quinta-feira, 25 de junho de 2015


ENQUANTO LIVRA A CARA DE RICHA NO PARANÁ, PF ENDURECE O CERCO CONTRA PIMENTEL CUMPRINDO "VENDETA" DE AÉCIO. AFINAL QUEM É QUE CONTROLA A PF NO BRASIL, TUCANOS OU O GOVERNO DILMA?

A eleição do petista Fernando Pimentel ainda no primeiro turno para o estratégico governo de Minas foi sem sombra de dúvida o maior ganho político do PT nas eleições do ano passado, posto que a própria vitória apertada de Dilma parece representar um cadafalso para o partido. Minas Gerais concedeu uma margem de mais de quinhentos mil votos para a candidatura presidencial do PT sobre o ex-governador tucano Aécio Neves, que controlava o estado há 12 anos, determinando decisivamente desta forma para a derrota do PSDB na disputa pelo Planalto. Hoje o governo de Minas é a âncora institucional mais consistente para a estabilidade do governo Dilma e para o próprio PT, diante dos fiascos eleitorais em outros estados importantes (RJ, SP, RGS) e também da extrema debilidade parlamentar no Congresso Nacional. Porém a ofensiva da oposição conservadora não deixaria incólume este suporte político para o PT, ainda mais quando resolveu centrar fogo em LULA e na criminalização dos dirigentes do partido deixando para trás a tática do impeachment de Dilma, pelo menos até as próximas eleições municipais quando aferirão o grau de comprometimento do governo em levar à frente os planos de arrocho e ajuste contra a classe trabalhadora. Com esta orientação explícita a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da chamada "Operação Acrônimo", após a tentativa frustrada no TSE em abrir diretamente um processo de impugnação da vitória de Pimentel. Colada na nova fase midiática da "Lava Jato", onde o juiz Moro mandou prender os presidentes das duas maiores empreiteiras do país, a Acrônimo não conta em Minas Gerais com um "herói" no judiciário ou mesmo no Ministério Público, por isso a iniciativa está concentrada na alta cúpula da Polícia Federal. Tudo leva a crer que Aécio Neves comanda pessoalmente todos os passos da Acrônimo, desde a apreensão de uma aeronave que pousava em Brasília no final do ano passado com tripulantes da equipe de Pimentel (onde foi aprendida uma quantia de cerca de cem mil Reais) até a espionagem na sede da produtora da esposa do governador, que esteve à serviço de sua campanha eleitoral. A denúncia da PF consiste no fato da produtora de comunicação Oli, cuja proprietária é Carolina Pimentel, ter recebido um repasse financeiro da empresa Pepper que mantém um contrato de prestação de serviços ao BNDES. Agora a PF conseguiu uma autorização diretamente concedida pelo STJ para levar à frente à tal investigação, embora a corte superior tenha imposto limites a sua atuação contra Pimentel. Como Marxistas temos pleno conhecimento que todas as grandes "agências de publicidade" em épocas eleitorais movimentam valores vultuosos, completamente irreais para os padrões de um país como o nosso, os partidos burgueses utilizam as bilionárias prestações de contas destas agências para o "caixa dois" das campanhas e a posterior lavagem de dinheiro para os candidatos eleitos. Em Minas, como em todo o Brasil sem nenhuma exceção, aconteceu exatamente o que vem ocorrendo desde o surgimento da "Nova República”, campanhas bilionárias e "magnatas" da publicidade comandando o espetáculo eleitoral. A questão a ser respondida é porque só acontece "investigação" policial onde ganha o PT, por acaso os governadores tucanos eleitos não derramaram rios de dinheiro em suas produtoras de comunicação? O caso do Paraná é bem sintomático, Richa foi reeleito em um escandaloso esquema de lavagem de dinheiro que sequer buscou qualquer tipo de disfarce, mas nem Moro e tampouco a PF estão dispostas a investigar nada. Como a PF em sua operação Acrônico tem por objetivo único cassar o PT em Minas, também não está muito preocupada com a ação dos amigos de Aécio, no caso do "helicóptero do pó". Não podemos conceder nenhum "atestado político de idoneidade" as milionárias campanhas burguesas do PT, em particular no estado de Minas onde esteve coligado com a máfia do PMDB, mas nem por isso podemos nos perfilar com a ofensiva da direita reacionária calçada nas entranhas do próprio aparelho de Estado herdado da ditadura militar. Muito longe de uma campanha "moralizadora" da máquina estatal, Lava jato e Acrônimo servem a interesses das oligarquias vinculadas ao imperialismo e alojadas no Brasil no interior do PSDB. O que chama a atenção nesta ofensiva de "caça às bruxas" contra o PT é que institucionalmente a PF está sob o controle do Ministério da Justiça, ocupado pelo petista José Eduardo Cardozo, integrante de uma das alas de esquerda do partido. Com a covardia e inércia do governo Dilma, os organismos estatais de repressão vem aumentando a escalada de ataques ao conjunto da esquerda e movimentos sociais. É totalmente equivocado a conduta política de setores da esquerda revisionista proclamar a justa luta contra o ajuste e desmonte do Estado e ao mesmo tempo avalizar a ofensiva reacionária (com a maquiagem do combate à corrupção) institucional contra a esquerda burguesa, que acaba se voltando ao conjunto do movimento de massas.

Da mesma forma que o juiz Moro, que sentiu-se amplamente amparado pela venal mídia corporativa em sua empreitada contra os interesses do país via a operação Lava Jato, a alta cúpula da PF seguindo as ordens de Aécio Neves parece ter constatado que o próprio Ministro da Justiça, o petista Eduardo Cardozo, não lhe impõe nenhum limite contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, como vemos na operação Acrônimo. Eduardo "Soneca" perdeu o controle institucional do principal órgão de sua pasta, a Polícia Federal. Neste quadro de instabilidade do "Estado de Direito", elemento básico de qualquer regime democrático burguês, onde a oposição direitista Tucana dirige de fato a PF e parte do Ministério Público, o PT vive dias de profunda apreensão política. Cardozo tem sido criticado por setores do próprio PT por não controlar alas tucanas da corporação. Na Lava Jato, delegados que fizeram campanha para o senador tucano na disputa presidencial prosseguem na caçada ao PT e ao ex-presidente Lula. Mas a cínica orientação “republicana” de “Soneca” em deixar a PF caçar os dirigentes do PT e até um governador de estado eleito pelo partido parece ter o aval da própria Dilma que não abriu a boca para sequer reclamar da ação midiática da polícia que deveria comandar e que beneficia diretamente Aécio e os tucanos, enquanto Beto Richa no Paraná está completamente blindado pelo MP e a PF!

A ação da PF dirigida contra Pimentel é tão escandalosa que as operações de busca e apreensão, assim com as prisões são acompanhas AO VIVO pela Rede Globo e a Folha de SP, ou seja, estes meios de comunicação são avisados previamente pela cúpula da PF em tese comandada por Cardozo! Somente para ilustrar lembremos que em 7 de outubro de 2014, logo após a vitória de Fernando Pimentel sobre o PSDB, duas denúncias “anônimas” chegaram à Polícia Federal em Brasília. Falavam sobre a chegada de um avião turbo-hélice — identificado apenas pelo prefixo — com pouso previsto para o fim da tarde no Aeroporto JK, em Brasília. Como o país inteiro ficaria sabendo naquela mesma noite pelo Jornal Nacional, havia uma câmara da Rede Globo no aeroporto, pronta para gravar uma cena que seria exibida em sequência dramática nos telejornais, um pouco mais tarde. Foi possível mostrar a chegada de uma perua negra com letras douradas da Polícia Federal ao hangar indicado. Também foi possível mostrar a hora que seu ocupante, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, e outros dois acompanhantes saíam do avião. Todos foram revistados pela polícia, que encontrou R$ 116 mil. A Folha de S. Paulo também exibiu uma fotografia tirada em Belo Horizonte, no momento em que o próprio Benedito sobe a escada antes da decolagem. Dias depois da operação no aeroporto, os policiais foram atrás dos endereços do empresário e receberam, na portaria do edifício de um deles, uma informação errada. A de que o local indicado não era usado por Benedito, mas pela empresa Oli, pessoa jurídica até então desconhecida. Os policiais foram atrás dos dados da empresa, descobrindo que pertencia a Carolina, esposa de Pimentel. Esse mesmo circo midiático foi usado contra Vaccari, tesoureiro do PT quando de sua “condução coercitiva” totalmente ilegal na Operação Lava Jato, que continua preso sem qualquer necessidade. Mais uma vez é de se perguntar: Por que em pleno governo Dilma a PF só prende e persegue os quadros petistas, afinal de contas quem a controla são os tucanos ou a “gerentona” petista?

Combater o embuste das operações Lava Jato e Acrônimo representa neste momento unificar na mesma pauta programática a luta contra a ofensiva neoliberal deferida por Dilma-Levy que pretende subtrair nossos direitos sociais e políticos, tarefa que deve ser combinada com a defesa incondicional de todos os militantes políticos da esquerda que se postam no campo nacional, democrático e popular, como Lula. Em meio a este sanha reacionária, PSOL e PSTU tendem a agir como como linha auxiliar da direita “sonhando” que desta crise política com o PT e Lula tirem futuramente algum dividendo eleitoral. Esses cretinos de “esquerda” negam-se a compreender que estamos vendo uma ofensiva “moralizadora” contra Lula, Pimentel e o PT não porque eles fizeram negociatas que beneficiaram empresas e grupos capitalistas, “degenerando-se”. Pelo contrário, a classe dominante prepara justamente o descarte de seus “intermediários” da frente popular e de sua política de colaboração de classes para entronar no Planalto um governo de corte bem mais conservador, encabeçado por figuras nefastas como Moro, Alckmin, Joaquim Barbosa, Marina... como exige o imperialismo em função do andar da crise financeira internacional. Para o proletariado, que acompanha passivo e como mero espectador a fratricida disputa burguesa exposta na TV e nos jornais, é necessário tirar as lições desta guerra de quadrilhas burguesas. Longe de apoiar a sanha reacionária contra seus serviçais petistas, o ativismo classista deve construir nos locais de trabalho e estudo a resistência operária e popular aos ataques neoliberais em curso, denunciando a covardia do PT em atacar os trabalhadores e não enfrentar o tucanato. A superação da frente popular passa necessariamente por construir uma alternativa revolucionária e classista que desde já denuncie abertamente a atual sanha reacionária orquestrada pela mídia murdochiana e a direita reacionária e não o contrário como vergonhosamente vem fazendo a “oposição de esquerda” desde o chamado Mensalão e repetem esta conduta na Lava Jato contra o tesoureiro do PT, João Vaccari e na Acrônimo contra o governador petista, Fernando Pimentel.