GOVERNOS DO PT E O GOLPISTA TEMER OCUPAM HÁ 13 ANOS O HAITI:
FORA O IMPERIALISMO E SEUS GOVERNOS LACAIOS DA ILHA NEGRA!
No início do próximo mês de junho completa-se 13 anos da
ocupação do Haiti (12 anos sob gestões do PT e 1 sob o golpista Temer), data da
chegada das tropas da missão de “paz” da ONU (Minustah) comandadas pelo governo
brasileiro. O Haiti foi o primeiro país das Américas a abolir a escravidão e
hoje é escravizado por seus pares colonialistas do continente. No período de
2004 até hoje ficou constatado que grandes empresas norte-americanas,
canadenses e franceses exploram a mão de obra haitiana para produção têxtil,
pagando em média R$ 10 por dia nas zonas francas implementadas no país após o
golpe de estado patrocinado pelo imperialismo ianque. As consequências desta
investida neocolonialista são evidentes: a migração em massa dos haitianos que
não suportam essa situação ou a revolta dos que ficam. Para conter essa
insatisfação popular, as tropas de “estabilização” da ONU comandadas pelo
exército do Brasil fazem o trabalho de brutal repressão, inclusive contra
greves e manifestações populares. O Conselho de Segurança da ONU aprovou em
outubro de 2014 a extensão da missão de ocupação do Haiti até o final de 2017.
A “recomendação” foi dada diretamente pelo então Secretário-Geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon, ventríloquo do Pentágono. O exército brasileiro continua a
frente do comando da Minustah até esta data. A decisão foi tomada por
unanimidade e contou com o apoio de todos os governos da centro-esquerda
burguesa latino-americana. Além de Lula e Dilma, já enviaram forças militares
ao país os governos Maduro, Evo Morales e Rafael Correa, em mais uma prova de
que arroubo “anti-imperialista” dos paladinos do “Socialismo do Século XXI” não
passa de um tênue nacionalismo para acomodar os interesses de suas burguesias
nativas junto ao imperialismo ianque. O Uruguai da Frente Ampla e a Argentina
de Macri também se somam a essa lista vergonhosa. A Casa Branca recorreu aos
seus aliados no continente justamente para que as tropas ianques estejam de
mãos livres para a ofensiva militar no Oriente Médio e na Ásia, mais particularmente
a agressão em curso no Afeganistão e Síria.
Os governos do Brasil e do Equador se prontificaram em
“ajudar” o Haiti a formar um novo Exército para substituir a força de paz da
ONU em sua missão de reprimir a população trabalhadora do país. Para isso,
firmaram parceria com o presidente do Haiti, Jocelerme Privert, que recebeu o
apoio de herdeiros de Papa Doc, mais particularmente de seu filho, Baby Doc. O
governo de Privert visa reconstituir o Exército com a ajuda da centro-esquerda
burguesa do continente. Tanto que o Ministério da Defesa do Brasil confirmou
que está preparado para “auxiliar” o Haiti em tudo que precisar para
restabelecer seu Exército, incluindo treinamento militar e engenharia: “O
Brasil vai prover todo o seu know-how para ajudar o Haiti a reerguer seu
Exército”, afirmou à Reuters um assessor do Ministério da Defesa. Esse know-how
é mesmo utilizado na ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelas FFAA para
reprimir a população pobre! Sandra Honoré, chefe da MINUSTAH, cinicamente declarou
que “Em 2004, quando a missão foi estabelecida, o Haiti encontrava-se em
profundo estado de instabilidade, caracterizado por turbulências políticas e
violência urbana – amplamente perpetrada por grupos armados. Nossa principal
missão era estabelecer um ambiente seguro, estável, incluindo o apoio ao
desenvolvimento e à profissionalização da Polícia Nacional Haitiana, ações para
restaurar e manter o domínio da lei e da segurança pública, assistência na
organização de eleições transparentes, promoção e proteção dos direitos
humanos” (BBC, abril/2014). A Casa Branca e a ONU, como no Iraque e no
Afeganistão, desejam empreender esforços internacionais para treinar e equipar
uma nova força policial, uma meta fundamental para a missão da ONU no Haiti,
com vista a liberar o máximo de seus assessores e estrategistas para uma
possível guerra contra o Irã e os conflitos com a Coréia do Norte.
Por outro lado, como afirmou Franck Seguy, que concluiu seu
doutorado na Unicamp, com a tese A catástrofe de janeiro de 2010, a
‘Internacional Comunitária’ e a recolonização do Haiti: “Hoje, a ocupação do
Haiti é terceirizada. Os países que têm tropas lá são todos periféricos em
relação aos Estados Unidos e ao imperialismo de um modo geral. Países como
Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile, Senegal, Burkina Faso,
Bangladesh, Iêmen, etc. Essa terceirização acontece militarmente e
economicamente porque as zonas francas que estão sendo implementadas no Haiti
são com empresas de países periféricos como Coréia do Sul e República Dominicana.
A produção, porém, é destinada ao mercado norte-americano a favor do seu
próprio capitalismo”. A continuidade da ocupação até outubro de 2017 foi
aprovada mesmo dias depois que a própria OIT foi forçada a reconhecer o que
todos já sabiam: a existência de sistema de trabalho forçado de crianças no
Haiti. Segundo a OIT, uma em cada 10 crianças haitianas trabalha em regime
forçado, o que na prática é um índice bem mais elevado que este. Com 225 mil
crianças que trabalham a custo quase zero para as empresas transnacionais
implantadas no país, o trabalho infantil sem qualquer direito é uma forma de
escravidão moderna capitalista e amplamente praticado no Haiti, crescendo após
o terremoto que matou mais de 200 mil pessoas na ilha. Estas trabalham em média
de 14 horas diárias e em muitos casos recebem maus tratos, que chegam à
exploração sexual pelos próprios soldados da ONU. Nos últimos dias foi
denunciada novamente uma série de abusos sexuais cometidos pelas tropas da ONU
no Haiti contra adolescentes da ilha negra ocupada. O contingente militar
protagoniza todos os dias torturas, chacinas, estupros, que a grande mídia
burguesa e a imprensa dos países invasores tratam de ocultar para manter a
fachada de pacificadores e justificá-las a pretexto de “perseguir gangues
mafiosas”. Esta é mais uma consequência da barbárie imposta pelas tropas
invasoras comandadas pelo exército brasileiro em um país devastado por
terremotos, doenças e fundamentalmente pela miséria social em decorrência da
recolonização imperialista. Já faz mais de 13 anos, desde junho de 2004, que as
tropas da ONU ocupam o país depois que o imperialismo ianque através dos seus
marineres impuseram a saída de Aristide via golpe de estado e mudam suas
marionetes a frente do governo fantoche, sendo os mais recentes o cantor Michel
Martelly e Jocelerme Privert ,ou seja, um “novo” presidente foi escolhido para
manter a velha dominação neocolonial.
Longe de apoiar a inócua política distracionista de pressão
sobre o Conselho de Segurança da ONU e de “sensibilizar” o governo golpista de
Temer e seus vizinhos “bolivarianos” a “retirar as tropas” é preciso fomentar
uma saída operária para a barbárie social imposta pelo imperialismo, a única
alternativa que pode evitar o agravamento das desgraças do país. Por isto, os
Marxistas Revolucionários apoiam a organização da resistência armada haitiana
pela derrota e expulsão das tropas invasoras, inclusive as brasileiras, uma vez
que a ONU e o imperialismo nunca cederão aos apelos piedosos “pela retirada das
tropas” como prega a esquerda reformista. Contra a tragédia capitalista
incrementada pelo terremoto, cólera, os estupros e a miséria social é
necessário que as massas da ilha organizem a resistência por uma nova expulsão
dos colonizadores responsáveis pela “moderna” escravidão assalariada imposta
pelo imperialismo através das tropas da ONU comandadas pelo exército
brasileiro.