A "PROPINA" (NOMEAÇÃO PARA O SUPERMINISTÉRIO) QUE
BOLSONARO PAGOU A MORO PARA EMBARGAR LULA, NÃO É ILEGAL? UMA POLÊMICA COM A
ESQUERDA REFORMISTA SOBRE O CARÁTER DAS PROPINAS (COMISSÕES) NO REGIME
CAPITALISTA
A eleição de Bolsonaro e indo muito mais além, o próprio crescimento de uma corrente de ultra direita no país, com germes embrionários da formação de hordas fascistas, teve como "cimento básico" de fermentação o chamado ódio a "corrupção petista" praticada em mais de uma década de gestões estatais da Frente Popular. É óbvio que os barões da mídia "martelaram" à exaustão na cabeça dos "Homer Simpson" brasileiros a questão das volumosas "propinas" (comissões) recebidas pelos dirigentes petistas desde o processo do "Mensalão" até o "Petrolão" que originou a prisão de Lula pela farsesca operação "Lava Jato". As tão decantadas "propinas" para a definição dos Marxistas não passam de comissões (corretagem) que envolvem qualquer transação comercial ou financeira no regime capitalista, seja esta transação realizada na esfera estatal mais ampla ou não. As comissões ("propinas") pagas a gestores públicos ou privados são portanto uma engrenagem intrínseca ao modo de reprodução e circulação do capital e nada tem de "imorais", sendo uma forma de pagamento por serviços prestados que auferiram lucros aos capitalistas. Estas "propinas", embora ilegais no regime jurídico brasileiro (ao contrário de vários países imperialistas que normatizaram o recebimento de comissões por parte de gestores públicos ou políticos institucionais) podem ser pagas de várias formas desde o numerário cambial (cash) até mesmo o recebimento de cargos na própria estrutura do Estado burguês, sempre lembrando que o objetivo final do pagamento das comissões será o atendimento de interesses financeiros das grandes corporações capitalistas ou mesmo empresas de menor porte no mercado. Chama muita atenção na conjuntura nacional pós eleitoral, que as chamadas "propinas", tão demonizadas pela mídia "murdochiana" contra o PT, foram agora recebidas de forma escancarada pelo próprio "justiceiro da moralidade pública", Sergio Moro, que recebeu sua comissão na forma de um poderoso cargo estatal por um serviço prestado ao consórcio capitalista que bancou e elegeu o boçal fascista Jair Bolsonaro. Todos sabem que o absurdo embargo judicial contra a candidatura de Lula (favorito absoluto em todas as pesquisas), operado por Sérgio Moro, foi o responsável direto pela derrota do PT nas eleições presidenciais, nada mais "justo" na ótica do capital que os interesses comerciais vencedores nesta eleição remunerassem o juiz de Curitiba com uma generosa "propina" (comissão) e neste caso sob a versão de sua indicação a um superministério da Justiça. Esta "propina" recebida por Moro, embora também de forma ilegal da mesma forma como em outras situações receberam vários dirigentes petistas, não foi "demonizada" por nenhum setor da burguesia nacional que aplaudiu de pé a iniciativa de Bolsonaro e seu "empresário" Paulo Guedes, responsável direto pelos interesses financeiros das corporações capitalistas no novo governo. Lamentavelmente a esquerda reformista aceitou a imputação moral feita pela burguesia de que as "propinas" (comissões) eram a causa da "miséria nacional" e que a crise do capitalismo teria como fundamento a "corrupção estatal", nada mais falso e enganador para a consciência das massas populares. A corrupção estatal não é um "demônio moral" do capitalismo, representa um mecanismo endógeno e historicamente indissociável do modo de produção hegemonizado pela burguesia financeira, compreender este fundamento básico da teoria marxista é elementar para a elaboração de uma plataforma política de ação direta das massas para desnudar a suposta "ética e moral" do regime da democracia dos ricos.