terça-feira, 25 de agosto de 2015


ACABA GREVE NA GM... COMEÇA NA MERCEDES-BENZ: CONTINUA O ATAQUE PATRONAL AOS METALÚRGICOS SEM QUE HAJA UMA RESPOSTA OPERÁRIA À ALTURA DA CUT E CONLUTAS

Nesta segunda-feira, 24 de agosto, foi encerrada a greve na GM de São José dos Campos. De forma emblemática, no mesmo dia, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, teve início a paralisação dos metalúrgicos da Mercedes-Benz contra as demissões. Cerca de 7 mil operários decretaram greve por tempo indeterminado, a montadora alemã anunciou demissões a partir de 1º de setembro. Em janeiro, 160 trabalhadores foram desligados da unidade no ABC. Outros 500 foram demitidos em maio. Cerca de 300 ex-funcionários acamparam em frente à fábrica durante 26 dias de junho, pedindo a reversão da medida. A Mercedes-Benz afirma que ainda há um excedente de 2 mil na fábrica, que emprega cerca de 10 mil pessoas no total. Apenas de junho para julho, foram 1,2 mil vagas fechadas nas montadoras. Vale lembrar que na Volkswagen de Taubaté (SP) a greve foi deflagrada há nove dias contra 50 demissões. Como podemos observar há uma brutal ofensiva patronal em curso contra os metalúrgicos de conjunto.  Frente a esses ataques tanto a CUT como a Conlutas, que dirigem respectivamente os Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e SJC, vem optando por acordos com as empresas por meio de PDV´s e lay-offs que apenas retardam as demissões e agregam alguns “benefícios” aos demitidos. O conjunto da burocracia sindical, seja ela “chapa branca” ou ligada a “oposição de esquerda” não tem respondido à altura ao facão das demissões, em nenhuma montadora que dispensou operários houve ocupação das empresas, no máximo paralisações para se chegar a acordos ultra-defensivos. Neste quadro, a greve da GM foi encerrada nesta segunda-feira com a direção sindical ligada a Conlutas-PSTU aprovando em assembleia demissões por meio de PDV e ao final do lay-off, com pagamento de indenização de quatro salários nominais para cada trabalhador. Com o acordo, os 798 trabalhadores que haviam sido demitidos através de telegramas recebidos em suas casas no último dia 8 ficarão cinco meses afastados da fábrica, com seus contratos suspensos (lay-off). Após o término do período estipulado, a GM fica livre para demitir os 798 trabalhadores, desde que pague quatro salários nominais a cada um desses operários. Com este precedente e “exemplo” dado pelo PSTU, a direção dos metalúrgicos do ABC (Articulação-PT) sente-se de mão livres para impor acordos do mesmo tipo em suas bases como na própria Mercedes Benz que iniciou a greve nesta semana. O mais trágico é que depois de fechar o acordo o Presidente do sindicato de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, declarou “O cancelamento das demissões não coloca um ponto final na luta em defesa do emprego. O Sindicato continuará em campanha para que a presidente Dilma Rousseff assine uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, reduza a jornada para 36 horas sem redução de salário, proíba a remessa de lucros para o exterior e estatize as empresas que demitirem”. A quem deseja enganar o dirigente do PSTU? Todos os operários sabem que o acordo é uma derrota, porém, como em nenhum momento sua direção propôs ocupar a fábrica com o objetivo de forçar pela ação direta o fim das demissões, acabaram aceitando a “única saída” apresentada pelo sindicato, que tem a cara de pau de noticiar que “Metalúrgicos da GM aprovam acordo que cancela demissões” (site SMSJC, 24.08) e ainda celebra os “direitos conquistados”. No ABC, a Articulação-PT afirma que “A empresa não informou quantos já foram demitidos, mas sabemos que é em torno de 1.500 companheiros. A Mercedes insistiu em recuperar a proposta rejeitada pelos trabalhadores em 2 de julho. Nós defendemos que o PPE é a solução. Infelizmente, por intransigência da montadora, não houve acordo” (sítio SMABC, 25,08). Como se observa, enquanto a Conlutas opta por PDV e lay-offs, a CUT defende o PPE proposto pelo governo Dilma que reduz salários, porém ambas não apontam em nenhum momento a radicalização da luta para barrar os ataques patronais porque sabem que se fossem consequentes e convocassem uma greve geral da categoria metalúrgica iriam abrir uma tremenda crise política que colocariam a resistência operária no centro da conjuntura nacional, tudo que não querem os patrões e o governo Dilma, mas que é uma necessidade para os trabalhadores barrem a ofensiva antipopular. Em nome da Tendência Revolucionária Sindical, impulsionada pela LBI, nos solidarizamos com a luta dos trabalhadores da GM, Volks e da Mercedes-Benz. Alertamos aos companheiros a não terem nenhuma ilusão no governo burguês da “gerentona” petista e no seu PPE! O momento agora é de cobrir da mais ampla solidariedade à greve e estendê-la para outras fábricas da região e demais montadoras para demonstrar a força do proletariado. Para que esta luta possa vencer é necessário superar a política de colaboração de classes da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ao mesmo tempo em que defendemos o fortalecimento da greve, com uma campanha nacional em solidariedade a luta dos operários, devemos apresentar um pauta classista para a paralisação que além de impor o cancelamento das demissões, contemple a redução dos ritmos de produção e da jornada de trabalho sem redução de salário,  Escala móvel de salários, onde os contratos coletivos de trabalho devam assegurar aumento automático dos salários, de acordo com a elevação dos preços dos carros e a escala móvel por horas de trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica desempregada. É fundamental para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores. Como sempre, CUT e Conlutas abrem mão da luta direta e da greve com ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer acordos vergonhosos com os patrões!