Em lembrança ao 8º aniversário de morte do histórico
dirigente Trotskista boliviano Guillermo Lora (morto em 17 de maio de 2009) o
Blog da LBI reproduz um artigo elaborado em 2011 sobre as vergonhosas posições
assumidas pela TPOR durante o covarde ataque da coalizão imperialista contra a
Líbia. Com a morte de Lora seus seguidores revisionistas no Brasil parecem ter
"esquecido" uma das principais lições de seu legado político: a
Frente Única Anti-imperialista. A TPOR (corrente Lorista no Brasil) não teve o
menor escrúpulo ao se aliar a grande "família" revisionista (PSTU,
PCO, LER/ MRT,etc.) para objetivamente apoiar o bombardeio da OTAN sobre a
nação oprimida, em nome de uma suposta "luta de massas" em oposição
ao "ditador" Kadaffi. Negando visceralmente a teoria Leninista acerca
da centralidade do combate anti-imperialista, a TPOR coloca na lata do lixo da
História este princípio programático que deve reger a intervenção dos genuínos
trotsquistas na luta de classes em nível mundial. Por este gravíssimo erro os revisionistas
da TPOR hoje "repetem a dose" da traição de classe quando se negam a
estabelecer integralmente a Frente Única Anti-imperialista na Síria, ameaçada
pelas provocações bélicas do imperialismo ianque.
COM A MORTE DE GUILHERME LORA, O TPOR (BRASIL) PERDE DE VEZ
O FIO E O PRUMO DO PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO
(ARTIGO PUBLICADO NO SITE DA LBI EM 2011)
Nos últimos dias os prognósticos para a crise na Líbia por
nós levantados vêm tragicamente se confirmando. As pressões políticas e
militares do imperialismo sobre o governo líbio com a criação de uma “zona de
exclusão aérea” e o deslocamento de navios anfíbios de guerra com centenas de
fuzileiros à bordo através do Canal de Suez rumo ao Mediterrâneo para atracar no
litoral de Trípoli são típicas ameaças de uma guerra de ocupação. Mas o fato
que mais revelou o embuste da tal “revolução Líbia” pelo seu conteúdo político
reacionário foi o pedido feito pelos “rebeldes” de ajuda à ONU para que esta
autorize uma operação militar da OTAN para bombardear as tropas leais a
Kadaffi. Os “gloriosos” insurgentes pró-democracia especificaram ainda que não
era o momento de uma invasão por terra e que agradeciam a restrição aérea
monitorada pela OTAN. Aqui se dissolvem como sorvete ao sol as delirantes teses
da esquerda revisionista, a qual o POR brasileiro integrou-se sem pudores,
segundo as quais o imperialismo ianque teria adotado a estratégia de “ajudar”
Kadaffi a derrotar a “revolução democrática”.
Os “rebeldes” da oposição reacionária, remanescentes da
antiga Líbia monárquica que estão à cabeça dos protestos, estão clamando junto
ao Conselho de Segurança da ONU para que este antro de bandidos autorize
bombardeio sobre locais estratégicos nos quais Kadaffi ainda exerce hegemonia e
controle militar. O clamor partiu do porta-voz da oposição, Abdelhaflz Hoga, em
Benghazi, afirmando que “a ajuda viria como um ataque aéreo estratégico” (Folha
de S.Paulo, 2/3/11). Outro dirigente da coalizão anti-Kadaffi e pró-ocidente,
Mustafa Gheriani, confirma o pedido macabro: “nós provavelmente iremos pedir
ajuda externa, possivelmente bombardeios aéreos em locais estratégicos para
colocar o prego no caixão dele [Kadaffi]” (idem) e, como conclusão lógica,
levar a população líbia a um banho de sangue.
Vejamos o que afirma categoricamente o POR em seu
“manifesto” do dia 1 de março de 2011: “A intervenção do imperialismo não põe
em risco o regime de Kadafi, mas sim à revolução”. Esta é uma avaliação que
bate a cabeça frontalmente com a parede da realidade! Os ditos
“revolucionários” que têm como QG a cidade de Benghazi – sede das
multinacionais petrolíferas - e cuja expressão é o “Comitê da Liberdade e
Justiça” financiado pela CIA, são os que querem a restauração monarquista
pró-ocidente e espalham este programa político pelo resto do país disseminado
por ONGs e entidades de “direitos humanos” promovidas pela Casa Branca. Pior,
são os critérios dos loristas brasileiros agora órfãos, quanto ao que fazer:
propõem a consecução de uma “Frente Única Antiimperialista” com estes setores
ligados a Washington! Quem sabe a frente única antiimperialista do POR pudesse
até ser encabeçada provisoriamente pela senhora Clinton até que os revoltosos
encontrassem uma liderança capaz de substituir Kadaffi.
Como temos analisado, o Lorismo brasileiro, com a morte de
seu dirigente internacional, perdeu completamente o rumo e, órfão de seu matriz
programático, está sem um fio condutor. Sem eixo programático, navegam na
direção para onde sopram os ventos da opinião pública burguesa e copiam
acriticamente as posições farsescas e oportunistas do morenismo. Em resumo, são
reféns dos informes tendenciosos das agências de notícias e de todo o arco da
esquerda revisionista do trotskismo que faz todo um malabarismo teórico para
justificar suas posições pró-imperialistas expressas na consigna da LIT que
defende “a mais ampla unidade de ação de todos os setores” (a LIT, OTAN, ONU,
monarquistas...) em prol da “revolução” made in USA. Com “aliados” deste
quilate fica mais fácil “ajudar” os “revoltosos” desfraldarem a bandeira da
monarquia nos territórios tomados de Kadaffi. Um verdadeiro e criminoso
desserviço para a consciência de classe do proletariado em nível mundial!
Contra esta maré pró-imperialista cabe aos marxistas
revolucionários convocar a formação de uma frente única militar contra a
intervenção imperialista, apoiada pelos “rebelados”, sem depositar nenhuma
confiança e com total independência em relação ao governo nacionalista burguês
de Kadaffi.
Os Trotskistas não têm dúvidas de que lado ficar em um
conflito desta dimensão. O velho mestre, Trotsky, nos apontava o caminho com
muita clareza e sem malabares políticos acerca de que lado estariam os
revolucionários no caso de uma possível invasão de um país semicolonial pelo
imperialismo: “Existe atualmente no Brasil um regime semi-fascista que qualquer
revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a
Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de lado
que do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria
do lado do Brasil ‘fascista’ contra a Inglaterra ‘democrática’. Por que? Porque
o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo.
Se a Inglaterra triunfasse ela colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro e
fortaleceria o controle sobre o Brasil. No caso contrário, se o Brasil
triunfasse, isso daria um poderoso impulso à consciência nacional e democrática
do país e levaria à derrubada da ditadura de Vargas. A derrota da Inglaterra,
ao mesmo tempo, representaria um duro golpe para o imperialismo britânico e
daria um grande impulso ao movimento revolucionário do proletariado inglês. É
preciso não ter nada na cabeça para reduzir os antagonismos mundiais e os
conflitos militares à luta entre o fascismo e a democracia. É preciso saber
distinguir os exploradores, os escravagistas e os ladrões por trás de qualquer
máscara que eles utilizem!” (Entrevista com Leon Trotsky, Mateo Fossa,
23/9/1938).
Assim, em contraposição àqueles que perderam o fio condutor
da História, os Marxistas Revolucionários sem vacilar devem se colocar na
defesa incondicional da nação síria perante a iminente ocupação do país pelas
assassinas tropas da OTAN.