segunda-feira, 23 de maio de 2016

DIÁLOGOS ENTRE JUCÁ E MACHADO APONTAM: OPERAÇÃO LAVA JATO É O CAMINHO PARA MORO (NOVA “CASTA PURA”) ASSUMIR O PLANALTO NA CONDIÇÃO DE BONAPARTE COMO PLANO ESTRATÉGICO DA BURGUESIA DIANTE DA CRISE


“Eles querem pegar todos os políticos. Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura”. Esse trecho do diálogo travado entre Romero Jucá (agora ex-Ministro do Planejamento do governo Temer) e Sérgio Machado, ex-presidente na Transpetro nas gestões Lula-Dilma revelam os planos estratégicos da burguesia: fazer uma “limpa” nos políticos burgueses tradicionais para impor no Planalto um nome “puro” para usar as palavras dos dois calhordas, um neobonarparte na Presidência do país. O escolhido pela Rede Globo para a função é o juiz Sérgio Moro. Temer faria o trabalho sujo para depois ser descartado, abrindo caminho para o chefe da “República de Curitiba”. Por isso a conclusão dos dois caciques do PMDB, “Todo mundo na bandeja para ser comido”, a começar pelo PT, mas podendo chegar ao PSDB de Aécio e ao PMDB de Temer, Renan e Cunha. As gravações reforçam a caracterização elaborada pela LBI de que a burguesia e o imperialismo desejam estabelecer um novo governo bonapartista para “reger” sua democracia em nosso país. Como já dissemos anteriormente, o impeachment de Dilma, colocando no Planalto um governo Temer/Tucano passa bem longe de qualquer planejamento mais “sério” da burguesia nacional, é apenas uma frágil medida temporária que a classe dominante foi forçada a aceitar contra a Frente Popular, mas já o está desgastando porque é formado por setores lúmpens-burgueses que estão nestas duas semanas do Golpe Institucional fazendo “lambança” via uma farra estatal. Por isso o rato canalha interino Temer tem poucas chances de sobrevivência política por um período estável para completar a transição de “poder” ganhando até reforço entre a chamada “opinião pública” a possível volta de Dilma na nova votação no Senado que deve ocorrer nos próximos meses. Já se fala no parlamento da possibilidade de uma renúncia coletiva Dilma-Temer para se convocar eleições presidenciais em outubro próximo. O grau de desmoralização da gestão golpista em curso tende a colocar o país em uma etapa de profunda instabilidade institucional. A alternativa que melhor se coaduna para um futuro próximo para preservar os interesses do capital seria a convocação de uma nova eleição, empossando um outro governo, em uma composição de forças políticas não identificadas com as velhas estruturas tradicionais do establishment, como chegam a conclusão Machado e Jucá, velhas raposas políticas. Neste cenário emerge a figura de um Bonaparte, que venha para livrar o país da “sujeira da corrupção”, tendo coragem suficiente para colocar na cadeia grandes burgueses nacionais. É óbvio que todo este embuste, que nasceu com a justificativa de “limpar a Petrobras” tem como pano de fundo a quebra das principais empresas capitalistas que ainda detém maioria de controle acionário nacional, como as empreiteiras e a própria Petrobras. Por esta razão o motor que alimentou a destituição de Dilma não foram as fictícias “pedaladas fiscais” e sim a famigerada “Lava Jato” e suas “revelações” produzidas nos estúdios da Rede Globo de modo a entronar o bonaparte Moro. Entretanto, como revelam as gravações, os abutres do PMDB que agora rapinam a carcaça do Estado burguês profundamente debilitado pela recessão econômica, resistem em dar espaço para a aventura bonapartista inspirada pelo roteiro da Famiglia Marinho. As falas de Jucá e Machado são claras nesse caminho de obstáculo aos planos globais: “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional. Com o Supremo, com tudo. Com tudo, aí parava tudo. É. Delimitava onde está, pronto”. Desgraçadamente as forças da esquerda (PSTU, PSOL e até o PT) não percebem o que está em curso no país e majoritariamente chancelam as bases programáticas da Lava Jato (mais além de críticas pontuais aos seus “exageros”), desta forma pavimentam politicamente o caminho para o surgimento do neobanapartismo no Brasil, este sim um viés muito mais nocivo aos interesses históricos dos trabalhadores do que o Golpe Institucional ou a permanência do governo Dilma. Como nos definiu brilhantemente o velho Marx, o bonapartismo emerge no impasse das classes dominantes, uma espécie de empate na correlação de forças sociais, catapultando um governo “acima” da disputa entre as frações burguesas. Em nosso caso concreto o bonapartismo “Moriano” terá a “missão” de eliminar todas as barreiras legais para a penetração do capital internacional nos negócios e obras públicas do Estado Nacional, serão eliminadas todas as reservas de mercado para a atuação das transnacionais no país. Quanto as reformas previdenciárias e trabalhistas que já tramitam no Congresso deverá se manter a mesma linha fiscal definida pelo governo Dilma-Temer, caso este não tenha mais tempo de concluir seu projeto neoliberal. Como feras que provaram o gosto de sangue na boca, a matilha do justiceiro não irá recuar, exigem a rendição total da Frente Popular, que pode incluir a prisão de Lula. Nesta conjuntura de aguda crise, o bando bonapartista com o apoio da Rede Globo deve avançar rumo ao Planalto em 2018. Como disse Jucá “Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não”. Como ficou evidente, as manifestações reacionárias “verde-amarelas” de apoio ao impeachment não deixaram margem de manobra para os políticos tradicionais da oposição burguesa, a única alternativa que poderá liquidar Lula e o PT nas próximas eleições chama-se Sérgio Moro. Esta opção “Moro” das classes dominantes mais vinculadas ao imperialismo ianque vem sendo pacientemente costurada desde a gênese da Lava Jato. Até agora, o melhor caminho avaliado seria derrotar Lula em um processo eleitoral, nesta vereda a única certeza de vitória é a “lenda” Sérgio Moro. Para a elite capitalista o momento é muito delicado, pois o governo Temer é bastante frágil como vemos na atual crise envolvendo Jucá. Precisa fazer essa transição para o chefe da Lava Jato, apoiando as medidas ultraneoliberais de Meirelles e queimando os odiados líderes do PMDB como Temer, Jucá, Cunha e Renan para dar passagem aos “puros”. Moro e seu entorno oficial (MP e PF) estão ancorados em uma determinação do Departamento de Estado, chefiado por John Kerry em Washington. O “USDS” traçou uma estratégia de “inteligência” em 2013 para todo o Cone Sul, onde operações no Brasil e Argentina seriam coordenadas por agentes públicos locais, o objetivo seria o de desgastar ao máximo os vínculos comerciais e políticos dos países do Mercosul com a Rússia e China. Debilitar os BRICS foi considerada uma missão da mais alta relevância para os planos internacionais dos "falcões" da Casa Branca. Moro é apenas um “peão” à serviço da geopolítica mundial de Obama, que agora partiu com força no “desenho” de uma nova América Latina sem a presença de "governos de esquerda". Para os Marxistas Revolucionários só há uma maneira de parar a escalada fascista chefiada por Moro e seus “compadres” da Famiglia Marinho que já começam a desgastar o governo do capacho Temer como vemos com a queda de Romero Jucá: colocar a classe operária em movimento lutando como o ajuste neoliberal que Temer agora comanda, mas que foi iniciado por Dilma. Entretanto Lula, o PT e a CUT só admitem salvar seus próprios “espaços” eleitorais fomentando o movimento pelo “volta Dilma”, estão muito distantes de protagonizarem o bom combate das massas contra a ofensiva da reação imperialista. É tarefa da vanguarda classista superar esta política de colaboração de classe da Frente Popular, apontando em cada luta em curso contra os ataques do rato canalha Temer que o movimento de massas deve se organizar para combater pelo seu próprio poder estatal, conquistado na via revolucionária da ação direta da classe operária.