50 anos do golpe militar
de 1964: Derrotar a reação capitalista de ontem e de hoje, construir uma
alternativa revolucionária do proletariado contra a direita fascista e a
política de colaboração de classes!
“Traumas sofridos na infância de um
garoto de apenas 6 anos, em um período onde o 'cheiro podre' do regime militar
se exalava em quase todas as esquinas do Rio de Janeiro, vieram a 'gravar' em
minha personalidade de homem uma forte convicção de profundo ódio à ditadura e
posteriormente a todas as formas de dominação do capital. Já passava da meia
noite quando uma 'agitação e um barulho infernal' tomou conta da pequena rua
Gago Coutinho de apenas dois quarteirões, no bairro de Laranjeiras. Logo todos
saíram às janelas do edifício para ver o que se passava, inclusive eu advertido
a voltar para cama. Eram jipes militares e muitos soldados armados (fardados
para a 'guerra') que ocuparam a rua e iam entrando em todos os prédios,
vasculhando apartamento por apartamento. Meus pais logo me disseram inocuamente
que eu não me preocupasse, que não tínhamos 'nada a ver com aquilo' (anos
mais tarde meu irmão mais velho seria preso em Ilha Grande sob acusação alta
indisciplina militar), poucos minutos depois chegaram os militares e
revistaram nossa casa saindo logo em seguida em direção ao apartamento vizinho.
Era uma noite de junho de 1968 e os genocidas golpistas estavam a 'caçar' um
suposto 'aparelho' onde estaria escondido o dirigente comunista Luís Carlos
Prestes, a 'busca' teria sido motivada pelo fato do arquiteto Oscar Niemeyer
possuir há muitos anos um apartamento nesta rua, que por ironia da história
ficava a poucos metros do palácio presidencial onde o facínora Costa e Silva
passava os finais de semana na ex-capital federal. 'Caçada' em vão, Prestes já
se encontrava em Moscou há algum tempo, bem longe dos porões da tortura que
marcaram com 'ferro e fogo' tantos camaradas como o herói do povo brasileiro
Gregório Bezerra e muitos outros combatentes da resistência comunista e
democrática. Se os fascistas do regime militar nunca conseguiram por as mãos em
Prestes, pelos menos naquela fatídica madrugada carioca 'geraram'
involuntariamente um 'pequeno' inimigo mortal, que dez anos depois ainda
adolescente, abraçaria as primeiras convicções do Marxismo Revolucionário,
iniciando assim uma aguerrida militância Leninista contra a ditadura da
burguesia e seu Estado capitalista, do qual o regime militar era apenas uma de
suas 'modelagens' políticas.”
Candido Alvarez
Secretário Geral da LBI
Neste 31 de março de
2014, quando se completam os 50 anos do golpe militar de 1964, os protestos em
torno da ação reacionária das FFAA vem ganhando força no país, fazendo um
contraponto midiático às “marchas” que reivindicam a intervenção militar tanto
no passado quando nos dias de hoje. Ainda que o governo da frente popular
capitaneado pelo PT tente capitalizar a “herança” dos que lutaram contra a
ditadura militar, esta conduta não pode encobrir que as gestões de Lula e Dilma
se aliaram com aqueles que ou colaboraram diretamente com os genocidas, como
Sarney e Delfim Neto ou são seus representantes “reciclados”, com as
oligarquias reacionárias que historicamente se aliaram com os militares e
continuam a se beneficiar do regime da democracia dos ricos. Na verdade, o
golpe foi desferido no primeiro de abril, conhecido popularmente como o dia da
mentira, data escolhida pelos generais golpistas em conluio com a cúpula da UDN
e setores do próprio PSD, para desencadear a ação militar que levaria à
renúncia do presidente João Goulart. Passados 50 anos do terrível golpe militar
que impôs à nação 21 anos de ditadura, colocando o país sob a tutela direta do
imperialismo ianque, os “herdeiros civis e democráticos” dos golpistas montaram
uma verdadeira “indústria” estatal para promover a busca da “verdade” sobre os
bárbaros acontecimentos perpetrados pelo regime militar e seus agentes sociais.
Esta “indústria” produz cargos e comissões altamente remuneradas pelo botim
estatal, além de vultosas indenizações a todos aqueles que vítimas da repressão
reconheçam na democracia burguesa o regime por que combateram. Em troca, o
Estado capitalista lhes assegura também o justo “reconhecimento” de que lutaram
“bravamente pela democracia e pelo estado de direito”. Deste “comércio” das
indenizações e distribuição de “diplomas do mérito democrático” obviamente
estão excluídos aqueles que teimam em reafirmar que a luta contra a ditadura
militar representava, na verdade, o combate revolucionário ao regime
capitalista da propriedade privada dos meios de produção. Em nossa modesta
homenagem aos que tombaram ou foram torturados pelos facínoras a serviço do
capital, reafirmamos a vigência do Marxismo-Leninismo, a necessidade da
construção do partido revolucionário e a manutenção da estratégia da guerra de
classes para sepultar o modo de produção capitalista em todos os seus
“formatos” políticos e institucionais, denunciando inclusive os que aceitam as
reparações ofertadas pelo Estado capitalista como corresponsáveis por encobrir
o caráter reacionário da democracia dos ricos.