domingo, 25 de novembro de 2018

DILMA, HOJE VÍTIMA DA PERSEGUIÇÃO REACIONÁRIA FASCISTA DO BONAPARTISMO JUDICIÁRIO: ONTEM SEU GOVERNO PERSEGUIA OS PRÓPRIOS COMPANHEIROS DO PT PATROCINANDO A “OPERAÇÃO PORTO SEGURO” CONTRA LULA


Muitos militantes petistas acusam corretamente a Operação Lava Jato de ser um instrumento do imperialismo e de setores da burguesia criado em 2014 com o objetivo central de prender Lula e impedir sua candidatura presidencial, como de fato veio a se concretizar. O que esses mesmos companheiros não dizem ou analisam é que a caçada policial contra Lula e o núcleo histórico do PT começou em pleno governo Dilma, mais precisamente há 06 anos atrás, como denunciava o artigo do BLOG da LBI da época, que reproduzimos abaixo. O pretexto para a ação da PF foi o pretenso “tráfico de influência” de um suposto “affair” do ex-presidente. Naqueles dias, perguntávamos “Por que a PF controlada pelo governo Dilma desferiria um golpe tão letal contra Lula?”. Dilma em nome de fazer uma “faxina” detonava a influência de setores históricos do PT em seu governo, em parte condenado no processo do chamado mensalão via prisão de Dirceu, Genoíno e Delúbio pelo STF, cujos ministros togados foram em grande parte nomeados por Lula. A caçada que se que iniciava contra Lula durante o primeiro governo Dilma foi amplamente apoiada pela mídia e acabou por garantir a reeleição da “gerentona” em detrimento da volta do próprio Lula ao Planalto em 2014. Foi nesse quadro político que posteriormente veio a ser montada a Operação Lava Jato pelo Juiz Moro treinado pelo Departamento de Estado ianque para liquidar a direção histórica petista, uma perseguição que hoje se estende a própria Dilma, que acaba de ser denunciada como integrante do “Quadrilhão do PT” .

OPERAÇÃO PORTO SEGURO: DILMA ACIONA PF PARA PERSEGUIR “AFFAIR” DE LULA COMO PARTE DA “FAXINA” CONTRA O NÚCLEO HISTÓRICO DO PT

(BLOG DA LBI, 24 DE NOVEMBRO DE 2012)

A Operação “Porto Seguro”, desferida pela PF sob o pretexto de prender membros do governo que liberavam pareceres técnicos para aprovação de obras em trocas de favores pessoais, na verdade teve um alvo certo e direto: o ex-presidente Lula. Agentes da PF apreenderam computadores e documentos no escritório da Presidência da República em São Paulo, cuja equipe é ligada a Lula e também na casa de Rosemary Nóvoa de Noronha, conhecida nas hostes petistas simplesmente como Rose. Escutas telefônicas registraram inúmeras ligações entre Rose e Lula nos últimos 19 meses, colocando o ex-presidente completamente refém do séquito dilmista instalado no Palácio do Planalto que comanda a PF. Apresentada pela mídia murdochiana como suposto “affair” de Lula, Rose acompanhava-o em todas as viagens internacionais (sem possuir a menor qualificação técnica para a “missão”). Esteve envolvida nos escândalos dos cartões corporativos ligados aos “gastos secretos” da presidência de Lula e havia indicado parentes para postos importantes nas agências reguladoras (ANA e ANAC), assim como na Infraero. A PF a acusa de montar uma rede de tráfico de influência baseada no seu “prestígio” pessoal junto a Lula, já que ela foi nomeada para o cargo em 2003 e mantida por Dilma a pedido do ex-presidente.

A primeira pergunta que vem a cabeça é: por que a PF controlada pelo governo Dilma desferiria um golpe tão letal contra Lula? Afora a cantilena vendida para ingênuos sobre o combate à corrupção, fica claro que o móvel da “faxina” foi detonar Lula como parte da ofensiva política contra o núcleo histórico do PT, em parte condenado no processo do chamado mensalão via prisão de Dirceu, Genoíno e Delúbio. Obviamente, uma operação desta envergadura teve o aval da ex-“poste” Dilma, que para ser cada vez mais aceita pela burguesia e o imperialismo deseja eliminar de vez a influência de Lula e do “velho” PT sobre seu governo, assim como no seu próximo mandato. Não por acaso, além de demitir imediatamente Rose, afastou os apadrinhados de Lula e Dirceu das agências reguladoras. De quebra, conseguiu eliminar de vez a possibilidade do atual Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams, assumir uma vaga no STF, como era desejo do ex-presidente, já que seu substituto direto, José Weber Holanda Alves, também está envolvido no esquema.

Rosemary foi assessora de José Dirceu por 12 anos, estava na cota dos “gastos presidenciais secretos” durante as duas gestões de Lula e seu indiciamento pela PF mostra até que ponto a disputa intestina no PT pode chegar... Desde já está claro que Lula encontra-se totalmente fragilizado na guerra de quadrilhas instaladas no interior do PT e não tem força nem disposição para opor-se à reeleição de Dilma, que usa o STF e a PF para desferir sua ofensiva política sob a fachada da “moralidade pública”. Como prêmio de consolação, Lula já está sendo cotado para receber o Prêmio Nobel da Paz, o que significa sua aposentadoria na política doméstica nacional. Em outro balão de ensaio, fala-se ainda na possibilidade dele disputar o governo de São Paulo, uma aparente armadilha para debilitá-lo ainda mais, em uma perigosa disputa direta com Alckmin.

O mais emblemático é que em meio à divulgação midiática da Operação “Porto Seguro” ocorreu neste final de semana em São Paulo um “ato em defesa do PT” impulsionado pelo chamado “diálogo petista”, um movimento articulado pela corrente “O Trabalho” em aliança com personalidades “independentes” do partido. O móvel da atividade foi o repúdio à condenação de José Dirceu e Genoíno pelo STF, sendo que sua convocatória anunciava o objetivo de denunciar “o julgamento político do STF, a criminalização dos movimentos sociais e a judicialização da política”. Os dois dirigentes petistas condenados na ação penal 470, o chamado “mensalão”, compareceram ao evento e foram saudados como “heróis do povo brasileiro”, em uma atividade concorrida que contou ainda com a presença do presidente nacional da CUT, o arquipelego Wagner Freitas e outros poucos parlamentares como Eduardo Suplicy. Não por acaso, o ato foi convocado por OT e iniciativas idênticas estão sendo impulsionadas por outras correntes de “esquerda” do partido, sem o apoio oficial do PT. A direção nacional petista, ainda mais depois do silêncio covarde de Lula após a condenação de Dirceu pelo STF e agora com a ofensiva da Polícia Federal, não deseja de forma alguma se indispor com a “gerentona” Dilma. Esta já demonstrou que deseja ver Dirceu e o núcleo histórico do PT sem nenhuma influência em seu governo ou mesmo se possível atrás das grades, enquanto mantém uma relação de “paz e amor” com a mídia murdochiana, como a revista Veja e os setores mais reacionários da burguesia.

No ato em defesa do PT Dirceu declarou: “Como foram derrotados no campo político e social, e também no campo eleitoral, eles criaram outro campo, o da judicialização da política, com a instrumentalização da mídia” no que foi complementado por Marcos Sokol, dirigente de OT: “Os setores que se identificam com o PT têm que mostrar a cara. Depois do PT, irão contra a CUT e os movimentos sociais”. O que Dirceu e Sokol encobrem em suas falas é que a ofensiva contra os dirigentes históricos do PT, sem dúvidas envolvidos em negociatas e favores durante o governo Lula, porém, obviamente, não condenados em função disso, fato corriqueiro na república burguesa, só foram defenestrados porque o STF (que tem a maioria de juízes indicados nas três gestões da frente popular) está levando adiante a tarefa de “limpar” o partido do núcleo ligado a Lula por encomenda de Dilma justamente para impedir que o ex-metalúrgico possa ser candidato a presidente em 2014 como era seu plano original via mandato “tampão” da ex-poste. A operação “Porto Seguro” prova que quem patrocina veladamente esta investida é Dilma e sua entourage palaciana lastreada no apoio entusiasta da mídia murdochiana e da própria burguesia que deseja um novo governo da “gerentona” em 2014, muito mais à direita do que o atual e sem a influência de Lula. A burguesia tem como estratégia começar no fim do segundo mandato de uma Dilma completamente refém, a transição rumo a um outro eixo de poder em 2018, mais ligado a centro-direita (PSB, Marina, Joaquim Barbosa, Aécio...) e voltado a desferir uma brutal ofensiva contra o movimento de massas, rompendo com a política de colaboração de classes até então vigente nas gestões da frente popular.

Quando a esquerda petista promove um “ato em defesa do PT” ela trata de apresentar o partido como “adversário da burguesia” (O Trabalho) e chega as raias da loucura de bradar que “nenhum burguês deve estar em nenhum governo do PT” (Esquerda Marxista). Por isto, Sokol reclamou no ato que “Encerradas as eleições, segue a ofensiva do STF e a direção do PT, segue calada! É preciso defender o PT!”. Os pilantroskos fazem mais uma vez seu papel de patrocinar ilusões no PT e chegam ao ponto de engrossar o coro dos que cinicamente apresentam Dirceu como “herói do povo brasileiro”! O PT é hoje um pilar de sustentação do regime político burguês e de suas instituições reacionárias, tanto que Dilma e Gleisy Hofmann deram entrevistas declarando que as decisões do STF são para serem cumpridas, sem nunca defender Dirceu, Genoíno e Cia... O que está em curso via julgamento do STF e na própria operação “Porto Seguro” é a consolidação de um núcleo tecnocrata dentro do PT sem a influência de sua ala histórica composta por Lula e quadros que vieram da ALN e da luta armada, setor que a burguesia deseja tirar de cena depois que cumpriram seu papel de gestores úteis a seus interesses. Apesar de convertidos a gerentes dos negócios da burguesia, esta ala ainda encarna na militância do PT alguma resistência às chantagens da mídia murdochiana e da direita arquirreacionária.

Longe de “defender o PT das origens”, a tarefa colocada para os setores mais conscientes do ativismo brasileiro neste exato momento é declarar que são os trabalhadores e seus organismos de classe os únicos que podem fazer o “ajuste de contas” com os burocratas vendidos da “Articulação” no PT e na CUT e não o arquirreacionário STF ou a PF. Para tanto, é necessário construir um partido operário revolucionário para superar o PT e a frente popular, postando-se como uma alternativa revolucionária também a corrompida “oposição de esquerda” encabeçada pelo PSOL, que deseja ver Lula, Dirceu e Cia atrás das grades para tirar daí algum dividendo eleitoral, quando na verdade tal ato não faz mais do que reforçar as tendências fascistizantes do regime burguês contra os trabalhadores e suas conquistas democráticas e sociais.