segunda-feira, 29 de junho de 2015


TROIKA E TSIPRAS QUEREM CHANTAGEAR O POVO GREGO COM UM REFERENDUM PARA "ESCOLHER" ENTRE O RUIM E O PIOR!

O Blog da LBI reproduz a mais recente declaração do KKE acerca do referendum antidemocrático convocado pelo governo do Syriza para que o povo possa escolher entre a proposta humilhante da Troika europeia para seguir espoliando o proletariado grego ou a pauta de capitulação defendida por Tsipras que pouco difere dos chacais de Berlim e do FMI. Apesar de termos divergências programáticas com a trajetória do KKE diante da perspectiva que deve nortear a ação revolucionária da classe operária frente à crise capitalista que devasta o país, entendemos que a declaração dos comunistas gregos é um importante ponto de referência nesta conjuntura ainda permeada pelas ilusões políticas disseminadas pela plataforma de colaboração de classes do Syriza. Superar as alternativas sociais democratas postas pelo atual governo de "esquerda" que só postergam o sofrimento do povo grego acossado por uma dívida fraudulenta imposta pela UE, é a tarefa fundamental para preparar o caminho de uma verdadeira ruptura socialista com os parasitas do capital financeiro e seu Estado imperialista europeu.

O REFERENDO DE 5 DE JULHO E A POSIÇÃO DO KKE

Como é bem conhecido, o governo da "esquerda" e na essência socialdemocrata do partido SYRIZA e a "direita" nacionalista do partido ANEL, numa tentativa de administrar a completa bancarrota dos seus compromissos pré-eleitorais, anunciou um referendo para o dia 5 de Julho de 2015, sendo a única pergunta se os cidadãos concordam ou não com o acordo proposto, o qual foi posto em cima da mesa pela UE, FMI e BCE e refere-se à continuação das medidas anti-povo para uma saída da crise capitalista, com a Grécia permanecendo no Euro.

Responsáveis da coligação governamental apelam ao povo para dizer "não" e tornam claro que este "não" no referendo será interpretado pelo governo grego como aprovação para a sua própria proposta de acordo com a UE, FMI, BCE, a qual, nas suas 47+8 páginas também contém duras medidas anti-povo e anti-trabalhadores, com o objetivo de aumentar a lucratividade do capital, do "crescimento" capitalista e da permanência do país no euro. Como admite o governo SYRIZA-ANEL, o qual continua a louvar a UE, "nosso lar europeu comum", a "façanha europeia", esta proposta sua é 90% idêntica à proposta da UE, FMI e BCE e tem pouco relacionamento com o que o SYRIZA prometeu antes das eleições.

O fascista Aurora Dourada, juntamente com os partidos da coligação governamental (SYRIZA-ANEL), tomaram posição a favor de um "não" e também apoiaram abertamente o retorno a uma divisa nacional. Por outro lado, a oposição de direita ND, o socialdemocrata PASOK que governou até Janeiro de 2015, juntamente com o POTAMI (que constitui um partido do centro, essencialmente um partido reacionário) tomaram posição a favor de um "sim" às medidas bárbaras da Troika, a quais, declaram eles, serão interpretadas como sendo consentimento a "permanecer na UE a todo custo".

Na realidade, ambas as respostas levam a um sim à "UE" e à barbárie capitalista.Durante a sessão de 27/Junho do parlamento, a maioria governamental do SYRIZA-ANEL rejeitou a proposta do KKE de que as seguintes questões fossem colocadas perante o julgamento do povo grego no referendo:

NÃO ÀS PROPOSTA DE ACORDO DA UE-BCE-FMI E DO GOVERNO GREGO! DESLIGAMENTO DA UE – ABOLIÇÃO DO MEMORANDO E TODAS AS SUAS LEIS DE APLICAÇÃO

Com esta postura, o governo demonstrou que quer chantagear o povo levando-o a aprovar a sua proposta à troika, a qual é o outro lado da mesma moeda. O que significa dizer: é pedir ao povo grego o seu consentimento para os seus planos anti-povo e para arcar com as suas novas opções anti-povo, ou através de um novo acordo alegadamente "melhorado" com as organizações imperialistas, ou através de uma saída do euro e um retorno a uma divisa nacional, algo a que o povo será chamado a pagar mais uma vez.

Nestas condições, o KKE conclama o povo a utilizar o referendo como uma oportunidade para fortalecer a oposição à UE, a fortalecer a luta pela única saída realista da barbárie capitalista de hoje. O conteúdo desta saída é: RUPTURA-DESLIGAMENTO DA UE, CANCELAMENTO UNILATERAL DA DÍVIDA, SOCIALIZAÇÃO DOS MONOPÓLIOS, PODER DOS TRABALHADORES E DO POVO.

O povo, através da sua atividade e da sua escolha no referendo, deve responder ao engano da falsa pergunta colocada pelo governo e rejeitar a proposta da UE-FMI-BCE e também a proposta do governo SYRIZA-ANEL. Ambas contêm bárbaras medidas anti-povo, as quais serão acrescentadas ao memorando e às leis de aplicação dos anteriores governos ND-PASOK. Ambos servem os interesses do capital e dos lucros capitalistas.

O KKE enfatiza que o povo não deve escolher entre Scila e Caribdis, mas deve exprimir, com todos os meios disponíveis e por todas as vias, sua oposição à UE e seu memorando permanente no referendo. Ele deve "cancelar" este dilema lançando dentro da urna eleitoral, como seu voto, a proposta do KKE como seu voto

NÃO À PROPOSTA DA UE-FMI-BCE
NÃO À PROPOSTA DO GOVERNO
DESLIGAMENTO DA UE, COM O POVO NO PODER