TRABALHADORES BRASILEIROS SÃO OS VERDADEIROS ESCRAVOS DO CAPITALISMO... LUTEMOS PELA REVOLUÇÃO SOCIALISTA PARA LIQUIDAR A EXPLORAÇÃO DE CLASSE E O PRECONCEITO SOCIAL, DE GÊNERO, COR E RAÇA!
Enquanto o neofascista Bolsonaro acusa cinicamente Cuba de “escravizar”
seus médicos que prestavam serviço de saúde pública no Brasil, a população trabalhadora negra brasileira está
entre a maioria dos presos, dos explorados, dos desempregados, dos analfabetos,
dos que têm sua religiosidade perseguida, dos que são assassinados por grupos
de extermínio e dos que possuem o salário médio mais baixo dentre todos os
setores da sociedade brasileira. Por outro lado, enquanto atacaram
violentamente os médicos cubanos, como reflexo de um anticomunismo arcaico, a
burguesia tupiniquim recebe de “braços abertos” os neoescravos bolivianos para
“trabalhar” na indústria da confecção de grifes famosas e receberem salários
aviltantes sem qualquer proteção social. Para uma classe dominante escravocrata
deve ser impossível imaginar que os médicos cubanos tenham dignidade e de livre
vontade queiram retribuir ao seu país a educação gratuita e de qualidade que
receberam. No governo golpista de Temer essa realidade aprofundou-se ainda
mais! Não por acaso, a mesma acumulação originária do capitalismo que
aprisionou o negro na África e o escravizou no Brasil, joga-o nas favelas e
cortiços das cidades, explorando-o nas indústrias, utilizando-o como exército
de reserva para pagar menores salários, dura realidade aprofundada com a reforma trabalhista. Não por acaso a decisão de “libertar os
escravos” no 13 de Maio de 1888 não passou de uma formalidade baseada em uma
necessidade econômica capitalista, que manteve a terra nas mãos dos grandes
proprietários que conseguiram mão de obra assalariada barata face à
inexistência para o escravo de uma opção que não fosse vender sua força de
trabalho aos antigos senhores. Hoje, como ontem, os trabalhadores negros
continuam lutando ao lado de seus irmãos de classe pela verdadeira abolição da
escravidão, que só pode vir pela liquidação do modo de produção capitalista e
não pela via de sórdidas campanhas hipócritas patrocinadas pela classe
dominante e suas abjetas celebridades. Para o capital é necessário que o
racismo continue existindo para justificar a desvalorização extremamente
lucrativa para o capitalista da força de trabalho negra e parda. Basta
verificar que hoje no Brasil o salário dos negros e pardos é metade ou 60% do
salário médio pago aos brancos. Isto não é um mero produto de resquícios dos
preconceitos escravistas ainda presentes na mentalidade das pessoas. Essa
profunda precarização das condições de vida da maioria da população pobre e
negra, maquiada pelas pesquisas dos institutos oficiais e ONGs, é o fruto atual
da bárbara recolonização imperialista no Brasil. Esta luta não diz respeito
somente ao povo pobre e trabalhador negro, ela deve ser tomada por todo o
proletariado, que aprendendo com a luta de Zumbi, deve lutar conseqüentemente
por construir um instrumento capaz de conduzir a luta anti-racial e a quebra de
todos os grilhões capitalistas, o partido revolucionário trotskista que deverá
elevar o combate consciente da luta de toda a classe oprimida por varrer da
face da Terra toda opressão e exploração imposta pelo imperialismo rumo à
construção do socialismo.
A evolução capitalista aperfeiçoa as teorias racistas para
explicar o fracasso do sistema em proporcionar empregos para todos e condições
de vida adequadas. A pobreza do negro, consequência da incapacidade do
capitalismo em absorver sua força de trabalho assalariada, faz com que aspectos
inerentes às condições subumanas de vida sejam interpretados como devido à
raça. Por isso, o preconceito racial permanece até hoje, apesar da grande
miscigenação ocorrida no Brasil, onde estudos realizados por cálculos de
frequências gênicas demonstraram que a população do Nordeste e de parte do
Sudeste já atingiu 97% de panmixia, ou seja, de mistura total. Mesmo assim, o
racismo é uma realidade cotidiana. Fica fácil, então, compreender que o
problema do negro no Brasil não é simplesmente étnico. A raiz do problema é o
capitalismo que marginaliza e explora a sua força de trabalho, fortalecendo o
racismo.
Poucos são os negros que conseguiram acumular capital no
país. Estes se “aculturaram” e adotam a ideologia da classe dominante,
inclusive, com preconceitos contra sua própria raça. Figuras populares (antes
pobre e negras) como Pelé, Anita e tantos outros servem vergonhosamente a este
fim. Não por acaso o “rei do futebol” disse em 2014 ser normal operários
morrerem na construção de estádios para a Copa do Mundo. Apesar disso, as
atuais direções do movimento negro, considerando a questão étnica como principal
fator de discriminação dos negros, pregam a unidade de todos os negros
(inclusive os burgueses) contra o racismo. No sistema capitalista, não podemos
alcançar o pleno emprego e a socialização dos meios de produção, que são as
bases da diferença de classe que em muito fortalecem o racismo. Atualmente não
se pode falar de libertação dos negros sem vinculá-la à luta de classes e à
necessidade de emancipação do proletariado. A consciência meramente étnica é
uma falsa consciência. Para proporcionar a real libertação dos negros de sua
secular exploração e de todo tipo de preconceito é necessária a destruição do
sistema que o escraviza, humilha-o e explora-o até hoje: o capitalismo.
Definitivamente, essa luta não é apenas dos negros. O objetivo não é somente a
libertação de uma raça, mas de todo o proletariado!
Os Marxistas Revolucionários compreendem que a questão
racial não pode ser nem sequer seriamente colocada diante do agravamento sem
precedentes da barbárie imperialista racista sem uma luta implacável dos
trabalhadores, com seus próprios meios e organismos, contra a influência
política e ideológica da burguesia democratizante e sua demagogia “cidadã”
sobre as massas. Acontecimentos recentes nos EUA, com a morte sistemática de
trabalhadores e jovens negros, assim como ocorrem todos os dias no Brasil, onde
a política de segregação racial e social é responsável pela morte de milhares
de negros exigem uma direção revolucionária para derrotar o racismo e para
garantir as mínimas condições de sobrevivência à população superexplorada e
oprimida.
Vergonhosamente muitos partidos da esquerda reformista (PT,
PCdoB, PSOL, PSTU) apoiam as greves policiais, cuja principal reivindicação é o
revigoramento do aparato repressivo, semeiam a ilusão de que o Estado capitalista
deve exercer um papel moderador em relação aos “excessos” da discriminação
racial. Da mesma forma que reivindicam mais delegacias de mulheres, como medida
para combater os problemas imediatos da opressão de gênero. No mesmo sentido,
está a defesa de reserva de cotas para negros nas universidades, nas empresas,
nos cargos públicos etc. que segue a lógica das políticas compensatórias ou
“ações afirmativas”, criadas nos Estados Unidos, em 1965, pelo presidente
Lyndon Johnson para frear a luta do movimento negro. A tal “ação afirmativa” é,
na verdade, uma artimanha reacionária para dividir a luta anti-racista,
promovendo uma aparente integração do negro, com a concessão de pequenas
migalhas a poucos “beneficiados”, preservando o essencial do racismo, a superexploração
da força de trabalho negra e parda. A esquerda reformista compra a enganação
capitalista e passa a defender a inclusão cidadã do negro no mercado consumidor
capitalista.
Desde a LBI deixamos claro que toda nossa solidariedade está
incondicionalmente com o movimento negro que resiste no Brasil, nos EUA e em
todo o mundo contra a repressão estatal e ao genocídio dos trabalhadores e
jovens plebeus negros. O ataque armado aos policiais são parte da guerra de
classe que neste caso está indissoluvelmente ligada a luta contra o racismo
engendrada pelo capitalismo. Consideramos justo e legítimo o ódio negro e
avaliamos que a melhor forma de combater a ofensiva assassina dos bandos
fascistas apoiados pela polícia ou a violência desferida diretamente pelo aparato
estatal é a formação de milícias de auto-defesa unindo trabalhadores negros e
brancos contra a exploração e o racismo. Reafirmamos que hoje não vacilamos em
dizer que toda nossa simpatia e solidariedade estão com os jovens negros e seu
“ardente desejo de vingança”, que lutam com as “armas” que tem a mão contra o
terror estatal e fascista, forjando um partido revolucionário e
internacionalista para dar consequência política e programáticas a essas ações
pontuais que apesar de corajosas são limitadas na luta contra o imperialismo
ianque. Nesse sentido, para derrotar a
ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara ação policial deve-se
construir milícias de autodefesa do povo pobre e dos trabalhadores, convocando
uma paralisação geral dos trabalhadores! Os lutadores não podem ter nenhuma
ilusão na justiça capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da
burguesia contra os trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar os
policiais assassinos!
Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas que
presenciamos hoje em todo o planeta estão em consonância com a época de
ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo ianque. Como não há um contraponto revolucionário à degradação de uma sociedade
doente que recorre a um estado policial contra seu próprio povo, a humanidade
tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente.
Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída
comunista para os trabalhadores de todo o planeta, assassinatos racistas,
carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de
sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado
nesta conjuntura fascistizante em defesa da liquidação deste estado policial e
pela liberdade imediata dos negros e trabalhadores encarcerados, o capitalismo
não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade
para a barbárie. Estamos vendo a volta com força do fascismo em escala interna
e planetária, uma expressão disso é a eleição de Bolsonaro e a onda reacionária
que avança no Brasil. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias como o
assassinato diário de jovens negros, somente a ação revolucionária do
proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da
luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a
imposição de seu próprio projeto de poder socialista.