VIVA A CELEBRAÇÃO REVOLUCIONÁRIA DOS CEM ANOS DA TOMADA DO
PODER PELO PARTIDO BOLCHEVIQUE NA VELHA RÚSSIA! RETOMAR OS CAMINHOS DE OUTUBRO!
UMA SINGELA HOMENAGEM AO NOSSO GRANDE CHEFE COMUNISTA QUE NOS DEIXOU HÁ 93
ANOS: LENIN VIVE!
LÊNIN MORREU
Lênin morreu. Lênin já não existe. As leis obscuras que
regulam o funcionamento da circulação arterial puseram termo à sua existência.
A arte da medicina viu-se impotente para operar o milagre que dela se esperava
apaixonadamente, que dela exigiam milhões de corações.
Quantos homens haverá entre nós que de boa vontade e sem
hesitação teriam dado o sangue até à última gota para reanimar, para regenerar
o organismo do grande líder, de Lênin, o único, o inimitável? Mas não havia
milagre possível, aí onde a ciência era impotente. E Lênin morreu. Estas
palavras caem sobre a nossa consciência de uma maneira terrível, tal como o
rochedo gigante cai no mar. Poderá acreditar-se? Poderá aceitar-se?
A consciência dos trabalhadores do mundo inteiro não vai
querer admitir este fato, pois o inimigo dispõe ainda de uma força
considerável; o caminho a percorrer é longo; a grande tarefa, a maior que
jamais foi empreendida na História, não está terminada; pois Lênin é necessário
à classe operária mundial, indispensável como talvez jamais alguém o tenha sido
na história da humanidade.
O segundo ataque da sua doença, muito mais grave do que o
primeiro, durou mais de dez meses. O sistema arterial, segundo a amarga
expressão dos médicos, não cessou de "brincar" durante todo esse
tempo. Terrível brincadeira na qual se jogava a vida de Ilitch. Podíamos
esperar uma melhoria e quase que uma cura absoluta, mas também podíamos esperar
uma catástrofe. Estávamos todos à espera da convalescença, foi a catástrofe que
se produziu. O regulador cerebral da respiração recusou-se a funcionar e apagou
o órgão do genial pensamento.
Perdemos Ilitch. O Partido está órfão, a classe operária
está órfã. É, acima de tudo, o sentimento que temos ao ouvir a notícia da morte
do mestre, do líder.
Como iremos prosseguir? Encontraremos o caminho? Não iremos
perder-nos? Porque Lênin camaradas, já não se encontra entre nós...
Lênin já não existe, mas temos o leninismo. O que havia de
imortal em Lênin, os seus ensinamentos, o seu trabalho, os seus métodos, o seu
exemplo - vive em nós, neste Partido que criou, neste primeiro Estado operário
à cabeça do qual se encontrou e que ele dirigiu.
Neste momento, os nossos corações estão invadidos por esta
dor tão profunda, porque todos nós fomos contemporâneos de Lênin, trabalhamos a
seu lado, estudamos na sua escola. O nosso Partido é o leninismo em ação; o
nosso Partido é o guia coletivo dos trabalhadores. Em cada um de nós vive uma
parcela de Lênin, o que constitui o melhor de cada um de nós.
Como avançaremos a partir de agora? Com uma lanterna do
leninismo na mão. Encontraremos o caminho? Sim, através do pensamento coletivo,
da vontade coletiva do Partido, encontrá-lo-emos!
E amanhã, e depois de amanhã, daqui a oito dias, daqui a um
mês, interrogar-nos-emos ainda: será possível que Lênin já não exista? Durante
longo tempo esta morte parecer-nos-á um capricho da natureza, inverossímil,
impossível, monstruoso.
Que este sofrimento cruel que sentimos, que cada um de nós
sente no coração ao lembrar-se que Lênin não existe, seja para nós um aviso
diário: lembremo-nos que a nossa responsabilidade é agora muito maior. Sejamos
dignos do líder que nos instruiu!
No sofrimento e no luto, cerremos fileiras, aproximemos os
nossos corações, agrupemo-nos mais estreitamente para as novas batalhas!
Camaradas, irmãos, Lênin já não está entre nós. Adeus
Ilitch! Adeus, líder!
Leon Trotsky
Estação de Tiflis, 22 de Janeiro de 1924