"BIG BROTHER BRASIL", A MAIS RECENTE EDIÇÃO DO LIXO
GLOBAL: UMA ANÁLISE MARXISTA PARA ALÉM DO "ESPETÁCULO" TELEVISIVO
Com o recente lançamento da 17ª edição do “Big Brother
Brasil” (BBB), pelo império das comunicações da Famiglia Marinho, é muito
comum por parte da “intelectualidade progressista” da esquerda acadêmica
ouvirmos uma crítica ao programa televisivo em si mesmo, ou seja, as
tradicionais baixarias belicosas existentes entre a disputa dos “Brothers”, os
corpos "sarados" mostrados como uma mercadoria “top line”, a
microrrede de intrigas que permeia a “casa”, em resumo existe uma rejeição ao
conjunto do lixo "dramático" exibido no horário mais nobre da Rede
Globo. Mas, pouco se elabora acerca de uma questão bem mais profunda da
conjuntura humana atual: A “bigbrotherização” vigente na era virtual das
próprias relações humanas, produto de um “mundo sem ideologia ” após a
contrarrevolucionária “queda do Muro” de Berlim , onde o pragmatismo mercantil
do “levar vantagem” pisando no pescoço do semelhante é a tônica da existência
social determinada pelo capital . A ausência de uma crítica marxista mais
profunda sobre a dinâmica social deste “espetáculo” global, revela a perda de
referências ideológicas de uma esquerda “pós-moderna”, completamente integrada
aos valores da ordem política e cultural da burguesia decadente e corrupta,
onde as redes sociais representam a expressão mais concentrada deste fenômeno.
A nova edição do “Big Brother”, agora sem a apresentação do
"intelectual" corrupto Pedro Bial, significa mais um bombardeio
ideológico sobre as massas proletárias no país. Ou seja, mesmo com tendência de
queda de audiência em relação a edições anteriores, são milhões de espectadores
que assistem ao famigerado “espetáculo”. Aqui, não cabe uma análise moral do
"politicamente correto" acerca do que representam os aspectos
comportamentais dos participantes. O marxismo revolucionário, ao contrário,
deve abarcar em um mesmo contexto os aspectos materiais e históricos da
contemporaneidade e não como uma simbologia vazia (a exemplo do que
“sociólogos” e “psicólogos” a serviço do capital costumam fazer de forma
deturpada) voltados para ressaltar em suma os pontos “positivos” e “negativos”
do programa global que inferiu no comportamento da juventude sem o
"sonho"de um novo mundo.
A disseminação em nível global dos chamados “reality shows”
não apareceu como um raio em céu de brigadeiro. Faz parte de todo um processo
de estupidificação das massas dirigido pelo imperialismo, como consequência
imediata da queda do Muro de Berlim e o fim das conquistas operárias da antiga
URSS, marcando a expansão do chamado “neoliberalismo” em nível mundial. Uma
população “idiotizada” é muito mais fácil de ser dominada e explorada. Tanto é
verdade que o gênero começou a fazer “sucesso” a partir de 1989 (nos EUA
começou com “Cops”, “Tiras, Polícia”. O nome já diz tudo)! No Brasil o elemento
essencialmente político também não foi obra do acaso, faz parte de uma
estratégia de longo alcance elaborada desde os porões do Pentágono. Aconteceu
pouco depois dos “ataques” de 11 de Setembro de 2001, estreando em janeiro do
ano seguinte. Portanto o lixo "murdochiano" sob a patente mundial da
ENDEMOL poderia ser classificado como a versão social da ofensiva do
neoliberalismo econômico.
O gênero dos " reality" surgido em plena reação da
burguesia anticomunista dirigida pelos estrategistas da Casa Branca, no Brasil
ganha força durante a cruzada imperialista contra o “terrorismo” islâmico e a
ocupação do Afeganistão por parte dos “Falcões” de G. Bush. Neste sentido, por
trás dos bastidores está nada menos do que uma empresa multinacional que conta
com a associação da Rede Globo, a produtora de televisão Endemol, proprietária
dos direitos de exibição da marca “Big Brother”, cujo contrato expira somente
em... 2020! Até lá muito lixo eletrônico vai ser despejado no Brasil,
“formando” novos idiotas amantes do "espírito competitivo".
Muito além dos lucros que vão encher os bolsos da oligarquia
dos Marinhos, o ponto fulcral para todo militante Marxista Leninista, no que se
refere ao BBB, é o ideológico. Senão vejamos, no início, a produção do programa
deixava uma pequena margem para que um “brother” mais inteligente se destacasse
dos demais tipicamente “sem-cérebro”. Hoje esta possibilidade foi vetada pelo
diretor “Boninho”, já revelando um padrão social relativo ao recrudescimento do
retrocesso cultural e ideológico imposto pela mídia e o imperialismo sobre as
massas, principalmente a geração pós-queda do Muro de Berlim. Basta ver que os
principais participantes são modelos “sarados”, lutadores de Jiu-Jitsu, judô
etc. não raramente tatuados com suásticas nazistas e as mulheres com seus
corpos “perfeitos”, perdidas em sua futilidade como um produto de uma
“prateleira”. Em síntese, “mauricinhos” e “patricinhas” disputam entre si quem
leva a vantagem sobre o outro, não importando os meios, por mais belicosos que
sejam. O que impera, sobretudo, é a “lei da selva” de acordo com que impõe
atualmente o regime capitalista, em todos os níveis. A introdução no reality de
alguns personagens fora deste padrão de "modelo de academia" não
altera a perspectiva geral da fórmula do programa, foçada em
"vencedores" para o mercado publicitário.
Cabe, portanto, aos Marxistas afirmar a verdade por mais dura que seja. Hoje, a grande massa da classe trabalhadora vive sob a tutela alienada da tecnologia virtual, da farsesca mídia “murdochiana” que desgraçadamente disciplina a esquerda revisionista que apoia a manipulação para tirar alguns dividendos eleitorais, como a eleição do deputado BBB do PSOL Jean Wyllys. A televisão corporativa onde predominam as imagens ocas, as mensagens fragmentadas da publicidade, o celular "smartphone" , as redes antissociais como o “Facebook”, as telenovelas, em resumo , a sociedade atual tem como padrão o individualismo neoliberal e a superficialidade das relações, o culto ao “vazio”, principalmente entre a juventude, como expressão de uma época de barbárie cultural e ideológica ditada pelo Pentágono, não havendo mais espaço para uma manifestação cultural genuína, nem para a expressão do coletivo como elaboração humana. É preciso romper com este regime social bárbaro que o imperialismo nos impõe "goela abaixo", e esta tarefa só pode vingar através da construção do partido mundial da revolução socialista, a Quarta Internacional.