OBAMA EM HIROSHIMA: CINISMO PACIFISTA DO IMPERIALISMO
GENOCIDA IANQUE A SERVIÇO DE UMA NOVA OFENSIVA MILITAR CONTRA A CHINA COM A
AJUDA DO SUBMISSO JAPÃO
Barack Obama, em visita a cidade japonesa de Hiroshima nesta
sexta-feira (27.05), cinicamente afirmou “Há 71 anos a morte caiu do céu, e o
mundo mudou. Não somos obrigados a repetir os erros do passado”. Como “lobo na
pele de cordeiro”, ele depositou uma coroa de flores no local onde foi jogada a
primeira bomba atômica do mundo em agosto de 1945. Mesmo fazendo demagogia e
declarando-se contra o uso de armas nucleares, Obama sequer fez um pedido
oficial de desculpas ao povo japonês. Demagogia a parte, a visita de Obama ao
Japão tem objetivo militar preciso: estreitar os laços com os países do sudeste
asiático como parte da sua “doutrina” voltada para cercar a China. Japão e
Filipinas reivindicam para si, entenda-se para os EUA, o domínio colonial das
centenas de ilhotas no Mar da China, desabitadas, porém ricas em jazidas de
petróleo e gás natural. A estratégia de defesa do Pentágono tem a China como
alvo e por isso intensifica suas manobras políticas e militares no Oceano
Pacífico. Evidentemente que as “intenções” ianques não se resumem à questão
meramente petrolífera. Trata-se da expansão de seu domínio geopolítico e
militar na região em litígio, ou seja, visa não só minar a influência chinesa
nesta parte do globo, como principalmente “ganhar terreno” em direção a Coreia
do Norte a fim de enfraquecer a todo custo o Estado operário. De quebra,
pressiona militarmente a China visando neutralizá-la diante da futura agressão
imperialista ao Irã. Como se observa nada tem de pacifista a ronda que Obama
foi fazer no Japão, a pauta da reunião do G7 e a retomada das relações
políticas e diplomáticas com o Vietnã, onde ele anunciou que “Os Estados Unidos
encerram a proibição da venda de equipamentos militares ao Vietnã, em vigor há
quase 50 anos”. Toda a movimentação do imperialismo na região tem como o objetivo
estratégico a guerra de rapina e não o contrário. Por esta razão, os
revolucionários denunciam as “lágrimas de crocodilo” de Obama e recordam que os
mesmos interesses colonialistas que levaram os EUA a lançarem as bombas em
Hiroshima e Nagasaki estão agora voltados contra a China, contando com o
submisso Japão para esta nova investida belicista da Casa Branca.
Lembremos que em agosto de 1945, sob as ordens do presidente
dos Estados Unidos, Harry Truman, a bomba atômica de urânio foi detonada a 600
metros de altura nos céus da cidade de Hiroshima. Em segundos, mais de cem mil
vidas humanas foram exterminadas. Em torno do centro do impacto da explosão,
tudo fora reduzido a cinzas e escombros. Três dias depois, uma segunda bomba de
plutônio era jogada sobre Nagasaki, provocando cerca de 80 mil vítimas fatais.
Este foi o macabro resultado de três anos de desenvolvimento da tecnologia
nuclear sob a égide do capitalismo, conhecido como “Projeto Manhattan”, criado
em 1942 e dirigido pelo físico norte-americano Julius Oppenheimer, em Los
Alamos. O imperialismo ianque concentrou todos os seus esforços para
desenvolver a bomba atômica com o objetivo de superar os alemães, que
supostamente estariam desenvolvendo esta tecnologia. Não por coincidência, o
“Projeto Manhattan” começou a ser desenvolvido pouco antes da URSS dar início à
sua ofensiva contra as tropas nazistas em território russo. O Exército Vermelho
passou à ofensiva militar a partir de novembro de 1942, esmagando heroicamente
as unidades alemãs e se dirigindo rumo ao Ocidente. Três anos depois, no dia 8
de maio de 1945, a Alemanha se rendeu incondicionalmente. Os ianques
assimilaram muito bem a derrota nazista, pois Hitler, conforme pensavam os
estrategistas do Pentágono, havia subestimado a força do Exército Vermelho. Era
necessário agir o mais rápido possível. Derrotada a Alemanha, de 17 de julho a
2 de agosto de 1945 são realizados os “Acordos de Potsdam”, através dos quais
foram definidas as zonas de ocupação do território alemão pelas tropas
imperialistas e pela URSS. Neste período, o Japão ainda arrastava-se em
frangalhos na guerra.
O Japão, um país imperialista, entrou na guerra com o
objetivo de apoderar-se do petróleo e dos recursos minerais do Sudeste
Asiático. Desde a década de 30, tropas japonesas invadiram a China, e impuseram
seu domínio sobre a região da Manchúria, onde promoveram o massacre de 350 mil chineses
na tomada da cidade de Nanjing, em 1937. Seu expansionismo imperialista visava
ainda o domínio sobre a Coréia e importantes ilhas do Pacífico, região
controlada por bases militares norte-americanas. Penetrar nesta região
implicava declarar guerra aos EUA, o que aconteceu em 7 de dezembro de 1941,
com o ataque japonês a Pearl Harbor, abrindo, assim, um confronto
interimperialista. Em junho de 1942, o Japão é vencido na “Batalha de Midway”,
e os EUA dominam esta região do Pacífico, assinalando praticamente a derrota
japonesa na guerra. Com a guerra total, declarada pelos EUA, as indústrias
japonesas foram aniquiladas, não havia matérias-primas, nem produção de
armamentos, nem como prover o exército com alimentos. As principais cidades,
incluindo a capital Tóquio, estavam em ruínas, destruídas por pesados
bombardeios. Em Potsdam, o imperialismo ianque já havia tomado a decisão de
detonar a bomba atômica no Japão. A reunião serviu para dissimular e medir as
forças do real inimigo, o Estado operário soviético, que se tornara uma ameaça
ao domínio capitalista na Europa.
A imprensa e os historiadores burgueses pagos pelo
imperialismo têm como método ocultar o fator URSS, tanto no que tange aos
objetivos da II Guerra Mundial, como em relação ao que levou os EUA a jogar as
bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, cidades cujas localizações não
tinham nenhuma importância militar, isto é, não se constituíam em alvos
estratégicos. O genocida Truman se valeu cinicamente de um já derrotado Japão
que começava a negociar os termos de rendição para escapar de uma derrota
acachapante, declarando que o ataque “foi feito contra a base militar de
Hiroshima para evitar vítimas entre a população civil”. Esta cidade foi
escolhida precisamente para demonstrar o poder de destruição da bomba atômica
sobre uma cidade densamente povoada. O objetivo desse massacre era pôr um basta
ao rápido avanço militar soviético sobre o Oriente e a Europa. Tanto é verdade
que a primeira bomba não foi finalizada até meados de julho de 1945, quase três
meses depois da tomada de Berlim pelas tropas soviéticas e da subseqüente
rendição alemã. Com esse abominável ataque terrorista, os assassinos do
Pentágono demonstraram para a União Soviética e para qualquer povo que se
opusesse à hegemonia dos EUA, que estavam dispostos a promover atrocidades
piores que as cometidas pelos nazistas, para preservar os interesses do capital
financeiro internacional.
A burocracia soviética, sob o comando de Stalin, apesar de
seu prestígio após ter derrotado o nazismo, não tinha como objetivo enfrentar o
imperialismo, uma vez que defendia a política do socialismo em um só país,
manteve-se estrategicamente no campo da contrarrevolucionária coexistência
pacífica, adstrita aos marcos de uma “guerra fria”. A bomba lançada no Japão
pelo imperialismo ianque, portanto, também cumpriu a finalidade de colocar a
burocracia ainda mais na defensiva, haja vista que os movimentos antifascistas
estavam prestes a tomar o poder em vários países na Europa, mas foram sabotados
e reprimidos pelo stalinismo, pois qualquer rompimento dos acordos de
coexistência (Yalta, Potsdam) poderia resultar num ataque atômico contra a
própria URSS por parte dos EUA.
O genocídio não se encerrou com as bombas atômicas sobre
Hiroshima e Nagasaki. Passados apenas cinco anos, foi a vez da Coréia ser
invadida pelas tropas ianques a partir do Japão ocupado (nessa guerra, morreram
mais de 4 milhões de pessoas). 20 anos depois, as garras assassinas do
imperialismo atacam o Laos, Camboja e Vietnã, utilizando-se de bombas químicas
jogadas criminosamente em aldeias e povoados. As tendências fascistizantes do
imperialismo ianque tornaram-se ainda mais fortes após a contrarrevolução
triunfante sobre o Estado operário soviético, na medida que não tem um oponente
à altura. Assim, os falcões da Casa Branca seguem impondo seus planos
belicistas sobre os povos do planeta. Mas, apesar do enorme poderio bélico, o
imperialismo pode ser derrotado pela resistência firme dos povos oprimidos, tal
como ocorreu no Vietnã. Atualmente, a máquina de guerra do imperialismo ianque
enfrenta uma enorme dificuldade de consolidar seu domínio. Porém, somente a
vitória da revolução proletária mundial poderá pôr fim à sua sanha assassina e
assegurar o uso das forças produtivas para promover o bem-estar da humanidade.
A visita de Obama ao Japão tem como alvo estratégico a China. Nesse
sentido, como Marxistas-Leninistas declaramos que a campanha orquestrada pela
Casa Branca está voltada a gerar a fragmentação territorial da China e a
desestruturação social, política e econômica do país. Na medida em que na China
está em curso um processo de acumulação primitiva de capital para forjar a nova
burguesia, a Casa Branca e o imperialismo europeu buscam incentivar no curso
dessa transição divisões políticas que lhes favoreçam. Nesse terreno, se
colocam as manifestações pela “autonomia total” de Hong Kong, pela
independência no Tibet para “recriar” uma classe dominante baseada na dinastia
lamaísta e as tentativas de patrocinar o separatismo islâmico e muçulmano em
algumas províncias chinesas via patrocínio da CIA às atividades da Al Qaeda na
região. Historicamente, o imperialismo tem recorrido a vários meios políticos e
militares para impor seu controle nos países que consideram adversários ou
desejam fragilizar. As constantes provocações contra o Estado nacional chinês
cumprem, em última instancia, o objetivo de acabar com qualquer possibilidade
de que algum regime ao redor do planeta se oponha ainda que minimamente ao
“american way life”, como são os casos específicos da Coreia do Norte e Irã.
Somente a revolução proletária, encabeçada por um autêntico partido
revolucionário poderá retomar o controle para si da economia planificada na
China e o controle do Estado por parte dos trabalhadores e enfrentar
frontalmente a barbárie imperialista que levou a tragédias como a de Hiroshima!