sexta-feira, 27 de maio de 2016

ONDA DOS VAZAMENTOS JÁ AFUNDARAM TEMER E SUA ANTURRAGEM PEMEDEBISTA: PAVIMENTADO O CAMINHO PARA A ENTRADA EM CENA DE UM OUTRO GOVERNO BONAPARTISTA DA “CASTA PURA”...

O prazo de validade do governo Temer já está prestes a vencer, antes mesmo de ser efetivado com a conclusão do processo de impeachment pelo Senado Federal. A onda midiática de vazamento das gravações que já derrubaram o ex-ministro Jucá agora avança como um tsunami atingindo o “senhor dos anéis”, Renan Calheiros, e o chefe absoluto da máfia pemedebista: Michel Temer. É óbvio que a potencialidade da nova crise política dos "diálogos gravados" está sendo produzida por encomenda, e não tem por objetivo reverter o golpe institucional sofrido pelo governo da Frente Popular. A dinâmica desta nova etapa da operação de retirada da presidente Dilma do Planalto, coordenada pela Casa Branca, foi caracterizada em seu conjunto pela LBI que apontou desde sua gênese seu norte: Empoderar no Estado Nacional o justiceiro Sérgio Moro e sua "casta pura" da famigerada "Lava Jato"! A desmoralização precoce do governo interino segue este cronograma, Temer permanecerá na presidência somente na medida de finalizar o ajuste neoliberal das contrarreformas, que Dilma não concluiu em função da apetite voraz dos seus "aliados fiéis". Temer será expulso do Planalto assim que o Congresso Nacional aprovar as primeiras medidas que o "Deus Mercado" exige, e nem precisamos de "adivinhação" para saber porque método será "flagrado" em crime. O esgotamento prematuro do "golpe" tem alimentado ilusões na Frente Popular de que ainda é possível reverter o quadro do impeachment no marco do Senado Federal, afinal são necessários apenas obter três votos no campo dos que apoiaram a admissibilidade do "crime de responsabilidade" da presidenta. O PT e seus acólitos de segunda linha, como o PCdoB e o PCO, afirmam que é possível uma vitória no Senado, enquanto desmontam a possibilidade de uma mobilização de massas contra o golpe institucional. Os reformistas caudatários da Frente Popular não conseguem compreender a essência política da conjuntura que atravessa o país, ou seja, o curso imposto pelo imperialismo forçando a burguesia nacional para que estabeleça um governo de características bonapartistas no Brasil. Neste quadro não devem sobreviver os velhos aliados fisiológicos e corruptos (PMDB, PP, PR etc..) da Frente Popular no interior do novo regime, apenas os "puros togados" serão aceitos para gerenciar o aparelho de Estado, em tímida aliança com os tucanos de "alta plumagem", o que também descarta figuras "queimadas" como Aécio Neves. O PT não tem como ser eliminado por completo deste novo cenário que está prestes a emergir no país, controla a maioria das entidades sindicais e populares da nação, porém lideranças históricas como Lula, serão desmoralizadas à exaustão pelos farsantes da "Lava Jato", Dilma deverá ser resguardada pelos "serviços prestados". A equação política da crise tende a ser resolvida, do ângulo da burguesia nacional, com a convocação de novas eleições gerais e a provável eleição de um Moro...que a frente do governo levará a cabo todo o programa econômico da Lava Jato, que só para os tolos se resume ao "combate à corrupção da Petrobras". Desgraçadamente a plataforma estratégica da "Lava Jato" que consiste na desnacionalização completa da economia brasileira também é apoiada por amplos setores da esquerda social-democrata, por esta razão a Frente Popular se mostra impotente para combater o golpe institucional em pleno curso e que terá como desaguadouro o surgimento político do "Bonaparte Tupiniquim", teleguiado por Washington! O movimento social deve elevar a mira do seu rifle político, preparando desde já a resistência direta não somente para abater o bandido Temer, mas contra o bonapartismo togado que está sendo gestado em plena luz do dia, digo da mídia...

Equivocam-se os incautos que pensam ser a "Lava Jato" apenas uma operação jurídico e policial contra o PT, sua "engenharia" representa bem mais do que simplesmente sua sanha reacionária. A "República de Curitiba", assim como foi nos anos 50 a do "Galeão", foi engendrada como um novo embrião de poder, que diante da fragilidade de um Temer golpista já apressa-se para debutar como um novo governo bonapartista de força. É verdade que os planos de "sangramento" do governo Dilma tiveram que ser encurtados, gerando um abominável mostrengo de vida curta. Era bem mais interessante para o imperialismo que o desgaste da Frente Popular atingisse seu ponto máximo de ebulição, para neste momento ser "decapitado", porém a tibieza de Dilma em concluir o ajuste iniciado pela equipe de Levy causou um impasse (uma espécie de vácuo político) logo aproveitado pelas ratazanas do PMDB. A alternativa Temer, mesmo que temporária, foi a pior saída que a burguesia tinha para lançar mão no centro da crise econômica e política. Diante de um governo tão frágil e repugnante socialmente é óbvio que o PT tem condições de reconstruir parcialmente seu prestígio eleitoral. Por esta soma de elementos contraditórios será necessário para as classes dominantes agilizar a gestação de uma via estável e estratégica para dar início a  um novo ciclo histórico de poder estatal, em uma etapa mundial de retrocesso das forças produtivas do capital.

Se foi esgotado o "time" da Frente Popular no gerenciamento do Estado Burguês, durando mais de uma década no lastro da "bolha de crédito e consumo", o que esperar de um governo de chacais e hienas da política mais corrupta deste exaurido regime, pouquíssimo fôlego! O neobanapartismo emerge como uma necessidade diante da falência das opções de governo para substituir a Frente Popular. Não se trata de um golpe militar para impor um regime dos quartéis, mas de um manobra institucional para remodelar o regime democratizante, dotando-o de características de força e exceção sob o manto da legitimidade de um judiciário seduzido pelas benesses de assumir poder.  É o que Marx definiu como um "governo da burguesia aparentemente agindo contra os burgueses". Isto inclui prender e humilhar líderes empresariais e dirigentes políticos que sempre serviram as classes dominantes, este é exatamente apenas o "start" da Lava Jato.

O governo Temer foi concebido desde sua gênese como uma transição, uma "ponte" denominada assim mesmo pelo "autor" plagista de uma plataforma neoliberal em plena execução. O que a burguesia não teve a capacidade de aferir foi o momento exato em que esta "ponte" começaria a "cobrar pedágio". Com a extrema precipitação dos acontecimentos Temer assume no golpe palaciano "temporão", com a ajuda da escória parlamentar que ceiava na véspera com Dilma. Neste contexto de profunda crise do regime o governo "golpista" se sustenta exclusivamente pelo suporte dos rentistas e parcialmente da mídia, que só o apoia na execução do "ajuste" inconcluso, pela via do "primeiro ministro" Henrique Meirelles. A "corte" parlamentar de Temer reúne o pior esgoto da política nacional e por isso mesmo não pode ser tolerada por muito tempo pelos estrategistas de Washington, devendo ser sistematicamente enxovalhada pela mídia "murdochiana", este é o "segredo" da tempestade de vazamentos contra os principais caciques do PMDB.

Ainda é cedo para precisar se a "República de Curitiba" toma de assalto o Planalto por meio de eleições diretas ou indiretas (Congresso Nacional), a variante está condicionada a evolução da recessão capitalista e o cumprimento da missão "temerária", ou seja, aprovação das contrarreformas pelo parlamento. Também falta definir no útero da "Lava Jato" se o "salvador da pátria" será mesmo Moro ou se o jovem procurador Dallagnol aglutina condições para cumprir a "tarefa". O importante mesmo para os Marxistas é projetar o cenário que se avizinha, organizando a classe operária para uma etapa histórica muito parecida com o final do "Estado Novo" (guardado as proporções), onde Getulio atuou não mais como um simples ditador reacionário e sim como um Bonaparte contra as todos seus velhos "aliados de classe", em favor dos interesses ianques no país. Porém o futuro governo Moro não terá um único aspecto progressista, a estagnação capitalista não permite mais a burguesia brasileira inflexões nacionalistas, devemos nos preparar então para uma tática de vigorosa resistência a subtração das liberdades democrática e acúmulo de forças do proletariado para derrotar o bonapartismo emergente.