22 ANOS DA FUNDAÇÃO DO PSTU: CELEBRANDO “MAIS” UMA RUPTURA
MORENISTA QUE NASCE SOB O SIGNO DA CAPITULAÇÃO AO IMPERIALISMO E A “SAGRADA”
DEMOCRACIA BURGUESA
Neste sábado o PSTU completa 22 anos, “celebrando” o racha
que sofreu como produto direto da adaptação da corrente morenista ao
imperialismo e a democracia burguesa, o “MAIS”. Apesar da LBI ser adversária
programática do PSTU desde a sua fundação em 1994, não temos o que comemorar,
não estamos “alegres” com a ruptura ocorrida, porque caracterizamos que a
dinâmica política do bloco comandado por Valério Arcary busca atacar o que,
mesmo tenuemente, ainda existia de progressivo nesse partido: a defesa formal
do leninismo e do centralismo democrático, a necessidade em sí da construção de
um partido revolucionário bolchevique para a revolução socialista que pretende
ser substituído por uma amalgama social-democrata à sombra do PSOL. Por trás
das críticas pontuais “corretas” à linha de adaptação a ofensiva direitista da
direção majoritária morenista, reside uma profunda adaptação à Frente Popular e
principalmente a defesa da “democracia” burguesa nos marcos institucionais do
parlamento. O móvel da ruptura do grupo com o PSTU, o equivocado “Fora Todos”
foi apenas um pretexto para abraçarem com vigor o regime da democracia dos
ricos, e logo saltarem para reivindicar “Eleições Gerais”, uma inflexão bem distante
da ruptura com a forças políticas da direita que continuam a admirar e aplaudir
no resto do mundo, como na contrarrevolução ocorrida na Líbia. O popularesco
slogan de não “MAIS” aceitarem o suposto sectarismo impregnado no PSTU,
representou apenas uma senha para um futuro próximo de fusão com o PSOL. O mais
sintomático é que o “racha” não relacionou conscientemente a linha política
nacional direitista com a posição revisionista da LIT pelo mundo, ao contrário,
se afirma fiel a Internacional morenista. Esse tratamento próprio dos
centristas visa encobrir que as posições do PSTU no Brasil fazem parte da
plataforma pró-imperialista escandalosa que a LIT adotou no mundo. Ao festejar
o afastamento de Dilma pelas mãos da direita, o PSTU acrescentou o Brasil na
longa lista de países em que sua corrente internacional, a LIT, estabeleceu no
último período unidade política com o imperialismo e a reação burguesa contra
governos frente populistas, reformistas e nacionalistas. Líbia, Síria, Ucrânia,
Egito e recentemente o Brasil segundo as alucinações do PSTU-LIT deram passos
importantes rumo ao socialismo! Não importa que esse caminho tenha sido aberto
pelas bombas da OTAN para assassinar Kadaffi, pelas mãos dos rebeldes
terroristas financiados pela CIA contra Assad, pelos fascistas em Kiev, os
generais golpistas assassinos que derrubaram o governo da Irmandade Muçulmana e
aqui pelos coxinhas “verde-amarelos” anticomunistas apoiados pela FIESP e a
Rede Globo. Afinal de contas “a revolução está na esquina” para esses
revisionistas vulgares que maculam o nome do trotskismo. Para celebrar o aniversário
da corrente morenista no Brasil, reproduzimos o artigo “O Fim da URSS, a
divisão da LIT e o legado de Moreno” elaborado pela LBI em 2003 e publicado em
forma de brochura, que mantém plenamente sua vigência programática, aborda
desde o surguimento da LIT até sua crise política a partir do balanço da queda
da URSS e do Muro de Berlim ocorrido entre 1989-1991, um dos temas que o “MAIS” cita em seu manifesto de ruptura, cinicamente “lamentando” a restauração
capitalista enquanto o novo agrupamento de fato adere ao conceito de lutar pela
democracia como um valor universal, para eles um bem “MAIS” superior
politicamente a qualquer regime dos Estados Operários, considerados como o foco
da falta de liberdades e irradiador do pensamento dogmático, centro irradiador
do “autoritarismo estalinista”, assumindo para si o discurso próprio da
pequena-burguesia democrática.
O FIM DA URSS, A DIVISÃO DA LIT E O LEGADO DE MORENO
(01.07.2003)
INTRODUÇÃO
Após mais de uma década da morte do dirigente trotskista
argentino Nahuel Moreno, quando sua principal herança, a Liga Internacional dos
Trabalhadores, encontra-se completamente fracionada e imersa em sucessivas
crises internas, ainda existem correntes como o Centro Internacional do
Trotskismo Ortodoxo, uma das frações que se desgarraram da LIT, que se proclama
o mais fiel herdeiro de seu legado, persistindo em apresentar Moreno como um
grande teórico principista. O CITO reivindica o mesmo conceito de ortodoxo que
serviu para Moreno, após fundar o SLATO (Secretariado Latino-Americano
Trotskista Ortodoxo), camuflar sua política de entrismo profundo no
nacionalismo burguês, reinvindicando estar "sob as ordens do General Perón
e do Conselho Superior Peronista". A suposta ortodoxia de Moreno também não
o impediu de nos anos 60, após o triunfo da revolução cubana, apresentar a
política foquista do castrismo como um novo caminho para a revolução
latino-americana, ou mesmo de apoiar as guerrilhas fundamentalistas
patrocinadas pela CIA contra a URSS no Afeganistão nos anos 80, uma ponta de
lança do imperialismo contra o Estado Operário soviético.
Sob esta política, Moreno assentou as bases para que todos
os distintos herdeiros de sua corrente viessem a saudar a restauração
capitalista na URSS e no Leste europeu como grandes revoluções triunfantes.
Embora todas as variantes morenistas concordassem com esta caracterização sobre
os principais acontecimentos das últimas décadas, a desmoralização que se
abateu sobre amplas parcelas da vanguarda de esquerda mundial não pouparam as
fileiras do próprio partido de Moreno de pagar caro por esta política,
partindo-se quase na mesma quantidade de pedaços que o Muro de Berlim, a que
tanto saudaram a queda.
"O Fim da URSS, a Divisão da LIT e o Legado de
Moreno" é uma contribuição para clarificar as divergências entre a Liga
Bolchevique Internacionalista e as diversas variantes do morenismo e
estabelecer um debate franco com os militantes que equivocadamente se
referenciam em sua política e em seu programa. Neste sentido, a nossa corrente
elaborou esta crítica, onde avaliamos a trajetória do morenismo à luz do
verdadeiro trotskismo, como um combate fundamental por um programa
revolucionário internacionalista.