quarta-feira, 10 de junho de 2015


DILMA ENTREGA A INFRA-ESTRUTURA NACIONAL AOS GRANDES CONSÓRCIOS CAPITALISTAS: NENHUM “PIL” DO PT E DE SEUS ACÓLITOS DA ESQUERDA “CHAPA BRANCA CONTRA O PACOTE NEOLIBERAL DE PRIVATIZAÇÕES DO PLANALTO... APLAUSOS DE ALCKMIN, DO TUCANATO E DA DIREITA

A presidenta Dilma anunciou nesta terça-feira, 09.06, o PIL - Pacote de Investimento em Logística. Trata-se um plano de privatização de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos que serão agora administrados por empresas nacionais e estrangeiras. Para mascarar a entrega de toda a infraestrutura nacional terrestre, aérea e marítima aos conglomerados capitalistas que explorarão estas áreas cobrando tarifas, pedágios e fretes caríssimos, a “gerentona” petista chamou o PIL de “plano de concessões”, tudo obviamente financiado pelo BNDES como nos tempos de FHC! Trata-se de um claro sinal de Dilma à burguesia nacional e ao imperialismo, de que seu mandato está diretamente alinhado a cartilha neoliberal, iniciada com o ajuste fiscal que restringiu benefícios do INSS. Não por acaso, a presidenta deu nos últimos dias e às vésperas do V Congresso Nacional do PT declarações públicas de apoio ao office-boy dos rentistas no Ministério da Fazenda, Joaquim Levy. Levy, o homem da tesoura, especialista em cortar pensões de viúvas e seguro-desemprego de trabalhadores demitidos, desta vez já avisou para os empresários: “Não vai faltar dinheiro!”. Com não poderia deixar de ser na mamata privatista os “concessionários” poderão bancar até 70% do custo das obras com recursos do BNDES e com parte dos juros subsidiados! Um negócio de “pai para filho” como nos melhores (piores!) tempos do tucanato! Diante de tamanha negociata, não se ouviu um “PIL” do PT e PCdoB contra o pacote de privatizações do governo Dilma! Ao contrário, ambos saíram a elogiar as medidas em nome de um suposto “investimento de R$ 198,4 bilhões nos próximos anos” antevendo as comissões que receberão das empresas privadas para entregar o patrimônio nacional. Segundo o site do PT “Petistas consideram plano de concessões ‘audacioso, articulado e consistente’” (09.06). Já o PCdoB afirmou entusiasmado que o PIL representa a “retomada do crescimento”. Como se observa, o governo da frente popular segue firme na subordinação da economia nacional aos interesses da classe dominante, tanto que Dilma avisou “Estamos aqui para lembrar que nosso governo não é de quatro meses, é de quatro anos. Estamos na linha de saída, e não na linha de chegada”. Desta forma, ela deixou claro para alguns dementes na “esquerda” que diziam existir a possibilidade de um “golpe da direita” que se depender da burguesia e do imperialismo completará seu mandato aplicando em toda linha a agenda neoliberal e dando curso a transição para um governo de corte ultra-conservador a ser comandado possivelmente pelo “Opus Dei” Alckmin, que não por acaso estava juntinho de Dilma no anúncio do PIL.

A cerimônia de lançamento do PIL contou com a participação de diversos governadores como Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Pezão (PMDB), além de senadores, deputados e ministros, onde Dilma declarou: “Reafirmamos nosso compromisso com a parceria federativa. O diálogo com os governadores e empresários é decisivo para esse investimento. Para todas as etapas” (G1, 09.06). Por sua vez, Alckmin afirmou “No que depender de nós vamos apoiar. É uma correção de rota do governo federal, que tem que priorizar investimento em logística e infraestrutura e liberar o financiamentos para os Estados poderem dar a contraprestação de PPP (Parceria Público-Privadas)” (Valor Econômico, 09.06). No PIL está a possibilidade de concessão por meio de outorga, em que vence quem paga ao governo o maior bônus pelo direito de explorar um serviço. Esse modelo foi adotado durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e era criticado pelo PT por possibilitar valores altíssimos cobrados nas tarifas e pedágios. O governo prevê o leilão de 15 lotes de estradas, totalizando 6.974 quilômetros. Também foi confirmada a entrega as empresas privadas dos aeroportos de Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Florianópolis. A estimativa do governo é que eles recebam, no total, R$ 8,5 bilhões em investimentos.  Os leilões estão previstos para acontecer a partir do primeiro trimestre de 2016. O Planalto também vai entregar as ferrovias. Entre os trechos incluídos no programa estão os da ferrovia Norte-Sul, entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) e entre Barcarena (PA) e Açailândia (MA) e entre Anápolis, Estrela D’Oeste (SP) e Três Lagoas (MS). Para Portos, a previsão é da privatização de 50 áreas para movimentação de carga em portos públicos, administrados pela União e 63 autorizações para construção de portos privados, os chamados TUPs. Num primeiro momento, estão previstos arrendamentos de 29 áreas no porto de Santos, o maior do país, além de outras 20 no do Pará. Em um segundo bloco serão incluídas áreas nos portos de Paranaguá, Itaqui, Santana, Manaus, Suape, São Sebastião, São Francisco do Sul, Aratu, Santos e Rio de Janeiro. Todas estas operações serão financiadas pelo BNDES, o que mostra o total parasitismo e completa dependência dos capitalistas em relação ao Estado burguês, justamente o contrário do que apregoa a propaganda neoliberal de “Estado Mínimo”. Não é de hoje que este banco atua como verdadeiro doador de dinheiro às máfias capitalistas e contra os interesses nacionais, na verdade todas as privatizações desde FHC, passando por Lula e agora Dilma, foram potencializadas pelo BNDES bancando para o capital a juros irrisórios, a desnacionalização completa da economia e o aprofundamento da condição semicolonial em que o Brasil se encontra na divisão mundial do trabalho. Por fim, o real sentido do programa que tanto Joaquim Levy elogia e o PT-PCdoB cinicamente dizem ser a “retomada do crescimento”. O dinheiro dos leilões será entregue diretamente aos abutres do capital financeiro internacional. Todo o dinheiro que for obtido com as concessões de infraestrutura deste ano, como as de blocos de petróleo e gás e grandes aeroportos e rodovias, será para engordar a meta fiscal, conhecida como superávit primário. Como se vê, não há diferença qualitativa entre os bandidos tucanos do PSDB e os burocratas serviçais da Frente Popular quando se trata de beneficiar as grandes máfias capitalistas. Todo o “ganho” supostamente obtido viajará diretamente para os cofres dos rentistas internacionais

O lance mais emblemático desse modelo de privatização, que demonstra a entrada das grandes empreiteiras estrangeiras no país via o PIL (em particular norte-americanas, europeias e japonesas) um mercado até então controlado pelo “clube” nacional alvo da Operação Lava Jato, foi dato pela Controladoria Geral da União (CGU). O ministro da CGU, Valdir Simão, explicou que as empresas nacionais só não serão impedidas de assinarem contratos com órgãos públicos se forem declaradas inidôneas ao final do processo administrativo que respondem na CGU. Ao todo, 29 companhias investigadas pela Operação Lava Jato também são alvo de processo administrativo na CGU. Além do risco de ficarem proibidas de fechar contratos com a administração pública, essas empresas podem ser penalizadas pelo Executivo, se forem consideradas culpadas, com multas ou outras penalidades previstas na legislação. Em resumo, uma negociata armada para trazer empreiteiras estrangeiras para explorarem o filé da infra-estrutura nacional! Construtoras industriais pesadas dos EUA e Japão estariam prontas para assumir as obras paralisadas por conta da Operação Lava Jato e agora do PIL, devendo o governo superar as limitações constitucionais para que empresas estrangeiras do ramo da construção civil pesada participem de concorrências para grandes projetos estatais.

Todo falatório de setores da esquerda do PT e de alguns parlamentares (Paim, Lindberg) às vésperas do Congresso do partido contra o ajuste neoliberal não passa de uma farsa para tirar dividendos eleitorais futuros! É necessário denunciar as privatizações levadas a cabo pela frente popular que nas eleições acusa demagogicamente o tucanto de “privatista” e lutar contra a ofensiva “neoliberal” que está em curso sob a batuta petista. Somente o efetivo controle operário das empresas estatais poderá representar um elemento progressivo e transicional para a efetiva tomada do poder pela classe operária. A defesa da reestatização dos aeroportos, rodovias, ferrovias e portos sob o controle dos funcionários e a denúncia política das privatizações sob encomenda do imperialismo por parte do governo petista, devem estar necessariamente ligadas ao programa da revolução socialista, caso contrário não passarão de demagogia barata como faz a CUT e a CTB, na verdade praticamente assistindo de camarote o governo Dilma levar a cabo as privatizações como nos velhos tempos tucanato!