HÁ CINCO ANOS ATRÁS PUTIN ASSUMIA UM NOVO MANDATO PARA
TENTAR RESSUSCITAR O ANTIGO NACIONALISMO RUSSO, ROMPENDO PARCIALMENTE COM A
CHAMADA "ERA YELTSIN"
Na segunda-feira, 07 de maio de 2012, tomava posse pela terceira vez como
presidente da Rússia Vladimir Putin. Dimitri Medvedev agora assumiria o cargo
de primeiro-ministro, um “troca-troca” seguro em que a burguesia
restauracionista russa tem o objetivo de tentar ressuscitar o antigo
nacionalismo russo, através de seu “homem forte” do governo central e do
parlamento fantoche. Putin assumiu pregando uma maior delimitação com o
imperialismo ianque e defendendo um acordo sobre o chamado “escudo antimísseis”
da OTAN. No momento de sua posse houveram manifestações contra a fraude
eleitoral que deu a vitória ao partido Rússia Unida, porém os protestos foram
protagonizados por setores ligados à oposição de direita patrocinada por
Washington, que deseja quebrar o ciclo contínuo de poder da camarilha burguesa "Putiniana" em
favor de um setor político totalmente entreguista e inofensivo ao imperialismo.
A "virada" da herança de completa subserviência a Casa Branca, marca
registrada da era Yeltsin, foi produto de um certo fortalecimento da economia
capitalista russa que na década passada assistiu o vertiginoso crescimento de
sua indústria de gás e petróleo, tornando- se praticamente a única fornecedora
de energia fóssil para toda a Europa. Com o "cofre cheio" a nova burguesia
russa se viu ameaçada com o apetite voraz do Pentágono que em pouco tempo
liquidou o regime nacionalista líbio, comandado historicamente pelo coronel
Kadafi. Diante da covarde agressão da OTAN a um país soberano como a Líbia,
Putin não moveu um único dedo em apoio a Kadafi, mas ficou em "estado de
alerta" porque sabia que o próximo
passo de Washington seria em direção a Ucrânia. Este cenário de ofensiva
imperialista fez ressurgir na Rússia uma geopolítica nacionalista e que hoje
funciona como uma barreira de contenção militar aos planos expansionistas da
OTAN em toda Ásia e Europa. O apoio que Moscou presta hoje ao regime de Assad
na Síria é uma espécie de "mea culpa" pelo desastre ocorrido na
Síria, mas também um movimento de preservação do que ainda restou da área de
influência militar russa no mundo. O neo-nacionalismo russo sob a direção de
Putin não tem nada a ver com uma suposta configuração imperialista do maior
país europeu, tem sim um caráter burguês mas está muito longe de uma expansão capitalista
para colonizar outras nações, como ocorreu com os EUA e mais remotamente com a
Inglaterra ou Alemanha. A Rússia não exporta capitais financeiros para outros
países e tampouco possui grandes empresas transnacionais, além do seu
gigantesco complexo de gás e petróleo, porém detém uma poderosa indústria
bélica, uma antiga herança soviética, que pode fazer "concorrência"
ao Pentágono e seus servis aliados. Somente os ignorantes na teoria Marxista
Leninista (revisionistas)caracterizam a Rússia restaurada como um país
imperialista, para justificar repetidos apoios prestados as agressões da OTAN
contra povos e regimes de países semicoloniais. Estrategicamente o imperialismo
ianque deseja se livrar do staff de ex-burocratas restauracionistas que
ajudaram a Casa Branca a liquidar as bases sociais do Estado operário soviético
na década de 90 e colocar no comando da Rússia figuras de sua inteira
confiança, que sequer se movimentem "defensivamente" como Putin. Mas
esse objetivo somente pode começar a ser alcançado de fato quando a Casa Branca
eliminar o regime iraniano e voltar suas baterias de forma mais concentrada
para Rússia e China. No meio do caminho desse plano neocolonialista está a
Síria... Nesse sentido, o apoio do imperialismo europeu as manifestações internas
contra Putin está voltado a pressionar seu governo diante da investida da Casa
Branca contra o Irã e a Síria. Trump deseja que a Rússia recue em seu apoio
militar a esses dois países, medida fundamental para que o imperialismo possa
impor seus interesses na região e avançar rumo a Ásia. A Rússia tem uma
importante base militar na Síria, porta-aviões estacionados na costa do país
além de ser parceira estratégica do programa nuclear iraniano. Somados estes
elementos a Rússia se opõe parcialmente à criação do sistema de defesa
antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para
neutralizar qualquer reação militar de Moscou a uma possível agressão
imperialista de Washington. A Casa
Branca e seu novo ocupante Trump, apesar da amizade pessoal com Putin, pretende
fazer da Rússia um apêndice militar do Pentágono, já que do ponto de vista
político desde a era Yeltsin o Kremlin vinha seguindo a Casa Branca em seus
passos de rapinas imperiais no planeta.
Não nutrimos a menor simpatia política pelos bandos
burgueses restauracionistas que se
instalaram no poder na Rússia desde a contra-revolução de agosto de 1991. Ao
contrário, nos postamos ao lado da ala da burocracia stalinista (Bando dos 8)
que tentou barrar a seu modo torpe esse processo então comandado por Boris
Yeltsin e depois levado adiante por Putin. Porém não apoiamos qualquer
“movimento popular" de fachada democrática patrocinado pelo Departamento
de Estado ianque que tenha como objetivo preparar as condições para defenestrar
Putin pelas mãos de uma ofensiva imperialista para impor um nome alinhado com a Casa Branca. Passados cem anos
da revolução Bolchevique a classe operária russa deve superar o setor burguês
nacionalista agrupado em torno da dupla
Putin-Medvedev (e também os fantoches "democráticos" do imperialismo)
preparando uma outra revolução social que faça da construção de uma nova Rússia
soviética uma realidade política concreta, erguendo um Estado operário e uma
economia planificada capaz de enfrentar a máquina que guerra do imperialismo
ianque em unidade com as ações de massas do proletariado mundial.