segunda-feira, 17 de agosto de 2015


QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM O IMPACTO DAS MANIFESTAÇÕES OCORRIDAS NESTE DIA 16?

Em uma análise mais superficial a primeira resposta parece até uma obviedade, está absolutamente evidente que o governo Dilma ganhou um grande fôlego político com o fato das manifestações deste último domingo não terem superado as do início deste ano. A temida "bala de prata" para inicializar o processo de impeachment contra Dilma não pôde ser disparada pelos setores mais hidrófobos da oposição Demo-tucana em função do número bem menor de manifestantes do que as expectativas lançadas pelos organizadores da domingueira da direita. Não foi uma enorme surpresa o relativo esvaziamento dos últimos atos organizados por "entidades" fascistizantes, agora engordados oficialmente pela cúpula Tucana, toda a conjuntura política da semana anterior já apontava para um refluxo das atividades dos "coxinhas". O elemento determinante para o "fiasco" da direita foi o pacto de trégua selado entre o governo, a famiglia Marinho e o presidente do Senado, Renan Calheiros. A governabilidade temporária de Dilma foi ungida em conjunto com a chamada "Agenda Brasil", uma versão ainda mais agressiva do ajuste neoliberal "levyano". Também pesou o interesse direto da Globo na realização "pacífica" das Olimpíadas do ano que vem, onde estão em jogo créditos e investimentos internacionais que não foram ainda consumados. Por outro lado a tal "Agenda" agrega setores do capital que não se sentiram plenamente representados nos ganhos do ajuste anterior. Para completar a bênção final do imperialismo, o editorial do New York Times condenando a iniciativa de impeachment como um dado nefasto aos negócios dos rentistas ianques. Com o clima entusiástico de "vencemos o golpe" (esmagando o povo pobre que deverá perder até o SUS com a dantesca "Agenda") o PT sabia que a "domingueira" não teria a capacidade de "detonar" o governo. Isolados pelo pacto, além dos "radicais" da oposição burguesa, também a cúpula Tucana foi atingida pela baixa audiência dos protestos. Os analistas da mídia "murdochiana" logo encontraram o bode expiatório, a razão do vexame foi debitada na conta de Aécio Neves, que resolveu comprometer a "autonomia" dos movimentos reacionários da classe média com as digitais políticas do PSDB. Este elemento teria afastado das ruas milhares de manifestantes de características totalmente antipartido, tal qual os ativistas das míticas "Jornadas de Junho" de 2013. Porém podemos afirmar categoricamente que no campo da oposição de direita nem todos foram derrotados no último domingo. Se Aécio, Serra, ou Caiado não foram consagrados como "salvadores da pátria" não podemos dizer o mesmo do juiz Sergio Moro, o paladino da operação policial "Lava Jato". Moro foi ovacionado, mesmo sem estar presente, nas principais concentrações urbanas do último domingo, emerge como a principal figura da oposição, não partidária e contra a repudiada "corrupção petista". Muito grave foi o fato de que em várias cidades as passeatas da reação acabaram nas portas da Polícia Federal, como demonstração de apoio às prisões da Lava Jato. A sobrevida política dada a Dilma não eliminou a possibilidade da prisão do próprio Lula pela Lava Jato (embora a tenha tornada mais complexa), e com certeza Moro seguirá na direção de outras lideranças do PT. Outras "cabeças" devem ser sacrificadas na bandeja da governabilidade de Dilma, Collor e Eduardo Cunha podem ser a "bola da vez" da justiça operada por Moro. Este cenário é fértil para a ascensão de um populismo antipartidário, com a mira voltada na disputa presidencial de 2018. Para o povo trabalhador mais consciente da farsa armada na domingueira da direita, permanece o desejo de combater os covardes ataques do governo Dilma ao mesmo tempo em que manifesta a vontade de derrotar a onda fascista. Ganhar as ruas no próximo dia 20 não para defender o lacaio governo Dilma de um suposto golpe militar inexistente ou para dar suporte ao "Estado Democrático" que espolia e assassina a população pobre e negra. Vamos mobilizar o proletariado para com a ação direta derrotar a "Agenda Brasil", a direita fascista e impor nosso programa histórico de reivindicações sociais! Nenhuma ilusão nos burocratas da CUT que falam em "pegar armas para defender Dilma", enquanto sabotam as greves de resistência contra a política de austeridade do governo petista.