PT ANUNCIA QUE É “OPOSIÇÃO” AO GOVERNO TEMER MAS... VAI
APOIAR A CPMF, VOTAR PELA REFORMA DA PREVIDÊNCIA E ATÉ FAZER ALIANÇA COM O PMDB
NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Vale destacar o que declarou Tarso Genro sobre a pauta
neoliberal comum dos dois governos “As futuras ações anunciadas por
Meirelles-Jucá, redução de 4.000 cargos de confiança (que tem zero de
importância), Reforma da Previdência, viabilização da CPMF, reestruturação da
dívida dos Estados – principalmente – são medidas que já vinham sendo tentadas
pela Presidente Dilma, sem sucesso, com obstrução de grande parte da sua
própria base, que mudou rapidamente de lado. Por quais motivos, então, a
Presidenta Dilma foi afastada e o que diferencia, efetivamente, o campo
político de esquerda, que sustentava o Governo Dilma daquele campo que agora
chegou ao poder, sem votos? É importante ressaltar que os nomes mais
importantes do atual Governo -Romero Jucá, Blairo Maggi, Henrique Meirelles,
Moreira Franco, Padilha e Temer, entre outros- foram quadros que tiveram
importância nos Governos Lula e nos Governo Dilma, o que pode demonstrar que os
“remédios” que o interino pretende para economia -com os quais eu divirjo como
já divergia no próprio Governo Dilma- não são tão estranhos aos que a
Presidenta vinha encaminhando antes do seu afastamento, no âmbito de uma pesada
crise fiscal do Estado. Em algum lugar, algo esteve muito errado no nosso
projeto, para que os defeitos dos nossos governos permitissem que as suas
virtudes fossem sobrepujadas” (Virtudes e erros na questão democrática, Tarso
Genro, 16.05). As declarações de Tarso, o mesmo que como ministro do governo
Lula e presidente do PT fez todo tipo de alianças com o PMDB comprova o que
afirmamos. O PT vem atuando como cúmplice impotente de seu próprio achacamento
político, admitindo até indicar nomes de “confiança” para o novo ministério
golpista, como Henrique Meirelles muito próximo as ideias de Lula para a
economia nacional. Diante da paralisia imposta na véspera da votação do
impeachment no Senado tudo leva a crer que o PT optou por sustentar
indiretamente Temer (sabendo de seu inevitável desgaste com o ápice da
recessão) e aguardar que Lula vença o pleito natural de 2018. Alertamos que o
sonho de Lula voltar ao Planalto em 2018 talvez se transforme no pesadelo de
sua prisão após o impeachment, mas desgraçadamente a esquerda reformista
continua apoiando a Lava Jato, com o PT somente agora fazendo timidamente
algumas críticas o operação comandada pelo Juiz “nacional” Sergio Moro, como
esboça a resolução aprovada. Cabe à vanguarda classista tirar as lições dessa
transição semi-acordada, lembrando que nas eleições municipais deste ano, o PT
até então havia liberado seus diretórios para fazer alianças com o “golpista”
PMDB. O certo é que os ataques neoliberais contra os trabalhadores continuarão,
as contrarreformas serão retomadas e a criminalização do movimento de massas
ganhará um recrudescimento.
Com sua habitual demagogia o PT se apresenta como vítima da corrupção inerente ao regime capitalista e suas instituições venais. O documento afirma que o partido foi “contaminado pelo financiamento empresarial de campanhas” e acabou envolvido “em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”. Lembremos que há exatamente um ano atrás, em junho de 2015, ainda sob o impacto imediato da prisão de seu tesoureiro nacional (João Vaccari), orquestrada pela famigerada “Operação Lava Jato”, Rui Falcão (presidente do PT) convocou a imprensa para declarar que seu partido não mais aceitaria doações (legais) de empresas privadas para seus candidatos ou mesmo para o próprio partido. A decisão naquela data do DN do PT, partido que nas últimas eleições presidenciais foi aquinhoado com o maior volume financeiro oriundo das grandes corporações capitalistas, tinha por objetivo tentar estancar a crescente rejeição de seus simpatizantes diante das revelações das enormes somas de dinheiro recebida por seus dirigentes e candidatos principalmente pela via de empreiteiras, bancos e do agronegócio. Neste ínterim a Câmara dos Deputados no curso das votações da farsesca "Reforma Política" rejeitou a proposta de financiamento público (estatal) das campanhas eleitorais, impulsionada pelo PT, PCdoB e PSOL, provocando imediatamente um recuo no "ímpeto" dos petistas em serem bancados somente pelo Fundo Partidário e por contribuições de simpatizantes do partido. Registre-se o fato que o PT recebeu somente no ano de 2015 do Fundo Partidário a "pequena bagatela" de cerca de 120 milhões de Reais, o que parece não saciar os apetites vorazes de sua direção burguesa diante das cifras dez vezes maiores obtidas junto aos grandes grupos econômicos. Já na vésperas de seu congresso nacional (11/06/2015), o mesmo Rui Falcão voltou atrás no que tinha anunciado. O PT declarou que a "normalidade" foi restabelecida e que doações de empresas "serão novamente muito bem recebidas". Não por mera casualidade, logo depois o PT avalizou integralmente o pacotaço neoliberal das privatizações no estratégico setor de infraestrutura nacional em meados de 2015. Foi a sinergia perfeita entre a doação do patrimônio estatal para a inciativa privada (financiada com dinheiro de um banco "público", BNDES) e a generosa doação das empresas privadas para o caixa do PT... A decomposição política e programática do PT em mais um partido da esquerda burguesa, confirma a lógica de ferro abstraída por Trotsky quando se referia ao fenômeno da Social Democracia europeia, como dizia um velho ditado russo: “Quem paga o violinista cigano tem o direito de ouvir a polca”.
Diante da demagogia do PT sobre o “erro” de aceitar
“financiamento empresarial de campanha”, os Marxistas Revolucionários reafirmam
que a cooptação do capital e seu Estado ocorre não exclusivamente com os
partidos burgueses que realizam “negócios” vultuosos quando gerenciam a chamada
“máquina pública”, também está presente nas concessões legais como o Fundo
Partidário e as “generosas” indenizações estatais recebidas por militantes que
lutaram contra o regime militar, uma espécie de “ressarcimento” dos agentes do
capital pelos anos passados de militância revolucionária. Estes mecanismos
embora “perfeitamente legais” não passam de uma forma de integrar forças
políticas de “esquerda” ao regime burguês, com as verbas estatais produto da
extração da mais valia do proletariado. Portanto da ótica marxista não existe
diferença alguma (apenas nos volumes financeiros) dos “mimos” (legais ou
ilegais) recebidos por Lula diretamente oriundos de grandes empresas ou das
verbas estatais contabilizadas para o caixa partidário. Ambas são formas de
corrupção do capital dirigidas ao amortecimento da luta de classes e cooptação
das lideranças operárias. Compreendemos que o movimento operário e sua
vanguarda classista devem combater pelo mais amplo direito de organização
política, o que logicamente inclui o acesso publicitário a todos os meios de
comunicação, sem que este fato possa produzir um vínculo de dependência
econômica entre uma organização revolucionária e o regime burguês, seja ele por
doações mesmo consideradas “legais ou institucionais”. Os Marxistas Leninistas,
extremamente minoritários, mas íntegros em sua moral revolucionária, não podem
admitir o recebimento de nenhum financiamento eleitoral das classes dominantes,
seja pela forma do Estado burguês ou pela via das corporações capitalistas.
Acreditamos que mantendo a independência política e material diante da
burguesia e de seu Estado capitalista estaremos forjando um instrumento
partidário sólido e leninista capaz para levar consequentemente a luta do
proletariado brasileiro rumo à vitória como parte do combate de classe pela
Revolução mundial e o Comunismo.