TREZE ANOS APÓS O ENVENENAMENTO DE ARAFAT: DIRIGENTE DA OLP
FOI ENVENENADO PARA ENFRAQUECER A RESISTÊNCIA PALESTINA ABRINDO CAMINHO PARA O
HAMAS APOIAR O EI CONTRA O NACIONALISMO ÁRABE
Em 2004, sob um intenso bombardeio diário durante dois anos
de cerco por Israel em Muqata (na sede da ANP onde o dirigente palestino estava
confinado), Arafat começou a passar mal em 11 de outubro após um jantar. Um mês
depois viria a falecer em um hospital na França. Em uma entrevista o então
primeiro-ministro carniceiro Ariel Sharon chegou a afirmar sem qualquer receio
“que se arrependia de não ter eliminado Arafat durante a invasão do Líbano em
1982”. Arafat vinha atuando como colaborador do imperialismo até a sua morte, cujos
Acordos de Oslo e de Hebron são a consequência das traições do líder palestino.
Precisamente por estes “serviços” prestados, o finado Shimon Perez então
presidente de Israel, afirmou que Arafat era “útil”, e “que era possível
negociar com ele. Sem ele, foi muito mais complicado. Com quem mais teríamos
fechado os acordos de Oslo?”. Os acordos de Oslo efetivados sob a batuta de
Clinton em 1993 tiveram como objetivo deter a onda de massas de revolta
palestina reaberta com a primeira Intifada desde 1987. A Arafat coube a
orientação contrarrevolucionária de iludir as massas palestinas que aceitava a
existência do Estado sionista em troca da promessa da criação de um fictício
estado autônomo palestino, restrito a uma reduzidíssima faixa do território
histórico, com pouco mais de dois mil km2do total dos vinte e sete mil km2
rapinados pelo sionismo, reduzido às terras mais áridas e sem acesso ao mar,
onde 70% da população palestina vive na extrema miséria. Como “beneplácito” do
sionismo, foi criada a “Autoridade Nacional Palestina”, uma espécie de polícia
política contra o próprio povo palestino que se enfrenta com o enclave
sionista. No final, Arafat subordinou a heroica e histórica luta palestina aos
interesses do imperialismo e das burguesias árabes a fim de “estabilizar” a
conjuntura política de revoltas em nome dos “bons negócios” capitalistas na
região. Porém o peso da traição da OLP pesou na Faixa de Gaza e a própria ANP
foi derrotada pelo Hamas que tomou o controle político e militar da região.
Depois do assassinato de Arafat, em 2006 Mahmoud Abbas foi
eleito presidente da ANP na condição de interlocutor de confiança do
imperialismo e do enclave sionista. A partir de então a OLP encontra-se
dividida em vários bandos e camarilhas corrompidas politicamente até a medula
fechando assim um ciclo da farsa pretensamente democrática montada no
território palestino, na verdade fazendo com que a ANP seja apenas um
gerente-capacho dos verdadeiros bantustões cercados pelo exército israelense.
Nestes territórios, o Conselho Nacional Palestino, uma espécie de parlamento
simbólico controlado pela já degenerada OLP, já não tinha qualquer autonomia
frente às forças militares e ao próprio Estado sionista, todas as decisões
tomadas pela ANP são submetidas a Israel, que impede os palestinos de ter os
mais elementares direitos soberanos, como o acesso à água, a utilização do solo
e subsolo, o uso de seu espaço aéreo e do mar, a exploração de atividades
comerciais, etc. Como se pode ver, enquanto Arafat se mostrava “útil” aos interesses
ianques em razão de sua imensa autoridade perante o povo palestino o
imperialismo manteve-o vivo, mas era necessário eliminar os todos os resquícios
que lembrasse a luta de resistência heróica e criar uma nova anturragem dócil
formada no seio da ANP e cimentada na existência dos “dois estados”, única
condição que o imperialismo concebe para a Palestina: de um lado a máquina de
guerra sionista e de outro o “Estado bantustão”. Desta forma, a cada nova
rodada de “negociações” entre a ANP de Abbas, o imperialismo e os sionistas
exigem maiores concessões e capitulações dos dirigentes palestinos,
materializadas no não retorno dos refugiados e o controle político e militar
total de Jerusalém, enquanto os sionistas avançavam com a edificação de novas
colônias judias-ortodoxas nas áreas pretensamente autônomas controladas pela
ANP e respondem a revolta palestina com novos e sangrentos genocídios da
população civil.
Hoje a resistência palestina está completamente fragmentada,
não só a OLP foi cooptada, setores do Hamas também vem se aproximando do
imperialismo e do sionismo via a colaboração da Irmandade Muçulmana (IM) e
também de grupos terroristas, paridos da chamada “revolução árabe”. No Egito,
por exemplo, antes do golpe de Estado, Mursi havia rompido relações com a Síria
e apoiava a intervenção militar contra o regime nacionalista de Assad. Mas da
mesma forma como ocorreu com Arafat, a corrompida IM foi "rifada"
mesmo após se mostrar aberta a colaborar com a Casa Branca e Israel. Os
Marxistas Revolucionários apontam uma saída de ruptura integral com o
Imperialismo e seus agentes, sejam sionistas ou muçulmanos: diante do grau
extremo de opressão imperialista no Oriente Médio, principalmente na Palestina
e contra a utopia reacionária da existência dos “dois Estados” acordados pela
burocracia corrupta da ANP, a única alternativa que poderá dar uma resolução
cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as
massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos é a defesa de uma
Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos ,
judeus e árabes. As massas insurretas somente poderão impor suas reivindicações
democráticas diante da opressão imperialista e do sionismo através de uma luta
de caráter abertamente anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o
oposto do que a esquerda revisionista denominou como sua a “Primavera Árabe”,
na realidade uma operação política conduzida pelo Pentágono para derrocar os
regimes nacionalistas árabes. A justa aspiração do povo palestino pela sua
pátria, a retomada de seu território histórico e a edificação de seu Estado
nacional apenas podem ser alcançados ligando as tarefas democráticas pendentes
com a luta pela revolução social, o que também passa pela superação política e
programática da orientação contrarrevolucionária da ANP e do Hamas. Somente a
expropriação do grande capital sionista e a destruição do Estado nazi-sionista
de Israel garantirá a reconstrução da Palestina sobre novas bases, em uma
sociedade de novo tipo, socialista, trazendo para seu povo o progresso e a paz
tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista.