DIÁLOGOS ENTRE JUCÁ E MACHADO APONTAM: OPERAÇÃO LAVA JATO É
O CAMINHO PARA MORO (NOVA “CASTA PURA”) ASSUMIR O PLANALTO NA CONDIÇÃO DE
BONAPARTE COMO PLANO ESTRATÉGICO DA BURGUESIA DIANTE DA CRISE
“Eles querem pegar todos os políticos. Acabar com a classe
política para ressurgir, construir uma nova casta, pura”. Esse trecho do
diálogo travado entre Romero Jucá (agora ex-Ministro do Planejamento do governo Temer) e Sérgio Machado, ex-presidente na
Transpetro nas gestões Lula-Dilma revelam os planos estratégicos da burguesia:
fazer uma “limpa” nos políticos burgueses tradicionais para impor no Planalto
um nome “puro” para usar as palavras dos dois calhordas, um neobonarparte na
Presidência do país. O escolhido pela Rede Globo para a função é o juiz Sérgio
Moro. Temer faria o trabalho sujo para depois ser descartado, abrindo caminho
para o chefe da “República de Curitiba”. Por isso a conclusão dos dois caciques
do PMDB, “Todo mundo na bandeja para ser comido”, a começar pelo PT, mas
podendo chegar ao PSDB de Aécio e ao PMDB de Temer, Renan e Cunha. As gravações
reforçam a caracterização elaborada pela LBI de que a burguesia e o
imperialismo desejam estabelecer um novo governo bonapartista para “reger” sua
democracia em nosso país. Como já dissemos anteriormente, o impeachment de
Dilma, colocando no Planalto um governo Temer/Tucano passa bem longe de
qualquer planejamento mais “sério” da burguesia nacional, é apenas uma frágil
medida temporária que a classe dominante foi forçada a aceitar contra a Frente
Popular, mas já o está desgastando porque é formado por setores
lúmpens-burgueses que estão nestas duas semanas do Golpe Institucional fazendo
“lambança” via uma farra estatal. Por isso o rato canalha interino Temer tem
poucas chances de sobrevivência política por um período estável para completar
a transição de “poder” ganhando até reforço entre a chamada “opinião pública” a
possível volta de Dilma na nova votação no Senado que deve ocorrer nos próximos
meses. Já se fala no parlamento da possibilidade de uma renúncia coletiva Dilma-Temer para se convocar eleições presidenciais em outubro próximo. O grau de desmoralização da gestão golpista em curso tende a colocar
o país em uma etapa de profunda instabilidade institucional. A alternativa que
melhor se coaduna para um futuro próximo para preservar os interesses do
capital seria a convocação de uma nova eleição, empossando um outro governo, em uma
composição de forças políticas não identificadas com as velhas estruturas
tradicionais do establishment, como chegam a conclusão Machado e Jucá, velhas
raposas políticas. Neste cenário emerge a figura de um Bonaparte, que venha
para livrar o país da “sujeira da corrupção”, tendo coragem suficiente para
colocar na cadeia grandes burgueses nacionais. É óbvio que todo este embuste,
que nasceu com a justificativa de “limpar a Petrobras” tem como pano de fundo a
quebra das principais empresas capitalistas que ainda detém maioria de controle
acionário nacional, como as empreiteiras e a própria Petrobras. Por esta razão
o motor que alimentou a destituição de Dilma não foram as fictícias “pedaladas
fiscais” e sim a famigerada “Lava Jato” e suas “revelações” produzidas nos
estúdios da Rede Globo de modo a entronar o bonaparte Moro. Entretanto, como
revelam as gravações, os abutres do PMDB que agora rapinam a carcaça do Estado
burguês profundamente debilitado pela recessão econômica, resistem em dar
espaço para a aventura bonapartista inspirada pelo roteiro da Famiglia Marinho.
As falas de Jucá e Machado são claras nesse caminho de obstáculo aos planos
globais: “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional. Com o
Supremo, com tudo. Com tudo, aí parava tudo. É. Delimitava onde está, pronto”.
Desgraçadamente as forças da esquerda (PSTU, PSOL e até o PT) não percebem o
que está em curso no país e majoritariamente chancelam as bases programáticas
da Lava Jato (mais além de críticas pontuais aos seus “exageros”), desta forma
pavimentam politicamente o caminho para o surgimento do neobanapartismo no
Brasil, este sim um viés muito mais nocivo aos interesses históricos dos
trabalhadores do que o Golpe Institucional ou a permanência do governo Dilma.
Como nos definiu brilhantemente o velho Marx, o bonapartismo emerge no impasse
das classes dominantes, uma espécie de empate na correlação de forças sociais,
catapultando um governo “acima” da disputa entre as frações burguesas. Em nosso
caso concreto o bonapartismo “Moriano”
terá a “missão” de eliminar todas as barreiras legais para a penetração do
capital internacional nos negócios e obras públicas do Estado Nacional, serão eliminadas todas as reservas de mercado
para a atuação das transnacionais no país. Quanto as reformas previdenciárias e
trabalhistas que já tramitam no Congresso deverá se manter a mesma linha fiscal
definida pelo governo Dilma-Temer, caso este não tenha mais tempo de concluir seu
projeto neoliberal. Como feras que provaram o gosto de sangue na boca, a
matilha do justiceiro não irá recuar, exigem a rendição total da Frente
Popular, que pode incluir a prisão de Lula. Nesta conjuntura de aguda crise, o
bando bonapartista com o apoio da Rede Globo deve avançar rumo ao Planalto em
2018. Como disse Jucá “Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não”.
Como ficou evidente, as manifestações reacionárias “verde-amarelas” de apoio ao
impeachment não deixaram margem de manobra para os políticos tradicionais da
oposição burguesa, a única alternativa que poderá liquidar Lula e o PT nas
próximas eleições chama-se Sérgio Moro. Esta opção “Moro” das classes
dominantes mais vinculadas ao imperialismo ianque vem sendo pacientemente
costurada desde a gênese da Lava Jato. Até agora, o melhor caminho avaliado
seria derrotar Lula em um processo eleitoral, nesta vereda a única certeza de
vitória é a “lenda” Sérgio Moro. Para a elite capitalista o momento é muito
delicado, pois o governo Temer é bastante frágil como vemos na atual crise
envolvendo Jucá. Precisa fazer essa transição para o chefe da Lava Jato,
apoiando as medidas ultraneoliberais de Meirelles e queimando os odiados líderes do PMDB como
Temer, Jucá, Cunha e Renan para dar passagem aos “puros”. Moro e seu entorno
oficial (MP e PF) estão ancorados em uma determinação do Departamento de
Estado, chefiado por John Kerry em Washington. O “USDS” traçou uma estratégia
de “inteligência” em 2013 para todo o Cone Sul, onde operações no Brasil e
Argentina seriam coordenadas por agentes públicos locais, o objetivo seria o de
desgastar ao máximo os vínculos comerciais e políticos dos países do Mercosul
com a Rússia e China. Debilitar os BRICS foi considerada uma missão da mais
alta relevância para os planos internacionais dos "falcões" da Casa
Branca. Moro é apenas um “peão” à serviço da geopolítica mundial de Obama, que
agora partiu com força no “desenho” de uma nova América Latina sem a presença
de "governos de esquerda". Para os Marxistas Revolucionários só há
uma maneira de parar a escalada fascista chefiada por Moro e seus “compadres”
da Famiglia Marinho que já começam a desgastar o governo do capacho Temer como
vemos com a queda de Romero Jucá: colocar a classe operária em
movimento lutando como o ajuste neoliberal que Temer agora comanda, mas que foi
iniciado por Dilma. Entretanto Lula, o PT e a CUT só admitem salvar seus
próprios “espaços” eleitorais fomentando o movimento pelo “volta Dilma”, estão
muito distantes de protagonizarem o bom combate das massas contra a ofensiva da
reação imperialista. É tarefa da vanguarda classista superar esta política de
colaboração de classe da Frente Popular, apontando em cada luta em curso contra
os ataques do rato canalha Temer que o movimento de massas deve se organizar
para combater pelo seu próprio poder estatal, conquistado na via revolucionária
da ação direta da classe operária.