Como parte das homenagens a Lenin a LBI publica o prefácio
escrito em agosto de 1917 pelo Chefe Bolchevique ao livro de sua autoria “O
Estado e a Revolução”, obra magistral e visionária lançada às vésperas da
Revolução de Outubro para orientar o Partido na luta pelo poder, diante das
tarefas de destruição do Estado capitalista pelo proletariado e como parte do
combate teórico e político contras as tendências reformistas no seio da classe
operária. A LBI relançou recentemente o livro “Estado e a Revolução” em
parceria com a Editora Nova Antídoto, disponível para nossos leitores e
simpatizantes!
O ESTADO E A REVOLUÇÃO
LENIN – Prefácio à 1ª Edição/Agosto de 1917
A questão do Estado assume, em nossos dias, particular
importância, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista política
prática. A guerra imperialista acelerou e avivou ao mais alto grau o processo
de transformação do capitalismo monopolizador em capitalismo monopolizador de
Estado. A monstruosa escravização dos trabalhadores pelo Estado, que se une
cada vez mais estreitamente aos onipotentes sindicatos capitalistas, atinge
proporções cada vez maiores. Os países mais adiantados se transformam (referimo-nos
à "retaguarda" desses países) em presídios militares para os
trabalhadores.
Os inauditos horrores e o flagelo de uma guerra interminável
tornam intolerável a situação das massas e aumentam a sua indignação. A
revolução proletária universal está em maturação e a questão das suas relações
com o Estado adquire, praticamente, um caráter de atualidade.
Os elementos de oportunismo, acumulados durante dezenas de
anos de relativa paz criaram a corrente de social-patriotismo que predomina nos
partidos socialistas oficiais do mundo inteiro. Essa corrente (Plekhanov,
Potressov, Brechkovskaia, Rubanovitch e, depois, sob uma forma ligeiramente
velada, os srs. Tseretelli, Tchernov & Cia., na Rússia; Scheidemann,
Legien, David e outros, na Alemanha; Renaudel, Guesde, Vandervelde, na França e
na Bélgica, Hyndman e os fabianos, na Inglaterra, etc., etc.). Essa corrente,
socialista em palavras, mas patrioteira em ação, se caracteriza por uma baixa e
servil adaptação dos "chefes socialistas" aos interesses não só de
''sua" própria burguesia nacional, como também do "seu" próprio
Estado, pois a maior parte das chamadas grandes potências exploram e
escravizam, há muito tempo, várias nacionalidades pequenas e fracas. Ora, a
guerra imperialista não tem outra coisa em vista sendo a partilha, a divisão
dessa espécie de despojo. A luta das massas trabalhadoras, para se libertarem
da influência da burguesia em geral e da burguesia imperialista em particular,
é impossível sem uma luta contra os preconceitos oportunistas em relação ao
"Estado''.
Primeiro, passemos em revista a doutrina de Marx e Engels
sobre o Estado, detendo-nos mais demoradamente nos pontos esquecidos ou
desvirtuados pelo oportunismo. Em seguida, estudaremos especialmente o
representante mais autorizado dessas doutrinas desvirtuadas, Karl Kautsky, o
chefe mais conhecido dessa II Internacional (1889-1914) que tão tristemente
faliu durante a guerra atual. Finalmente, traremos os principais ensinamentos
da experiência das revoluções russas de 1905, e, principalmente, de 1917, Esta
última, no momento presente (princípios de agosto de 1917), entra visivelmente
no fim de sua primeira fase, mas toda esta revolução só pode ser encarada
como um anel na cadeia de revoluções proletárias socialistas provocadas pela
guerra imperialista. A questão das relações entre a revolução socialista do
proletariado e o Estado adquire, por conseguinte, não só uma significação
política prática, mas também um caráter de palpitante atualidade, pois fará as
massas compreenderem o que devem fazer para se libertarem do jugo capitalista
em futuro próximo.