sábado, 23 de julho de 2016

RACHA NO PSTU OU A SAÍDA ANTECIPADA DA “COMISSÃO DE FRENTE” PARA AGUARDAR O RESTANTE DO BLOCO NO INTERIOR DO PSOL?  O AVISO DA “RUPTURA AMISTOSA” É CLARO: SE NÃO NOS SEGUIREM VÃO ACABAR COMO UMA SUICIDA “SEITA ESQUERDISTA”! 


O PSTU e uma fração significativa do partido acabam de anunciar simultaneamente, uma separação "amigável" em suas fileiras. Trata- se do rompimento da antiga TI que agora passa a se autodenominar demagogicamente de “Arrancar alegria ao futuro”, como se o belo poema que Maiakovski escreveu há noventa anos atrás em homenagem a um amigo que se matara no final de 1925, pudesse traduzir a política de completa adaptação a democracia burguesa dos signatários do manifesto da “nova” organização sugerida, já iniciam seu trajeto com mais uma fraude! O pano de fundo que fez com que Valério Arcary protagonizasse o “racha”, após anos de sua letargia acadêmica, foi estritamente a política nacional do PSTU, ao mesmo passo que declaram “fidelidade” integral ao programa da LIT e os pressupostos “teóricos” do Morenismo. Pelo menos por este período os “alegres dissidentes” não devem esboçar grandes divergências com a política contrarrevolucionária que endossou a derrubada da antiga URSS e apoiou freneticamente as “revoluções democráticas” promovidas pela OTAN contra os governos nacionalistas da Líbia, Síria e Ucrânia. No breve futuro Valério e seu bando de oportunistas manifestarão algumas discrepâncias pontuais com a velha matriz fundada em 1982, ao mesmo estilo praticado pelo grupo de Luciana Genro(MES) ou também pelo PTS argentino. Porém não podemos lhes quitar alguma razão de sua nacional “alegria”, afinal se livraram do que consideram um “estorvo sectário”, o PSTU e sua fracassada guinada em direção a “revolução democrática” no Brasil, o “Fora Dilma!”. Como o script da fórmula Morenista não conseguiu se enquadrar na realidade nacional, pelo simples fato da Frente Popular ainda acumular um enorme prestígio político no seio do movimento de massas, o PSTU caiu em “desgraça” ao não acompanhar o parceiro PSOL em sua inflexão na defesa do governo Dilma em relação ao golpe parlamentar sofrido pelo PT. Por outro lado, o refluxo das gigantescas manifestações reacionárias contra o governo, deixando exclusivamente nas mãos da máfia peemedebista e da “República de Curitiba&PF” a tarefa de defenestrar Dilma, colocou o PSTU em uma encruzilhada fatal: ou seguiam com a extrema direita no “Fora Dilma” (como os parentes MRS, MNN e CST) ou se aproximavam da posição oportunista do PSOL, como não fizeram nenhuma coisa nem outra a luta de classes lhe cobrou um alto preço. É claro que existia outra alternativa já apontada pela LBI desde o início da ofensiva direitista no início de 2015, convocar as massas para derrotar a sanha neofascista dos “coxinhas do Lula no xadrez” e ao mesmo tempo manter de pé o combate de classe ao ajuste neoliberal aplicado pelo governo Dilma contra os trabalhadores. Mas para os revisionistas do PSTU adotarem uma linha justa e se contraporem as enormes pressões dos dois campos burgueses em confronto aberto, era algo muito distante em função de suas próprias limitações programáticas, gerando no seu intestino uma fração mais “decidida”. Para os seguidores do manifesto que vislumbram um “futuro eleitoral” seria impensável esboçar um distanciamento político (ainda que parcial e temporário) da principal fonte de votos da “esquerda” que se tornou o PSOL, e ainda por cima carregar a pecha de terem colaborado com o Golpe Institucional que destituiu Dilma. A “nova” organização surge com um estandarte principal: manter estrategicamente viva a “frente de esquerda” entre o PSOL, PSTU e PCB, bandeira que vinha sendo ameaçada pela direção majoritária do PSTU. No bojo das críticas da “falsa alegria” não faltaram alusões a postura também “sectária” da CONLUTAS, considerada pelo “racha” como um mau exemplo de frente única que deveria ter sido implementada com a burocracia sindical da CUT, como nas fileiras de adesão à ruptura encontram-se os diretores do Sintro-Ceará (rodoviários), um amálgama de tradicionais pelegos que se converteram a “esquerda” para ganhar as eleições sindicais, desconfiamos seriamente que as lideranças sindicais dos “alegres” sejam ainda piores do que as do PSTU. Em resumo para não cansar nossos leitores no que já se delineia com bastante clareza, o grupo de dissidentes do PSTU que saiu do partido com “tamanha polidez” parece fazer um movimento preventivo de preservação do Morenismo no Brasil, uma espécie de aviso aos que permanecem no partido: Ou mudam de posição e passam a remar novamente no caudal eleitoral do PSOL, ou se tornarão uma “seita esquerdista e suicida”, como os Morenistas costumam caracterizar desqualificando a esquerda revolucionária e principista. A previsível trajetória do “novo” agrupamento que sai do PSTU já foi traçada há pouco tempo por outra corrente parental, o NOS, não por coincidência surgida com a mesma plataforma de crítica ao “sectarismo” para logo depois orientar silenciosamente a filiação de seus militantes ao PSOL. Para os incautos que nutrem alguma ilusão nos “eufóricos” prognósticos do Prof. Valério, afirmamos em sintonia com o “velho maestro” Trotsky: “Sempre falar a verdade as massas por mais amarga que esta pareça ser”.

Apesar da LBI ser adversária programática do PSTU, não temos o que comemorar, não estamos “alegres” com o “racha” ocorrido, porque caracterizamos que a dinâmica política do bloco comandado por Valério Arcary busca atacar o que, mesmo tenuemente, ainda existia de progressivo nesse partido: a defesa formal do leninismo e do centralismo democrático, a necessidade em sí da construção de um partido revolucionário bolchevique para a revolução socialista que pretende ser substituído por uma amalgama social-democrata à sombra do PSOL. Por trás das críticas pontuais “corretas” à linha de adaptação a ofensiva direitista da direção majoritária Morenista, reside uma profunda adaptação à Frente Popular e principalmente a defesa da “democracia” burguesa nos marcos institucionais do parlamento. Ainda assim é sintomático que os “alegres” que até ontem defendiam a linha oficial morenista com unhas e dentes agora para se delimitarem com a direção do PSTU tenham copiado literalmente todas as postulações que a LBI vinha fazendo no terreno nacional há tempos. Segundo seu manifesto “Há mais de um ano vínhamos afirmando que era preciso enfrentar, com centralidade, a política de ajuste fiscal do governo Dilma, mas combater também a oposição burguesa que queria derrubá-la apoiando-se em mobilizações reacionárias” entretanto ficaram calados quando o PSTU comemorou o impeachment, inclusive vários militantes que subscrevem o manifesto da “Alegria” atacaram duramente nossa posição como sectária e frente populista. Naquele momento alertamos no artigo “PSTU comemora afastamento de Dilma como uma vitória da esquerda rumo ao “Fora Todos”: Mais uma vez de mãos dadas com a direita e o imperialismo!” (12.05) que “Segundo o delírio morenista estamos avançando rumo a um governo socialista dos trabalhadores! O Golpe Institucional em curso seria por esta tese estúpida uma vitória das massas!!! O PSTU só não explica porque diante de tantos ‘avanços’ não consegue agrupar mais de mil pessoas em seus atos nacionais pelo ‘Fora Todos’ e vem sofrendo rachas questionando sua política de aproximação com a direita. Não importa a realidade, o PSTU nos ensina que o próximo ato da ‘revolução democrática’ seria a convocação de eleições gerias” (Blog da LBI, 12/05). Porque os signatários do “Alegria” não se constituíram como Fração Pública para combater abertamente a linha direitista da direção majoritária no calor da luta de classes? A resposta é que Valério&Cia na verdade buscam “ficar bem com a opinião pública”, pouco importando a “direção do vento”. Não por acaso Zé Maria em resposta diplomática ao “racha” esclarece: “Não havia, neste sentido, diferenças irreconciliáveis, ainda mais um debate que apenas se inicia. Inúmeros companheiros e companheiras que tinham as mesmas posições dos companheiros em sua totalidade ou em parte, seguiram no PSTU sem abrir mãos de nenhuma de suas posições políticas”. O mais sintomático é que o “racha” não relacionou conscientemente a linha política nacional direitista com a posição revisionista da LIT pelo mundo, ao contrário, se afirma fiel a Internacional morenista: “Apostamos na possibilidade de uma separação amigável, e portanto exemplar, muito diferente das rupturas explosivas e destrutivas que o passado tanto viu. Mantemo-nos, por isso, nos marcos da Liga Internacional dos Trabalhadores, na qualidade de seção simpatizante”. Esse tratamento próprio dos centristas visa encobrir que as posições do PSTU no Brasil fazem parte da plataforma pró-imperialista escandalosa que a LIT adotou no mundo, como denunciamos no mesmo artigo em que pontuamos o fato dos morenistas comemorarem o impeachment de Dilma “Ao festejar o afastamento de Dilma pelas mãos da direita, o PSTU acrescenta o Brasil na longa lista de países em que sua corrente internacional, a LIT, estabeleceu no último período unidade política com o imperialismo e a reação burguesa contra governos frente populistas, reformistas e nacionalistas. Líbia, Síria, Ucrânia, Egito e agora o Brasil segundo as alucinações do PSTU-LIT deram passos importantes rumo ao socialismo! Não importa que esse caminho tenha sido aberto pelas bombas da OTAN para assassinar Kadaffi, pelas mãos dos rebeldes terroristas financiados pela CIA contra Assad, pelos fascistas em Kiev, os generais golpistas assassinos que derrubaram o governo da Irmandade Muçulmana e aqui pelos coxinhas “verde-amarelos” anticomunistas apoiados pela FIESP e a Rede Globo. Afinal de contas 'a revolução está na esquina' para esses revisionistas vulgares que maculam o nome do trotskismo!”. Não nos admiraremos se no futuro o bloco dos “Alegres” também copiem novamente as posições da LBI para atacar a política direitista do PSTU e da LIT, obviamente apresentando tais cópias como descobertas intelectuais “inéditas” do professor Valério!


Na caatinga nordestina há um velho provérbio popular que diz que "o cheiro podre da carniça logo atrai os urubus mais rapineiros", o manifesto dos "legionários" de Valério  Arcary rapidamente atraiu a simpatia das correntes de esquerda mais hostis ao bolchevismo e obviamente assentadas no campo do PSOL, que saudaram o " alegre" manifesto como uma ode de combate ao "sectarismo", leia- se que por sectarismo entendem qualquer coisa que lembre mesmo que remotamente uma disciplina partidária leninista. A Esquerda Marxista (EM) foi um destes agrupamentos oportunistas  que saliva ansiosamente a entrada dos Morenistas, em rota de fuga, na cancela do PSOL. A LER/ MRT vai na mesma linha da EM e já manifestou o desejo de unir forças no guarda-chuva psolista. Porém o PTS argentino (LER/MRT) tenta dar uma cobertura mais programática ao racha do PSTU, no sentido um pouco mais profundo do que um mero cálculo eleitoral, imputando no grupo uma autocrítica retrospectiva em relação aos trágicos acontecimentos que deram fim a antiga URSS. Mais uma tentativa de fraude para tentar "lavar a cara" de Valério, seus discípulos e do próprio PTS, que juntos com a LIT permanecem no terreno antidefensista, quando a questão envolve os Estados Operários sobreviventes, isto sem falar é claro da vergonhosa posição política que sustentaram no calor dos fatos da luta de classes no final dos 80 e início dos anos 90. Não somos "bobos alegres" para acreditar em uma suposta autocrítica, desta ala do Morenismo, que nunca foi esboçada  em relação ao apoio incondicional emprestado aos furiosos militantes da direita imperialista que "sacaram" suas picaretas para derrubarem o Muro de Berlim. Aliás "Muro" este que passaram décadas repetindo como papagaios da furibunda reação capitalista que se tratava da "vergonha" mundial da esquerda stalinista. Hoje se afirmam otimistas para "arrancar alegria ao futuro" quando no passado recente em uníssono com o capital ajudaram a arrancar as conquistas operárias históricas de um terço da civilização humana, na destruição da URSS e em mais de uma dezena de Estados Nacionais onde a economia foi socializada com a extinção do mercado. Para Valério e sua trupe de revisionistas a alegria está em "Miami Libre" e a profunda tristeza reside na "autoritária ilha cubana", onde para estes farsantes do Marxismo Fidel Castro já teria restaurado o capitalismo... Também os "alegres" defendem que a barbárie social (revolução para estes dementes) instaurada na Líbia "é bem mais linda" do que a "ditadura do coronel Kadafi", obviamente que a maioria reside no bairro Paraíso e não no inferno hoje de Tripoli, e que a "revolução" promovida pelo EI na Síria livrará o país da "tristeza do sanguinário Assad". Nesta lógica demasiadamente "humanista", o racha "valeriano" vai granjeando apoio e solidariedade de todas as forças revisionistas que nutrem o ódio das "pequenas" conquistas do proletariado seja em um Estado Operário  ou em um regime nacionalista burguês, sua próxima rota será sair da LIT, aprofundando o curso de adaptação à onda da "democracia civilizatória" do capital. Por isso não puderam admitir o equivocado "Fora Todos" do PSTU, que apesar de empunhar as eleições burguesas como alternativa à crise, não desfraldava prioritariamente a bandeira da "Defesa da Democracia" como fez o PSOL por exemplo. Não são uma ruptura de "esquerda", estão ideologicamente a direita do PSTU e no mesmo prumo "teórico" pró-imperialista do Morenismo... Devemos alertar aos incautos que esta nova organização poderá sim "arrancar" ainda mais derrotas e tristezas para o proletariado brasileiro, tão cansado politicamente dos que oferecem o "unguento" da democracia burguesa (maquilada como "socialismo democrático") para a cura das desgraças sociais inerentes ao modo de produção capitalista.