“DESCLASSIFICAÇÃO” DA RÚSSIA NA “RIO 16”: TIO SAM QUER SER O
CAMPEÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS NO “TAPETÃO” DA FARSA
O Comitê Olímpico Internacional
(COI) rejeitou a apelação da Rússia de considerar 68 atletas aptos a participar
da “Rio 16”. Desta forma mais de 1/3 da delegação russa, na modalidade onde o
país é mais forte e ganhador histórico de medalhas, o atletismo, estará fora da
competição. O presidente russo, Wladimir Putin, reagiu indignado à decisão
“Estamos observando um alarmante retrocesso com a interferência da política no
esporte. Sim, as formas desse tipo de interferência mudaram, mas sua essência
continua a mesma: pretende transformar o esporte em instrumento de pressão
geopolítica, para promover uma imagem negativa de alguns países e povos”. Sem
dúvida trata-se de um ataque direto não só ao esporte em geral, mas a Rússia em
particular, adversária dos EUA no campo político e militar, além de
historicamente principal concorrente nos jogos olímpicos, produto de uma
valiosa herança das conquistas sociais oriundas da antiga URSS. Forçando a
saída da Rússia da competição em modalidades que seus atletas individualmente
são conhecidos por conquistarem dezenas de medalhas de ouro, os EUA quer ser
campeão dos jogos olímpicos no “tapetão” da farsa. O próprio imperialismo
ianque é “expert” em produzir drogas para ampliar as performances de seus
atletas nas competições internacionais, mas o único país punido para a “Rio 16”
por supostamente recorrer a esse expediente foi a Rússia, em uma decisão arbitrária
claramente manipulada pelo COI, com documentação e laudos suspeitos fabricados
sob medida. Este órgão, depois do pedido de 10 países, entre eles os EUA e a
Inglaterra, acusa a organização olímpica russa e sugerem que o governo foi quem
promoveu o doping generalizado. A participação da Rússia nos jogos é agora uma
dúvida: se a equipe russa de conjunto boicotar as Olimpíadas abre o precedente
para que a Copa de 2018, sediada no país, seja também boicotada pelos EUA e
seus aliados, como deseja de fato a Casa Branca, ampliando assim o conflito
geopolítico mundial cujas frentes são mais visíveis na Ucrânia e na Síria,
neste último país forças russas combatem o EI junto com o governo Assad,
inimigo dos EUA. Esse embate histórico vem do século passado, da disputa também
na arena esportiva entre a União Soviética e os Estados Unidos sobre a
supremacia para demostrar o maior nível de excelência em todas as modalidades,
o que implicava na demonstração da superioridade do sistema socialista ou
capitalista, na verdade um forte embate entre o mais importante Estado operário burocratizado existente na época e a principal potência imperialista. Nesse sentido, os jogos entre as duas equipes foram inesquecíveis
e dramáticos, como a épica partida da final de basquete masculino nos Jogos
Olímpicos de Munique em 1972. Neste jogo histórico o escrete da URSS ganhou do plantel dos EUA no
último segundo, derrotando no auge da chamada "Guerra Fria" a equipe ianque em um dos esportes mais
tradicionais do país, o basquete. Como se observa, a fraudulenta punição da
Rússia é uma excelente maneira dos EUA evitarem a concorrência dos atletas
russos com alto desempenho e qualidade que podem ganhar medalhas, sendo sua
participação vitoriosa previamente acordada na “Rio 16” um ponto de apoio para a ofensiva mundial imperialista contra os povos, que tem no golpista Temer um aliado fiel. Como vimos, este usa o pretexto do "combate ao terror" para preparar novos ataques
contra a classe operária e a população pobre, vide as prisões
arbitrárias em curso antes da "Rio 16". Como bolcheviques, rechaçamos a “desclassificação” da
Rússia pelo COI, medida que tirará da disputa olímpica grandes atletas e serve diretamente aos
interesses ianques, dentro e fora das quadras. Essa manobra reforça ainda mais
a necessidade da vanguarda classista lutar contra a farsa que são os jogos
olímpicos no Rio, onde a imagem da “Cidade Maravilhosa” é vendida ao mundo como
um verdadeiro paraíso, enquanto os trabalhadores pagam a conta com salários
atrasados e demissões, seguindo o draconiano plano de ajuste neoliberal ditado pelos EUA para
nosso país.
Esse “jogo” sujo capitalista não
ocorre por acaso, transformou as Olimpíadas de uma mera competição entre
atletas amadores numa voraz disputa entre países (governos) para sediar o
evento, empresas multinacionais patrocinadoras e os grupos de comunicação, em
particular os conglomerados de redes de televisão tanto as de sinal aberto como
as por assinatura, afinal são milhões de telespectadores “prontos para
consumir” em todo o mundo. Trata-se de uma clara disputa comercial entre
distintos bandos capitalistas que almejam deter para si o monopólio das
comunicações, uma vez que o esporte de autorrendimento, profissional,
transformado pela mídia “murdochiana” em espetáculo através de todo um arsenal
propagandístico e da tecnologia áudio-visual, desperta um grande interesse da
população mundial (onde hoje predomina o culto à imagem, ao imediato), por isso
incute um ímpeto consumista cada vez mais intenso nos telespectadores. Neste
sentido, o esporte é utilizado como instrumento ideológico-político para
incrementar os lucros das transnacionais, tais como as ligadas aos grandes
conglomerados financeiros, a indústria automobilística, operadoras de
telefonia, as grifes do esporte (Nike, Adidas) etc.. Nos marcos do regime da
propriedade privada dos meios de produção não há espaço para o esporte como
sinônimo de bem-estar, de entretenimento ou de paixão popular genuína de raízes.
Aqui, a “vítima” é a Olimpíada mercantilizada voltada apenas a um público
consumidor idiotizado. Portanto, a expressão da cultura corporal dos povos, da
mesma maneira como o conjunto das manifestações artísticas, só pode ter lugar e
praticada pela humanidade de forma plena (livre, criativa e prazerosa) a partir
da abolição do modo de produção capitalista e o fim da sociedade de classes,
tarefa que só pode ser alcançada pela revolução socialista.