Reunião dos BRICS em Nova Délhi: apenas um tiro de festim contra a poderosa ofensiva imperialista
A reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) encerrada ontem (29/03) na Índia, não conseguiu lançar nenhuma iniciativa concreta deste bloco, apesar da enorme expectativa gerada pelo encontro das chamadas “potências emergentes”. Os debates multilaterais limitaram-se a tentativa de um aprofundamento ainda maior do comércio entre os países do bloco, sem ao menos traçar uma aliança política efetiva de estados, para além do “mercantilismo de commodities”, como tentativa de sobrevivência diante da crise capitalista mundial. A proposta da criação de um banco de fomento econômico entre os países do bloco, não recebeu o aval dos amos imperialistas e seus organismos financeiros, ficando como um “projeto de estudo” a ser avaliado somente em 2013. Nem mesmo um consenso acerca de uma candidatura única dos BRICS para disputar a presidência do Banco Mundial (BM) pôde ser alcançado no encontro. Na declaração final da IV Reunião do BRICS os presidentes das nações se limitaram a felicitar as candidaturas ao BM do “mundo em desenvolvimento”. Como promessa de alguma “unidade” concreta dos BRICS, ficou o compromisso de uma atuação diplomática conjunta na próxima reunião do G20, que ocorrerá em julho no México.
Mas, se no campo econômico a reunião de Nova Délhi foi uma completa frustração, inclusive para os setores nacionalistas burgueses e reformistas que sonham com um “capitalismo sustentável” como contraponto para a crise do imperialismo, foi na arena da política internacional que os BRICS revelaram toda sua impotência histórica. Em meio às provocações imperialistas contra a Síria e a ameaça explícita de uma guerra de ocupação sionista contra o Irã, os BRICS se limitaram a pedir uma “solução negociada” para o conflito, omitindo-se de assumir uma posição política claramente anti-imperialista. Muito preocupadas em potenciar negócios e atrair investimentos para seus países, as lideranças “desenvolvimentistas” do bloco, subordinadas aos centros imperialistas, deram sinal verde a próxima guerra ianque de rapina contra uma nação oprimida. Acontece que o foco “estratégico” dos BRICS concentra- se na emergência de suas economias como uma linha associada financeiramente as grandes corporações transnacionais, promotoras e patrocinadoras das guerras de espoliação imperial contra os povos.
Como na época do capitalismo mercantil, onde nações atrasadas eram utilizadas como entrepostos comerciais para países colonialistas (caso de Portugal e Espanha, por exemplo) na atualidade da égide do capitalismo monopolista os BRICS funcionam como entrepostos financeiros e industriais das verdadeiras potências imperialistas. Assim como Portugal nunca foi um império colonial e sim colonizado em toda sua enorme extensão de terras “além mar”, o Brasil e seus parceiros do BRICS não passam de países imperializados em pleno “surto” de atração de capitais. O “boom” econômico dos BRICS não representa um desenvolvimento nacional independente dos centros imperialistas, ao contrário é produto da crise financeira internacional e sua necessidade de “revalorizar ações e títulos bursáteis podres”. No caso específico da China e Rússia, o “grandioso” sucesso econômico veio com a restauração capitalista e a enorme massa de capitais imperialistas empregados nesta empreitada contrarrevolucionária.
Os governos populistas de “esquerda” que encabeçam os BRICS estão muito longe de pretenderem estabelecer alguma resistência real a poderosa ofensiva imperialista em curso contra os povos e nações oprimidas. Como governos capitalistas lacaios reproduzem em seus próprios países a destruição das conquistas nacionais e operárias em troca da enorme “bolha de crédito” que amortece a luta de classes com a falsa sensação entorpecente do “consumo facilitado”. A esquerda reformista que patrocina ilusões no caráter “alternativo” dos BRICS, deve explicações a classe operária da Líbia, país arrasado pela sanha imperialista, que contou com a “neutralidade” criminosa dos governos “bricianos”. Esta última reunião dos BRICS apontou que devem seguir na mesma trilha da covardia política e impotência militar diante da guerra imperialista que se avizinha no horizonte contra o Irã.