QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM O IMPACTO DAS MANIFESTAÇÕES OCORRIDAS NESTE DIA 16?
Em uma análise mais superficial a primeira resposta parece
até uma obviedade, está absolutamente evidente que o governo Dilma ganhou um
grande fôlego político com o fato das manifestações deste último domingo não
terem superado as do início deste ano. A temida "bala de prata" para
inicializar o processo de impeachment contra Dilma não pôde ser disparada pelos
setores mais hidrófobos da oposição Demo-tucana em função do número bem menor
de manifestantes do que as expectativas lançadas pelos organizadores da domingueira
da direita. Não foi uma enorme surpresa o relativo esvaziamento dos últimos
atos organizados por "entidades" fascistizantes, agora engordados
oficialmente pela cúpula Tucana, toda a conjuntura política da semana anterior
já apontava para um refluxo das atividades dos "coxinhas". O elemento
determinante para o "fiasco" da direita foi o pacto de trégua selado
entre o governo, a famiglia Marinho e o presidente do Senado, Renan Calheiros.
A governabilidade temporária de Dilma foi ungida em conjunto com a chamada
"Agenda Brasil", uma versão ainda mais agressiva do ajuste neoliberal
"levyano". Também pesou o interesse direto da Globo na realização
"pacífica" das Olimpíadas do ano que vem, onde estão em jogo créditos
e investimentos internacionais que não foram ainda consumados. Por outro lado a
tal "Agenda" agrega setores do capital que não se sentiram plenamente
representados nos ganhos do ajuste anterior. Para completar a bênção final do
imperialismo, o editorial do New York Times condenando a iniciativa de
impeachment como um dado nefasto aos negócios dos rentistas ianques. Com o
clima entusiástico de "vencemos o golpe" (esmagando o povo pobre que
deverá perder até o SUS com a dantesca "Agenda") o PT sabia que a
"domingueira" não teria a capacidade de "detonar" o
governo. Isolados pelo pacto, além dos "radicais" da oposição
burguesa, também a cúpula Tucana foi atingida pela baixa audiência dos
protestos. Os analistas da mídia "murdochiana" logo encontraram o
bode expiatório, a razão do vexame foi debitada na conta de Aécio Neves, que
resolveu comprometer a "autonomia" dos movimentos reacionários da
classe média com as digitais políticas do PSDB. Este elemento teria afastado
das ruas milhares de manifestantes de características totalmente antipartido,
tal qual os ativistas das míticas "Jornadas de Junho" de 2013. Porém
podemos afirmar categoricamente que no campo da oposição de direita nem todos
foram derrotados no último domingo. Se Aécio, Serra, ou Caiado não foram
consagrados como "salvadores da pátria" não podemos dizer o mesmo do
juiz Sergio Moro, o paladino da operação policial "Lava Jato". Moro
foi ovacionado, mesmo sem estar presente, nas principais concentrações urbanas
do último domingo, emerge como a principal figura da oposição, não partidária e
contra a repudiada "corrupção petista". Muito grave foi o fato de que
em várias cidades as passeatas da reação acabaram nas portas da Polícia
Federal, como demonstração de apoio às prisões da Lava Jato. A sobrevida
política dada a Dilma não eliminou a possibilidade da prisão do próprio Lula
pela Lava Jato (embora a tenha tornada mais complexa), e com certeza Moro
seguirá na direção de outras lideranças do PT. Outras "cabeças" devem
ser sacrificadas na bandeja da governabilidade de Dilma, Collor e Eduardo Cunha
podem ser a "bola da vez" da justiça operada por Moro. Este cenário é
fértil para a ascensão de um populismo antipartidário, com a mira voltada na
disputa presidencial de 2018. Para o povo trabalhador mais consciente da farsa
armada na domingueira da direita, permanece o desejo de combater os covardes
ataques do governo Dilma ao mesmo tempo em que manifesta a vontade de derrotar
a onda fascista. Ganhar as ruas no próximo dia 20 não para defender o lacaio
governo Dilma de um suposto golpe militar inexistente ou para dar suporte ao
"Estado Democrático" que espolia e assassina a população pobre e
negra. Vamos mobilizar o proletariado para com a ação direta derrotar a "Agenda Brasil", a direita fascista e impor nosso programa histórico de
reivindicações sociais! Nenhuma ilusão nos burocratas da CUT que falam em
"pegar armas para defender Dilma", enquanto sabotam as greves de
resistência contra a política de austeridade do governo petista.