ATAQUES NA TUNÍSIA E KUWAIT: ESTADO ISLÂMICO PONTA DE LANÇA REACIONÁRIA
DA OFENSIVA SIONISTA CONTRA OS POVOS MUÇULMANOS
Como Marxistas Revolucionários condenamos vigorosamente a
ação terrorista que ontem (26/06) levou a morte majoritariamente de turistas europeus
e de outras nacionalidades em um balneário na Tunísia. Da mesma forma o covarde
atentado que ocorreu em uma mesquita muçulmana vitimando dezenas de fiéis
xiitas é a expressão sinistra das operações terroristas que vem protagonizando
o chamado Estado Islâmico (EI) no mundo árabe e também em outras regiões do
planeta. Em relação ao ataque realizado na França, em que um cidadão de origem
árabe assassinou o chefe da empresa que trabalhava, apesar da mídia e governo
francês o ter relacionado na mesma "onda" de atentados perpetrados
pelo EI existem dúvidas do afã de Hollande em colocá-lo no mesmo
"script" da histeria contra imigrantes e mesmo do recrudescimento da
repressão e espionagem estatal. As recentes ações globais coordenadas do EI
teriam sido impulsionadas para reforçar uma "posição de força" no
campo militar da "revolução árabe" após terem sofrido várias
derrotas, seja para tropas sírias ou para as milícias curdas em Kobani. O
comando do EI no espectro sectário sunita pretende ser afirmado com chacinas
fratricidas contra outras frações islâmicas sob pena de perderem o apoio
conseguido em regiões devastadas pela guerra civil fomentadas pelo
imperialismo. A escolha do período do ramadã para ganhar vitrine mundial não
passa de uma cortina de fumaça para despistar seus vínculos materiais com o
sionismo. O EI e suas ações reacionárias contra os povos, nações muçulmanas e
governos antiimperialistas da região, representam hoje a ponta de lança dos
interesses do gerdame sionista de Israel contra seus adversários geopolíticos.
Porém a gênese histórica do EI possui o "DNA" nos interesses diretos
na movimentação da CIA nos planos da derrubada do regime nacionalista de Kadafi
na Líbia, com o rótulo de "força revolucionária" outorgada pela OTAN
partiram para a Síria com objetivo de derrotar o governo Assad, um dos poucos
remanescentes dos conflitos guerreiristas contra Israel nos anos 60 e 70, posto
que os outros países adversários do sionismo nesta época (como Egito, Jordânia,
Arábia Saudita) já celebraram o reconhecimento do gerdame. Na fronteira entre
Síria e Iraque, o EI encontrou a possibilidade de tentar assumir uma feição
"nacional", mais além de um braço militar financiado pela Casa
Branca, proclamando um califado baseado na suposta defesa dos interesses da
população sunita. O mais "curioso" na tentativa do EI em criar raízes
étnicas e religiosas na região em que se estabeleceu como organização
paramilitar é que sua cúpula dirigente é formada por europeus (área central),
britânicos e norte-americanos, sua facilidade em estabelecer os "contatos
ocidentais" deriva desta característica. Nesta região além de apontar suas
armas contra Assad em uma frente militar com outros grupos
"revolucionários" da OTAN, o EI se chocou territorialmente contra o
governo de Bagdá, passando a controlar campos petrolíferos que passaram a
fornecer óleo cru diretamente para as refinarias de Tel Aviv. Passando dos
"limites" originalmente definidos por Washington, Obama enxergou na
ponte estabelecida entre o EI e Netanyahu uma ameaça a hegemonia ianque.
Registre-se o fato dos atuais esforços da Casa Branca em firmar um acordo
nuclear com o regime dos Aiatolás, serem atacados ferozmente por Israel. O EI
ganhou o "status" de criatura rebelde da OTAN, centrando suas ações
em sintonia com o Mossad para além das fronteiras da Síria e Iraque. Netanyahu
trabalha para sabotar a gestão do partido Democrata nos EUA, não poupando
esforços para um triunfo do Tea Party nas próximas eleições presidenciais. A
estrutura de poder no ventre do imperialismo ianque é bastante complexa, tendo o
Partido Republicano bastante influência em organismos recalcitrantes como a CIA
e o próprio Pentágono. Por isso é impossível aferir até que ponto o EI recebe
suporte de setores do imperialismo ianque para ações globais de interesse do
expansionismo sionista. O certo mesmo é que as ações terroristas do EI, que por
muitas vezes querem aparentar um confronto com o imperialismo estão sempre
direcionadas para o terreno da reação mundial, concentrando "fogo"
contra a Síria, Irã e o Hezbolah e todos seus aliados táticos. No mundo árabe e
palestino o surgimento do EI contou com a simpatia inicial do Hamas, que não
por coincidência resolveu levantar seus ataques a Israel. No cerco militar ao
Hezbolah o sionismo ganhou um aliado de "peso", o EI. Por isso as ações do EI contra supostos alvos
imperialistas (geralmente civis), não despertam nenhum sentimento de luta dos
povos e nações oprimidas, em sua quase totalidade suas " operações
militares" são voltadas contra regimes nacionalistas e laicos, como Líbia
e Síria, que conseguiram construir a unidade nacional para além das rivalidades
religiosas e sectárias. Os ataques na Tunísia e Kuwait, reivindicados pelo EI,
se constituem como provocações terroristas que em nada avança o moral do
combate antiimperialista dos povos oprimidos. A responsabilidade histórica
sobre a formação desta criatura reacionária e das covardes mortes que arrasta
atrás de si, deve ser debitada na política de espoliação do imperialismo, que
hoje tudo aponta responder a um subproduto seu, o estado terrorista de Israel.