segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

"BIG BROTHER BRASIL", A MAIS RECENTE EDIÇÃO DO LIXO GLOBAL: UMA ANÁLISE MARXISTA PARA ALÉM DO "ESPETÁCULO" TELEVISIVO


Com o recente lançamento da 17ª edição do “Big Brother Brasil” (BBB), pelo império das comunicações da Famiglia Marinho, é muito comum por parte da “intelectualidade progressista” da esquerda acadêmica ouvirmos uma crítica ao programa televisivo em si mesmo, ou seja, as tradicionais baixarias belicosas existentes entre a disputa dos “Brothers”, os corpos "sarados" mostrados como uma mercadoria “top line”, a microrrede de intrigas que permeia a “casa”, em resumo existe uma rejeição ao conjunto do lixo "dramático" exibido no horário mais nobre da Rede Globo. Mas, pouco se elabora acerca de uma questão bem mais profunda da conjuntura humana atual: A “bigbrotherização” vigente na era virtual das próprias relações humanas, produto de um “mundo sem ideologia ” após a contrarrevolucionária “queda do Muro” de Berlim , onde o pragmatismo mercantil do “levar vantagem” pisando no pescoço do semelhante é a tônica da existência social determinada pelo capital . A ausência de uma crítica marxista mais profunda sobre a dinâmica social deste “espetáculo” global, revela a perda de referências ideológicas de uma esquerda “pós-moderna”, completamente integrada aos valores da ordem política e cultural da burguesia decadente e corrupta, onde as redes sociais representam a expressão mais concentrada deste fenômeno.

A nova edição do “Big Brother”, agora sem a apresentação do "intelectual" corrupto Pedro Bial, significa mais um bombardeio ideológico sobre as massas proletárias no país. Ou seja, mesmo com tendência de queda de audiência em relação a edições anteriores, são milhões de espectadores que assistem ao famigerado “espetáculo”. Aqui, não cabe uma análise moral do "politicamente correto" acerca do que representam os aspectos comportamentais dos participantes. O marxismo revolucionário, ao contrário, deve abarcar em um mesmo contexto os aspectos materiais e históricos da contemporaneidade e não como uma simbologia vazia (a exemplo do que “sociólogos” e “psicólogos” a serviço do capital costumam fazer de forma deturpada) voltados para ressaltar em suma os pontos “positivos” e “negativos” do programa global que inferiu no comportamento da juventude sem o "sonho"de um novo mundo.

A disseminação em nível global dos chamados “reality shows” não apareceu como um raio em céu de brigadeiro. Faz parte de todo um processo de estupidificação das massas dirigido pelo imperialismo, como consequência imediata da queda do Muro de Berlim e o fim das conquistas operárias da antiga URSS, marcando a expansão do chamado “neoliberalismo” em nível mundial. Uma população “idiotizada” é muito mais fácil de ser dominada e explorada. Tanto é verdade que o gênero começou a fazer “sucesso” a partir de 1989 (nos EUA começou com “Cops”, “Tiras, Polícia”. O nome já diz tudo)! No Brasil o elemento essencialmente político também não foi obra do acaso, faz parte de uma estratégia de longo alcance elaborada desde os porões do Pentágono. Aconteceu pouco depois dos “ataques” de 11 de Setembro de 2001, estreando em janeiro do ano seguinte. Portanto o lixo "murdochiano" sob a patente mundial da ENDEMOL poderia ser classificado como a versão social da ofensiva do neoliberalismo econômico.

O gênero dos " reality" surgido em plena reação da burguesia anticomunista dirigida pelos estrategistas da Casa Branca, no Brasil ganha força durante a cruzada imperialista contra o “terrorismo” islâmico e a ocupação do Afeganistão por parte dos “Falcões” de G. Bush. Neste sentido, por trás dos bastidores está nada menos do que uma empresa multinacional que conta com a associação da Rede Globo, a produtora de televisão Endemol, proprietária dos direitos de exibição da marca “Big Brother”, cujo contrato expira somente em... 2020! Até lá muito lixo eletrônico vai ser despejado no Brasil, “formando” novos idiotas amantes do "espírito competitivo".

Muito além dos lucros que vão encher os bolsos da oligarquia dos Marinhos, o ponto fulcral para todo militante Marxista Leninista, no que se refere ao BBB, é o ideológico. Senão vejamos, no início, a produção do programa deixava uma pequena margem para que um “brother” mais inteligente se destacasse dos demais tipicamente “sem-cérebro”. Hoje esta possibilidade foi vetada pelo diretor “Boninho”, já revelando um padrão social relativo ao recrudescimento do retrocesso cultural e ideológico imposto pela mídia e o imperialismo sobre as massas, principalmente a geração pós-queda do Muro de Berlim. Basta ver que os principais participantes são modelos “sarados”, lutadores de Jiu-Jitsu, judô etc. não raramente tatuados com suásticas nazistas e as mulheres com seus corpos “perfeitos”, perdidas em sua futilidade como um produto de uma “prateleira”. Em síntese, “mauricinhos” e “patricinhas” disputam entre si quem leva a vantagem sobre o outro, não importando os meios, por mais belicosos que sejam. O que impera, sobretudo, é a “lei da selva” de acordo com que impõe atualmente o regime capitalista, em todos os níveis. A introdução no reality de alguns personagens fora deste padrão de "modelo de academia" não altera a perspectiva geral da fórmula do programa, foçada em "vencedores" para o mercado publicitário.

Cabe, portanto, aos Marxistas afirmar a verdade por mais dura que seja. Hoje, a grande massa da classe trabalhadora vive sob a tutela alienada da tecnologia virtual, da farsesca mídia “murdochiana” que desgraçadamente disciplina a esquerda revisionista que apoia a manipulação para tirar alguns dividendos eleitorais, como a eleição do deputado BBB do PSOL Jean Wyllys. A televisão corporativa onde predominam as imagens ocas, as mensagens fragmentadas da publicidade, o celular "smartphone" , as redes antissociais como o “Facebook”, as telenovelas, em resumo , a sociedade atual tem como padrão o individualismo neoliberal e a superficialidade das relações, o culto ao “vazio”, principalmente entre a juventude, como expressão de uma época de barbárie cultural e ideológica ditada pelo Pentágono, não havendo mais espaço para uma manifestação cultural genuína, nem para a expressão do coletivo como elaboração humana. É preciso romper com este regime social bárbaro que o imperialismo nos impõe "goela abaixo", e esta tarefa só pode vingar através da construção do partido mundial da revolução socialista, a Quarta Internacional.