sexta-feira, 22 de julho de 2016

“DESCLASSIFICAÇÃO” DA RÚSSIA NA “RIO 16”: TIO SAM QUER SER O CAMPEÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS NO “TAPETÃO” DA FARSA


O Comitê Olímpico Internacional (COI) rejeitou a apelação da Rússia de considerar 68 atletas aptos a participar da “Rio 16”. Desta forma mais de 1/3 da delegação russa, na modalidade onde o país é mais forte e ganhador histórico de medalhas, o atletismo, estará fora da competição. O presidente russo, Wladimir Putin, reagiu indignado à decisão “Estamos observando um alarmante retrocesso com a interferência da política no esporte. Sim, as formas desse tipo de interferência mudaram, mas sua essência continua a mesma: pretende transformar o esporte em instrumento de pressão geopolítica, para promover uma imagem negativa de alguns países e povos”. Sem dúvida trata-se de um ataque direto não só ao esporte em geral, mas a Rússia em particular, adversária dos EUA no campo político e militar, além de historicamente principal concorrente nos jogos olímpicos, produto de uma valiosa herança das conquistas sociais oriundas da antiga URSS. Forçando a saída da Rússia da competição em modalidades que seus atletas individualmente são conhecidos por conquistarem dezenas de medalhas de ouro, os EUA quer ser campeão dos jogos olímpicos no “tapetão” da farsa. O próprio imperialismo ianque é “expert” em produzir drogas para ampliar as performances de seus atletas nas competições internacionais, mas o único país punido para a “Rio 16” por supostamente recorrer a esse expediente foi a Rússia, em uma decisão arbitrária claramente manipulada pelo COI, com documentação e laudos suspeitos fabricados sob medida. Este órgão, depois do pedido de 10 países, entre eles os EUA e a Inglaterra, acusa a organização olímpica russa e sugerem que o governo foi quem promoveu o doping generalizado. A participação da Rússia nos jogos é agora uma dúvida: se a equipe russa de conjunto boicotar as Olimpíadas abre o precedente para que a Copa de 2018, sediada no país, seja também boicotada pelos EUA e seus aliados, como deseja de fato a Casa Branca, ampliando assim o conflito geopolítico mundial cujas frentes são mais visíveis na Ucrânia e na Síria, neste último país forças russas combatem o EI junto com o governo Assad, inimigo dos EUA. Esse embate histórico vem do século passado, da disputa também na arena esportiva entre a União Soviética e os Estados Unidos sobre a supremacia para demostrar o maior nível de excelência em todas as modalidades, o que implicava na demonstração da superioridade do sistema socialista ou capitalista, na verdade um forte embate entre o mais importante Estado operário burocratizado existente na época e a principal potência imperialista. Nesse sentido, os jogos entre as duas equipes foram inesquecíveis e dramáticos, como a épica partida da final de basquete masculino nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Neste jogo histórico o escrete da URSS ganhou do plantel dos EUA no último segundo, derrotando no auge da chamada "Guerra Fria" a equipe ianque em um dos esportes mais tradicionais do país, o basquete. Como se observa, a fraudulenta punição da Rússia é uma excelente maneira dos EUA evitarem a concorrência dos atletas russos com alto desempenho e qualidade que podem ganhar medalhas, sendo sua participação vitoriosa previamente acordada na “Rio 16” um ponto de apoio para a ofensiva mundial imperialista contra os povos, que tem no golpista Temer um aliado fiel. Como vimos, este usa o pretexto do "combate ao terror" para preparar novos ataques contra a classe operária e a população pobre, vide as prisões arbitrárias em curso antes da "Rio 16". Como bolcheviques, rechaçamos a “desclassificação” da Rússia pelo COI, medida que tirará da disputa olímpica grandes atletas e serve diretamente aos interesses ianques, dentro e fora das quadras. Essa manobra reforça ainda mais a necessidade da vanguarda classista lutar contra a farsa que são os jogos olímpicos no Rio, onde a imagem da “Cidade Maravilhosa” é vendida ao mundo como um verdadeiro paraíso, enquanto os trabalhadores pagam a conta com salários atrasados e demissões, seguindo o draconiano plano de ajuste neoliberal ditado pelos EUA para nosso país.

Esse “jogo” sujo capitalista não ocorre por acaso, transformou as Olimpíadas de uma mera competição entre atletas amadores numa voraz disputa entre países (governos) para sediar o evento, empresas multinacionais patrocinadoras e os grupos de comunicação, em particular os conglomerados de redes de televisão tanto as de sinal aberto como as por assinatura, afinal são milhões de telespectadores “prontos para consumir” em todo o mundo. Trata-se de uma clara disputa comercial entre distintos bandos capitalistas que almejam deter para si o monopólio das comunicações, uma vez que o esporte de autorrendimento, profissional, transformado pela mídia “murdochiana” em espetáculo através de todo um arsenal propagandístico e da tecnologia áudio-visual, desperta um grande interesse da população mundial (onde hoje predomina o culto à imagem, ao imediato), por isso incute um ímpeto consumista cada vez mais intenso nos telespectadores. Neste sentido, o esporte é utilizado como instrumento ideológico-político para incrementar os lucros das transnacionais, tais como as ligadas aos grandes conglomerados financeiros, a indústria automobilística, operadoras de telefonia, as grifes do esporte (Nike, Adidas) etc.. Nos marcos do regime da propriedade privada dos meios de produção não há espaço para o esporte como sinônimo de bem-estar, de entretenimento ou de paixão popular genuína de raízes. Aqui, a “vítima” é a Olimpíada mercantilizada voltada apenas a um público consumidor idiotizado. Portanto, a expressão da cultura corporal dos povos, da mesma maneira como o conjunto das manifestações artísticas, só pode ter lugar e praticada pela humanidade de forma plena (livre, criativa e prazerosa) a partir da abolição do modo de produção capitalista e o fim da sociedade de classes, tarefa que só pode ser alcançada pela revolução socialista.