ACABA GREVE NA GM... COMEÇA NA MERCEDES-BENZ: CONTINUA O
ATAQUE PATRONAL AOS METALÚRGICOS SEM QUE HAJA UMA RESPOSTA OPERÁRIA À ALTURA DA
CUT E CONLUTAS
Nesta segunda-feira, 24 de agosto, foi encerrada a greve na
GM de São José dos Campos. De forma emblemática, no mesmo dia, em São Bernardo
do Campo, no ABC paulista, teve início a paralisação dos metalúrgicos da
Mercedes-Benz contra as demissões. Cerca de 7 mil operários decretaram greve
por tempo indeterminado, a montadora alemã anunciou demissões a partir de 1º de
setembro. Em janeiro, 160 trabalhadores foram desligados da unidade no ABC.
Outros 500 foram demitidos em maio. Cerca de 300 ex-funcionários acamparam em
frente à fábrica durante 26 dias de junho, pedindo a reversão da medida. A
Mercedes-Benz afirma que ainda há um excedente de 2 mil na fábrica, que emprega
cerca de 10 mil pessoas no total. Apenas de junho para julho, foram 1,2 mil vagas
fechadas nas montadoras. Vale lembrar que na Volkswagen de Taubaté (SP) a greve
foi deflagrada há nove dias contra 50 demissões. Como podemos observar há uma
brutal ofensiva patronal em curso contra os metalúrgicos de conjunto. Frente a esses ataques tanto a CUT como a
Conlutas, que dirigem respectivamente os Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e
SJC, vem optando por acordos com as empresas por meio de PDV´s e lay-offs que
apenas retardam as demissões e agregam alguns “benefícios” aos demitidos. O
conjunto da burocracia sindical, seja ela “chapa branca” ou ligada a “oposição
de esquerda” não tem respondido à altura ao facão das demissões, em nenhuma
montadora que dispensou operários houve ocupação das empresas, no máximo
paralisações para se chegar a acordos ultra-defensivos. Neste quadro, a greve
da GM foi encerrada nesta segunda-feira com a direção sindical ligada a
Conlutas-PSTU aprovando em assembleia demissões por meio de PDV e ao final do
lay-off, com pagamento de indenização de quatro salários nominais para cada
trabalhador. Com o acordo, os 798 trabalhadores que haviam sido demitidos
através de telegramas recebidos em suas casas no último dia 8 ficarão cinco
meses afastados da fábrica, com seus contratos suspensos (lay-off). Após o
término do período estipulado, a GM fica livre para demitir os 798
trabalhadores, desde que pague quatro salários nominais a cada um desses
operários. Com este precedente e “exemplo” dado pelo PSTU, a direção dos
metalúrgicos do ABC (Articulação-PT) sente-se de mão livres para impor acordos
do mesmo tipo em suas bases como na própria Mercedes Benz que iniciou a greve
nesta semana. O mais trágico é que depois de fechar o acordo o Presidente do
sindicato de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, declarou
“O cancelamento das demissões não coloca um ponto final na luta em defesa do
emprego. O Sindicato continuará em campanha para que a presidente Dilma
Rousseff assine uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para
todos os trabalhadores, reduza a jornada para 36 horas sem redução de salário,
proíba a remessa de lucros para o exterior e estatize as empresas que
demitirem”. A quem deseja enganar o dirigente do PSTU? Todos os operários sabem
que o acordo é uma derrota, porém, como em nenhum momento sua direção propôs
ocupar a fábrica com o objetivo de forçar pela ação direta o fim das demissões,
acabaram aceitando a “única saída” apresentada pelo sindicato, que tem a cara
de pau de noticiar que “Metalúrgicos da GM aprovam acordo que cancela
demissões” (site SMSJC, 24.08) e ainda celebra os “direitos conquistados”. No
ABC, a Articulação-PT afirma que “A empresa não informou quantos já foram
demitidos, mas sabemos que é em torno de 1.500 companheiros. A Mercedes
insistiu em recuperar a proposta rejeitada pelos trabalhadores em 2 de julho.
Nós defendemos que o PPE é a solução. Infelizmente, por intransigência da
montadora, não houve acordo” (sítio SMABC, 25,08). Como se observa, enquanto a
Conlutas opta por PDV e lay-offs, a CUT defende o PPE proposto pelo governo
Dilma que reduz salários, porém ambas não apontam em nenhum momento a
radicalização da luta para barrar os ataques patronais porque sabem que se
fossem consequentes e convocassem uma greve geral da categoria metalúrgica iriam
abrir uma tremenda crise política que colocariam a resistência operária no
centro da conjuntura nacional, tudo que não querem os patrões e o governo
Dilma, mas que é uma necessidade para os trabalhadores barrem a ofensiva
antipopular. Em nome da Tendência Revolucionária Sindical, impulsionada pela
LBI, nos solidarizamos com a luta dos trabalhadores da GM, Volks e da Mercedes-Benz.
Alertamos aos companheiros a não terem nenhuma ilusão no governo burguês da
“gerentona” petista e no seu PPE! O momento agora é de cobrir da mais ampla
solidariedade à greve e estendê-la para outras fábricas da região e demais
montadoras para demonstrar a força do proletariado. Para que esta luta possa
vencer é necessário superar a política de colaboração de classes da direção do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ao mesmo tempo em que defendemos o
fortalecimento da greve, com uma campanha nacional em solidariedade a luta dos
operários, devemos apresentar um pauta classista para a paralisação que além de
impor o cancelamento das demissões, contemple a redução dos ritmos de produção
e da jornada de trabalho sem redução de salário, Escala móvel de salários, onde os contratos
coletivos de trabalho devam assegurar aumento automático dos salários, de
acordo com a elevação dos preços dos carros e a escala móvel por horas de
trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica desempregada. É fundamental
para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação
direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar
verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da
classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de
classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos
trabalhadores. Como sempre, CUT e Conlutas abrem mão da luta direta e da greve
com ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer
acordos vergonhosos com os patrões!