sexta-feira, 30 de março de 2012

Reunião dos BRICS em Nova Délhi: apenas um tiro de festim contra a poderosa ofensiva imperialista

A reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) encerrada ontem (29/03) na Índia, não conseguiu lançar nenhuma iniciativa concreta deste bloco, apesar da enorme expectativa gerada pelo encontro das chamadas “potências emergentes”. Os debates multilaterais limitaram-se a tentativa de um aprofundamento ainda maior do comércio entre os países do bloco, sem ao menos traçar uma aliança política efetiva de estados, para além do “mercantilismo de commodities”, como tentativa de sobrevivência diante da crise capitalista mundial. A proposta da criação de um banco de fomento econômico entre os países do bloco, não recebeu o aval dos amos imperialistas e seus organismos financeiros, ficando como um “projeto de estudo” a ser avaliado somente em 2013. Nem mesmo um consenso acerca de uma candidatura única dos BRICS para disputar a presidência do Banco Mundial (BM) pôde ser alcançado no encontro. Na declaração final da IV Reunião do BRICS os presidentes das nações se limitaram a felicitar as candidaturas ao BM do “mundo em desenvolvimento”. Como promessa de alguma “unidade” concreta dos BRICS, ficou o compromisso de uma atuação diplomática conjunta na próxima reunião do G20, que ocorrerá em julho no México.

Mas, se no campo econômico a reunião de Nova Délhi foi uma completa frustração, inclusive para os setores nacionalistas burgueses e reformistas que sonham com um “capitalismo sustentável” como contraponto para a crise do imperialismo, foi na arena da política internacional que os BRICS revelaram toda sua impotência histórica. Em meio às provocações imperialistas contra a Síria e a ameaça explícita de uma guerra de ocupação sionista contra o Irã, os BRICS se limitaram a pedir uma “solução negociada” para o conflito, omitindo-se de assumir uma posição política claramente anti-imperialista. Muito preocupadas em potenciar negócios e atrair investimentos para seus países, as lideranças “desenvolvimentistas” do bloco, subordinadas aos centros imperialistas, deram sinal verde a próxima guerra ianque de rapina contra uma nação oprimida. Acontece que o foco “estratégico” dos BRICS concentra- se na emergência de suas economias como uma linha associada financeiramente as grandes corporações transnacionais, promotoras e patrocinadoras das guerras de espoliação imperial contra os povos.

Como na época do capitalismo mercantil, onde nações atrasadas eram utilizadas como entrepostos comerciais para países colonialistas (caso de Portugal e Espanha, por exemplo) na atualidade da égide do capitalismo monopolista os BRICS funcionam como entrepostos financeiros e industriais das verdadeiras potências imperialistas. Assim como Portugal nunca foi um império colonial e sim colonizado em toda sua enorme extensão de terras “além mar”, o Brasil e seus parceiros do BRICS não passam de países imperializados em pleno “surto” de atração de capitais. O “boom” econômico dos BRICS não representa um desenvolvimento nacional independente dos centros imperialistas, ao contrário é produto da crise financeira internacional e sua necessidade de “revalorizar ações e títulos bursáteis podres”. No caso específico da China e Rússia, o “grandioso” sucesso econômico veio com a restauração capitalista e a enorme massa de capitais imperialistas empregados nesta empreitada contrarrevolucionária.

Os governos populistas de “esquerda” que encabeçam os BRICS estão muito longe de pretenderem estabelecer alguma resistência real a poderosa ofensiva imperialista em curso contra os povos e nações oprimidas. Como governos capitalistas lacaios reproduzem em seus próprios países a destruição das conquistas nacionais e operárias em troca da enorme “bolha de crédito” que amortece a luta de classes com a falsa sensação entorpecente do “consumo facilitado”. A esquerda reformista que patrocina ilusões no caráter “alternativo” dos BRICS, deve explicações a classe operária da Líbia, país arrasado pela sanha imperialista, que contou com a “neutralidade” criminosa dos governos “bricianos”. Esta última reunião dos BRICS apontou que devem seguir na mesma trilha da covardia política e impotência militar diante da guerra imperialista que se avizinha no horizonte contra o Irã.


O ocaso do “xerife” Demóstenes, o malabarismo do PSOL e a corrupção nas instituições da República dos novos “barões”

O até então “vestal” Demóstenes Torres foi “flagrado” pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em ligações telefônicas com Carlos Cachoeira, chefe do jogo de caça-níqueis em Goiás e Brasília. O senador do DEM estava intermediando favores junto aos três poderes da República, particularmente do judiciário, onde mantinha uma relação privilegiada com o ministro do STF, Gilmar Mendes. Demóstenes também estava fazendo negociatas em torno de compras e licitações na Infraero e mantinha contatos diretos com a direção da revista Veja, para plantar e capitalizar escândalos que lhe rendiam poder de barganha em novas negociatas. Nada de novo no “reino” de Brasília, ou melhor dizendo, no balcão de negócios que é o parlamento burguês, onde cada parlamentar está responsável por defender os interesses mafiosos das grandes empresas capitalistas, legais e ilegais. Não é de se estranhar, portanto, que nada menos que toda a bancada parlamentar de Goiás receba “presentes” de Cachoeira.

O que chama atenção nesse “escândalo” reside no fato de que logo no início das “denúncias” todo o espectro político do Congresso Nacional, desde o PSDB-DEM passando pelo PT-PMDB-PCdoB e abarcando até o PSOL, do senador Randolph Rodrigues, do Amapá, saiu em defesa do “probo” Demóstenes. Isso significa que todos os partidos estão envolvidos com esquemas iguais ou no próprio negócio armado por Cachoeira. O fato de Randolph inicialmente defender Demóstenes “contra as precipitações da mídia” deve-se a que o senador do PSOL ser afilhado político de Sarney, que elegeu essa figura tragicômica e agora cobrou a conta. Coisas da política... burguesa, Sarney também tem seu negócios com Demóstenes e pediu para o senador do PSOL fazer uma fala acerca do “julgamento sem precipitações” em relação ao parlamentar do DEM! Com as novas revelações ficou insustentável manter o script para blindar o ex-promotor de justiça de Goiás metido a vestal e logo o PSOL deu um giro de 180º graus. Ivan Valente e Chico Alencar, tendo ao lado o mesmo palhaço Randolph, protocolaram uma representação contra o senador do DEM por quebra de decoro parlamentar visando capitalizar o escândalo como paladinos da “ética na política”. Já se fala até em CPI...

Na verdade, o esforço no parlamento burguês é para o caso Demóstenes agora ser resolvido o mais rápido possível, exigindo-se sua renúncia. Não interessa ao governo aprofundar qualquer investigação, afinal de contas, todo o espectro político partidário e os altos escalões da República estão envolvidos, inclusive o PT, já que Cachoeira tem informações privilegiadas sobre o esquema do mensalão de 2005 com participação direta de José Dirceu e Lula. As informações levantadas pela PF visam unicamente tirar Demóstenes de cena, já que o senador do DEM era um dos porta-vozes da oposição conservadora, sempre auxiliada pelo PSOL, nas denúncias sobre os esquemas de corrupção nos governo da frente popular de Lula e Dilma. Sonhava até com uma candidatura a presidente em 2014. Por tabela, o escândalo atinge também José Serra, a revista Veja e Gilmar Mendes, que saem do episódio fragilizados pela exposição pública de suas relações íntimas com Demóstenes e, indiretamente, Cachoeira. Tais informações são muito úteis em um ano eleitoral, ainda mais no duro embate eleitoral que haverá entre PT e PSDB pela prefeitura de São Paulo.

Como se vê, trata-se literalmente de uma queima de arquivo vivo. O mais interessante de todo esse enredo é que do ponto de vista político o governo Dilma sai fortalecido diante dos acontecimentos, tendo em vista que o DEM se fragiliza ainda mais e o Senado perde o seu “xerife” direitista. Para o movimento operário, que assiste passivo ao festival de escândalos de corrupção e de denúncias envolvendo o governo Dilma e os expoentes da oposição burguesa conservadora, fica a lição de que na ausência de uma alternativa de classe à frente popular e a direita, o regime político burguês segue estabilizado para suas “instituições democráticas” avançarem contra os direitos e conquistas dos trabalhadores como se viu na recente aprovação do Funpresp neste dia 29 de março no próprio Senado, que privatiza a previdência dos futuros servidores públicos, justamente no momento em que “ardia a fogueira” contra Demóstenes.

quinta-feira, 29 de março de 2012


Comemoração dos militares da reserva: uma provocação política contra o movimento operário

Na tarde desta quinta-feira, 29, oficiais militares da reserva se reuniram no Clube Militar, Rio de Janeiro, para comemorar o 48º ano do golpe contrarrevolucionário de 64 com o debate: “1964 – A verdade”, em um ato contrário à “Comissão da Verdade” criada pelo governo Dilma. Trata-se de uma clara provocação política com o objetivo de colocar o governo da frente popular ainda mais na defensiva, apesar desta iniciativa institucional não representar nenhuma ameaça de fato aos milicos torturadores. Em uma resposta a este ato da direita fascista, centenas de manifestantes ocuparam e bloquearam a entrada principal do Clube Militar, contando com a presença de familiares de desaparecidos políticos e ativistas do movimento popular e organizações de direitos humanos que logo foram duramente reprimidos pela PM do governo Sérgio “Caveirão” (PMDB), partido da “base aliada” do governo Dilma.

Para simbolizar a selvageria da ditadura semifascista e os assassinatos de militantes de esquerda, foi derramada sobre as escadarias do Clube Militar várias latas de tinta vermelha, lembrando o sangue das vítimas da repressão. Os manifestantes bloquearam a entrada do Clube gritando palavras de ordem contra cada militar que conseguia furar o cerco e adentrar no prédio, além de jogar ovos contra os saudosistas do regime militar e da tortura de presos políticos. Como ratos covardes, muitos militares entraram escoltados pela PM por uma entrada secundária ao lado do prédio. No encerramento da malfadada “reunião” dos gorilas assassinos de pijama, os manifestantes protestaram contra os militares que tentavam deixar o local, principalmente tendo como alvo o general Nilton Cerqueira, ex-secretário de Segurança do Rio, que comandou a operação que assassinou Carlos Lamarca, no interior da Bahia em 1971. Neste momento, dois ativistas foram presos e a multidão foi até o camburão para exigir a soltura dos mesmos, quando a PM, a mando do Sérgio “Caveirão”, passou a reprimir duramente os ativistas com gás pimenta e bombas de efeito moral. Em protesto a esta brutalidade, os ativistas conseguiram fechar a Avenida Rio Branco empunhando faixas, bandeiras e gritando palavras de ordem contra os gorilas durante vários minutos.

Apesar de importante, este contra-ato de protesto não pode ficar isolado e organizado a partir da espontaneidade de ativistas. Esta iniciativa de combate deve ser estendida para todo o movimento operário, popular e estudantil porque trata-se de uma real provocação contra o conjunto do movimento de massas arquitetada pela alta cúpula das FFAA e não como quer fazer crer os partidos “chapa branca” como algo isolado dos militares da reserva. Esta “comemoração” é uma resposta às tímidas tentativas do governo Dilma de instalar a chamada “Comissão da Verdade” no sentido de limitá-la ainda mais. O comando do Planalto já garantiu que nenhum general da reserva ou da ativa será punido, mas os militares nem sequer querem cogitar “debater” a público seus crimes covardes,os quais envolvem evidentemente personalidades do ramo empresarial como banqueiros, empreiteiros, a Globo, Folha de S.Paulo etc.

Para derrotar efetivamente os milicos assassinos somente a ação independente da classe operária poderá “vingar” historicamente nossos heróicos combatentes mortos e torturados por um regime militar instaurado a serviço da acumulação capitalista mais selvagem. A condenação dos militares assassinos deverá ser produto de um novo ascenso do proletariado, desaguando na organização de conselhos populares para impulsionar os tribunais da justiça de classe e, por consequência, na abolição da democratizante “Lei de Anistia”, tão festejada à época por todos os reformistas do PCB , PCdoB e MR8. Esta tarefa radicalmente democrática é parte integrante do programa da revolução socialista para demolir todas as instituições do atual regime político democratizante, herdeiro bastardo das mesmas instituições de classe da ditadura militar. Se o golpe fascistizante de 64 foi “pensado” e efetivado pelos grandes grupos econômicos capitalistas, “nacionais” e imperialistas, utilizando o braço militar do Estado burguês, seu contraponto definitivo, para o proletariado, será estabelecido com a abolição da mercadoria e da própria lei do valor, em síntese com o surgimento de um novo regime de produção (socialista) e da instauração de um Estado de “novo tipo”.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 232, 2ª Quinzena de Março/2012


EDITORIAL
Há 48 anos do Golpe Militar, somente a revolução socialista será capaz de “vingar” nossos combatentes mortos


90 ANOS DA FUNDAÇÃO DO PCB
Dois atos políticos para “homenagear” a traição aos princípios do marxismo revolucionário


“BRASIL LULISTA”
Ocupação e renda do trabalhador batem recorde histórico em uma década: é o novo “milagre brasileiro” engessando as lutas


CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
BC reduz taxa de juros pavimentando a retomada da expansão do crédito


DISPUTA NO PLANALTO
Crise na “base aliada” do governo ou a guerra das quadrilhas quando se ausenta o “capo”


O “POSTE” SE MEXE
Dilma realiza “faxina” na cúpula da base parlamentar aliada, enquanto Lula agrava seu quadro clínico


MÁFIAS PARTIDÁRIAS EM AÇÃO
Guerra das quadrilhas do PMDB ameaça “rebelião” contra o PT e o “poste” Dilma


DEMOCRACIA DE FACHADA
Por trás da “Comissão da Verdade” um pacto de governabilidade entre a frente popular e as FFAA


FILHO DE EIKE BATISTA ATROPELA UM TRABALHADOR NEGRO
A república dos novos Barões e a morte de mais um “Zé Ninguém”


ASSALTO AO BOTIM ESTATAL
LBI denuncia privatizações petistas no lançamento do livro “Privataria Tucana” em Fortaleza


USP EM LUTA
Importante ato político contra Rodas em repúdio à perseguição a estudantes, funcionários e moradores da comunidade São Remo


O ENGODO DO “SINDICALISMO DE POUCOS RESULTADOS”
Com que “agenda” se mobilizam agora as centrais “chapa branca” (CUT, CTB, FS etc.)?


NEGOCIATAS NA COPA DO MUNDO
Blatter é recebido em Brasília com honras de chefe de estado


FESTA PARA UM ALIADO “REAL”
Frente popular e “oposição de esquerda” recebem no Rio “Príncipe Harry” de braços abertos


AFEGANISTÃO EM GUERRA
Porque defendemos que o Taleban deve vingar o ato terrorista da OTAN que massacrou 16 civis afegãos


PREPARANDO A OFENSIVA IMPERIALISTA
Obama e Cameron decidem: intervenção militar no Irã e Síria só depois das eleições dos EUA


COVIL DE ABUTRES EM PELE DE CORDEIRO
Sob o véu da “ajuda humanitária”, ONU deseja prestar “socorro” aos “rebeldes” da OTAN em fuga na Síria


OS TRÁGICOS EFEITOS DA FARSESCA “REVOLUÇÃO ÁRABE”
Há um ano a ONU autorizava a destruição da Líbia! Hoje a troika imperialista (Obama, Sarkozy e Cameron) comemora a devastação do país, os ratos covardes da LIT também!


“EM NOME DE DEUS”
Em defesa de uma “sociedade aberta e renovada”, Papa Nazi Bento XVI abençoou a restauração capitalista em Cuba


LANÇAMENTO DE LIVRO
Editora Publicações LBI lança o livro “90 anos do PCB: Uma análise trotskista desde a gênese revolucionária até a trajetória de colaboração de classes do ‘Partidão’”


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

terça-feira, 27 de março de 2012


Em defesa de uma “sociedade aberta e renovada”, Papa Nazi Bento XVI abençoou a restauração capitalista em Cuba

“Em nome da nação, lhe dou as mais calorosas boas vindas” (Cubadebate, 26/03). Com essas palavras, Raúl Castro, abriu seu discurso oficial de recepção do Papa Bento XVI nesta segunda-feira, 26/03, e arrematou: “Cuba o recebe com afeto e respeito e se sente honrada com sua presença. Encontrará aqui a um povo solidário e instruído que se propôs alcançar toda a justiça e fez grandes sacrifícios... Nossa nação segue, invariavelmente, mudando tudo o que deve ser mudado, conforme as mais altas aspirações do povo cubano e com livre participação deste nas decisões transcendentais de nossa sociedade, incluídas as econômicas e sociais” (Idem). Diante de um tom tão conciliatório indicando claramente o desejo da burocracia castrista de pactuar com a Igreja Católica o processo ordenado de restauração capitalista na Ilha, o arquirreacionário Joseph Ratzinger declarou: “Venho a Cuba como peregrino da caridade, para confirmar meus irmãos na fé e encorajá-los na esperança. Levo em meu coração as justas aspirações e os legítimos desejos de todos os cubanos, onde queira que se encontrem, seus sofrimentos e alegrias, suas preocupações e seus desejos mais nobres. Desejo fazer um chamado para que deem novo vigor a sua fé, para que vivam de Cristo e para Cristo, e, com as armas da paz, do perdão e da compreensão, lutem para construir uma sociedade aberta e renovada, uma sociedade melhor, mais digna do homem, que reflita mais a bondade de Deus” (G1, 27/03).

Cada um a seu modo e com palavras escolhidas a dedo, Raul Castro e Bento XVI, literalmente advogam uma “sociedade aberta e renovada, mudando o que deve ser mudado”. Mas, o que está por trás dessa linguagem cifrada tão "angelical"? Para os marxistas revolucionários e necessariamente ateus, como dizia Trotsky, a resposta é clara: trata-se de um plano conjunto para o avanço do processo de ataques às conquistas sociais dos trabalhadores cubanos por parte da direção do PCC, tendo a seu lado, como lastro político e ideológico, o apoio da Igreja Católica. 14 anos após a visita de João Paulo II, em 1998, a “popularidade” desta instituição reacionária que defende abertamente a contrarrevolução na Ilha, como ocorreu na Polônia, na URSS e no Leste Europeu, ampliou-se vertiginosamente no interior do Estado operário cubano. Este crescimento da alienação pela via religiosa está diretamente vinculado às dificuldades sociais que enfrenta o país devido ao bloqueio econômico do imperialismo ianque e dos efeitos da crise capitalista mundial que reduziu as parcerias comerciais de Cuba com a Europa. Ao lado disso, as medidas anunciadas no último congresso do PCC, com ataques frontais a direitos e ao pleno emprego, criam as bases materiais para encontrar em “Deus” a salvação para as mazelas humanas na terra. Lênin e Rosa Luxemburgo já nos ensinavam que a luta ideológica da classe operária para romper com o garrote da religião é parte do seu combate para libertar o proletariado da escravidão capitalista. Os revolucionários bolcheviques continuam essa batalha contra o “ópio do povo” como dizia Marx, denunciando não só a cruzada reacionária do Papa nazi, mas delimitando-se também com o chamado clero progressista, que trafica na Ilha um programa social-democrata que representa um obstáculo à libertação dos trabalhadores através do comunismo.

Diferente do que apresenta Raúl Castro, a cruzada do Papa responde às necessidades reacionárias do imperialismo ianque: preparar ideologicamente o povo cubano para uma nova investida política do imperialismo contra a Ilha sob a fachada da “defesa dos direitos humanos e da democracia”. Assim fizeram na Líbia com o apoio entusiasta do Vaticano que abençoou os rebeldes que lutavam contra a “ditadura sanguinária” de Kadaffi. Não por acaso, as “Damas de Branco” são as maiores defensoras da Igreja Católica no país e fãs incondicionais do Papa. Fornecendo milhões de dólares a grupos contrarrevolucionários (Igreja católica, Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional etc.), o Pentágono pretende criar uma alternativa política ao castrismo capaz de se alçar como direção do processo de restauração capitalista em Cuba, para transformá-la em mais um território aberto para seu capital. Através destas organizações contrarrevolucionárias cinicamente os EUA infiltram agentes da CIA no território cubano, colocando toda a infraestrutura necessária para espionar, sabotar e organizar motins contra o Estado operário. Com tais medidas, a Casa Branca pretende dificultar a manutenção do regime, tentando capitalizar politicamente o descontentamento das massas que a cada dia passam mais privações, enquanto a burocracia castrista permanece com seus privilégios parasitários à custa do Estado operário. Por essa razão, a direção do PCC tenta aparentemente copiar parcialmente a “via chinesa” de restauração capitalista, em um processo ordenado e centralizado de medidas que, levadas a frente sob seu controle político, avançam o ritmo da restauração capitalista. A política do castrismo visa manter as relações de coexistência pacífica com o imperialismo, como já demonstrou ao abrir as portas de Cuba para o Papa João Paulo II em 1998 e Jimmy Carter em 2002, quando estes pediam mais liberdade para grupos contrarrevolucionários. Com esperança de que poderia ganhar apoio de uma parcela do imperialismo que possui interesses comerciais em Cuba, o PCC permitiu a atuação desses grupos, que agora sob o governo Obama intensificam sua atuação contrarrevolucionária sob a fachada “democrática”.

A opção do imperialismo ianque no momento é fomentar a “reação democrática”, ou seja, minar as bases do Estado operário “por dentro”. Inspira-se na própria dinâmica política da mal chamada “revolução árabe”. Lembremos que em uma conferência de imprensa realizada em 28/09/2011, o presidente Obama afirmou que “já é chegada a hora de que aconteça algo em Cuba”. O chacal, animado com os “resultados” obtidos na Líbia, defendeu a continuidade do bloqueio a Ilha operária: “não se vislumbra em Cuba um verdadeiro espírito de transformação que nos anime a suspender o embargo”. As declarações de Obama estão em um primeiro momento destinadas a chantagear politicamente o governo stalinista cubano, no sentido de acelerar o processo das “reformas democráticas”, leia-se a restauração capitalista. Como fica cristalino no ultimato dado desde a Casa Branca: “Estou disposto a mudar a política com Cuba se identifico que o governo está disposto a outorgar a liberdade a seu povo” (El País, 28/09/11).

Em resposta ao regozijo do grande capital, as aspirações pró-capitalistas crescentes da burocracia castrista e do sorriso cínico das hienas revisionistas que torcem pela derrubada contrarrevolucionária do regime stalinista e junto com ele as conquistas da revolução, levantamos a necessidade urgente da construção do partido trotskista defensista e conspirativo em Cuba, o único instrumento capaz de deter de forma consequente o retrocesso ao capitalismo. Contra o programa da restauração democrática, do sufrágio universal onde os mais ricos compram e corrompem o poder político, da legalização de partidos burgueses, ongs capitalistas, do apoio a Igreja Católica a uma “sociedade aberta e renovada”, defendemos o programa da revolução política proletária, que significa a defesa incondicional de Cuba e das conquistas da revolução!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Há um ano a ONU autorizava a destruição da Líbia! Hoje a troika imperialista (Obama, Sarkozy e Cameron) comemora a devastação do país, os ratos covardes da LIT também!

Passado um ano da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou a chamada “zona de exclusão aérea”, permitindo o início de mais uma “guerra humanitária” sob o comando da OTAN, é possível fazer um balanço destes trágicos acontecimentos e de suas consequências para a luta do proletariado mundial. Logo após a votação do CS da ONU, em março de 2011, começaram os bombardeios da OTAN. Cinco meses após o início da intervenção militar imperialista o número de mortos chegou aos 50 mil e com o encerramento “oficial” da guerra em novembro essa cifra alcançou 200 mil mortos. A imposição da barbárie e do genocídio foi apresentada como a vitória da luta democrática sobre a “ditadura sanguinária” de Kadaffi tanto pela mídia burguesa como pela esmagadora maioria da “esquerda”.

O país que apresentava, até o início de 2011, o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da África, um PIB per capta superior ao brasileiro e uma taxa de crescimento de 10,64%, segundo dados do próprio FMI, encontra-se agora às voltas com uma infraestrutura liquidada, principalmente pelos “bombardeios humanitários”. Está em curso a divisão do país por grupos tribais ligados ao imperialismo ianque, francês e britânico. Longe dos salões luxuosos dos “Amigos da Líbia”, as ruas das principais cidades do país são ocupadas agora por milícias armadas, onde tiroteios, sequestros e torturas tornaram-se lugares comuns. As vítimas preferenciais desses grupos formados pelos ex-rebeldes são os simpatizantes do antigo regime e africanos subsaarianos. Registre-se que essas ocorrências são todas pós-queda de Kadaffi e obviamente não têm causado sequer suspiros de indignação em nome dos “direitos humanos”.

Os abutres da coalizão imperialista não se apossaram “somente” das imensas reservas naturais de gás e petróleo da Líbia, estimadas pela OPEP em cerca de 50 bilhões de barris. O estoque em ouro físico, depositado no banco central líbio, um dos maiores do mundo, correspondente a 150 toneladas em lingotes, segundo o relatório oficial do FMI, foi repartido entre as potências capitalistas invasoras e também serviu para pagar os serviços dos “rebeldes” do CNT. A vitória da OTAN se deu fundamentalmente com o brutal assassinato de Kadaffi em uma operação conjunta entre os mercenários e os bombardeios da aliança imperialista, que depois de meses atacando Sirte, centro da resistência, acabaram por dominar o país, ainda que existam de forma dispersa pequenos focos de oposição ao controle da Líbia pelos títeres do CNT.

Hoje, a situação política da Líbia aponta para um recomeço da guerra civil, só que desta vez com características bem mais complexas e totalmente fragmentadas. As milícias “rebeldes” iniciaram uma luta intestina pelo saque do país, disputando a “preferência” da intermediação dos negócios com as metrópoles imperialistas. Nem mesmo a cidade de Benghazi escapou da disputa “fratricida” dos rebeldes, a própria sede do governo do CNT foi invadida por manifestantes que exigiam o cumprimento das inúmeras “promessas” feitas durante a empreitada para destruir as conquistas da revolução democrática que derrubou a monarquia corrupta. Parte do país virou zona “autônoma” para melhor se curvar aos interesses das transnacionais do petróleo. Nestas circunstâncias, as condições para uma vitória da resistência nacional expulsar as forças imperialistas e seus títeres começam lentamente a amadurecer após a Líbia ser transformada em uma partilha territorial de bandos mercenários. O desemprego, a falta de habitação e a fome castigam severamente as massas, destituída de todas as suas conquistas sociais históricas após a ascensão do governo do CNT. Os amos imperiais dos bandos “rebeldes” só cobram a “fatura” da guerra e pouco se importam com a miséria do povo.

Quando da queda de Trípoli e depois com o assassinato de Kadaffi, os canalhas da LIT não se envergonharam de festejar junto às forças títeres do CNT a “vitória da revolução”! Como cínicos sequer mencionaram a maior campanha militar de uma coalizão imperialista contra um país, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Um ano depois da ONU autorizar a destruição da Líbia, em março de 2011, hoje os ratos morenistas voltam a comemorar junto a troika (Sarkozy, Cameron e Obama) seu triunfo “democrático”, que nada mais representou do que a devastação do país. Somente uma corrente decomposta moralmente e corrompida materialmente é capaz de tamanha sordidez ao emblocar-se com as hienas imperialistas para brindar os resultados da ocupação imperialista que destruiu o país do Magreb africano.

Em oposição à conduta pró-imperialista da LIT e seu arco revisionista, a LBI foi a primeira corrente política a denunciar o caráter das reacionárias “manifestações” em Benghazi para, logo depois, desmascarar os “rebeldes” mercenários a serviço da CIA, treinados no Qatar com o apoio do Mossad. No curso do conflito denunciamos a genocida ação da OTAN contra o país norte-africano e defendemos a frente única militar com o governo de Kadaffi e a vitória da resistência contra as tropas abutres invasoras. Hoje, como há um ano, o genuíno trotsquismo se posta ao lado da resistência nacional líbia em combate aos trânsfugas que, como a LIT, se colocam a serviço da Casa Branca em nome da defesa da fantasiosa “revolução árabe”, clamando para que a mesma sanha neocolonialista seja vitoriosa na Síria e no Irã.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Crise na “base aliada” do governo ou a guerra das quadrilhas quando se ausenta o “capo”

O termo “base aliada”, criado para definir o arco político de apoio parlamentar ao governo Dilma, parece que não corresponde mais a nova realidade nacional. Poderia se chamar agora “base inimiga” em plena guerra intestinal. O certo é que após a troca das lideranças do governo na Câmara e no Senado, medida tomada para tentar estancar a crise, Dilma vem enfrentando um verdadeiro “inferno astral”, paralisando todas as votações “importantes” no Congresso Nacional. O móvel da mudança de lideranças do governo no parlamento teve como eixo a formação de uma nova cúpula, identificada mais diretamente com a presidente “poste” Dilma, e não com os velhos caciques corruptos do Congresso, como Sarney, Renan e Alves. Mas a manobra teve efeito contrário e nem sequer os senadores do “bloco independente” do PMDB (Simon e Jarbas) foram atraídos para a ex-base aliada. Já os desafetos políticos dos novos líderes do Congresso, como a bancada do PR, anunciaram que ingressariam no campo da oposição. A situação é tensa impedindo que o governo consiga vencer alguma votação importante na Câmara dos Deputados, como a lei geral da Copa e o novo código florestal, ambas adiadas para depois da Páscoa.

A tentativa feita por Dilma de “passar por cima” da costura podre feita por Lula no congresso com as oligarquias mais asquerosas da política burguesa, corresponde a uma avaliação equivocada da conjuntura, qual seja, já que o país atravessa um bom momento econômico, gerando altos índices de popularidade para o governo, e Lula amarga uma ausência prolongada da vida política, “Eu posso deixar de ser poste!”. Acontece que o sonho de deixar de ser a sombra do mito, esbarra na completa falta de carisma político de Dilma, uma “criatura” sem vida própria, forjada apenas para ser um mandato tampão de plena confiança. Outro elemento fundamental “esquecido” por Dilma foi o próprio caráter fisiológico e corrupto da “base aliada” montada por Lula. Sem a menor identidade “ideológica” com o já desfigurado PT, os partidos tradicionais burgueses (PMDB, PR, PP, PTB etc.) foram se incorporando a base da frente popular em troca de espaços e controle de verbas do Estado capitalista, e jamais se dispuseram a praticar alguma “firula” populista de esquerda, como faz o PDT ou PSB.

O resultado da “aventura” Dilmista foi a instalação de uma guerra das velhas quadrilhas no Congresso, que agora se sentem desprestigiadas politicamente, apesar de ainda conservarem boa parte dos seus cargos no organograma do Estado burguês, encavacado pela frente popular. A votação do novo código florestal, que retorna à Câmara após as modificações feitas pelo Senado, é um bom exemplo da impotência de Dilma frente aos apetites mais vorazes da chamada bancada ruralista. Mesmo apelando “humildemente” ao PMDB, PP e até ao novato PSD, Dilma ouviu um sonoro “não” a sua reivindicação pela aprovação do projeto, já formatado pelo governo para atender aos interesses do latifúndio. Os ruralistas querem mais concessões e impuseram sua vontade a liderança do PMDB. Também a aprovação da lei geral da Copa passa pelo mesmo impasse, desta vez sob a chantagem da bancada evangélica que domina boa parte dos partidos da “base aliada”.

A presença política ativa de Lula, exercendo seu bonapartismo tupiniquim, era um elemento fundamental para o equilíbrio da feroz disputa das quadrilhas burguesas pelo controle do botim estatal. Mesmo tendo ultrapassado bem as “crises” anteriores, provocadas pela sequência de escândalos de corrupção em seu ministério, Dilma não conseguirá solucionar o atual impasse no Congresso sem ceder às chantagens das frações partidárias corrompidas e “seviciadas” pelo capo maior da frente popular. A ausência de qualquer iniciativa independente das massas no cenário político nacional, remete a resolução da “crise parlamentar” para as viciadas instâncias do “toma lá da cá” do regime bastardo da democracia dos ricos. A “oposição de esquerda” que acaba se solidarizar-se no Senado com o reacionário Demostenes Torres, considerado um aliado circunstancial, se mostra impotente programaticamente para realizar uma ampla campanha de desmoralização das instituições “representativas” (das classes dominantes) do Estado burguês. Somente a entrada em cena da classe operária e seu partido revolucionário, poderá estabelecer um verdadeiro confronto de massas entre os “corruptores e as corrompidas” instituições desta república apodrecida dos “novos barões” capitalistas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Ocupação e renda do trabalhador batem recorde histórico em uma década: é o novo “milagre brasileiro” engessando as lutas

O IBGE acaba de divulgar nesta quinta feira (22/03) uma pesquisa sobre as taxas de desemprego e a renda média do trabalhador brasileiro. A taxa de desemprego de fevereiro alcançou a variação de 5,7%, segundo dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desemprego é a menor para o mês em 10 anos, segundo a série histórica, apurada desde março de 2002. Já o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados (descontada a inflação) atingiu o nível mais alto da série histórica, com remuneração de R$ 1.699,70, subiu 1,2% em comparação com janeiro. Frente a fevereiro do ano passado, o poder de compra dos ocupados cresceu 4,4%. Os dados oficiais do IBGE correspondem quase que inteiramente com outra pesquisa “encomendada” pela iniciativa privada acerca do comportamento da “mobilidade social” verificada no Brasil na última década. Segundo esta pesquisa divulgada pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas:”Embora em ritmo menos acelerado, a classe C continuou a crescer no Brasil em 2011. A participação desse estrato social no total da população brasileira foi de 54% no ano passado”. Estas estatísticas se referem ao emprego e renda formais, portanto, deixam de fora um enorme parcela de “micro empreendedores” (para usar um termo cunhado pela frente popular), que ainda se encontram na informalidade. A chamada classe C, ou de “ascendentes” do proletariado registram uma forte expansão social, embora com um salário médio bem abaixo do próprio salário mínimo calculado pelo DIEESE. Se levarmos em conta que a maior mobilidade social ocorrida nos últimos cinco anos concentra-se fora do universo da “carteira assinada”, entenderemos um pouco o chamado novo “milagre brasileiro” e a enorme base social granjeada pelos governos da frente popular.

As estatísticas (oficiais e oficiosas) revelam claramente um país em forte expansão econômica, embora os salários permaneçam comprimidos, principalmente no setor público, em função de uma política draconiana do governo Dilma. Enquanto a equipe econômica do governo afirma que no orçamento federal não há espaço sequer para um reajuste mínimo dos salários do funcionalismo, Dilma anuncia fartamente a liberação de linhas de crédito para os “pequenos empreendedores” rurais e urbanos. Captando dinheiro a juros muito baixos no mercado financeiro internacional, o governo do PT promove a “farra” do crédito, para alavancar a economia nacional, em forte contraste com a dura crise dos países imperialistas. Neste cenário de “céu de brigadeiro” o Brasil mascara a miséria estrutural de milhões de cidadãos que estão fora do mercado de trabalho e tampouco podem “sonhar” com uma linha de crédito, que jamais será oferecida para este segmento social dos “excluídos”.

A conjuntura aberta no Brasil com o “novo milagre econômico”, impulsionado por um pacto social implícito, desorientou completamente a esquerda revisionista que em seu catastrofismo vulgar prognosticou em 2008 que iríamos atravessar a maior recessão de toda nossa história. Em lugar da recessão veio a expansão econômica com o crash financeiro mundial de 2008, catapultando a base política de apoio do PT e sua candidatura “poste” vitoriosa. Parece inacreditável, mas alguns psicóticos revisionistas (PCO, NN e afins) ainda insistem que estamos em plena recessão econômica e que o governo Dilma em total “crise" pode  “cair” a qualquer momento, estes idiotas de “esquerda” também acreditam que Papai Noel é comunista porque suas vestes são vermelhas...

Muito longe de chegar ao “primeiro mundo”, ou tornar-se uma potência imperialista (mesmo que regional), a verdade é que a semicolônia brasileira atravessa um ciclo virtuoso de crescimento econômico, paradoxalmente associado a própria crise capitalista estrutural. Não será “tapando o sol com a peneira” que os genuínos marxistas buscarão encontrar uma alternativa revolucionária para a classe operária romper a “trégua social” que engessa as lutas, “trégua” esta imposta pelas direções sindicais e políticas corrompidas pelo Estado burguês e a falsa sensação do “consumo sem limite”. As classes dominantes pretendem que o proletariado brasileiro “comemore” um salário médio de 1.700 reais como uma “grande conquista” e para isto contam com a valiosa ajuda, tanto da esquerda “chapa branca”, como dos delirantes revisionistas que apenas contribuem para a desmoralização do surgimento de uma nova vanguarda classista em nosso país.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Com que “agenda” se mobilizam agora as centrais “chapa branca” (CUT, CTB, FS etc.)?

Nesta quarta-feira (21), sob a direção da CUT, milhares de trabalhadores pararam o trânsito na Via Anchieta, que liga São Paulo à baixada santista. Amanhã, quinta-feira (22), a mobilização será na Avenida Paulista. A CUT, CTB e demais centrais sindicais governistas reivindicam a desoneração do pagamento de imposto de renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o que segundo estes sindicalistas “chapa branca” aumentaria o poder de compra dos trabalhadores, “fortalecendo o mercado interno”. No bojo político das reivindicações da atual jornada de mobilização está inclusa a defesa da “indústria nacional” e também a desoneração da folha de pagamento para as indústrias ligadas ao setor das exportações (política de renúncia fiscal do estado). Ao mesmo tempo em que organizavam as “marchas” nas ruas, as centrais pelegas se reuniam em Brasília com o ministro Mantega para buscar um “acordo”. Mas, parece que a equipe econômica palaciana, de inspiração neomonetarista, não deu muito ouvidos aos “lamentos” da burocracia sindical, prometendo criar por decreto uma comissão com “empresários e trabalhadores” para “estudar o caso”. As respostas de Mantega não agradaram muito as centrais presentes ao encontro, particularmente a CTB que acusou o ministro de “viver no mundo da lua”. Por isso, deve seguir adiante a tal jornada de “luta” pela eliminação da cobrança do imposto de renda no recebimento da PLR e por uma desoneração da folha de pagamentos para setores da indústria nacional, até que um “pacto tripartite” formal seja assinado.

O “programa nacional-desenvolvimentista” levado a cabo pelas direções sindicais, que incorpora a defesa da co-gestão das empresas capitalistas pelos trabalhadores, representa o abandono definitivo da perspectiva classista para o movimento operário. Patrões, segundo esta ótica reformista, são agora parceiros dos trabalhadores na defesa de uma indústria nacional, para preservar empregos “ameaçados” pela concorrência “predatória internacional”. Neste sentido, a luta por melhores salários e condições de trabalho cede terreno para a reivindicação da PLR e arapucas similares. É a celebração do pacto social por empresa, seguindo a mesma linha da política de colaboração de classes praticada pelas centrais “chapa branca” com o Estado burguês.

A CUT vem se apoiando nesta “jornada de mobilização patriótica” no fato da forte retração da indústria brasileira, principalmente nas áreas de produção de baixo valor agregado. O crescimento sofrível do PIB de 2011 revelou uma forte queda do setor fabril na composição geral do PIB brasileiro. Acontece que a maioria dos importantes projetos industriais da “era Lula” ainda não estão em funcionamento, levando a importação de bens de capital, como grandes máquinas, a assumirem uma fatia muito considerável do PIB nacional nestes últimos quatro anos. Quando as novas refinarias, siderúrgicas, estaleiros e até montadoras nacionais estiverem em pleno funcionamento em 2016, o movimento operário estará completamente atado a uma política de colaboração de classes (pacto social) com verniz de “nacional-desenvolvimentismo”.

A verdadeira luta contra a invasão imperialista ao nosso país, que tampouco se restringe à “questão industrial”, passa bem longe de estabelecer alianças com a covarde e impotente burguesia nacional, como pretende a CUT e partidos reformistas de “esquerda”. A chamada “agenda propositiva” das centrais pelegas significa uma verdadeira cortina de fumaça para auxiliar a burguesia em sua ofensiva para atacar direitos e conquistas históricas dos trabalhadores. Somente a estratégia da luta de classes e o programa da revolução socialista serão capazes de combater a submissão do país à lógica política do imperialismo e seus interesses econômicos e militares. O suposto ímpeto de “nacionalismo burguês” das burocracias sindicais tem, na verdade, cheiro de corrupção e integração ao Estado capitalista e seu regime bastardo.

terça-feira, 20 de março de 2012


A república dos novos Barões e a morte de mais um “Zé Ninguém”

Mal saía das manchetes com o anúncio de que figurava entre os dez homens mais ricos do mundo (7ª posição), Eike Batista voltou aos noticiários, desta vez policiais, com a notícia da morte de um trabalhador em uma rodovia do estado do Rio de Janeiro. O fato ocorreu na noite deste sábado (17) quando a Mercedez McLaren dirigida em alta velocidade pelo seu filho mais velho, Thor Batista, atropelou e matou Wanderson dos Santos, 30 anos, um trabalhador negro que utilizava seu meio de transporte (uma bicicleta) para fazer compras para a família. O carro de Thor (incidentalmente o nome de um deus da guerra Viking), avaliado em mais de um milhão de reais pode atingir uma velocidade de 350Km por hora (por isso a denominação de McLaren da fórmula-1), colheu frontalmente a bicicleta de Wanderson, que custava cerca de cem reais, sem que a vítima tivesse a menor chance de sobrevivência. Logo o “deusinho” Batista foi apresentado como a “vítima” de um irresponsável pobre “Zé Ninguém”, que sequer amealhou um patrimônio em sua curta vida, e sai por aí pedalando uma miserável bicicleta para ameaçar a vida do primogênito herdeiro mais rico do país. Registre-se o fato de que a carteira de habilitação de Thor (Eike quando criança gostava muito de desenhos animados épicos) já acumulava infrações suficientes para sua cassação e, não por coincidência, todas por excesso de velocidade. Mais uma vez na história, a república escravocrata dos barões inocentou rapidamente o jovem bilhiardário, emitindo rapidamente “laudos periciais” que comprovaram a culpa da “direção perigosa” do negro e sua temível bicicleta auto-assassina contra a “singela” McLaren de propriedade do clã Batista.

Oito mil reais foi o preço pago por Eike pela vida de operário Wanderson, dinheiro oferecido “generosamente” a sua família para as despesas do funeral. Duzentos mil reais vai para o concerto de sua Mercedez McLaren, que já não mais servirá para uso da família Batista por ser considerada “sucateada”. Nunca se saberá quanto exatamente pagará de propina a gestores corruptos (incluindo juízes) para livrar a cara do filho assassino. E o mais importante que “não tem preço”, a solidariedade de toda a elite dominante com o infante Thor, passando pelos astros globais como Luciano Hulk (o mesmo que reforma carros de gente humilde para ganhar audiência) até o todo poderoso oligarca Sarney e sua asquerosa entourage política.

Eike acumulou rapidamente um patrimônio pessoal de mais de cinquenta bilhões de reais as custas da “generosidade patrimonialista” do estado brasileiro. Seu pai Elieser Batista, um ex-colaborador do governo João Goulart, ocupou várias vezes a presidência da Vale do Rio Doce sendo o principal articulador “técnico” de sua privatização na gestão FHC. Com a “herança” estatal da Vale em suas mãos, Eike logo potenciou a fortuna da família, especializando-se na estratégica área da mineração e gás. Mas foi na gestão da frente popular que Eike deu um salto em seus negócios, tornando-se o empresário mais rico do país. Lula tinha um projeto de “criar” uma nova burguesia brasileira, escapando das chantagens da decadente elite dominante da FIESP tucanada. O “casamento” dos interesses de Lula e Eike resultou em uma parceria para desenvolver megaprojetos bancados pelo BNDES, buscando aproveitar o excesso de liquidez do mercado financeiro internacional. Com o BNDES na função de seu avalista privado, Eike desenvolveu um verdadeiro império econômico no Rio de Janeiro (estaleiros, refinarias, siderúrgicas, indústria de motores, entretenimento, etc.),que todavia ainda não está em pleno funcionamento. Como contra partida a “ajudazinha” estatal, Eike se compromete com a fidelidade política e financeira ao PT e seus aliados mais próximos, este é o caso do governador carioca Sergio “Caveirão”.

Seria mesmo impensável que o maior herdeiro das capitanias “brasiles” fosse parar na cadeia por matar um negro e pobre ajudante de caminhoneiro, como era o caso de Wanderson. Ainda mais sob a égide de governos (Dilma e Cabralzinho) tão afinados com os negócios do ascendente “papai business world”. Cadeia neste Brasil, apesar de ter passado pelas mãos da presidência de um operário nordestino, continua sendo coisa para 3P (puta, preto e pobre) e nunca para um tipo da “espécie” dominante 3B (barão, bilionário e business).

segunda-feira, 19 de março de 2012

Editora Publicações LBI lança o livro “90 anos do PCB: Uma análise trotskista desde a gênese revolucionária até a trajetória de colaboração de classes do ‘Partidão’”



SUMÁRIO:


Apresentação

Introdução

O nascimento do Partidão

A Oposição de Esquerda e os expurgos stalinistas

O PCB e o prestismo na derrota do Levante de 35

A política de colaboração de classes potenciada pela adesão de Prestes ao stalinismo

Os “ziguezagues” do PCB

O surgimento do PCdoB

A paralisia contrarrevolucionária diante do golpe militar de 1964

O PCB integra a frente popular encabeçada por Lula

Cuba, Líbia e a “frente anticapitalista e anti-imperialista” hoje

Os 90 anos do PCB e a luta pela construção do partido operário revolucionário na atualidade

sexta-feira, 16 de março de 2012

Blatter é recebido em Brasília com honras de chefe de estado

O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, chegou na noite desta quinta-feira (15) a Brasília. Depois de desembarcar no aeroporto em um moderno avião da própria FIFA, onde não precisou sequer passar pela alfândega, ele foi recebido por batedores oficiais que o levaram direto para um hotel, e em seguida para a casa do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, onde seria recepcionado com um jantar. O cerimonial da recepção dedicado a Blatter só é utilizado para chefes de estado em viagens diplomáticas, e até onde nós sabemos, a Fifa, uma entidade privada, ainda não foi proclamada pela ONU como uma nação soberana. O que mais surpreende no servilismo do governo da frente popular é que o fato ocorre logo após o secretário geral da Fifa, Jérome Valcke, ter declarado publicamente que o Brasil deveria levar um “chute no traseiro”. Indagado pela imprensa “murdochiana” se o secretário geral da entidade continuaria a vistoriar as obras dos estádios da copa do mundo em construção “acelerada” para 2014, Blatter não se fez de rogado, e afirmou que “Valcke continua vivo e desempenhando normalmente suas funções no Brasil”. Logo após, no jantar com “autoridades” palacianas, o chefão da Fifa declarou que só discutiria as pendências da Copa com a própria presidente Dilma, a quem considera uma “colega de estado”. O “poder” da mafiosa Fifa sobre os governos lacaios parece que não se intimida nem mesmo diante do gigantismo do “milagre” brasileiro, que sob o comando de Lula bradava que o país não se ajoelharia mais ao FMI, como nos tempos de FHC, agora faz pior e pede a “benção” a um clube imperialista de gangsters do “futebol business”.

A chegada de Blatter ao Brasil, ocorre não por coincidência no momento da renúncia do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, após um “reinado” absoluto de mais de vinte anos a frente da entidade. Teixeira foi levado ao controle da CBF pelo sogro, João Havelange ex-presidente da FIFA que depois se tornou principal adversário de Blatter. No último período Teixeira e Blatter vinham se chantageando mutuamente através de dossiês onde se comprovava fartamente a corrupção de ambas as entidades. Nesta briga de ladrões, na qual Teixeira era amplamente respaldado pelo império das comunicações dos Marinho, o governo Dilma optou pelo campo de Blatter, pressionando pela renúncia do capo da CBF. A escolha do novo presidente da CBF, o ex-governador de São Paulo José Maria Marin, foi uma solução acordada diretamente entre as partes que disputam o “pote de ouro” da Copa de 2014.

A polêmica que tomou conta dos noticiários em torno da liberação de bebida alcoólica nos estádios de futebol durante os jogos do mundial, um dos itens da lei geral da Copa que ainda tramita no Congresso Nacional, não passa de uma verdadeira cortina de fumaça para enganar os tolos e falsos moralistas da “esquerda” pequeno-burguesa. Logo a reacionária bancada evangélica se insurgiu contra a venda de cerveja nos estádios, e logo foi seguida pelos “probos” do PT e PSOL, que desta forma legitimavam a própria aprovação do “grosso” dos negócios milionários da Copa, que envolvem as grandes empreiteiras do país. O governo se aproveitou da falsa polêmica moralista do álcool, chegando a emitir apoio ao mesmo tempo às duas posições em conflito, para logo depois afirmar que iria honrar a carta de compromisso assinada por Lula com a Fifa, que incluía a permissão da venda de bebidas alcoólicas. Desta forma, o fulcro do debate acabou passando desapercebido, ou seja, os vultuosos empréstimos subsidiados pelo BNDES, a juros muito abaixo do mercado, para as grandes empreiteiras que dão suporte ao governo da frente popular.

A submissão de uma nação que se diz soberana a um clube de mafiosos, sob o pretexto de não prejudicar a “paixão nacional” pelo futebol, é apenas um dos elementos que marcam o caráter dependente ao imperialismo , dos governos do PT e seus aliados “socialistas”. Não devemos esquecer que recentemente o Brasil votou na ONU, a favor da intervenção imperialista na Síria e não muito distante se absteve de condenar a invasão da Líbia pelas forças da OTAN. A retórica de “independência” verbalizada nos últimos tempos pela diplomacia do Itamaraty, não resiste sequer a ingerência do país por uma quadrilha comandada por Blatter e seus acólitos de menor quilate, como Valcke. Por sua vez, os comitês populares que vem se formando contra os desmandos da Fifa no Brasil, carecem de uma clareza programática e permanecem reivindicando a realização de uma “outra copa”, como se fosse possível conciliar a atual estrutura mercantil dos esportes com o entretenimento popular do futebol. Por este motivo os marxistas revolucionários devem declarar, sem medo da opinião pública, que nesta copa do futebol mercenário “torceremos” pela derrota de todas as seleções (incluindo a “canarinha”), aliando a denúncia ativa de massas das negociatas estatais da copa do mundo, que só levarão mais pobreza e infelicidade ao nosso povo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Obama e Cameron decidem: intervenção militar no Irã e Síria só depois das eleições dos EUA

Diante da derrota dos mercenários pró-imperialistas em Homs, cidade centro da oposição de direita armada contra o regime de Assad na Síria, Obama e Cameron discutiram em reunião neste dia 14 de março, na Casa Branca, uma alternativa para retomar a ofensiva contra as forças de Bassar Al-Assad. Entre as possibilidades futuras estão a criação de uma zona de exclusão aérea e posteriormente uma intervenção militar. Estas medidas foram reivindicadas por diversos membros do CNS (Conselho Nacional Sírio) em uma entrevista coletiva em Istambul, na Turquia, também neste dia 14. O comunicado do CNS pede textualmente “a necessidade de uma intervenção urgente das forças internacionais e árabes, bombardeios aéreos contra as instalações militares sírias e a introdução prévia de uma zona de exclusão aérea sobre o país”. O presidente do CNS, Burhán Galiún, está “convencido” que tais medidas devem ser tomadas pelos “amigos de Síria”, os governos dos EUA e da Inglaterra. Exortando-os, ele declarou “Chegou o tempo para que a comunidade mundial tome as medidas sérias e concretas para por fim a violência”. Diante disso o que nos diz a LIT e seus satélites que apoiam a farsesca “revolução árabe” no país, inclusive saudando os mercenários do “exército livre da Síria” como verdadeiros revolucionários?

Apesar do clamor dos “rebeldes” pró-OTAN na Síria, as discussões entre Obama e Cameron apontam para um acordo com a Rússia por uma “transição” pela via da pressão da ONU. Não por acaso, o ministro das relações exteriores da Rússia, Serguéi Lavrov, fez de público duras críticas ao regime da oligarquia Assad, reclamando da “demora nas reformas no país”. Na reunião do CS da ONU, ocorrida neste dia 12/03, Lavrov declarou que Rússia está pronta para “acordar uma resolução do CS da ONU sobre a Síria”. Está claro que EUA e Grã-Bretanha optaram momentaneamente por adiar uma intervenção militar sobre o Irã e a Síria para depois das eleições presidenciais ianques, que ocorrerão em novembro. Até lá, mantêm a pressão diplomática, as sanções econômicas e o apoio aos mercenários na Síria enquanto fomentam a oposição interna no Irã.

Aqueles que “comemoram” as decisões tomadas entre Obama e Cameron, apresentando seu suposto “recuo” como uma vitória da China e da Rússia estão redondamente enganados. O imperialismo ianque ao lado de seu servil aliado britânico na verdade está se preparando para organizar uma nova ofensiva contra os dois países. A fragmentação da oposição síria depois da fuga de Homs por um lado e o aceno do governo de Amardnejad de fechar um acordo com a Casa Branca são no fundo os motivos reais para a mudança tática. Em ambos os cenários, a Rússia aparece como “interlocutora” para a busca de uma “solução política” para os conflitos. Na verdade, o governo russo busca um acordo global com Washington para manter sua influência política e militar na região, agora que Putin foi eleito presidente, já a Casa Branca aguarda a reeleição de Obama para melhor definir o cenário de sua nova ofensiva.

Em ambos os casos, está em curso um estrangulamento da resistência anti-imperialista nos dois países. A Rússia negocia que os governos dos Irã e da Síria façam concessões a Washington enquanto não chega novembro. Tal perspectiva é o caminho da derrota para as massas sírias e iraquianas porque tão logo o imperialismo esteja em melhores condições para atacar o fará! Não esqueçamos o exemplo líbio, quando Kadaffi buscou um acordo com o imperialismo europeu e acabou por não esmagar o foco contrarrevolucionário em Bengazi porque tinha ilusões em suas relações com a Itália e França. O resultado foi que o imperialismo armou os “rebeldes’ e depois bombardeou o país através da OTAN! Portanto, é necessário convocar a resistência popular contra esse “plano de paz” montado via ONU para dar tempo para Obama e Cameron recrudescerem sua sanha neolonialista no Oriente Médio. Nenhuma confiança no governo russo, em Basar Al-Assad e Armadnejad, organizar desde a trincheira de luta anti-imperialista o combate dos trabalhadores contra a investida anglo-ianque!

quarta-feira, 14 de março de 2012


Dilma realiza “faxina” na cúpula da base parlamentar aliada, enquanto Lula agrava seu quadro clínico

Não é uma mera coincidência as mudanças que vem ocorrendo no governo Dilma e o agravamento do quadro de saúde de Lula. A cena de Lula saindo de sua mais recente internação do hospital Sírio-libanês no último domingo (11/03), magro e abatido, contrasta com a imagem vigorosa do ex-operário que chegou ao topo do Estado burguês esbanjando vitalidade política. Utilizando como pretexto a derrota de sua indicação para a ANTT no Senado, Dilma decidiu trocar a liderança do governo na casa, destituindo o “pétreo” governista Romero Jucá que ocupava a função há dez anos, desde a era FHC. Jucá fazia parte do grupo Sarneysista, que em conjunto com a troika (Renan, Eunício e Valdir Raupp) controlam o PMDB no Senado. Dilma nomeou para a nova liderança do governo o debutante senador pelo Amazonas Eduardo Braga, que encabeça uma ala de peemedebistas “descontentes” com Sarney, conhecida como G-8. No bojo da escalada de “mudanças” no congresso Dilma aproveitou para tirar a liderança na câmara do deputado Cândido Vaccarezza, do campo majoritário do PT e homem da confiança de Lula, nomeando Arlindo Chinaglia, um “dissidente” petista. A movimentação política de Dilma corresponde a tentativa de formação de uma nova cúpula institucional, mais identificada com suas aspirações pessoais e cada vez mais distante dos quadros dirigentes históricos do PT e seus aliados “tradicionais” da burguesia.

A desconfiança com as manobras de Dilma foi instalada no congresso, chegando-se a especular o não cumprimento do acordo celebrado pelo PT que levaria o PMDB a presidência da câmara dos deputados em 2013. O certo mesmo é que tanto o deputado Chinaglia, como o senador Eduardo Braga são candidatíssimos à presidência de suas respectivas casas parlamentares. As repentinas substituições feitas pelo governo não interferem somente no âmbito interno do PT e PMDB, outros partidos da base aliada também se sentiram prejudicados com as mudanças, este é o caso do PR que tem na figura de Eduardo Braga um arqui-inimigo regional. Neste curso “independente” o ex-poste Dilma mostrou sinais de querer comprar briga com a direção do PDT, bancando a indicação de Brizola Neto para ocupar o ministério do Trabalho, a revelia de Carlos Lupi e Paulinho da Força Sindical.

A pergunta que hoje toma conta dos círculos políticos da burguesia é se com sua nova postura, Dilma abandonará a própria sorte a candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, caso Lula venha a ficar realmente impossibilitado de uma intervenção mais enérgica no processo sucessório municipal. A questão, portanto, da saúde pessoal de Lula parece ser o ponto mais nevrálgico da política nacional, na ausência do protagonismo da classe operária no cenário da luta de classes. De “barbas de molho” a velha guarda da burocracia petista inicia uma inflexão demagógica as antigas bases “socialistas”, o que deixa cada vez mais irritados e inseguros os “parceiros” burgueses da frente popular. O PSB das oligarquias nordestinas já sente o cheiro de carniça no ar, buscando viabilizar politicamente a candidatura presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos em 2014, em uma aliança com setores do tucanato.

Ainda é bastante prematuro para realizarmos um prognóstico mais acabado da situação política, tendo em vista a falta de informações seguras acerca da evolução do câncer de Lula e de suas implicações na disputa intestina do comando da frente popular. Mas temos a convicção que atravessamos uma etapa de profunda letargia do movimento de massas em nível mundial, apesar das lutas econômicas de resistência à ofensiva imperialista. No Brasil a ausência de uma perspectiva revolucionária de poder para a classe operária, permite as classes dominantes uma margem muito grande de manobra, podendo até mesmo se dar ao “luxo” de travar uma guerra visceral pelo controle do botim estatal. A alardeada “revolução árabe” em nada contribuiu para a elevação da consciência de classe do proletariado, ao contrário, disseminou as ilusões na “contrarrevolução democrática” e na ação militar do imperialismo para se livrar de “tiranos” nacionalistas burgueses incômodos. A esquerda reformista que embarcou no conto dos “rebeldes” da OTAN, seja na Líbia ou na Síria é a mesma que aposta todas suas fichas no jogo viciado das eleições parlamentares, sonhando com o dia em que a “oposição de esquerda” possa ter um “bom” desempenho eleitoral. Para a vanguarda comunista está colocada a paciente tarefa da propaganda revolucionária, alertando ao proletariado que somente a ruptura violenta com este regime da democracia bastarda poderá trazer a verdadeira mudança social que libertará nosso povo da opressão capitalista e de seus novos “capitães do mato”.

terça-feira, 13 de março de 2012

Frente popular e “oposição de esquerda” recebem no Rio “Príncipe Harry” de braços abertos

Ganhou enorme destaque nos noticiários a vinda do “Príncipe Harry” ao Brasil. Sua visita cumpriu uma agenda estratégica para divulgar a chamada campanha “Great” (marketing internacional em torno dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres 2012). Isto, no entanto, é apenas uma cortina de fumaça. Trata-se de uma demonstração da força econômica e militar do Reino Unido na América Latina em plena crise diplomática entre Argentina e Inglaterra na disputa das Ilhas Malvinas. Não por acaso, Harry foi reverenciado como um bom moço pela mídia “murdochiana”, mas já foi fotografado usando emblemas nazistas, além de ter sido treinado na sanguinária guerra imperialista contra o Afeganistão.
Como parte deste operativo de guerra, no início de fevereiro deste ano, o Príncipe Willam (o irmão mais velho de Harry), que serve a RAF britânica e foi escalado para fazer os exercícios de guerra da marinha inglesa em águas argentinas, aportou de um porta-aviões nas Malvinas, em uma clara provocação à Argentina, o que foi alvo de protestos no centro de Buenos Aires e em frente a embaixada da Grã-Bretanha. Já no Brasil, Harry foi recebido de braços abertos pela frente popular e seus aliados, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o governador do estado, Sérgio Cabral, em total subserviência aos ditames do imperialismo europeu. A tão propalada “unidade” latino-americana em defesa da soberania do continente vem demonstrando ser uma grande farsa, na medida em que o governo da frente popular nem sequer questionou formalmente a política colonialista inglesa que ocupa as Malvinas quando da visita do príncipe ao nosso país.

Obviamente a esquerda revisionista, hoje franca aliada do imperialismo nos bombardeios da OTAN à Líbia e agora nos ataques à Síria, não esboçou qualquer reação à presença do emissário britânico ao país. Também pudera! Os grupos pseudotrotskistas que antes chamaram a unidade de ação com a ditadura Galtieri contra a agressão inglesa em 1982, agora estão ao lado das potências imperialistas contra as supostas “ditaduras sanguinárias”, anteriormente na Líbia e hoje na Síria. No máximo a “oposição de esquerda” como o PSTU, declarou que o “Harry não era bem vindo”, recusando mobilizar o ativismo em repúdio a sua visita ao morro carioca do Alemão. O PSTU chegou a acusar o “Príncipe” por “sua postura machista e racista” (12/03), como esta não fosse a expressão ideológica da dominação cultural, econômica e militar das nações atrasadas por parte das grandes potência capitalistas, ou seja, a investida neocolonialista que os morenistas apelidam de “revolução” no Oriente Médio.
Os estrategistas políticos da Casa Branca e do “Downing Street” seguem sem pestanejar a “diplomacia das bombas” nas últimas décadas, levada a cabo desde a Guerra das Malvinas, quando Margaret Thatcher ameaçou com armas nucleares a capital argentina, chegando a invasão do Afeganistão, Iraque, Líbia e agora Síria e futuramente Irã. A postura covarde do governo brasileiro de silenciar sobre as Malvinas em plena visita do representante britânico sinaliza que por trás dos arroubos nas reuniões do Mercosul, da Unasul ou da Celac, Dilma e o Itamaraty não passam de servos bem comportados das potências capitalistas, o que não é nenhuma surpresa dado o caráter burguês e pró-imperialista da frente popular hegemonizada pelo PT.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Porque defendemos que o Taleban deve vingar o ato terrorista da OTAN que massacrou 16 civis afegãos

Neste domingo, 11 de março, um soldado ianque da força de ocupação da OTAN no Afeganistão matou 16 civis e queimou os corpos. Dentre os assassinados estavam nove crianças e três mulheres. Apesar da mídia murdochiana apresentar o ato macabro como produto de um “descontrole” isolado do chacal da OTAN, trata-se justamente do contrário, de uma política de extermínio do imperialismo contra o povo afegão para debilitar sua resistência nacional às tropas abutres. Tanto que novas informações comprovam que o massacre teve a colaboração de outros soldados ianques. Não é nenhuma surpresa, o mesmo fizeram esses terroristas na Líbia quando lançaram milhares de bombas contra civis em Sirte e agora mantém campos de concentração no país “libertado”, com direito a execuções sumárias e torturas. É o que desejam fazer na Síria em nome da farsesca “revolução árabe”.

O Taleban prometeu responder ao massacre. Em um comunicado a resistência declarou que “vingará cada um dos mártires assassinados de forma selvagem pelos invasores. A maioria das vítimas são crianças inocentes, mulheres e idosos, massacrados pelos bárbaros americanos, que roubaram sem misericórdia suas preciosas vidas e mancharam suas mãos com sangue”. De fato, é preciso responder ao ataque dos verdadeiros bárbaros terroristas que ocupam o país a serviço dos interesses políticos e econômicos do imperialismo ianque e europeu. Em janeiro, soldados americanos urinaram em corpos de militantes do Taleban. Em fevereiro, queimaram cópias do Alcorão na base de Bagram.

Cabe lembrar, quando ocorreu o 11 de Setembro, o conjunto da esquerda revisionista condenou os ataques da Al-Qaeda contra o alvos imperialistas, caracterizando-os como atos de “terrorismo individual”. Desta forma, se integraram politicamente à frente única antiterrorista encabeçada por Bush e os governos lacaios, apresentando os EUA como uma “vítima” dos “bárbaros terroristas” muçulmanos. Agora, diante do ataque do chacal da OTAN no Afeganistão e da promessa de vingança do Taleban, perguntamos a esta mesma esquerda revisionista e à LIT em particular se a “resposta” da resistência armada no Afeganistão também será condenada como um “ato terrorista” e não considerada como uma “vingança” justa e legítima de um povo oprimido e ocupado!

Para os marxistas revolucionários, as ações do Taleban representam exemplos de resposta militar dos povos oprimidos e suas organizações ao imperialismo, muitas vezes por meios não convencionais de combate militar, às agressões perpetradas pelas potências capitalistas pelo mundo afora. Por isso defendemos que o Taleban deve vingar o ato terrorista da OTAN que matou 16 civis afegãos e nos declaramos pela unidade de ação com as forças que estão em luta contra o imperialismo neste país ocupado. Nesse combate consideramos legítima toda e qualquer ação de resistência armada das massas à dominação belicista das metrópoles capitalistas sobre os povos oprimidos e nunca como “atos terroristas”, porque os verdadeiros assassinos estão na Casa Branca e na luxuosa sede da OTAN em Bruxelas!