RELATÓRIO DA DENÚNCIA CONTRA TEMER NA CCJ DA CÂMARA: SÉRGIO
ZVEITER INICIA A TRANSIÇÃO PARA O GOVERNO RODRIGO MAIA... BURGUESIA ENCONTRA
ENFIM UM NOME ULTRANEOLIBERAL DE CONSENSO PARA POR FIM A “RESISTÊNCIA” DO
GOLPISTA EM DEIXAR O PLANALTO
O parecer apresentado pelo deputado Sergio Zveiter (PMBD/RJ)
apresentado hoje na CCJ da Câmara, totalmente desfavorável ao presidente Michel
Temer, parece indicar um final para o teatro montado pela burguesia cujo
roteiro mostrava uma "feroz resistência" do golpista em deixar o
Palácio do Planalto, apesar da deliberação já tomada pela burguesia nacional de
cambiar o governo provisório ainda herdeiro da chapa vitoriosa de Dilma em
2014. A morosidade em despachar Temer direto para uma cela da "República
de Curitiba", não estava relacionada a suposta "brava
resistência" de Temer que se agarrava desesperadamente a sua base
fisiológica parlamentar, tampouco era produto de uma "divisão da
burguesia" posto que o conjunto das frações capitalistas dominantes tinham
acordado em interromper o mandato interino do golpista. O lento processo da
burguesia em demitir Temer de sua "gerência de crise" está linkado ao
impasse da aprovação integral das reformas neoliberais no Congresso Nacional e
em segunda medida encontrar um nome de consenso plenamente comprometido com a
pauta econômica exigida pelo capital financeiro. A "novela" caminha
para o fim e o presidente da Câmara dos Deputados foi o ungido pelo
imperialismo para concluir a transição do golpe parlamentar até a eleição de um
duro governo bonapartista, sufragado pela fraude das urnas em 2018. A pá de cal
colocada pelo "companheiro" Zveiter, nome de confiança do PMDB
carioca e articulado com o próprio Rodrigo Maia, encerra o impasse aberto com
as denúncias promovidas pela famiglia Marinho contra o bandido Temer, flagrado
em operação meticulosamente preparada pela Globo. O PT que apoiou Maia para a
eleição da Mesa da Câmara dos Deputados, é parte integrante desta "solução final", embora vá seguir com a demagogia das "Diretas Já"
tentando engabelar ativistas tolos e ingênuos úteis da política profissional.
Todo o arco político burguês e reformista espera com ansiedade pelas eleições
de 2018, os acenos de FHC e Lula em defesa de eleições neste ano de 2017 não se
sustentam na própria movimentação parlamentar de seus partidos no Congresso, o
PSOL vai a reboque oportunista da Frente Popular contando com o apoio de seus
satélites como o grupo MAIS. Na semana em que o governo Temer foi golpeado por
seus aliados na Câmara dos Deputados, abrindo caminho para a aprovação da
denúncia da PGR contra ele, o Palácio do Planalto e esses mesmos “aliados”
aprovarão a famigerada Reforma Trabalhista no Senado, provavelmente nesta
terça-feira, dia 11. Como isso é possível? Há um acordo entre todas as frações
da classe dominante em aprovar pelo menos a reforma trabalhista antes do
afastamento de Temer pelo Congresso, com a posterior ascensão de Rodrigo Maia
(DEM) por 180 dias a Presidência da República. O relator na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara, homem ligado à Rede Globo, Sergio
Sveiter, apresentou parecer favorável à autorização do processo contra Temer.
Esse é o “script” que a burguesia e seus partidos tem para essa semana, tanto
que FHC, Alckmin, Tasso e Cassio Cunha Lima já bateram o martelo: o PSDB fica
com o cadáver insepulto até a aprovação do fim da CLT para depois apoiar o nome
de Maia, que tentaria avançar na reformas previdenciária...Nesse quadro o PCdoB
que apoiou o filhote do DEM para a presidência da Câmara, já chancela seu nome
como declarou o governador Flávio Dino, cinicamente suplicando “O melhor
caminho para o Brasil são eleições diretas para reconectar o sistema
institucional com a soberania popular, como quer a Constituição. Mas caso
tenhamos um novo governo indireto, como tudo indica, espero que a agenda seja
outra: estabilidade e não ‘reformas’ equivocadas”. O PT por sua vez finge-se de
morto para que seja aprovado logo o grosso do ajuste neoliberal...o que
facilita ainda mais o caminho de Maia, apenas alguns parlamentares fazendo
demagogia para a plateia como parte da campanha de Lula 2018. A Rede Globo
liberou “seus” artistas para fazerem um movimento pela investigação e
afastamento de Temer. Pressionam para que 342 parlamentares digam “sim” na
votação da primeira denúncia que pode ocorrer no final da semana que vem, toda
essa transição ocorrendo por dentro das apodrecidas instituições do regime
burguês. Como se observa trata-se de um espetáculo onde a classe operária não
foi convidada a se apresentar. Tanto que a CUT e a Frente Brasil Popular estão
convocando apenas pequenos atos para pressionar os parlamentares como descreve
o domesticado PSTU “Precisamos reunir forças para realizar grandes protestos
nos dias 11 e 12 de julho. Na terça-feira (11) haverá o envio de representações
sindicais e do movimento popular para Brasília (DF). Essa é uma atividade
importante e necessária. Ocorrerá ato na chegada dos parlamentares no aeroporto
e também no Senado. Precisamos de um forte dia de luta na capital federal”. Por
sua vez o MTST e o PSOL através da Frente Povo Sem Medo convocaram uma
manifestação para hoje na capital paulista...e nada mais!!! A CUT é ainda mais
cínica já fazendo campanha eleitoral: “Um governo que não foi eleito e está
envolvido em inúmeros escândalos de corrupção quer retirar nossos direitos que
foram duramente conquistados. Centrais e sindicatos preparam manifestações, em
Brasília, para o dia da votação. Na segunda-feira, haverá concentração no
Aeroporto Juscelino Kubitschek para pressionar parlamentares a votar contra o
projeto. Os trabalhadores e trabalhadoras não se esquecerão dessa traição. Os
sindicatos e movimentos sociais, em todos os estados, estamparão nas ruas e nas
redes sociais a cara desses assassinos de direitos para que sejam riscados do
cenário político nacional”. Trata-se de uma piada de mal gosto. De nossa parte
caracterizamos que com o fiasco do dia 30.06 a classe dominante está mais
fortalecida para encontrar uma saída por cima, via um pacto das elites, com o
aval da Frente Popular. O revés do “dia nacional sem-luta” deu mais fôlego para
a burguesia aprofundar sua ofensiva contra os trabalhadores e organizar seu
plano estratégico de manter Temer agonizando até costurar um acordo entre suas
alas para através das eleições legitimar a ascensão ao Planalto de um “Salvador
da Pátria” usando Maia como uma “nova pinguela” para essa travessia reacionária
como defende FHC. A LBI em luta contra essa saída burguesa defende a convocação
de um Congresso Nacional dos trabalhadores para forjar um embrião de poder
proletário por fora da institucionalidade burguesa e de seu circo eleitoral!
Para os Marxistas Leninistas a tarefa colocada como centro de agitação de
massas é a denúncia do regime da democracia dos ricos e suas “alternativas”
institucionais como “Constituinte ou Diretas”. O proletariado deve erguer sua
própria plataforma programática diante da crise capitalista: “Socialismo ou
Barbárie”.