“AMIGUINHOS” DO PT, EIKE BATISTA E ODEBRECHT, GANHAM DE
PRESENTE A PRIVATIZAÇÃO DO MARACANÃ
(ARTIGO HISTÓRICO DA LBI/MAIO 2013)
Na quinta-feira (9/5), o “Consórcio Maracanã S.A.” formado
pelas empresas de Eike Batista (IMX) e a empreiteira Odebrecht foi anunciado
como o “grande” vencedor dos processos de licitação destinados à privatização
do estádio Maracanã, dando-lhe direitos de geri-lo (exploração) por 35 anos.
Desde o início, no entanto, a licitação foi recheada de ilegalidades, tal como
a empresa de Eike, a IMX – especializada em negócios de esportes e
entretenimentos – ela própria fez os estudos de viabilidade do projeto “Complexo
do Maracanã” e foi uma das beneficiadas. A cara de pau do governo Sérgio
“Caveirão” é tanta que o Ministério Público carioca entrou com uma liminar
suspendendo a concessão. Mas, os embargos jurídicos é o que menos importa,
logo, logo será cassado e tudo voltará ao normal, como parte de uma grande
encenação por parte da Justiça burguesa. É necessário ressaltar, isso sim, as
benesses públicas do governo da frente popular, através do BNDES para com o
bilionário Eike Batista e as empreiteiras sob a justificativa de criar a
infraestrutura de mobilidade para a Copa do Mundo, mas que cumpre, na verdade,
o objetivo de fomentar a acumulação capitalista para um punhado de
“empresários”.
A mamata dos cofres públicos para os grandes capitalistas tem sido uma das características do governo dos neopetistas. Só para se ter uma ideia, o Estádio Mário Filho, o Maracanã, foi totalmente reformado em 2007 em razão dos jogos Pan Americanos aqui no Brasil, sendo criado um grande complexo poliesportivo em seu entorno, o qual sob a nova gestão, dos tubarões capitalistas, será todo demolido, desconsiderando completamente o dinheiro estatal gasto nestas obras, na ordem de cem milhões de reais. O Estádio de atletismo Célio de Barros, o Parque Aquático Julio Delamare, ambos referências nacionais em se tratando de formação de novos atletas e treinamento profissional virá abaixo. Uma das melhores escolas públicas cariocas (a Escola Municipal Friedenreich) ao lado do Maracanã também será destruída para “facilitar a vinda e o escoamento do público nos dias de futebol”. Mesmo destino terá a Aldeia Maracanã. Em seu lugar será feito um estacionamento e um gigantesco shopping Center... O novo complexo foi orçado em 1,4 bilhões de reais, evidentemente financiado pelo BNDES, a fonte de enriquecimento dos “amiguinhos” do PT. O Maracanã, que ao longo de décadas tornou-se um patrimônio histórico e cultural não só dos cariocas (palco de disputas memoráveis como os Fla-Flus, por exemplo) como também em nível nacional, estará agora sob controle da ganância capitalista, tornando-o ainda mais elitista e distante da paixão popular pelo futebol que lota estádios. São os efeitos predadores do capital, do esporte como mercadoria, a serviço do escoadouro de lavagem de dinheiro e da máquina de lucro fácil para poucos.
O preço do arremate foi uma verdadeira pechincha, R$ 181,5
milhões, divididos em suaves 33 prestações de R$ 5,5 milhões ao ano. Em
essência, o “presente” dado pelo governo Dilma/Cabral pode ser resumido nestas
palavras: “gastei 181 milhões, o PT, meu amigo, me deu 1,4 bilhões”! Não é de
estranhar, deste modo, que Eike engordou seus bolsos durante a gestão do PT a
frente do Estado burguês, a custa da “generosidade patrimonialista” do Estado
brasileiro. Vale lembrar que para as Olimpíadas de 2016 tudo será destruído
novamente e novas construções serão feitas! Lula/Dilma, aspirando quebrar a
hegemonia nacional da Fiesp “entucanada”, tem como meta criar uma “nova”
burguesia fora do eixo paulista, o que vem se expressando no casamento de
interesses entre Eike e o Planalto e na parceria de desenvolver megaprojetos
bancados pelo BNDES. Como ilustração desta política, a EBX recebeu de 2005 a
2012 nada mais nada menos do que 10 bilhões de reais dos cofres públicos; a CSX
vinculada à construção naval, a OGX que abrange o petróleo, a MMX (mineração),
MPX (energia), LLX (logística), CCX (carvão), embolsaram outros milhões de
reais! Em troca, Eike se compromete ser politicamente fiel ao Planalto e a seus
aliados mais próximos como Sérgio “Caveirão” em seu projeto de colaboração de
classes. Sérgio “Caveirão” agradece e fica encarregado de gerenciar a fartura e
de reprimir a população negra e pobre, expulsa do entorno das obras da Copa.
A “Parceria Público Privada” (PPP) com empreiteiras, cuja
maior beneficiada é a Odebrecht, tal qual está sendo efetivada na “reforma” do
Maracanã, é o modelo empregado no território nacional em todos os estádios que
abrigarão jogos da Copa do Mundo. Os empreiteiros se locupletam com o dinheiro
público, atrasando obras, superfaturando para, no fim, dar o bote sobre o botim
estatal para dar continuidade às obras à título emergencial, claro a preços
exorbitantes. Ou seja, os investimentos infraestruturais (prejuízos) ficam
concentrados nas mãos do Estado, enquanto o usufruto dos equipamentos (lucros)
é estrategicamente planejado para terminarem nos bolsos e paraísos fiscais da
“iniciativa privada”. Sem falar que muitos dos estádios construídos pelas PPPs
após a Copa não terão utilidade alguma, pois não há público nem times de
futebol que abarque grandes massas de torcedores.