A MILÍCIA OPERÁRIA E SEUS ADVERSÁRIOS
O Blog da LBI publica o brilhante texto de Trotsky “A Milícia Operária
e Seus Adversários” que foi escrito como parte do livro “Aonde Vai a França?”
de 1936. Este artigo analisa a importância da autodefesa armada dos
trabalhadores frente ao avanço da reação fascista na França dos anos 1930,
governada pela Frente Popular (PS, PC e o Partido Radical
pequeno-burguês) acossado pela reação burguesa. Sob o comando de Leon Blum e diante da pressão da burguesia,
os socialistas e o stalinismo negam-se a construir milícias operárias e os comitês
de auto-defesa. O texto trás para debate atual no Brasil, diante do
recrudescimento do regime político em crise, a questão da necessidade de que em cada
greve ou manifestação se publicite a formação de destacamentos armados do
proletariado e da juventude, o oposto do que defendem grupos revisionistas como
o MRT, MAIS e mesmo o PSTU, que apenas reivindicam o “direito de manifestar
e defender-se”. Como pontua Trotsky esse grupos centristas até falam em “autodefesa das
massas”, porém não chamam a formação e a organização de milícias armadas pelos
sindicatos e as organizações de esquerda, questionando a inutilidade dessa
suposta “auto-defesa” sem organização de combate, sem quadros especializados e
sem armas. Ele também polemiza com a tese, muito presente hoje na “esquerda” brasileira, que
organizar milícias seria uma “provocação” ao governo burguês e aos fascistas,
ironizando aqueles grupos que se resumem a “contestar filosoficamente” para
combater “ideologicamente” a repressão burguesa. Por fim, nesse artigo genial o
velho Bolchevique analisa que esse pacifismo do PS e do PC está a serviço da
formação e manutenção de um governo de colaboração de classes, reformista, algo muito
similar o que defendem PT, PSOL, PCdoB e seus satélites revisionistas com o
chamado pelas “Diretas Já” ou mesmo “Constituinte com Eleições Gerais”.
Para poder lutar, é preciso conservar e reforçar os
instrumentos e meios de luta: as organizações, a imprensa, as reuniões, etc. O
fascismo os ameaça, direta ou indiretamente. Ainda é muito fraco para lançar-se
à luta direta pelo poder; mas é bastante forte para tentar abater as
organizações operárias, pedaço a pedaço, para temperar seus grupos nesses
ataques, para semear nas fileiras operárias o desalento e a falta de confiança
em suas próprias forças. Mais que isso, o fascismo encontra auxiliares
inconscientes em todos aqueles que dizem que a "luta física" é
inadmissível e sem esperanças, e que reclamam de Doumergue o desarmamento de
seus guardas fascistas. Nada é tão perigoso para o proletariado, especialmente
nas condições atuais, que o veneno açucarado das falsas esperanças. Nada
aumenta tanto a insolência dos fascistas quanto o brando "pacifismo"
das organizações operárias. Nada destrói tanto a confiança das classes médias
no proletariado quanto a passividade expectante, a ausência de vontade para a
luta.