segunda-feira, 22 de junho de 2015


POR QUE TSIPRAS SE CURVA DIANTE DE MERKEL? PERMANECER NA ZONA DO EURO REPRESENTA MAIORES SOFRIMENTOS PARA O PROLETARIADO GREGO!

A mídia corporativa internacional tem acompanhado com lupa o desenrolar acerca das últimas negociações da dívida pública grega com os organismos multilaterais europeus, ou seja, a famigerada Troika. O governo Tsipras tem até 30 de junho para quitar uma dívida de 1,6 bilhões de euros com o FMI, além disto necessita de cerca de 7,2 bilhões de euros de fundos bloqueados para saldar compromissos internos e de sua conta corrente internacional. O ministro de Estado da Grécia, Alekos Flambouraris, disse ao canal grego de televisão Mega, neste sábado (20/06), que o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, está contemplando reduzir o limiar fiscal para os lucros corporativos e intensificar a proibição de "esquemas de aposentadoria antecipada". Com essa nova proposta, Tsipras pretende chegar a um acordo com os credores internacionais. Até agora o BC europeu tem rejeitado todos os esforços do novo governo, encabeçado pelo Syriza, para permanecer na chamada zona do Euro, exigindo uma pauta financeira impossível de ser cumprida em tão pouco tempo. A decisão agora parece estar exclusivamente nas mãos da "Kaiser" Merkel, após Tsipras ter chegado ao seu limite de humilhação e traído todos os compromissos de não impor mais arrocho fiscal ao povo grego. Tsipras em um recente pronunciamento ao parlamento grego, às vésperas de completar seis meses de governo, afirmou que a estratégia do Syriza para tirar o país da recessão econômica e catástrofe social é conseguir financiar em melhores condições a enorme dívida estatal, o que significa na prática poder continuar a emitir títulos do Tesouro grego para serem negociados no mercado financeiro europeu, vejamos em suas próprias palavras: "O Banco Central Europeu usa tática semelhante: a asfixia financeira que tentam impor à Grécia só confirma isso. Desde o dia 20 de fevereiro, está vigente uma proibição, emitida pelo BCE, que limita a emissão de bônus do Tesouro grego – proibição que não tem qualquer base legal, porque a validade do acordo de empréstimo foi prorrogada e o país está em processo de negociação. Pois mesmo assim o BCE insiste em suas táticas de simulação de afogamento". A questão de fundo deste debate, já abordado por nós em artigos anteriores, é que em condições "piores ou melhores" a política de continuar "rolando" a dívida grega (emissão de novos títulos) só irá adiar e avolumar o tamanho do "rombo" financeiro com a UE. A reivindicação de Tsipras para o BC europeu voltar a liberar (ou mesmo desbloquear) bônus para a Grécia representa uma "bola de neve" histórica para o orçamento estatal, independente de juros bem reduzidos. Enquanto se agacha para refinanciar uma dívida inteiramente fraudulenta, Tsipras segue prometendo a Troika maiores sacrifícios para o proletariado grego, como o controle das aposentadorias. A Grécia não deve pagar um único euro de uma dívida forjada que foi elevada nos últimos 30 anos em mais de 2000%! A cada nova rodada de negociações de sua dívida na última década, para a Grécia conseguir um milhão de euros tinha que emitir títulos no valor do dobro da face de cada bônus, desta forma o crédito internacional se transformou em uma arma letal contra sua própria economia. A permanência da Grécia na zona do neoliberalismo europeu, ao contrário do que afirma o Syriza, representa a submissão do país as potências imperialistas. Se a economia grega precisa escoar sua produção, diante de um possível boicote da UE frente a uma ruptura com o euro, deve então buscar uma aliança comercial com a Rússia e China e outros países não alinhados com Washington. Porém uma resolução desta envergadura exige a formação de um novo bloco de poder na Grécia, de caráter operário e revolucionário, o que o pequeno burguês Tsipras está bem distante...

Como se observa o objetivo do imperialismo europeu é que o governo Tsipras continue a atacar os trabalhadores sem lançar mão de qualquer medida demagógica como referendos e consultas, que poderiam desestabilizar o regime. A Troika exige a liberação por parte do governo das demissões no setor privado e o corte nas pensões, medidas de Tsipras começa a aceitar com as propostas para o novo acordo a ser discutido na reunião do Eurogrupo durante esta semana. Tanto que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, falou, nesta segunda-feira, na possibilidade de se chegar a um acordo com a Grécia "no fim desta semana" depois de, na reunião de hoje, os ministros das Finanças terem feito uma primeira avaliação das novas propostas gregas. Segundo disse em conferência de imprensa o também ministro das Finanças holandês, as novas propostas enviadas pelo Governo helénico "são bem-vindas" e representam "passos positivos" em direção a um entendimento: “Usaremos estas novas propostas gregas como base para um acordo. Se tudo correr bem, podemos chegar a um acordo no final desta semana", afirmou Dijsselbloem, após cerca de duas horas de reunião dos ministros das Finanças da zona euro. Na verdade a palavra final está nas mãos de Angela Merkel, o que demonstra o nível de subserviência a que chegou o governo grego.

A única medida justa a se tomar neste momento do ponto de vista dos trabalhadores e do povo explorado é o não pagamento das dívidas, voltando a riqueza nacional para o desenvolvimento do país e para a melhoria de vida dos trabalhadores, expropriando a burguesia nativa e as transnacionais. Isto significa também romper com o FMI, o BCE e a própria União Europeia, buscando uma aliança comercial com a Rússia e China e outros países não alinhados com o imperialismo europeu e a Casa Branca, um caminho soberano que o governo Tsipras e o Syriza se negam a tomar. O vice-ministro das Finanças da Rússia, Sergei Storchak, inclusive convidou Atenas a participar do banco de desenvolvimento dos BRICS, um medida tática que serviria para deixar a Grécia livre dos medidas draconianas da Troika. Entretanto tudo aponto em sentido contrário. Ao capitular à UE desde o início, incluindo a aceitação do pagamento da dívida ilegítima e submisso aos ditames da Troika, o cenário estava pronto para que o Syriza traísse todas as suas limitadas promessas. As piores traições foram não restabelecer pagamentos de pensões, não restabelecer o salário mínimo, não reverter privatizações, não finalizar programas de austeridade e não aumentar fundos para educação, saúde e habitação. Como já alertamos anteriormente, o fulcro da crise capitalista vai muito além do modelo monetário adotado por um país ou mesmo uma comunidade de países, como é o caso da União Europeia. Sem abordar com radicalidade o verdadeiro cerne da questão em debate, os trabalhadores, principais vítimas da ciranda financeira vigente, ficaram à deriva dos projetos populistas e “antineoliberais” para superar o impasse de uma economia capitalista falida, mas que não deixará a cena histórica sem a construção de uma alternativa socialista e revolucionária.

Frente a esta realidade escorchante, a PAME, conjunto de sindicatos dirigidos pelo KKE e que tem peso social e político entre a classe operária deve neste momento ser o polo de resistência classista a política entreguista do Syrzia. Nesse sentido chamamos a conformação de uma frente política anticapitalista que tenha o KKE em sua vanguarda, cabendo aos genuínos trotskistas intervir neste processo para que os ativistas combativos e militantes que se proclamem leninistas combatam a político pró-imperialista do governo Tsipras e superem no curso da luta política e ideológica os limites da posição do stalinismo! Somente desta forma poderemos derrotar mais uma gerência socialdemocrata de “esquerda” à serviço da Troika! A tarefa dos Marxistas-Leninistas neste momento crucial da luta de classe na Grécia é organizar desde as bases operárias e populares a luta direta contra a política de colaboração de classes do Syriza e não semear falsas expectativas no governo burguês sob o comando de Alexis Tsipras como faz grande parte da família revisionista do trotskismo!