Vitória do Syriza: Mais uma gerência socialdemocrata de “esquerda”
à serviço da Troika! Convocar o KKE, principal referência da esquerda
classista, a encabeçar uma Oposição Operária e de massas ao governo Tsipras!
A UE determinou o fim de fevereiro como data limite para que a Grécia cumpra novas reformas neoliberais para o desbloqueio de cerca de 7 bilhões de euros de “ajuda”. O ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, no dia 18 de janeiro, no momento em que todas as agências de pesquisas e de sondagens eleitorais gregas e europeias garantiam a vitória de SYRIZA, declarou com a máxima tranquilidade: “As novas eleições na Grécia não mudarão absolutamente nada na dívida pública da Grécia. Qualquer governo que será eleito deverá respeitar e assumir os compromissos de seus predecessores...”. Não se trata apenas de especulação, ao assumir como primeiro-ministro Alexis Tsipras se comprometeu a seguir com este plano, reivindicando simplesmente a renegociação da dívida. O novo gabinete está alinhado com esta perspectiva de cumprir os acordos com novas bases. Apesar deste programa socialdemocrata, que segue os mesmos passos do PT no Brasil quando Lula assumiu em 2002, os revisionistas do trotskismo apoiaram a eleição do Syriza e não o denunciaram como aliado da Troika. O PSTU declara “Nestas eleições, o Syriza converte-se na principal ferramenta dos trabalhadores gregos para derrubar aos partidos do memorando e do saque” enquanto o PO argentino assevera sobre a eleição de Tsipras “Saudamos com entusiasmo este primeiro passo dos trabalhadores da Grécia em sua luta contra o ajuste e o capitalismo internacional”. Por seu turno, o PTS ataca o KKE por não se aliar ao Syriza declarando “O Partido Comunista Grego (KKE), um partido de arraigada tradição estalinista, propõe a saída imediata da UE e da OTAN e defende a cessação imediata do pagamento da dívida, uma proposta ‘soberanista de esquerda’. Tem uma importante presença nos sindicatos e militância operária, mas leva a frente uma orientação sectária, avessa às ações unificadas com o resto dos trabalhadores agrupados em outros sindicatos e movimentos”. O MES de Luciana foi ainda mais longe, declarando que o KKE faz o jogo da Troika. Thiago Aguiar, dirigente da Juventude do MES, a Juntos afirmou, “Como vejo muitos companheiros no Brasil em dúvida sobre por que Syriza não compôs com o KKE ou por que, apesar de todas as sinalizações em contrário dos comunistas há anos, Tsipras não os privilegiou para compor o gabinete, uma última notícia do dia: o líder do KKE, Dimitris Koutsoubas, NÃO ACEITOU REUNIR-SE COM SYRIZA. Isto mesmo, nesta segunda-feira os "comunistas" que gostam de ver a Troika governando a Grécia. SE RECUSARAM A REUNIR-SE COM SYRIZA, alegando que uma reunião não teria "nenhum sentido". Com uma esquerda destas, ninguém precisa de Merkel, Draghi e Samarás”. Já a CMI de Allan Woods demonstrando sua eterna “surpresa” diante da política das direções frente populistas de formar governos com representantes da burguesia lamenta “É um grave erro da parte do SYRIZA cooperar com os ‘Gregos Independentes’! Não desperdicem essa oportunidade histórica! Deve ser feita uma coalizão entre o SYRIZA e o KKE”. Na verdade, o conjunto da família revisionista, apoiando eleitoralmente o Syriza ou atacando os que se opõe a sua político como “sectários” não faz mas que legitimar a orientação socialdemocrata do governo Tsipras, negando-se a convocar desde já os trabalhadores a se postar no campo da oposição ao novo gerente capitalista na Grécia. Tanto que a CMI faz um “apelo” ao KKE: “Da sua parte, a liderança do KKE deve urgentemente adotar uma autêntica postura leninista na questão da formação do governo, que seja capaz de conectar o comunismo com as massas em vez de marginalizar o partido. Essa tática envolve apelar à direção do SYRIZA para comprometer-se com políticas pró-operárias com decisivas medidas anticapitalistas e socialistas. Com base nestas demandas o KKE deveria declarar que está disposto a apoiar o governo do SYRIZA, desse modo mantendo a liderança do SYRIZA responsável pelas suas políticas e expondo assim a existência de qualquer tendência no SYRIZA que favoreça o compromisso e a colaboração de classe, o que, infelizmente, existe em seu núcleo”. Esta política propalada por Woods em nada tem de leninista na medida que o Syriza passou toda a campanha se comprometendo com a UE e hostilizando o KKE com ataques de cunho anti-comunista, próprios da socialdemocracia “radical” que abomina o leninismo e se propõe a gerenciar o Estado burguês de forma “alternativa” porém dentro do regime político dos grandes monopólios.
Historicamente sempre fomos críticos da política do KKE por
centrar suas ações de massa na pressão ao parlamento burguês, mas neste momento
temos que reconhecer que sua delimitação púbica e decidida com o Syrzia,
denunciando o governo comandado por Alexis Tsipras como “burguês capitalista” e
convocando desde já a oposição de classe a nova gerência social democrata na
Grécia represente sem dúvida um posição justa e corajosa, que deve ser apoiada
pelos Trotskistas e Revolucionários. A PAME, conjunto de sindicatos dirigidos
pelo KKE e que tem peso social e político entre a classe operária pode ser
justamente o polo de resistência classista a política de colaboração de classes
do Syrzia. Nesse sentido a verdadeira frente política anticapitalista deve ter
o KKE em sua vanguarda, cabendo aos genuínos trotskistas intervir neste
processo para que os ativistas
combativos e militantes que se proclamem leninistas superem no curso da luta
política e ideológica os limites da posição do stalinismo, que nesse momento
encontra-se sem dúvida à esquerda dos revisionistas do trotskismo!
Os Bolcheviques Leninistas colocam todos seus esforços na
tarefa de intervir ativa e pacientemente sobre as lutas que virão para elevar o
nível de consciência dos setores mais radicalizados, a fim de fazê-la avançar
da resistência defensiva atual para a disputa pela conquista do poder político
contra seus algozes sociais-democratas, superando a criminosa influência
política que a centro-esquerda reformista e seus satélites revisionistas exercem
sobre o proletariado. A materialização deste longo e paciente processo de
evolução da consciência dos trabalhadores é a construção de um partido
internacionalista e revolucionário que lute por derrotar a União Europeia
imperialista e o criminoso mito da "democratização" do modo de
produção capitalista.