UM "GRAN FINALE" PARA A FARSA: Campanha "JE
SUIS CHARLIE" tem o hediondo carniceiro BIBI como mártir e representante
da "liberdade de expressão"!
Uma ameaça à liberdade de expressão e imprensa, portanto uma
conquista fundamental da revolução democrático burguesa, deveria ser
vigorosamente combatida no mesmo bojo em que se condena o obscurantismo
religioso dos grupos islâmicos, certo? Totalmente errado, no sentido em que o
atentado terrorista ao Charlie Hebdo nem de longe ameaçou a liberdade de
expressão da burguesia francesa e muito menos a do proletariado e sua reduzida
imprensa alternativa. O ataque supostamente para "vingar" o profeta
Maomé teve como "eixo" desatar uma "contra- provocação" que
assumiu um caráter político gigantesco em oposição a própria "causa
islâmica". Mesmo se hipoteticamente admitirmos que a ação contra o Charlie
Hebdo não contou com o "dedo" do Mossad, chegaríamos a conclusão que
os grandes monopólios capitalistas da comunicação não foram sequer
"arranhados" com o ataque. Na direção oposta a mídia corporativa
mundial saiu bastante reforçada com o atentado em Paris, passando a classificar
todos os que defendem seu controle social como "fundamentalistas
islâmicos".
O espetáculo de hipocrisia nunca antes visto, originado por
governos capitalistas e partidos patronais que são a maior ameaça ao que restou
do direito a "liberdade de expressão" alçada nos tempos históricos da
Revolução Francesa. Por acaso o fundamentalismo sionista, que domina
economicamente desde Nova Yorque até Tel Aviv é menor que o islâmico? Em Israel
as "leis sagradas" do Torá se sobrepõe a "moderna e
ocidental" Constituição (chamada de Leis Básicas) promulgada em 1958. Na
própria França queimar a bandeira nacional do país em local público é passível
de prisão por um bom período, isto sem falar na imposição estatal a outras
culturas nacionais que devem se submeter ao "Iluminismo" francês, que
hoje sob a égide imperialista mais se assemelha às "trevas"
medievais.
Mas como a ação terrorista em Paris de dois muçulmanos
"heterodoxos" que ao contrário
dos ensinamentos do Alcorão não queriam ser "mártires" de nada,
extrapolou em muito as fronteiras nacionais da França, também conseguiu
produzir um efeito magistral no "front inimigo", ou seja, unificar o
"temido" EI e a "poderosa" Al Qaeda, isto tudo é claro no
canastresco roteiro da CIA. Este "factóide" em si mesmo já
justificaria uma coalisão ainda mais sólida e agressiva dos governos
colonialistas para disciplinar as "bárbaras nações islâmicas". Tudo
graças a operação "militar" dos irmãos Kouachi e do sequestrador
Amedy!
Outros elementos da "pantomina" de Paris (verdadeira
tragédia para os povos muçulmanos) estão gradualmente vindo à tona, como o
estranho suicídio do comissário de polícia que estava encarregado das
investigações. O fato realmente importante para os povos árabes e palestinos é
aferir, a partir deste momento, o grau de unidade das potências imperialistas
em sua escalada de controle sobre a Ásia e África, incluindo a parte oriental
da Europa neste projeto de maior dominação econômica. Quanto ao recrudescimento
das liberdades democráticas na França, já temos uma clara noção do que está por
vir, somente dimensionando o tamanho do aparato repressivo deslocado (cerca de
70 mil homens) para trucidar uma dupla de supostos terroristas. Romper o
silêncio desta reacionária "unanimidade" mundial criada contra a
própria democracia e a resistência dos povos é o maior desafio para os revolucionários
na próxima etapa.