quarta-feira, 3 de junho de 2015


CHANTAGEADO PELO FBI, BLATTER RENUNCIA: PRESIDÊNCIA DA FIFA SERÁ ENTREGUE A UM ALIADO DOS EUA PARA INVIABILIZAR A COPA DO MUNDO NA RÚSSIA

Blatter renunciou à presidência da FIFA poucos dias depois de ser reeleito com folga mesmo após o escândalo em torno da corrupção na entidade que gerencia o futebol no mundo. Tudo indica que ele foi chantageado pelo FBI e forçado a tomar esta decisão surpreendente depois da divulgação que o Secretário-Geral da FIFA e braço-direito de Blatter, Jerome Valcke, havia recebido US$ 10 milhões para avalizar a escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo em 2010, como se tais negociatas fossem alguma novidade e não existissem desde sempre no interior da FIFA. Uma nova eleição será realizada entre dezembro de 2015 e março de 2016. Até lá, Blatter seguirá no comando, o que indica que está em curso uma transição acordada entre o atual comando da FIFA, a UEFA tendo à frente Michel Platini e a CONCACAF, tendo como base o pacto que ele não seja preso e as investigações limitadas a seus assessores. Se confirmou plenamente nosso prognóstico “Pelo que parece de fato, a ação de ‘xerife’ da polícia federal norte-americana está a serviço de negociar uma transição interna na entidade para as mãos de um aliança entre os cartolas da UEFA e da CONCACAF, a Confederação de Futebol das Américas Central e do Norte, com o objetivo de colocar a entidade sob o controle dos cartolas europeus e seus sócios árabes, como fazem por exemplo na parceria de lavagem de dinheiro do clube Barcelona com a Fundação Qatar, em um esquema chancelado pelo governo Obama e os patrocinadores ianques. Como se observa não existem inocentes neste covil de bandidos, trata-se de uma feroz disputa interburguesa em que o FBI ‘entrou em campo’ a serviço de um dos lados”. Nesse jogo, ficou claro o objetivo central da operação jurídico-policial desencadeada pelo Departamento de Justiça dos EUA e o FBI: inviabilizar a realização da próxima Copa do Mundo na Rússia como defendem vários dirigente da UEFA, da CONCACAF e políticos ianques alegando o apoio de Putin aos rebeldes na Ucrânia. Usando como pretexto o “mar de lama” na entidade, na nova direção da FIFA pode cancelar o mundial na Rússia em 2018 e transferir o do Qatar para os EUA. Tanto que Arkady Dvorkovich, vice-primeiro-ministro da Rússia, em entrevista ao diário inglês The Guardian, afirmou “Qualquer interferência política em assunto do futebol é ilegal. Nossos preparativos estão indo muito bem. Melhor do que em alguns outros países que sediaram a Copa do Mundo. Aprendemos com eles. Por que negar a todos uma Copa do Mundo em um país que está pronto para sediá-la?”. A oposição em relação à Rússia sediar a Copa vem principalmente da Inglaterra, derrotada na eleição da Fifa, que tem o apoio do governo da Ucrânia e dos EUA. Ambos alegam cinicamente que ações do Kremlin em apoio as “repúblicas populares” do Leste deveriam impedir a Rússia de sediar o torneio. Enquanto muitos festejavam a prisão de Marin e outros cartolas corruptos pelo FBI, denunciamos quem tal ação “extraterritorial” da polícia federal norte-americana não passava de uma tentativa de “virar a mesa” nas eleições da FIFA colocando-a sob o controle direto de uma marionete do imperialismo ianque e europeu, que nada tem de progressivo para o bom futebol, já que ele continuará nas mãos das máfias mercenárias.

Apenas um dia depois da renúncia de Blatter à frente do comando da Fifa, o FBI anunciou que está investigando o processo de escolha das sedes da Copa de 2018 e 2022, que estão previstas para ocorrer na Rússia e no Catar. O futuro dos Mundiais - marcados para a Rússia, em 2018, e Catar, em 2022 - seria o centro das discussões de um encontro de dirigentes da UEFA, neste fim de semana, em uma reunião que poderia começar a desenhar a nova Fifa alinhada aos EUA. Como pretexto para mudanças, o Ministério Público da Suíça já apura o caso da Rússia e deve interrogar cerca de dez cartolas nas próximas semanas. Não por acaso, a única patrocinadora da FIFA que não emitiu um comunicado comemorando a renúncia de Blatter foi o Gazprom, estatal de gás e petróleo russa. Um dos principais jornais russos, Pravda estampa em sua versão on-line a seguinte pergunta: “Sediaremos a Copa de 2018?” porque os patrocinadores ligados aos EUA ameaçam boicotar o evento, tendo para isto o apoio da Casa Branca, que já aprovou várias sanções econômicas e diplomáticas contra a Rússia em função da guerra na Ucrânia. Vários deles (Nike, Visa, Coca-Cola, Adidas, McDonald's) já se posicionaram nesse sentido, preferindo a mudança para a Inglaterra. Lembremos que duas Copas do Mundo já foram canceladas (1942 e 1946) por causa segunda guerra mundial. O imperialismo ianque parece querer usar a guerra na Ucrânia para inviabilizar a copa na Rússia ou no mínimo levá-la para a Inglaterra. 

A disputa em torno da Copa do Mundo de 2018 tem horizontes mais amplos. Não por acaso nestes dias vários navios de guerra dos EUA, apoiados pela frota de Kiev, estão navegando provocativamente em águas fronteiriças na Rússia, sendo repelidos por caças Sukhoi. Com o fortalecimento econômico da Rússia no final da década passada, produto das exportações de Gás e Petróleo para a Europa, os projetos da poderosa indústria bélica foram reiniciados, tendo como marco o lançamento do moderno caça Sukhoi, único supersônico do planeta com capacidade de enfrentar os F-18 norte-americanos. Estrategicamente Obama deseja se livrar do staff de ex-burocratas restauracionistas que ajudaram a Casa Branca a liquidar as bases sociais do Estado operário soviético na década de 90 e colocar no comando da Rússia figuras de sua inteira confiança, que sequer esbocem resistência como Putin. Washington também deseja livrar-se de Putin e seu séquito estrategicamente para impor a sua semicolônia uma nova fase histórica, hoje travada pelo Kremlin, que utiliza do poderio militar russo para barganhar áreas de influência regional com o imperialismo ianque. Nesse sentido, uma Copa na Rússia favoreceria Putin, o que não querem os EUA.

Como Marxistas Revolucionários e amantes de futebol somos pelo fim do esporte como mercadoria, do controle dos elencos pelos patrocinadores e pela abolição dos contratos bilionários que engordam as máfias da FIFA e da CBF. Estas instituições capitalistas não servem para o avanço do futebol como meio de educação e evolução cultural das massas, devem ser substituídas por entidades populares controladas por jogadores e torcedores. Nesse sentido, a tarefa de varrer os cartolas mercenários do futebol mundial deve está nas mãos do povo, tais decisões deveriam ser tomados por meio de mecanismo da soberania popular. Apesar de caracterizarmos a realização da Copa do Mundo como um grande negócio capitalista, não podemos negar a manobra suja do imperialismo de tirar esse evento do controle da burguesia russa, sua principal adversária política mundial no mesmo campo de classe. Mesmo demonstrando o engodo do FBI contra a Rússia, seguimos denunciando que cada edição da Copa do Mundo, um megaevento capitalista organizado pela mafiosa FIFA, mostra a sua verdadeira face de classe: não só se apropria da paixão popular pelo futebol como também atua tal qual um animal predador que devora os parcos recursos da classe operária e está exclusivamente voltada para a lógica da circulação de capital. Não trouxe para o Brasil nem trará para a Rússia nenhum beneficio para os explorados, uma vez que único objetivo das empresas transacionais imperialistas patrocinadoras do evento sé lucrar de qualquer forma, não existindo qualquer interesse social nas obras referentes ao Mundial.