50 ANOS DA DERRUBADA DO AVIÃO DO EX-PRESIDENTE CASTELO
BRANCO PELA “LINHA DURA” MILITAR GOLPISTA: O QUE TEM EM COMUM OS “ACIDENTES
AÉREOS” QUE MATARAM TEORI ZAVASCKI, EDUARDO CAMPOS E CASTELO BRANCO, PRODUTO
DAS DISPUTAS INTERNAS MAFIOSAS NO SEIO DA CLASSE DOMINANTE?
Neste dia 18 de julho completa-se 50 anos do “acidente
aéreo” que matou o golpista Castelo Branco, primeiro presidente militar após a
deposição de João Goulart em 1964 ("eleito" indiretamente pelo
Congresso Nacional). Apesar de obviamente não prestarmos nenhuma solidariedade
póstuma ao cearense facínora que ajudou a impor a sanguinária ditadura militar
no Brasil, para os Marxistas Revolucionários é importante compreender as
circunstâncias que levaram a sua morte e compará-las com as que provocaram os
“acidentes” mais recentes (Teori Zavaski e Eduardo Campos). Estas “quedas de
aviões” também vitimaram burgueses que de alguma forma atrapalhavam os planos
estratégicos da classe dominante. Em todos os três casos tudo aponta para
acidentes “fabricados” por razões “estratégicas de estado”. Os Marxistas
Revolucionários da LBI não acreditamos na “ética” da burguesia, nem sequer
quando se trata de eliminar “um dos seus”. Denunciamos vigorosamente esses
assassinatos enquanto o conjunto das forças políticas fazem coro na legitimação
da farsa montada hoje e ontem. Essa crença abarca inclusive setores da esquerda
que juram sua fidelidade aos ritos sagrados da democracia capitalista, entendem
que a burguesia não ousaria ultrapassar os limites das “tradicionais” manobras
políticas existentes no “jogo do poder”, portanto conspirações e assassinatos
não poderiam fazer parte do “cardápio” das classes dominantes, como em geral
age o PSTU, PSOL e MAIS, etc. Esse arco revisionista segue deve até hoje
afirmar que o “acidente” aéreo que matou o general Castelo Branco, o primeiro
presidente do golpe militar, não passou de uma fatalidade e que somente “mentes
poluídas” poderiam afirmar a existência de uma tal “Operação Mosquito” contra
Jango. Crimes e assassinatos bem planejados são a especialidade da classe
dominante em momentos de crise aguda em seu seio. Mas em geral os “crentes” na
democracia dos ricos nos acusam de delírio, de estarmos acolhendo uma “Teoria
da Conspiração”. Esses senhores não tem uma compreensão do caráter golpista da
direita tupiniquim, capaz de “eliminar” sem o menor escrúpulo “lideranças
políticas burguesas indesejáveis”, como JK, Jango, Lacerda, Castelo Branco,
Tancredo Neves, Campos etc... No caso específico de Castelo Branco vale
destacar que o Marechal era inicialmente da ala de oficiais supostamente
“leais” a legalidade do governo (como Amaury Kruel) mas que diante da
polarização social logo se “unificaram” com os facínoras golpistas do quilate
de um Costa e Silva, dando aval completo ao golpe de 1964 fundamentalmente após
o Comício da Central do Brasil em março de 1964. Tanto que Castelo assumiu a
presidência prometendo eleições em 1965, o que de fato não ocorreu por pressão
da chamada “linha dura”. Essa trajetória conflituosa justificava por si só
plenamente a eliminação do militar cearense, o que veio a correr com o acidente
fatal aéreo de 50 anos atrás, seguido anos depois das mortes encomendadas de
Jango, Lacerda e Jk. As “investigações” apontaram como causa um erro do piloto
do bimotor do presidente golpista (que obviamente faleceu) que chocou-se com o
jato da FAB, a mesma falha pessoal indicada nos relatórios de Teori e Campos,
forjando-se inquéritos que não levaram a punição de ninguém nos três episódios.
No caso de Castelo, o relatório assinado pelo brigadeiro Araripe Macedo cheio
de falhas e lacunas foi aceito integralmente pela cúpula militar e como prêmio
o oficial tornou-se ministro da Aeronáutica nos governos de Médici e Geisel.
Vale registrar ainda que às vésperas de morrer Castelo Branco anunciou que iria
fazer um “pronunciamento à nação”. Ele tinha deixado a presidência em 15 de
março de 1967 e na disputa interna entre os militares foi forçado a passar o
comando do país para Costa e Silva, um adversário seu na caserna. Um
pronunciamento de Castelo contra Costa e Silva poderia rachar publicamente a
cúpula militar, abrindo caminho para uma aliança do Marechal como a ala civil
golpista (JK, Lacerda, Magalhães Pinto). Esse é o real motivo de sua morte. No
que diz respeito ao assassinato de Teori, enquanto a esquerda revisionista
adaptada e crédula ao regime da democracia dos ricos ficou em silêncio diante
do “acidente” que matou o ministro do STF Teoria Zavascki (no máximo atuando
como papagaios da mídia burguesa), alegando que não patrocina “Teorias da Conspiração”
e desprezando o real funcionamento mafioso do Estado burguês e suas gerências
de plantão, a LBI logo após a queda do avião apontou sem vacilar a ação como um
assassinato planejado por Temer e sua antourragem palaciana (Jucá, Moreira
Franco, Padilha, por “coincidência” os dois últimos ex-ministros da Aviação
Civil...) para controlar o conteúdo das delações da Odebrecht. No caso de
Eduardo Campos, a queda do moderno avião Cessna não foi produto de uma falha
humana ou mesmo de um problema mecânico ocasional, mas na verdade de uma
operação que teve as digitais da CIA para retirar o “socialista” da disputa a
fim de abrir caminho para que Marina Silva (a candidata preferencial dos
rentistas e do imperialismo ianque naquele momento), pudesse voltar a concorrer
ao Palácio do Planalto. De nossa parte não vemos nenhuma surpresa nestes
acontecimentos, as mortes de acidentes aéreos de desafetos políticos são
relativamente comuns. Por mais contraditório que possa parecer, os mais
“crédulos” no funcionamento das instituições “democráticas” deste bastardo
regime burguês são justamente as organizações da esquerda, incluindo neste bojo
as que se reivindicam “reformistas ou revolucionárias”. Enquanto neste país a
direita golpista conspira abertamente contra todos aqueles que “atravessem” seu
caminho, inimigos ideológicos ou não, a esquerda jura obediência à
institucionalidade, confiante na “probidade” de seus adversários mais
reacionário.
Segundo a versão oficial dos fatos, o Marechal Castello
Branco faleceu em um acidente aeronáutico, em uma aeronave do Governo do Estado
do Ceará, um Piper Aztec matriculado PP-ETT, no dia 18 de julho de 1967. A
aeronave que conduzia o ex-Presidente foi atingida na cauda pela ponta da asa
de um caça da Força Aérea Brasileira, um Lockheed TF-33, perdendo a deriva.
Depois de entrar em parafuso chato, o avião chocou-se com o solo e todas as
pessoas a bordo morreram, com exceção do co-piloto. Na manhã de 18 de julho,
Castello Branco saiu do sítio da escritora Rachel de Queiroz, sua amante, e
decolou de Quixadá para Fortaleza a bordo do Aztec cedido pelo Governo do
Ceará. Estavam a bordo do bimotor a escritora Alba Frota, o major Manuel
Nepomuceno, o irmão do Marechal, Cândido Castello Branco, o comandante Celso
Tinoco Chagas e o co-piloto Emílio Celso Chagas, filho do comandante. O tempo
estava bom, visibilidade praticamente ilimitada e nebulosidade insignificante.
O Aztec decolou do sítio de Rachel de Queiroz às 9 horas da manhã e voou em
cruzeiro no nível de voo visual 055 (cinco mil e quinhentos pés). Trinta
minutos depois, já durante a descida para Fortaleza, um jato de caça da FAB, um
TF-33 - FAB 4325, atingiu a deriva do Aztec, decepando-a. O jato perdeu o
tanque da ponta da asa, que curiosamente estava vazio, mas conseguiu retornar
em segurança para sua base. O Aztec, entretanto, perdeu o controle direcional e
entrou em parafuso chato, chocando-se com o solo de barriga, matando 5 das 6
pessoas a bordo, salvando-se o co-piloto Emílio Celso Chagas, que ficou,
entretanto, bastante ferido. Na ocasião do acidente, houve uma investigação,
que concluiu que o choque foi acidental, que ambas as aeronaves estavam em um
mesmo "corredor" em direção à Fortaleza, e que teria havido,
possivelmente, falha do controle de tráfego aéreo. E ficou por isso mesmo, já
que o Governo Federal, naquela época, controlava tudo com "mão de
ferro", censurando a imprensa e perseguindo a oposição burguesa e a
esquerda revolucionária. Embora a presença de caças nos céus do Ceará fossem
comuns, o tráfego civil era respeitado e os jatos mantinham separação visual
dos mesmos, como acontece até hoje. Mas o bimotor que levava Castello Branco
foi atingido na deriva com uma precisão "cirúrgica", com poucos danos
ao caça. As condições de visibilidade eram excelentes, dando condições ao
piloto do caça, o Tenente Alfredo Malan d'Dangrogne, de avistar perfeitamente o
tráfego à sua frente. Mesmo assim, ocorreu a colisão, o que revela que não se
tratava de um acidente, e sim de um atentado. Qual teria sido o motivo e a quem
interessaria a morte do golpista? Sobre isso não restam dúvidas, pois motivos
não faltavam. Castello Branco tinha deixado a presidência apenas 3 meses antes,
passando o poder para o Costa e Silva, representante da "linha dura"
do Exército. Na verdade, Castello Branco assumiu o governo prometendo devolver
o governo aos civis. Isso ia contra os interesses de outros generais, que
tencionavam se manter no poder sob a alegação de manter a paz e e ordem pública
e eliminar a ameaça comunista. Mesmo fora do governo, o Marechal Castello
Branco tinha uma considerável influência no Exército Brasileiro. Em resumo, a
presença de Castello Branco incomodava, e muito, os generais da "linha
dura" que pretendiam dar fôlego longo a ditadura, como de fato ocorreu. E
não haveria outro meio de meio desses generais se verem livres dele, senão
matando-o. A operação de resgate das vítimas do acidente foi desastrosa: os
oficiais e soldados da aeronáutica destroçaram o avião a machadadas e
carregaram as vítimas nas costas, sem qualquer técnica. Como estas tinham danos
na coluna vertebral pela posição de impacto, isso pode ter colaborado para
agravar seus ferimentos. O avião acidentado foi reconstruído e parcialmente
restaurado, e encontra-se hoje no quartel do 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza,
no Ceará. A deriva arrancada pelo caça jamais foi encontrada. O caça também foi
preservado e encontra-se hoje na Base Aérea de Fortaleza, como
"lembranças" distantes do acidente, que na verdade foi um ataque
fatal contra a vida de Castelo Branco para garantir a unidade interna dos
generais e consolidar a ditadura militar que durou 21 anos..., sendo hoje usado
na "democracia" o mesmo método para eliminar desafestos políticos no
interior da classe dominante.