NO DIA 22 DE JULHO DE 2011 O FASCISMO ASSASSINAVA 100 JOVENS
DE ESQUERDA NA NORUEGA: O BLOG DA LBI REPRODUZ SEU ARTIGO HISTÓRICO QUE
DENUNCIAVA A COVARDE AÇÃO TERRORISTA ASSIM COMO A VERGONHOSA E INACREDITÁVEL
SAUDAÇÃO DO PCO À DIREITA EUROPÉIA
ATENTADOS NA NORUEGA: EXPRESSÃO DO CRESCIMENTO DA EXTREMA
DIREITA NA EUROPA (BLOG DA LBI 22/07/2011)
A tendência à direita se reflete no próprio terreno
eleitoral, onde os partidos xenófobos e de inspiração nazista crescem na
Europa. Um levantamento recente realizado pela BBC nos dá um panorama desse
quadro. A direita avança em países como Portugal, Espanha, Alemanha, Finlândia,
França, Holanda, Noruega, Dinamarca, Itália, Hungria, Suíça... e Grécia!
Explosões a bomba em prédios governamentais e disparos de um ou mais
franco-atiradores contra um acampamento da juventude do Partido Trabalhista
deixou quase 100 mortos na Noruega nesta sexta-feira, 22 de julho. Pela
envergadura destrutiva e mortífera dos atentados, ocorridos de forma
simultânea, não há dúvida que a ação foi planejada por um grupo político
neonazista com o objetivo assassinar o primeiro-ministro trabalhista Jens
Stoltenberg e seus jovens apoiadores sociais-democratas. A primeira reação da
cínica mídia imperialista diante da catástrofe ocorrida em Oslo foi creditar a
autoria dos atentados a supostas organizações terroristas islâmicas. Logo
depois de divulgada à exaustão esta versão fantasiosa mundo afora, a própria polícia
norueguesa, diante das evidências públicas, foi obrigada a reconhecer que a
autoria dos ataques aponta para grupos de extrema-direita que vêm crescendo em
toda a Europa no rastro do aprofundamento da crise econômica que abate o velho
continente desde o crash financeiro de 2008.
O The New York Times chegou a divulgar um texto onde um
suposto islâmico reivindica a autoria do atentado como parte da farsa para mais
uma vez centralizar o ódio da população "ocidental" contra o mundo
árabe e suas organizações de resistência. Esta clara manobra estava voltada a
incrementar ainda mais a ofensiva imperialista nesta região, cinicamente
chamada de "Revolução Árabe", que neste exato momento agride
militarmente a Líbia em nome da cínica defesa da democracia e do respeito aos
direitos humanos. A mídia burguesa justificou sua "tese" de atentado
terrorista islâmico alegando que o ataque a Oslo seria porque a Noruega faz
parte da OTAN e teria forças envolvidas nas ações militares no Afeganistão e
Líbia, tentando de todas as formas implicar o regime de Kadaffi.
A informação foi rapidamente reproduzida em todo o mundo
como forma de potenciar a guerra contra os povos oprimidos do Oriente Médio
(Iraque, Afeganistão) e no norte da África (Magreb), mas logo os indícios
públicos demonstraram que o principal suspeito de liderar os ataques é um
norueguês xenófobo e que o terrorista atuou com outros cúmplices. Anders
Behring Breivik agiu disfarçado de policial e tem fortes ligações com
movimentos neonazistas e de extrema-direita. Diante dos fatos, está
absolutamente claro que os atentados na Noruega não se tratam
"apenas" da ação isolada de um "louco fundamentalista cristão
anti-islã" como agora deseja vender a mídia desmoralizada pelos
acontecimentos, mas de um atentado orquestrado por uma organização nazista
financiada pelos setores mais reacionários da burguesia norueguesa, com acesso
a armamento automático e bombas de última geração, assim como fardamento
militar e policial.
Estes grupos têm como alvos prioritários imigrantes, negros
e muçulmanos, porém, com o incremento da crise econômica advinda com o crash de
2008, a extrema-direita recorre a atentados desse tipo para gerar instabilidade
interna em governos sociais democratas, como o trabalhista norueguês que,
fragilizados aplicam os planos de ajustes ditados pelo FMI e o BCE, por isto
são alvo do justo ódio popular. Frente ao retrocesso ideológico das massas, a
extrema-direita busca capitalizar politicamente o descontentamento popular com
os efeitos da crise, avançando em sua espiral provocativa. Fazendo um paralelo
histórico, como nos anos 30, com o incêndio ao Reichstag "armado" por
Hitler e utilizado como pretexto para pavimentar o nazismo na Alemanha no
lastro da crise econômica desatada com o crash de 1929, os atentados na Noruega
apontam embrionariamente e guardadas as proporções devidas na direção de ações
da extrema-direita cada vez mais voltadas a impor seu programa de eliminação
dos negros, imigrantes, muçulmanos por meio de medidas belicosas, como parte de
uma ofensiva global contra os trabalhadores e o povo.
Em meio a essa polarização social e política, a orientação
de obrigar as massas a pagarem a conta da crise financeira estimula protestos
contra governos burgueses de centro-esquerda. A traição das direções sindicais
e, principalmente, a falta de alternativa revolucionária à esquerda destes
gestores sociais da crise capitalista pavimenta o retrocesso ideológico e o
caminho da reação contrarrevolucionária, chegando a atentados como o que vimos
agora na Noruega. A "reação" do primeiro-ministro trabalhista Jens
Stoltenberg limitou-se a uma impotente declaração de que "A Noruega se
unirá nesse momento de crise. Eles não destruirão nossa democracia. Nossa
resposta à violência será mais democracia" (Folha de S.Paulo, 23/07).
Não foi à toa que os partidos de centro-direita ganharam
terreno nas eleições para o Parlamento da União Européia (UE) realizadas em
2009, quando as legendas de centro-esquerda perderam quase um quarto de suas
cadeiras no Parlamento europeu. Esta nova ofensiva imperialista acentuará a
recolonização dos países mais pobres pelas potências dominantes do continente e
pelos EUA, catapultada com a restauração capitalista da URSS e do Leste
europeu, quando se apropriando da força de trabalho e das riquezas dos antigos
estados operários burocratizados do leste, os capitalistas também impuseram
derrotas históricas aos trabalhadores do oeste. Também recrudescerá a
perseguição xenófoba militarizada e internacional contra os imigrantes que são
os setores mais explorados e oprimidos do proletariado europeu.
Em um primeiro momento, essa tendência à direita se reflete
no próprio terreno eleitoral, onde os partidos xenófobos e de inspiração
nazista crescem na Europa. Um levantamento recente realizado pela BBC nos dá um
panorama desse quadro. A direita avança em países como Portugal, Espanha,
Alemanha, Finlândia, França, Holanda, Noruega, Dinamarca, Itália, Hungria,
Suíça... e Grécia! Como parte dessa perspectiva, os chamados movimentos dos
cidadãos "indignados" europeus ganham força com eixos democratizantes
e reacionários como "esquerda fora", "partidos fora",
"sindicatos fora". Essa plataforma anticomunista é a base social e
política que pode permitir o crescimento de grupos fascistas e suas milícias
armadas, como foi no passado na Espanha, Itália e Alemanha. Daí para atentados
como os ocorridos em Oslo tragicamente se encurtam as distâncias.
Mais uma vez insistimos que durante o ápice do crash
capitalista mundial de setembro de 2008, quando o conjunto da esquerda
revisionista alardeava que o "fim do capitalismo" estava próximo,
alertamos justamente o contrário, ou seja, que devido à ausência de direção
revolucionária com peso de massas e o quadro de ofensiva ideológica imposto
pelo grande capital desde a queda da URSS, a tendência era não só que a
burguesia utilizasse a crise econômica para incrementar sua investida contra as
conquistas operárias em todo o planeta, mas que esta situação abriria uma etapa
política de ascensão de governos de direita ou extrema-direita nos países mais
castigados pela débâcle financeira, como o crescimento de grupos fascistas e
neonazistas. Hoje, a tragédia norueguesa confirma dramaticamente nossos
prognósticos.
Completamente desnorteada em seu "mundo de
fantasia" que alardeava em passado recente que a crise econômica
capitalista gerada pelo crash financeiro de 2008 era parteira "natural da
revolução" iminente, a esquerda revisionista está sendo obrigada pelos
próprios acontecimentos, como a derrota das massas gregas e o atentado na Noruega,
a fazer todo tipo de malabarismo político para disfarçar sua completa
desmoralização "teórica". O PTS argentino, um dos mais entusiastas
defensores da tese da "revolução na esquina" já fala em tom lastimoso
que "todos os elementos constitutivos da primeira fase da década de 1930
estão hoje presentes: a crise econômica, o desastre social, o crescimento do
populismo e a extrema direita, a resposta das massas ainda mais atrasadas com
respeito à magnitude dos ataques, o espectro da xenofobia, o nacionalismo, o
protecionismo. Tempos de atualização crescente da revolução e a
contrarrevolução. Os revolucionários devem se preparar para estes
acontecimentos" (Quais são as perspectivas da Grécia e União Européia?
sítio FT, 7 de Julho 2011, Juan Chingo). Essa verdadeira confissão do avanço da
contrarrevolução no Velho Mundo, reconhecida pelo próprio PTS, é uma prova da
falência das teses "furadas" de todo arco revisionista que amarga um
retrocesso político e eleitoral de sua já parca influência, justamente porque
se converteram em seitas completamente incapazes de explicar a realidade na
medida em que não se referenciam no marxismo para compreender a origem da
reação burguesa e muito menos tem condições de combatê-la. Sua posição
escandalosa na Líbia de apoio aos "rebeldes" made in CIA é a
demonstração dessa falência política e programática. Como mais uma prova do que
afirmamos, os revisionistas mais delirantes e estúpidos como o PCO chegam a
declarar, pasmem, que "O ataque é parte da ação das massas européias que
está se levantando contra os governos e o regime político, uma prova de que a
crise capitalista tem um caráter revolucionário" (Oslo, Noruega - 22 de
julho de 2011, A crise europeia se torna explosiva, sítio PCO), ou seja, os
dementes de Causa Operária, depois de apoiarem os arquirreacionários
monarquistas líbios agora aplaudem a ação terrorista da extrema-direita
fascista norueguesa, em uma demonstração de onde até que ponto pode chegar a
política nefasta desses filisteus canalhas!!!
Justamente quando estamos a poucos dias de se completarem os
20 anos do golpe de agosto de 1991 encabeçado por Yelstin, responsável por
liquidar a URSS e assentar as bases para a contrarrevolução aberta no Estado
operário soviético, toda sorte de revisionistas (PTS, LIT, PO, PCO, CST-UIT, CWI...)
que saudaram na época a restauração capitalista em nome do "combate a
ditadura stalinista", da mesma forma como hoje apóiam os
"rebeldes" financiados pela OTAN contra a "ditadura de
Kadaffi", são incapazes de explicar porque não veio a revolução após a
queda do Muro de Berlim nem muito menos agora passado a ápice do crash
financeiro de 2008. Aos genuínos marxistas revolucionários cabe dizer a verdade
às massas por mais dura que seja, como afirmava Trotsky e explicar
pacientemente a vanguarda militante que as máfias fascistas que dominaram a
Rússia após a liquidação da URSS são irmãs gêmeas dos grupos nazis que acabaram
de matar dezenas de jovens na Noruega, ambos a expressão bestial do
estancamento das forças produtivas imposta pelo senil sistema capitalista,
responsável por levar a humanidade a antessala da barbárie. Sem a construção de
uma direção revolucionária que aponte uma alternativa comunista para os
trabalhadores de todo o planeta, desgraçadamente novas tragédias como as que
acabam de ocorrer nas ruas de Oslo se repetirão.