terça-feira, 17 de maio de 2016

SAI O BRADESCO “ALIADO” DA FRENTE POPULAR... ENTRA O ITAÚ: O GOLPISTA TEMER TROCA DE BANCO PARA APROFUNDAR A SUBMISSÃO AOS RENTISTAS!


O golpista Temer acaba de indicar Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central (BC). Até então, Goldfajn era economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco, que disputa com o Bradesco a hegemonia do setor financeiro nacional. Com esta mudança, o rato interino “muda de banco” para gerenciar o Tesouro Nacional. Até o governo da Frente Popular quem dominava o Ministério da Fazenda e o BC era o Bradesco... agora é o Itaú. Na transição entre os rentistas, mesmo com o “golpe”, foi mantido temporariamente o então presidente do BC no governo Dilma, Alexandre Tombini, em uma prova de que o PT atuou como cúmplice impotente de seu próprio achacamento político, admitindo até indicar nomes de “confiança” para o novo ministério golpista, como Henrique Meirelles muito próximo as ideias de Lula para a economia nacional. Como dissemos no caso da indicação de Henrique Meirelles para a Fazenda, essa “interseção” demonstra que a quadrilha de Temer só irá aprofundar o ajuste neoliberal levado a cabo pela gerentona petista. Tanto que Tombini elogiou a escolha! Em nota declarou para desmoralização da esquerda Dilmista o “fio de continuidade” entre os dois governos: “Ilan Goldfajn é profissional reconhecido, com larga experiência no setor financeiro brasileiro, ampla visão da economia nacional e internacional, além de já ter passagem pela diretoria colegiada dessa instituição. Suas qualidades e sua formação o credenciam a uma bem sucedida gestão frente à autoridade monetária brasileira” (G1, 17.05). O novo presidente do BC já havia sido diretor de Política Econômica do próprio BC com FHC e no início do governo Lula, ou seja, esteve no cargo entre 2000 e 2003. Como prova adicional dessa sintonia, Henrique Meirelles disse que após deixar a presidência do BC, Alexandre Tombini continuará “integrando a alta administração federal em outra função” (Idem). Com a mudança de banco uma coisa é certa: o Itaú não vai pagar os 18,7 bilhões que deve aos caixas do Tesouro! O volumoso montante que a Receita Federal teria que receber da família Setúbal diz respeito a impostos não pagos referentes ao processo de fusão entre o UNIBANCO e o ITAÚ finalizado em 2008, resultando na formação do maior conglomerado financeiro da América Latina. Com a posse de seu homem de confiança no BC, a direção do ITAÚ está tranquila, o processo vai continuar “estacionado” na primeira instância da Receita da mesma forma como o da Rede Globo. Por sua vez, como a família Setúbal que sempre demonstrou antipatia pelo governo da presidenta Dilma e apoiou o impeachment, agora não vai poder reclamar (como fez na época das gestões da Frente Popular) do favorecimento estatal ao seu principal concorrente, o Bradesco, apoiador fiel dos governo Lula-Dilma, tanto que seu presidente Trabuco “cedeu” Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda no início do segundo mandato de Dilma. Com o anúncio Temer dá um sinal claro ao mercado financeiro no sentido de apontar o banco privado preferencialmente “parceiro” comercial do governo. Do ponto de vista político Temer se aproxima da tradicional família Setúbal no setor financeiro, até então patrocinadores junto aos banqueiros da candidatura de Marina Silva da Rede, tanto que a única filha do falecido patriarca Olavo Setúbal (ex-prefeito biônico de São Paulo e ministro do Sarney), Neca chegou a tornou-se da “noite para o dia” amiga íntima da acreana Marina, passando a assinar “generosamente” os cheques para as despesas organizativas do REDE. Roberto Setúbal, “CEO” do ITAÚ agora é junto com Meirelles o “gerente” de fato do Ministério da Fazenda. No terreno mais estratégico a “mudança” sinaliza para os rentistas nacionais e internacionais uma realocação da economia brasileira em direção aos EUA, que apresenta leves sinais de recuperação do crash financeiro sofrido em 2008 em contraponto aos BRICs, opondo-se a política econômica dos governos da Frente Popular “linkou” as exportações do país ao bloco comercial liderado pela China. Com o Itáu assumindo as “contas” do governo solidifica-se a receita prescrita por Washington ao Brasil: fica estabelecido que a política de “responsabilidade fiscal” é “sagrada”, assim como a manutenção das altas taxas de juros para o pagamento da dívida interna é intocável. Em resumo, a plataforma política de Temer assim como o programa gerencial defendido pelos rentistas e o imperialismo ianque são idênticos! Não custa lembrar que a Frente Popular até antes do impeachment e da Operação Lava Jato tinha como aliados de “peso” o Bradesco e as maiores empreiteiras do país (Odebrechet), sem falar no agronegócio e a quase totalidade das oligarquias corruptas regionais. Essa “lua de mel” acabou com o acirramento da disputa interburguesa que levou a ascensão de Temer via um Golpe Institucional. Nesse cenário a classe operária deve tirar as lições de que transição semi-acordada revela que o programa neoliberal anunciado por Temer (Reformas Previdenciária e Trabalhista), Parcerias Público-Privadas (PPP´s), privatizações como a da Caixa e do BB, além da redução de gastos públicos será uma continuidade aprofundada da política de ajuste que vinha desenvolvendo o governo da ex-presidente Dilma. Como revolucionários nos postávamos no campo da oposição operária e revolucionária ao governo da Frente Popular, essa trincheira deve ser ainda mais reforçada no combate a quadrilha neoliberal de Temer, sem cair na cantilena da política de colaboração de classes da CUT e do PT que farão oposição parlamentar formal e “responsável” ao golpista somente de olho na conquista de postos eleitorais futuros. Vale a pena destacar que a escolha de Meirelles como "homem fiador" do novo governo segue a linha de Lula, que apostou no ex-banqueiro do Boston para substituir Levy do Bradesco. Meirelles defende a volta da CPMF, em total acordo com os economistas do PT, porém esta reivindicação dos rentistas enfrenta resistências da FIESP e da grande burguesia nacional que prestou apoio integral ao Golpe Institucional. Temer não vacilou e apesar das críticas concedeu "carta branca" para Meirelles voltar a introduzir o famigerado imposto, contando desde já com o apoio da bancada petista no Senado Federal.


Meirelles acrescentou com a decisão de hoje que o canalha Temer vai propor ao Congresso uma “autonomia técnica” para o Banco Central: “Também será proposta a autonomia técnica decisória do Banco Central. O que vai ser definido é autonomia técnica. Não tem questionamento sem ter autonomia técnica para decidir. Nesse momento, não há definição de mandatos [para os integrantes do BC]. É algo que vamos analisar com profundidade”. Com esta medida fica ainda mais evidente que Temer, Merelles e Ilan Goldfajn representam um verdadeiro aríete político do capital financeiro, avançando na proposta de tornar o Banco Central independente das diretrizes centrais do governo federal . O modelo da “autonomia técnica” de Meirelles se aproxima da proposta de uma autoridade monetária independente institucionalmente do gabinete de governo e não passa de uma cópia barata do que foi introduzido nos EUA sob pressão da banca financeira. Nos EUA a autonomia plena do FED (como é chamado o banco central de lá) foi responsável por deixar os rentistas de mãos livres para “quebrar” os títulos subprime e provocar o grande crash financeiro de 2008. O “cassino” de Wall Street tem no FED o principal ponto de apoio para “jogar” no mercado com os títulos do Tesouro ianque, sem que aconteça o menor controle ou mesmo alguma punição para os “especialistas” em levar empresas e governos à “falência”. No Brasil o Banco Central é controlado de fato há várias décadas por tecnocratas do mercado financeiro, mas que formalmente prestam alguma obediência ao presidente da república. No primeiro governo da Frente Popular Lula indicou o próprio Henrique Meireles, um subrentista do Bank of Boston para presidir a autarquia. Não por coincidência, a “carteira” internacional chefiada muitos anos por Meireles no Banco of Boston foi comprada recentemente pelo Banco ITAÚ, que tem muito interesse na expansão de seus negócios no mercado sul americano. A “captura” do BC pelo ITAÚ diz respeito não só ao elevado nível da taxa de juros paga pelo Estado brasileiro aos rentistas do mercado de capitais (taxa SELIC), mas principalmente pela disputa comercial (bancária) na luta da hegemonia financeira privada no Mercosul com o Bradesco. Em particular, o Bradesco vinha sendo o “parceiro” privado preferencial do governo da frente popular em investimentos nas empresas estatais privatizadas, como a Vale e CSN. Seria completamente ingênuo e estúpido pensar que sob os governos do PT o BC não esteve sob as rédeas do mercado financeiro, é só o olhar a monopolização do setor e o tremendo crescimento dos lucros dos bancos na última década. Somente a organização e ação independente do proletariado poderá barrar a sanha aguçada do capital financeiro (provocando forte elevação do índice Bovespa). A classe operária deve sim lutar pela estatização da banca, sob seu controle absoluto, ao invés de “mendigar” junto ao governo a redução da taxa de juros. Nacionais ou estrangeiros, públicos ou privados, os bancos no atual “modelo” do sistema financeiro servem apenas para potenciar a acumulação do capital. A estatização integral, sob controle do proletariado, é a única senda para colocar o sistema financeiro nacional na via de um verdadeiro desenvolvimento econômico para os trabalhadores e o país.