segunda-feira, 10 de julho de 2017

RELATÓRIO DA DENÚNCIA CONTRA TEMER NA CCJ DA CÂMARA: SÉRGIO ZVEITER INICIA A TRANSIÇÃO PARA O GOVERNO RODRIGO MAIA... BURGUESIA ENCONTRA ENFIM UM NOME ULTRANEOLIBERAL DE CONSENSO PARA POR FIM A “RESISTÊNCIA” DO GOLPISTA EM DEIXAR O PLANALTO


O parecer apresentado pelo deputado Sergio Zveiter (PMBD/RJ) apresentado hoje na CCJ da Câmara, totalmente desfavorável ao presidente Michel Temer, parece indicar um final para o teatro montado pela burguesia cujo roteiro mostrava uma "feroz resistência" do golpista em deixar o Palácio do Planalto, apesar da deliberação já tomada pela burguesia nacional de cambiar o governo provisório ainda herdeiro da chapa vitoriosa de Dilma em 2014. A morosidade em despachar Temer direto para uma cela da "República de Curitiba", não estava relacionada a suposta "brava resistência" de Temer que se agarrava desesperadamente a sua base fisiológica parlamentar, tampouco era produto de uma "divisão da burguesia" posto que o conjunto das frações capitalistas dominantes tinham acordado em interromper o mandato interino do golpista. O lento processo da burguesia em demitir Temer de sua "gerência de crise" está linkado ao impasse da aprovação integral das reformas neoliberais no Congresso Nacional e em segunda medida encontrar um nome de consenso plenamente comprometido com a pauta econômica exigida pelo capital financeiro. A "novela" caminha para o fim e o presidente da Câmara dos Deputados foi o ungido pelo imperialismo para concluir a transição do golpe parlamentar até a eleição de um duro governo bonapartista, sufragado pela fraude das urnas em 2018. A pá de cal colocada pelo "companheiro" Zveiter, nome de confiança do PMDB carioca e articulado com o próprio Rodrigo Maia, encerra o impasse aberto com as denúncias promovidas pela famiglia Marinho contra o bandido Temer, flagrado em operação meticulosamente preparada pela Globo. O PT que apoiou Maia para a eleição da Mesa da Câmara dos Deputados, é parte integrante desta "solução final", embora vá seguir com a demagogia das "Diretas Já" tentando engabelar ativistas tolos e ingênuos úteis da política profissional. Todo o arco político burguês e reformista espera com ansiedade pelas eleições de 2018, os acenos de FHC e Lula em defesa de eleições neste ano de 2017 não se sustentam na própria movimentação parlamentar de seus partidos no Congresso, o PSOL vai a reboque oportunista da Frente Popular contando com o apoio de seus satélites como o grupo MAIS. Na semana em que o governo Temer foi golpeado por seus aliados na Câmara dos Deputados, abrindo caminho para a aprovação da denúncia da PGR contra ele, o Palácio do Planalto e esses mesmos “aliados” aprovarão a famigerada Reforma Trabalhista no Senado, provavelmente nesta terça-feira, dia 11. Como isso é possível? Há um acordo entre todas as frações da classe dominante em aprovar pelo menos a reforma trabalhista antes do afastamento de Temer pelo Congresso, com a posterior ascensão de Rodrigo Maia (DEM) por 180 dias a Presidência da República. O relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara, homem ligado à Rede Globo, Sergio Sveiter, apresentou parecer favorável à autorização do processo contra Temer. Esse é o “script” que a burguesia e seus partidos tem para essa semana, tanto que FHC, Alckmin, Tasso e Cassio Cunha Lima já bateram o martelo: o PSDB fica com o cadáver insepulto até a aprovação do fim da CLT para depois apoiar o nome de Maia, que tentaria avançar na reformas previdenciária...Nesse quadro o PCdoB que apoiou o filhote do DEM para a presidência da Câmara, já chancela seu nome como declarou o governador Flávio Dino, cinicamente suplicando “O melhor caminho para o Brasil são eleições diretas para reconectar o sistema institucional com a soberania popular, como quer a Constituição. Mas caso tenhamos um novo governo indireto, como tudo indica, espero que a agenda seja outra: estabilidade e não ‘reformas’ equivocadas”. O PT por sua vez finge-se de morto para que seja aprovado logo o grosso do ajuste neoliberal...o que facilita ainda mais o caminho de Maia, apenas alguns parlamentares fazendo demagogia para a plateia como parte da campanha de Lula 2018. A Rede Globo liberou “seus” artistas para fazerem um movimento pela investigação e afastamento de Temer. Pressionam para que 342 parlamentares digam “sim” na votação da primeira denúncia que pode ocorrer no final da semana que vem, toda essa transição ocorrendo por dentro das apodrecidas instituições do regime burguês. Como se observa trata-se de um espetáculo onde a classe operária não foi convidada a se apresentar. Tanto que a CUT e a Frente Brasil Popular estão convocando apenas pequenos atos para pressionar os parlamentares como descreve o domesticado PSTU “Precisamos reunir forças para realizar grandes protestos nos dias 11 e 12 de julho. Na terça-feira (11) haverá o envio de representações sindicais e do movimento popular para Brasília (DF). Essa é uma atividade importante e necessária. Ocorrerá ato na chegada dos parlamentares no aeroporto e também no Senado. Precisamos de um forte dia de luta na capital federal”. Por sua vez o MTST e o PSOL através da Frente Povo Sem Medo convocaram uma manifestação para hoje na capital paulista...e nada mais!!! A CUT é ainda mais cínica já fazendo campanha eleitoral: “Um governo que não foi eleito e está envolvido em inúmeros escândalos de corrupção quer retirar nossos direitos que foram duramente conquistados. Centrais e sindicatos preparam manifestações, em Brasília, para o dia da votação. Na segunda-feira, haverá concentração no Aeroporto Juscelino Kubitschek para pressionar parlamentares a votar contra o projeto. Os trabalhadores e trabalhadoras não se esquecerão dessa traição. Os sindicatos e movimentos sociais, em todos os estados, estamparão nas ruas e nas redes sociais a cara desses assassinos de direitos para que sejam riscados do cenário político nacional”. Trata-se de uma piada de mal gosto. De nossa parte caracterizamos que com o fiasco do dia 30.06 a classe dominante está mais fortalecida para encontrar uma saída por cima, via um pacto das elites, com o aval da Frente Popular. O revés do “dia nacional sem-luta” deu mais fôlego para a burguesia aprofundar sua ofensiva contra os trabalhadores e organizar seu plano estratégico de manter Temer agonizando até costurar um acordo entre suas alas para através das eleições legitimar a ascensão ao Planalto de um “Salvador da Pátria” usando Maia como uma “nova pinguela” para essa travessia reacionária como defende FHC. A LBI em luta contra essa saída burguesa defende a convocação de um Congresso Nacional dos trabalhadores para forjar um embrião de poder proletário por fora da institucionalidade burguesa e de seu circo eleitoral! Para os Marxistas Leninistas a tarefa colocada como centro de agitação de massas é a denúncia do regime da democracia dos ricos e suas “alternativas” institucionais como “Constituinte ou Diretas”. O proletariado deve erguer sua própria plataforma programática diante da crise capitalista: “Socialismo ou Barbárie”.