HÁ 09 ANOS, ANTES MESMO DO FINAL DAS PRIMÁRIAS DEMOCRATAS DE
2008, A LBI FOI A PRIMEIRA CORRENTE POLÍTICA A DENUNCIAR O VERDADEIRO CARÁTER
REACIONÁRIO DE UM FUTURO GOVERNO OBAMA: UMA ANÁLISE MARXISTA DA GERÊNCIA DE UM
NEGRO COMO CHEFE DO IMPERIALISMO MUNDIAL QUE ABRIU CAMINHO PARA A ASCENSÃO DO
XENÓFOBO TRUMP!
No final desta semana Obama deixará a presidência dos EUA após 8 anos
de governo dando lugar ao Republicano xenófobo Donaldo Trump na Casa Branca. O
"falcão negro" deixou um legado de guerra na Líbia e Síria, travestida de apoio ao farsesca "Revolução Árabe", aprofundou a rapina das semicolônias e
já no final de sua gestão incrementou a política de reação democrática com
relação a Cuba e em apoio ao "Acordo de Paz" com as FARC na Colômbia que tem levado a paulatina rendição da guerrilha.
Antes mesmo do início de seu primeiro mandato de Obama, já no começo de 2008, a
LBI denunciava a operação política nos EUA para levar o primeiro negro a chefe
do imperialismo mundial. No final de janeiro de 2008, antes das
primárias da “super-terça”, realizadas em 05 de fevereiro, quando Hillary Clinton mantinha um largo
favoritismo sobre os demais adversários de partido a LBI prognosticou a vitória
de Barack Obama nas eleições presidenciais dos EUA. Nosso prognóstico
confirmou-se plenamente com a votação propriamente dita nas urnas. Esse acerto
político tremendo demonstrou a superioridade da análise marxista revolucionária
sobre a “cobertura jornalística” feita pelas organizações centristas e liberais
pequeno-burguesas. Não fizemos uma "simples" projeção eleitoral, mas
caracterizamos já no começo de 2008, quando ninguém ousava fazer, que o imperialismo
necessitava de Obama como elemento indispensável diante da enorme polarização
social que vive os EUA, submerso em uma descomunal crise econômica. A
candidatura do democrata negro representava uma tentativa desesperada das
classes dominantes de cooptarem as direções do proletariado e das massas pela
via eleitoral e da institucionalidade burguesa. O imperialismo agiu
preventivamente para descomprimir a tendência latente de ação direta dos
explorados, frente à conjuntura que sinaliza claramente um período de agudos
enfrentamentos de classe no coração do monstro imperialista.
Nesse sentido, a LBI apontou que consistia em uma fórmula
comum preventiva para conter a rebelião das massas a cadeia política de
governos que se iniciou com Lula no Brasil, passando por Tabaré Vasquez no
Uruguai, Evo Morales na Bolívia, pela própria confirmação de Chávez na
presidência da Venezuela, assim como a eleição da Frente Sandinista convertida
a gerente capitalista na Nicarágua e depois na ascensão do bispo
"progressista" Lugo no Paraguai. Esse ciclo chegou a seu ápice com o
negro Obama sagrando-se presidente do próprio EUA, recorrendo na maior potência
imperialista do planeta ao mesmo programa contra-revolucionário de corte social
que marca a gestão de seus pares, ícones da centro-esquerda burguesa em seus
países. Por essa razão, fomos a primeira organização política a dizer que,
através do democrata negro, o imperialismo trataria de cobrar a conta de sua
espetacular crise econômica aos trabalhadores e oprimidos do mundo e que todas
as vazias promessas de campanha por "mudanças" iriam ser recheadas
com uma política que incorporaria as medidas essenciais da ofensiva
imperialista que marcaram a era Bush.
O "grande diferencial" é que para dissimular as
novas investidas antioperárias em meio a uma situação que tende a ser mais
desfavorável ao seu domínio, a grande burguesia arranjou um carniceiro
"com cara de povo". Em um artigo intitulado "Em meio ao colapso
financeiro surge a nova onda Barack Obama" onde destacávamos que "Mais
uma vez a esquerda reformista cai no conto da ala democrática do imperialismo
ianque" explicamos porque precisavam de um Lula ianque. Durante uma recessão já instalada, mas ainda
longe de seu pior momento, a miséria da população trabalhadora cresce como
nunca antes no país mais rico do planeta. Desde o início do ano de 2008, quase
um milhão de pessoas perderam o emprego no país. Sete mil moradores são
despejados por dia, 750 mil foram despejados de janeiro a setembro, podendo,
dentro desta cifra, chegar a um milhão. Quase 50 milhões de estadunidenses não
possuem plano de saúde e agora tem de escolher entre comer, pagar a moradia ou
comprar seus medicamentos. Diante deste quadro e apesar dele, Barack Obama deu
mais uma prova irrefutável de sua fidelidade aos grandes magnatas controladores
da economia mundial ao cerrar fileiras com Bush e McCain para aprovar todas as
medidas de premiação dos especuladores que atingem a marca dos trilhões de
dólares. O próprio Obama já tratou de avisar aos mais incautos que a crise fará
reavaliar as metas de seu então nebuloso plano de governo que prometia reduzir os
impostos, criar empregos, investir em programas assistencialistas e ampliar o
sistema de saúde para os mais pobres.
Obama, como presidente dos EUA foi, de fato, responsável
pelo governo do planeta, dado ao controle da economia mundial pelo
imperialismo. Nos EUA e em todo o mundo as massas foram duramente castigadas
por esta crise e obrigadas a baterem-se pelos suas mais elementares condições
de vida. A pergunta que se fez à época
foi como um negro foi eleito presidente no país mais racista do planeta, onde
os negros são 13% da população e 60% dos presidiários? Ou como pode um país que
elegeu Bush por duas vezes e depois eleger Obama, levando em conta o sistema eleitoral
fraudulento ianque? A pergunta foi: como, em meio à crise financeira mundial
iniciada em 2007, o imperialismo poderia redobrar a exploração e opressão
imperialistas mundiais diante da deterioração acelerada da situação da classe
trabalhadora nos EUA e do crescente ódio dos povos oprimidos contra o
imperialismo ianque? Obama não apareceu como uma alternativa do imperialismo,
mas como a única alternativa imperialista possível. O plano populista de Obama
foi uma ação preventiva do imperialismo diante de sua própria crise financeira.
O grande capital não poderia obrigar as massas a pagarem a altíssima conta da
crise mundial sem aprofundar a exploração e a opressão do proletariado do
planeta. Para tanto, foi preciso criar uma imensa expectativa de mudança na
classe trabalhadora dos EUA e nos povos oprimidos do planeta em relação à era
Bush - e seus sucessores republicanos da chapa de extrema direita militar e
religiosa de McCain/Palin - e também em relação a um governo democrata
tradicional capitaneado pelo clã dos Clinton. O senador negro cumpriu com
maestria este papel...mas agora irá assumir Trump com uma linha ainda mais racista e xenófoba no terreno interno.
Obama foi um investimento da classe dominante. Teve a campanha mais cara de
todas as campanhas presidenciais já realizadas no planeta. Ele recebeu o apoio
dos trilhardários especuladores de Wall Street, do lobby sionista representado
pela AIPAC, da grande mídia, da indústria do entretenimento e os democratas
deverão ter maioria nas duas Casas do Congresso. Em outras palavras, dispôs de
um capital político junto às massas estadunidenses, à grande burguesia mundial
e aos governos da quase totalidade das nações do planeta para dar a saída
imperialista para a crise financeira, resguardando a condição hegemônica dos
EUA no plano militar e econômico.
As demandas da crise financeira mundial encurtaram a
lua-de-mel de Obama com seus eleitores e apoiadores nos EUA e fora dele,
crentes nas mudanças. Antes mesmo de sua posse denunciamos que suas mudanças seriam pior em relação até
o próprio governo dos neoconservadores republicanos. Roosevelt só curou as
feridas do crash de 1929 na economia ianque e fez o país dar um salto de
qualidade para primeira potência mundial com a II Guerra. E o principal fator
propulsor a que Bush desencadeasse sua política belicista contra os povos
oprimidos foram as demandas da crise de 2000-2001 que levou à lona a tão propalada
nova economia que teve seu apogeu no governo Clinton. É certo que os vínculos
mais estreitos entre a antiga administração da Casa Branca (Bush) e o complexo militar
industrial facilitaram os trâmites, mas já não é segredo para nenhum eleitor de
Obama hoje que o democrata aumentou e expandiu a ofensiva militar imperialista a
partir do Afeganistão, basta ver a realidade na Síria, Líbia... O senador de Illinois estimulou a guerra. Como ele
próprio já declarou, ainda como candidato, foi mais pragmático que Bush. O
próprio Pentágono antes dele assumir há 08 anos como ensaio e como modelo de
transição para o novo mandatário, por em curso uma escalada crescente de
ataques a aldeias miseráveis, redutos da resistência antiimperialista já
organizada ou não, e escaramuças fronteiriças e sem aviso prévio à Síria e ao
Paquistão.
Não tardou muito e logo as promessas eleitorais da campanha
presidencial dos EUA por aliviar a crise social (habitação, salários, saúde,
pauperização das classes médias) no âmbito interno, e de retomar a política de
"boa vizinhança" no externo, forma simplesmente abandonadas e o
candidato da mudança recorreu ao tacão de ferro para conservar o domínio ianque
sobre o mundo. Obama reciclou medidas fascistóides de Bush como o "Ato
Patriota" para impor ao proletariado estadunidense a conta pela socialização
dos custos da crise. Investir na guerra foi a saída imperialista para o crash
financeiro. O novo mandatário, a exemplo do que efetivamente possibilitou a
recuperação do país na crise dos anos 30 e em todas subseqüentes, investiu
ainda mais nas forças destrutivas. Como também é evidente que a
"recuperação" requereu uma ofensiva belicista e uma repressão interna
nos EUA correspondente à diferença das crises de 2000-2003 e 2008.
Os primeiros a sentir o porrete da nova situação de
fascistização dos EUA foram os trabalhadores latinos ilegais, perseguidos pela
xenofobia crescente e seguramente responsabilizados pela crise cada vez que ela
se assenta mais, apesar de já serem o setor mais explorado da sociedade ianque.
Por mais estupidificada que esteja por suas direções sindicais e políticas
pró-establishment, as massas estadunidenses forma as ruas contra os despejos,
as demissões e os crimes rascistas. Mas sem livrar-se da influência ideológica
do imperialismo democrata o proletariado não conseguirá evitar a catástrofe que
o ameaça. Para isto tem que superar as ilusões burguesas nas candidaturas
marginais do imperialismo que foram representadas nas seguidas por Ralph Nader,
Cynthia McKinney e mais recentemente Bernnie Sanders.