Militância da LBI presente no terceiro ato do MPL em São Paulo |
O terceiro ato contra o aumento das passagens no transporte
coletivo em São Paulo, ocorrido nesta terça-feira, 20 de janeiro, no Tatuapé, foi
o mais esvaziado das três manifestações ocorridas depois que Alckmin e Haddad
anunciaram o reajuste nos trens, metrô e ônibus. Menos de mil ativistas
compareceram ao protesto, dentro eles militantes da LBI, PSOL, PSTU, LER, MNN, PCR,
TPOR e até do PT. Esse refluxo é produto direto da ausência de uma estratégia
classista e revolucionária para a luta contra os ataques as condições de vida
dos trabalhadores e da juventude explorada, já que a direção do MPL vem
buscando de todas as formas fechar um acordo com a prefeitura do PT, que
determina o preço das passagens de ônibus, a fim de não desgastar a gestão
municipal de Haddad. Tanto que a cada manifestação as concentrações são mais
longe do centro da cidade justamente para não provocar problemas no trânsito,
como solicitou a prefeitura. Ao final do protesto houve um confronto localizado
na estação do Belém, com a PM prendendo ativistas ligados a tática do Black
Blocs completamente isolados pelo MPL que explicitamente defendeu um “ato
pacífico”, leia-se sem radicalização! A atuação da MPL, que conta com a
influência do PT e do PSOL em sua direção, revela que os limites impostos até
agora ao movimento podem acabar gerando seu completo esvaziamento, não sendo o
estopim de novas “jornadas” como as de 2013, como até então acreditava a LER-QI
e outros grupos revisionistas. Estes fazem verdadeiro fetiche oportunista das
manifestações ocorridas neste período como expressão de um suposto “ascenso
revolucionário” quando na verdade a sua marca foram reivindicações dispersas
que não questionaram o conjunto do regime político. A militância da LBI vem
intervindo nas mobilizações pelo passe livre (ver fotos) alertando que a
ausência de um programa anticapitalista e de uma estratégia classista que
unifique as lutas populares contra a falta de água em São Paulo, o aumento das
tarifas e os ataques aos direitos trabalhistas desgraçadamente provocará o
esvaziamento destas atividades. Neste sentido, ainda “apostando” na vitória do
movimento, o quarto ato contra o aumento das passagens deve romper com a
estratégia de colaboração de classe imposta pelo MPL e apontar a necessidade da
unidade com os trabalhadores para superar o impasse em função desta política
desastrosa.
Caracterizamos que neste 2015 os atos contra o aumento das passagens não serão o estopim para novas “jornadas” como em 2013. A conjuntura pós-eleitoral demonstrou uma ampla unidade burguesa em torno dos ataques as conquistas e direitos assim como em torno do aumento das tarifas públicas. Apesar dos cortes de benefícios do INSS e aumento da energia, assim como da taxa de juros, chegamos ao final de janeiro sem que o movimento operário e popular tenha reagido a altura. A resistência vem ocorrendo de forma molecular, dispersa e com pautas extremamente rebaixadas, como vimos nas manifestações puxadas pelo MTST e o próprio MPL. Os dois movimento que fizeram atos conjuntos em 2013 agora marcham divididos, o MTST inclusive convocou um “Panelaço contra o aumento” para este dia 22 e o MPL o 4º Grande Ato para o Teatro Municipal, na sexta-feira, dia 23. Em resumo, longe da unificação e da radicalização, a divisão e o pacifismo.
Não por acaso, a direção do MPL anunciou que era grande motivo de comemoração o terceiro ato ter chegado ao fim sem conflito com a PM. Ocorre que a manifestação foi a menor dos três protestos e a presença do aparato repressivo enorme (cerca de 1000 soldados). Segundo a representante do MPL, Luiza Tavares, “Nossa postura não mudou em relação aos outros atos. Fizemos uma negociação grande com a PM (Polícia Militar) na última sexta, mas nos impediram de prosseguir com a marcha e nos agrediram. Hoje negociamos mais uma vez. A diferença é que eles (os policiais) cumpriram o acordo” (Rede Brasil Atual, 21.01). Caso se mantenha esse eixo pacifista e conciliador com os governos burgueses não temos dúvida que o movimento será derrotado. Somente a unidade com os trabalhadores atacados pelas demissões e cujos direitos estão sendo ameaçados pode reverter essa perspectiva!
Desde a LBI compreendemos que o refluxo do movimento pelo Passe Livre é produto do pacto social implícito que as direções sindicais e populares reafirmaram com o governo Dilma no início deste segundo mandato, na verdade uma continuidade da política eleitoral destas entidades. A maioria destas lideranças chamou a votar no PT logo no primeiro turno e sua quase sua integralidade no segundo, argumentando que era necessário “derrotar a direita tucana”. Depois de reeleita a “gerentona” petista vem adotando o programa neoliberal do PSDB com toques de profunda covardia (corte de benefícios do INSS) sem nenhuma reação destas direções, que são fiadoras de seu novo mandato. Por esta razão, caracterizamos que apesar do desgaste de Dilma e Alckmin (com a crise de água em São Paulo), o justo ódio popular a estes governo está sendo contido por esses dirigentes, que acabam impondo a acomodação e a paralisia aos explorados, não havendo em um horizonte próximo uma superação deste quadro desastroso. Apesar desse claro recuo no movimento, temos que redobrar nossas forças e intervir nos protestos, delimitando-se com a política domesticada do MPL e seus satélites!