domingo, 11 de novembro de 2018

14 ANOS DO ENVENENAMENTO DE YASSER ARAFAT PELO MOSSAD/CIA:
UM DURO GOLPE DO ENCLAVE DE ISRAEL CONTRA A LUTA DO POVO PALESTINO PARA DERROTAR A OCUPAÇÃO SIONISTA


Há exatos 14 anos, em 11 de novembro de 2004, o líder palestino Yasser Arafat morria aos 75 anos, na cidade de Clamart, na França. O assassinato de Arafat foi abafado e contou com a ajuda da tradição muçulmana, que não procede a autópsia de seus mortos. Mas a disposição de sua viúva Suha e uma criteriosa investigação da TV Al-Jazeera levaram à descoberta do assassinato e a um pedido formal da Autoridade Nacional Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU proceda o desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou à exumação do corpo do líder palestino. Um trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de roupas e objetos que Arafat usou nos dias que antecederam sua morte – roupa, escova de dente e até seu icônico kefiyeh que não tirava da cabeça – revelaram uma quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual poucos países têm acesso. Apenas os do restrito clube atômico. Peritos forenses do Centro de Medicina Legal da Universidade de Lousane, Suíça, revelaram que o ex-dirigente máximo da OLP foi, na verdade, assassinado por envenenamento com o elemento radioativo polônio 210. Análises com amostras de seus restos mortais e objetos pessoais confirmaram a presença deste elemento altamente letal. Abu Yusef, um dos atuais dirigentes da OLP declarou que “os resultados demonstram que Arafat foi envenenado com polônio, uma substância que apenas Estados e não indivíduos a possuem, o que significa que o crime foi cometido por um Estado” (AFP, 6/11/2013). Sobre esta questão a BBC (7/11/2013) acrescenta: “Embora o polônio-210 seja encontrado na natureza, é preciso tecnologia e acesso a um reator nuclear para conseguir extrair a quantidade necessária para matar uma pessoa”, ou seja, papel que coube ao enclave terrorista de Israel e a Casa Branca. No entanto, muito além da “descoberta” deste envenenamento – o que há muito já era alvo de desconfiança entre os militantes palestinos – é a forma como os abutres da Casa Branca lidam com dirigentes e governos que se colocam como obstáculo a seus interesses neocolonialistas em todo o mundo. A opção de matar simples e puramente Arafat, apesar de sua integração aos ditames imperialistas, poderia acirrar ainda mais a revolta palestina contra o gendarme sionista. No entanto, para o imperialismo ianque era necessário elimina-lo porque ainda simbolizava a heroica luta de resistência do povo palestino e, em seu lugar o Pentágono colocaria uma figura mais alinhada e submissa a seus interesses, como foi o caso de Mahmoud Abbas. Algo similar foi feito em relação à forte liderança política e militar de Hugo Chávez que também foi envenenado através de algum artifício letal por agentes do imperialismo. O próprio Chávez costumava afirmar que outras lideranças nacionalistas latino-americanas teriam sido alvos de envenenamentos radioativos provocados pela CIA, a fim de debilita-los em sua saúde e, claro, na atuação política.



Em 2004, sob um intenso bombardeio diário durante dois anos de cerco por Israel em Muqata (na sede da ANP onde o dirigente palestino estava confinado), Arafat começou a passar mal em 11 de outubro após um jantar. Um mês depois viria a falecer em um hospital na França. Em uma entrevista o então primeiro-ministro carniceiro Ariel Sharon chegou a afirmar sem qualquer receio “que se arrependia de não ter eliminado Arafat durante a invasão do Líbano em 1982”. Arafat vinha atuando como colaborador do imperialismo até a sua morte, cujos Acordos de Oslo e de Hebron são a consequência das traições do líder palestino. Precisamente por estes “serviços” prestados, Shimon Peres, atual presidente de Israel, afirmou que Arafat era “útil”, “que era possível negociar com ele. Sem ele, foi muito mais complicado. Com quem mais teríamos fechado os acordos de Oslo?”. Os acordos de Oslo efetivados sob a batuta de Clinton em 1993 tiveram como objetivo deter a onda de revolta palestina aberta com a primeira Intifada desde 1987. A Arafat coube a orientação contrarrevolucionária de iludir as massas palestinas que aceitava a existência do Estado sionista em troca da promessa da criação de um fictício estado autônomo palestino, restrito a um reduzidíssima faixa do território histórico, com pouco mais de dois mil km2 do total dos vinte e sete mil km2 rapinados pelo sionismo, reduzido às terras mais áridas e sem acesso ao mar, onde 70% da população palestina vive na extrema miséria. Como “beneplácito” do sionismo, foi criada a “Autoridade Nacional Palestina”, uma espécie de polícia política contra o próprio povo palestino que se enfrenta com o enclave sionista. No final, Arafat subordinou a heroica e histórica luta palestina aos interesses do imperialismo e das burguesias árabes a fim de “estabilizar” a conjuntura política de revoltas em nome dos “bons negócios” capitalistas na região.

Depois do assassinato de Arafat, em 2006 Mahmoud Abbas foi eleito presidente da ANP na condição de interlocutor de confiança do imperialismo e do enclave sionista. A partir de então a OLP encontra-se dividida em vários bandos e camarilhas corrompidas politicamente até a medula e fecha assim um ciclo da farsa pretensamente democrática montada no território palestino, na verdade fazendo com que a ANP seja apenas um gerente-capacho dos verdadeiros bantustões cercados pelo exército israelense. Nestes territórios, o Conselho Nacional Palestino, uma espécie de parlamento simbólico controlado pela já degenerada OLP, já não tinha qualquer autonomia frente às forças militares e ao próprio Estado sionista, todas as decisões tomadas pela ANP são submetidas a Israel, que impede os palestinos de ter os mais elementares direitos soberanos, como o acesso à água, a utilização do solo e subsolo, o uso de seu espaço aéreo e do mar, a exploração de atividades comerciais, etc. Como se pode ver, enquanto Arafat se mostrava “útil” aos interesses ianques em razão de sua autoridade perante o povo palestino o imperialismo manteve-o vivo, mas era necessário eliminar os todos os resquícios que lembrasse a luta de resistência e criar uma nova anturragem dócil formada no seio da ANP e cimentada na existência dos “dois estados”, única condição que o imperialismo aceita para a Palestina: de um lado a máquina de guerra sionista e de outro o “Estado bantustão”. Desta forma, a cada nova rodada de “negociações” entre a ANP de Abbas, o imperialismo e os sionistas exigem maiores concessões e capitulações dos dirigentes palestinos, materializadas no não retorno dos refugiados e o controle político e militar total de Jerusalém, enquanto os sionistas avançavam com a edificação de novas colônias judias-ortodoxas nas áreas pretensamente autônomas controladas pela ANP e respondem a revolta palestina com novos e sangrentos genocídios da população civil.

Hoje, 14 anos após seu envenamento, a resistência palestina está completamente fragmentada, não só a OLP foi cooptada, setores do Hamas também vem se aproximando do imperialismo, inclusive um setor de sua direção apoia os ataques sionistas e imperialista contra o regime de Assad. No Egito, por exemplo, antes do golpe de Estado, Mursi havia rompido relações com a Síria e apoiava a intervenção militar contra Assad. Mas da mesma forma como ocorreu com Arafat, a IM foi rifada mesmo após se mostrar aberta a colaborar com a Casa Branca e Israel. Frente a esta realidade não há outra saída: diante do grau extremo de opressão imperialista no Oriente Médio, principalmente na Palestina e contra a utopia reacionária da existência dos “dois Estados” acordados pela burocracia corrupta da ANP, a única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. As massas somente poderão impor suas reivindicações democráticas diante da opressão imperialista e do sionismo através de uma luta de caráter abertamente anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o oposto do que a esquerda revisionista denominou como sua a “Primavera Árabe”, na realidade uma operação conduzida pelo Pentágono. A justa aspiração do povo palestino pela sua pátria, a retomada de seu território histórico e a edificação de seu Estado nacional apenas podem ser alcançados ligando as tarefas democráticas pendentes com a luta pela revolução social, o que também passa pela superação política e programática da orientação contrarrevolucionária da ANP. Somente a expropriação do grande capital sionista e a destruição do Estado nazi-sionista de Israel garantirá a reconstrução da Palestina sobre novas bases, em uma sociedade de novo tipo, socialista, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista.