"CAÇA ÀS BRUXAS" DA DIREITA AVANÇA NO PAÍS: BOMBA
NO INSTITUTO, "REPRISÃO" DE DIRCEU E OS PRÓXIMOS PASSOS... ENCARCERAMENTO DE LULA E ATAQUE AOS SINDICATOS
A ofensiva da direita avança a passos largos no país. Com a
convocação de novas marchas da reação para meados de agosto bandos fascistas
resolveram "antecipar o calendário" e promoveram um atentado
terrorista a bomba na sede do Instituto Lula em São Paulo na noite da última
quinta-feira (30/07). A mídia corporativa, governo Alckmin e o próprio ministro
da Justiça, Eduardo Cardoso, não deram muita importância ao fato por se tratar
de "um artefato caseiro". Os jornalistas mercenários da Globo
chegaram a afirmar que a "bomba artesanal apenas causou uma pequena mossa
no portão do Instituto", enquanto Cardoso não "descartaria motivação
política no atentado", parece cômico porém é trágico para o direito
conquistado com muito sangue das limitadas garantias democráticas no Brasil.
Por acaso já esqueceram das "bombas caseiras" que eram lançadas por
comandos fascistas contra centenas de bancas que vendiam os jornais da esquerda
no início da década de 80. E a "bomba caseira" na sede nacional da
OAB que matou a funcionária Lyda Monteiro. Por acaso não foram estes "artefatos
artesanais" que deram lugar a bomba do Rio Centro, fabricada nos porões do
próprio Comando Militar do Rio de Janeiro. Na sequência da completa letargia do
Planalto (e também da esquerda petista) após o simbolismo político do ataque
fascista a entidade fundada por Lula, a famigerada Operação Lava Jato retoma as
prisões das lideranças históricas do PT, levando José Dirceu a esdrúxula
situação da "reprisão", ou seja, encarcerar alguém que já se encontra
sob o regime da prisão domiciliar. A acusação contra Dirceu foi baseada nas
"delações premiadas contra o PT", apontando a empresa de consultoria
do ex-ministro de Lula como beneficiária de "comissões" pagas por
empreiteiras. O "curioso" no fato da acusação dos procuradores
federais é que Dirceu teria recebido as tais propinas quando já cassado pelo
Congresso e processado pelo " Mensalão ", ou seja, mesmo excluído do
governo e preso Dirceu teria a capacidade de operar o chamado "Petrolão".
O Juiz Moro chega ao absurdo de acusar Dirceu de ter iniciado o processo de
corrupção no interior da Petrobras. Sabemos muito bem que a corrupção nas
empresas estatais e demais instituições republicanas não são criação dos
governos da Frente Popular, são um produto sistêmico do modo de produção
capitalista, embora o PT tenha dado continuidade a este mecanismo alimentado
pelo mercado e a chamada "iniciativa privada". Não nos parece justo
atribuir exclusivamente as gerências petistas as atuais dificuldades da
Petrobras, foi a na era da privataria tucana que a estatal acumulou suas piores
perdas, incluindo a perda do monopólio na exploração do óleo em território
nacional. Se Moro pretendesse realmente apurar a origem da relação promíscua
entre as empreiteiras e a estatal deveria começar por investigar a fundo o
período do regime militar, passando por Sarney e tendo como ápice o governo
FHC. A tucanalha embolsou bilhões de dólares das multinacionais do petróleo
para quebrar o monopólio que fazem das eventuais "propinas" pagas ao
PT um "cofrinho infantil de moedas". Entretanto a questão de fundo
não é "monetária" e sim política, a Lava Jato tem um objetivo
determinado de criminalizar as lideranças de esquerda, particularmente o PT,
impulsionando uma histeria reacionária no país. É claro que o pano de fundo
para fomentar a atual ofensiva fascista reside na política neoliberal do
governo Dilma, atacando direitos sociais e promovendo o sucateamento estatal em
favor dos monopólios imperialistas. Neste contexto em que o povo se sente
traído por um governo que aplica o programa econômico do candidato tucano
derrotado nas últimas eleições, florescem iniciativas reacionárias de todos os
lados. Dilma segue "impávida" a profunda crise política, cedendo
espaços políticos e a própria plataforma econômica de seu governo para o
capital financeiro. A hipótese de um golpe de estado é minoritária no
planejamento tático do núcleo duro Demo-tucano, mantém- se a posição do "sangramento"
no marco do calendário institucional. Neste "cabo de guerra" de
completa fragilização do PT, não há recuo das forças da direita que agora
preparam uma manobra mais ousada, a prisão do ex-presidente Lula pelas mãos da
Lava Jato, possivelmente já batizada de operação "Brahma". Este
arriscado passo, que nada tem de fundamentação jurídica, está condicionado à
própria dinâmica da crise política, precisamente a evolução das marchas urbanas
contra o governo Dilma. Se ganham contornos multitudinários, impactando o
Congresso Nacional a Lava Jato tende a avançar contra dirigentes nacionais
petistas que não detém o foro especial do STF, caso de Lula e alguns de seus
ex-ministros. Também se especula a prisão de lideranças sindicais ligadas à CUT
e ao PT, já citadas na Lava Jato como a dos diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo e dos Metalúrgicos do ABC.
Sem avalizar por um só momento a política desastrosa do PT e tampouco a gestão
monetarista da presidente Dilma, até o momento "preservada" pela
elite conservadora tucana, o movimento de massas deve ganhar as ruas para
combater a escalada da direita e do fascismo, que mais cedo do que tarde se
voltará contra o conjunto da vanguarda operária em nosso país.
A estapafúrdia " tese" de que foi Dirceu quem
"fundou" o esquema de propinas na Petrobras nomeando os diretores
corruptos não é tão ingênua como parece ser, tem como link comprometer
juridicamente o primeiro governo Lula. A "lógica" da operação Lava
Jato, pelo menos na instância comandada por Moro, não consegue esconder que seu
"gran finale" será mesmo conquistar o "troféu" Lula. O
combalido Dirceu, abandonado a própria sorte pelo atual staff palaciano petista
desde a sua condenação no processo farsa do Mensalão, representa apenas uma
"ponte" para chegar a Lula. A provável prisão da principal expressão
política e eleitoral do PT não terá como fim uma condenação para Lula, deve ser
breve (provisória ou temporária) mas com um forte impacto midiático e consequências
eleitorais imediatas. Com Lula fora das próximas eleições presidenciais o
governo Dilma ganharia um salvo conduto para "sangrar" até o final do
mandato, já que uma derrota do PT seria líquida e certa.
A variante de um Lula "fora do jogo", preso e
desmoralizado como mais um corrupto burguês, a exemplo do que ocorre hoje com
Dirceu, é a mais interessante para a oposição conservadora ligada à Washington
no sentido que permitiria a Dilma finalizar o ajuste neoliberal contra o povo
trabalhador. Os Tucanos assumiriam o governo central em 2018 de um país
arrasado pela recessão e desemprego, aparecendo como os "salvadores da
pátria". Isto sem falar na dizimação da bancada parlamentar do PT no
Congresso Nacional, facilitando inclusive uma revisão geral dos direitos mais
elementares inscritos na atual constituição.
Muitos companheiros da esquerda classista diante da
tempestade de denúncias contra Dirceu, envolvendo cifras financeiras muito
acima da média salarial percebida por qualquer trabalhador, devem estar se
perguntando porque se colocar politicamente contra a Lava Jato. Acontece que
mesmo sem conceder a Dirceu, qualquer atestado de idoneidade política ou moral,
devemos nos postar no rumo inverso da atual ofensiva ideológica direitista da
qual a operação Lava Jato é apenas um dos instrumentos institucionais. Não por
coincidência a Lava Jato começa a se voltar contra a imprensa sindical e a
chamada blogosfera de esquerda. O sítio 247, que apoia o governo Dilma, começou
a ser intimidado pelo Juiz Moro sob a acusação de ter recebido 180 mil Reais de
agentes das empreiteiras. Se não podemos depositar confiança política alguma
nos dirigentes petistas, artificies da estratégia de colaboração com a
burguesia nacional e setores das oligarquias regionais corruptas, também não se
pode embarcar na canoa falsamente moralizadora da Lava Jato que abre as portas
para o frenesi reacionário das elites racistas contra o conjunto da esquerda.