
direções que são incapazes de defender nossas conquistas de forma consequente.
Por isso, é conivente com os ataques do governo Dilma de privatização dos
bancos públicos.
Diante do real “papel social dos bancos públicos, que é
beneficiar e financiar o grande capital, a trincheira de luta dos trabalhadores
é oposta à do governo neoliberal de Dilma e de seus ministros sindicais de
plantão. É preciso defender a reivindicação histórica dos trabalhadores que a
burocracia tratou de convenientemente abandonar: a defesa dos bancos públicos a
partir da estatização sob o controle dos trabalhadores.
É necessário, portanto, romper a camisa de força, imposta
pela burocracia governista às mobilizações dos trabalhadores. Somente
organizados a partir de uma política de independência de classes é que os
trabalhadores poderão construir um polo de resistência aos ataques do governo e
à paralisia das direções sindicais, capaz de unificar as lutas para derrotar
essa ofensiva neoliberal capitaneada pelo PT. Nesse sentido, propomos a
realização de um encontro nacional de base dos empregados da CEF para organizar
um plano de lutas contra o ataque em curso.
TENDÊNCIA REVOLUCIONÁRIA SINDICAL (TRS)
AUGUSTO CÉSAR – FUNCIONÁRIO DA CEF
HYRLANDA MOREIRA – FUNCIONÁRIA DO BRADESCO
MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO BANCÁRIA (MOB)
AUGUSTO CÉSAR – FUNCIONÁRIO DA CEF
HYRLANDA MOREIRA – FUNCIONÁRIA DO BRADESCO
MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO BANCÁRIA (MOB)